http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-sucesso-dos-genericos-,872680,0.htm
"Introduzidos há treze anos no País, vencendo pressões da indústria
farmacêutica e desconfianças de consumidores, os medicamentos genéricos são hoje
um sucesso. Dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de
Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos) revelam que, de cada quadro remédios
vendidos pelas farmácias brasileiras, de janeiro a março deste ano, um foi
genérico. No período, a participação desses produtos no mercado aumentou para
23,5%, um avanço significativo em relação ao primeiro trimestre do ano passado,
quando participava com 18,5%. Isso se deve, principalmente, ao preço. O
medicamento genérico produzido com a mesma substância ativa do produto de marca
é, em média, 52% mais barato do que este. A diferença, em alguns casos, pode
chegar a 85%. Isso significa uma substancial poupança tanto para a população,
especialmente para as camadas de mais baixo poder aquisitivo, como para
hospitais, entidades assistenciais e para o próprio Sistema Único de Saúde
(SUS), que também fornece de graça, aos portadores de doenças crônicas, remédios
de uso contínuo.
Na realidade, o Brasil está tirando o atraso com relação aos genéricos. Na
Europa, a participação das vendas desses produtos é superior a 30% do total. Na
Grã-Bretanha, supera 50%. Nos EUA, os genéricos, que são vendidos há mais de 20
anos, respondem por 60% do mercado. De acordo com a BCC Research, a indústria
mundial desses produtos cresce a uma média de 15% ao ano, devendo faturar US$
168 bilhões em 2014. Nos EUA, o faturamento do setor, que foi de US$ 33 bilhões
em 2009, deverá saltar para US$ 54 bilhões em 2014, segundo a mesma fonte.
Quando os genéricos foram introduzidos no Brasil, muitas pessoas, acostumadas
aos produtos farmacêuticos de marca, duvidavam da sua eficácia e segurança. Essa
desconfiança se foi dissipando com o tempo, à medida que aumentava a oferta e os
médicos passaram a receitá-los normalmente. Também as farmácias passaram a
oferecê-los como opção para os clientes. Na última década, segundo informação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de genéricos
registrados no País mais que decuplicou, indo de 1.562 em 2001 para 16.675 em
2010. Com isso, as vendas desses produtos somaram R$ 2,4 bilhões no primeiro
trimestre deste ano, um crescimento de 35,4% em relação a igual período de 2011
(R$ 1,772 bilhão). Essa evolução também contribuiu para o fortalecimento dos
laboratórios farmacêuticos nacionais, que detêm a liderança nesse setor no
mercado interno.
A variedade dos produtos oferecidos pode aumentar muito mais com o vencimento
de patentes detidas por grandes laboratórios. Deixando de ter validade as
patentes, as próprias empresas multinacionais que eram suas proprietárias
procuram outros laboratórios para fabricá-los como genéricos ou se encarregam
elas próprias de fazê-lo. No ano passado, o número de novos registros cresceu
30% no Brasil, mas a quantidade poderia ser maior, se o processo de aprovação da
Anvisa fosse menos demorado. Hoje, a aprovação de um genérico demora 15 meses em
média.
De acordo com Odnir Finotti, presidente da Pró-Genéricos, a agência
reguladora manteve, de 2001 a 2006, uma equipe exclusiva para cuidar do
licenciamento de genéricos. A partir de 2006, porém, o tratamento mudou: os
pedidos de registro de produtos genéricos passaram a entrar na fila junto com
outros medicamentos novos. Como Finotti afirmou ao Estado
(8/5), o setor não reivindica que os padrões de análise e o nível de
exigência sejam modificados, mas quer que seja dada prioridade aos genéricos
inéditos, ou seja, àqueles cujas patentes venceram e não existe outro genérico
no mercado. A seu ver, esta é a maneira de garantir o acesso pela população a
esses remédios. A Anvisa não explicou as razões da mudança de critério.
Como estudos internacionais comprovam, a competição também funciona nesse
setor. Quanto maior for a participação de produtos genéricos em um mercado,
maior é a queda de preços dos medicamentos em geral."
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