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terça-feira, 22 de outubro de 2019
Laboratórios de países em desenvolvimento debatem mercado de vacinas.
DA AGÊNCIA BRASIL - EBC
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2019-10/laboratorios-de-paises-em-desenvolvimento-debatem-mercado-de-vacinas
Laboratórios
de 14 países participam nesta semana, no Rio de Janeiro, da 20ª Reunião Geral
Anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na
sigla em inglês), organizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além de
inovações tecnológicas, gargalos para atender à crescente demanda global e
questões regulatórias estão entre os temas que serão discutidos.
O evento começou hoje (21)
e terá amanhã a sua sessão de abertura com representantes do Ministério da
Saúde, da Fiocruz, da Organização Mundial da Saúde e da Organização
Pan-americana da Saúde. Está prevista a presença de 59 especialistas da área ao
longo da reunião anual, que continua até quinta-feira.
O vice-presidente de
Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, destaca que a produção
dos países em desenvolvimento é importante para garantir o acesso da população
às imunizações, já que as vacinas oferecidas por esses laboratórios são opções
mais baratas que as das grandes farmacêuticas sediadas em países ricos.
"É importante que a
gente tenha a noção de que essa produção local acaba garantindo acesso de
populações a esses insumos de uma forma mais economicamente sustentável",
afirma Krieger. "É um dos poucos mercados do mundo em que a demanda é
maior que a produção. Principalmente para alguns tipos de vacinas".
Os gargalos ficam mais
evidentes em situações como a dos surtos de sarampo enfrentados por diversos
países do mundo, incluindo o Brasil. Por ter uma produção local forte, liderada
por Bio-Manguinhos e pelo Instituto Butantan, o país está menos vulnerável,
avalia o pesquisador.
"Chega a ser
estratégico do ponto de vista nacional garantir que a nossa população tenha
acesso a esses importantes insumos", afirma ele.
Bio-Manguinhos fornece ao
Ministério da Saúde as vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), a
tetravalente viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), a rotavírus humano,
a febre amarela, a pneumocócica 10-valente conjugada, a poliomielite 1 e 3
oral, a poliomielite inativada, a Haemophilus influenzae b (Hib) conjugada e a
DTP (difteria, tétano e coqueluche) e Hib combinadas. Dentre essas vacinas, a
de febre amarela e a tríplice viral têm a produção completamente nacionalizada
em Bio-Manguinhos, enquanto as demais são produzidas na unidade em processo de
transferência de tecnologia de laboratórios parceiros.
Do Butantan saem seis
vacinas para o Ministério da Saúde. Hepatite A, hepatite B, DTPa, Human
Papiloma Virus (HPV) e Raiva inativada são produzidas no instituto por acordos
comerciais com farmacêuticas parceiras que incluem a transferência de
tecnologia para o instituto. A Influenza trivalente é produzida inteiramente no
Butantan.
Fundador do grupo de
países em desenvolvimento, o Brasil tem um Programa Nacional de Imunizações que
se assemelha mais ao de países desenvolvidos pela quantidade de vacinas
ofertadas gratuitamente, analisa o vice-presidente da Fiocruz. O país distribui
anualmente mais de 300 milhões de doses de vacinas, soros e imunoglobulinas.
"Em alguns países, a
industria está crescendo muito, como é o caso da China e da Índia, mas estão
muito longe de ter a cobertura que temos e o número de vacinas que são
ofertadas no nosso sistema público de saúde".
Mesmo assim, a troca de
experiências com outros países em desenvolvimento é importante para a inovação
e para alinhar estratégias frente a desafios como o movimento antivacina, que
ainda é mais representativo em países desenvolvidos. "Aqui, é mais
importante garantir o acesso a essas vacinas", acredita ele.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
CNS recomenda ao Governo de SP, ALESP e MP-SP que a FURP não seja desestatizada.
RECOMENDAÇÃO
Nº 042, DE 11 DE OUTUBRO DE 2019.
O Plenário do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), em sua Trecentésima Vigésima Segunda
considerando
que a Fundação para o Remédio Popular (FURP), maior fabricante público e
oficial de medicamentos sintéticos, foi criada pela Lei Estadual nº 10.071, de
10 de abril de 1968, com o objetivo de fabricar medicamentos para que as
prefeituras, hospitais públicos e entidades filantrópicas de todo o Brasil pudessem
adquirir medicamentos com preços reduzidos, para serem distribuídos
gratuitamente à população que utiliza
o Sistema Único de Saúde (SUS);
considerando que o Governo Estadual de
São Paulo declarou que deverá repassar as duas unidades fabris da FURP à
iniciativa privada, o que representa um ataque à soberania nacional;
considerando
que ciência e tecnologia em saúde representam segmento estratégico para a busca
da soberania nacional;
considerando que, além de ser responsável pela
produção de inúmeros medicamentos para doenças negligenciadas, existem
medicamentos que somente a FURP fabrica (como a estreptomicina e o etambutol,
utilizados para o tratamento de tuberculose), tendo em vista que não há
interesse comercial de fabricação por outros laboratórios devido ao baixo
retorno financeiro;
considerando
que a FURP é responsável pela produção dos derivados da penicilina, fármacos
eficazes e de baixo custo, que poucas empresas têm interesse em produzir, de
forma que o laboratório desempenha função essencial na antibioticoterapia e,
consequente abastecimento nacional;
considerando
que o Brasil enfrentou recentemente um surto de sífilis congênita, motivado, em
larga medida pela ausência de penicilina no mercado nacional;
considerando
ainda que a ausência de penicilina na assistência farmacêutica resulta na
utilização de antibióticos mais caros e mais potentes, resultando no aumento da
resistência antimicrobiana;
considerando
que a FURP produziu 520 milhões de unidades farmacêuticas de medicamentos em
2018, conforme noticiado pela imprensa nacional: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,governo-de-sp-estuda-fechar-maior-fabricante-de-remedios-publicos-do-pais,70002967818;
considerando
que a FURP comercializa seus medicamentos, de qualidade e a preços acessíveis,
em mais de três mil cidades brasileiras, com cerca de seis mil clientes
cadastrados, entre secretarias estaduais de saúde, hospitais públicos,
consórcios de municípios, prefeituras, instituições estaduais, federais,
municipais e filantrópicas, além de sindicatos e fundações;
considerando
que a Parceria Público-Privada (PPP) celebrada com a empresa EMS para gestão da
fábrica na cidade de Américo Brasiliense é a origem dos problemas financeiros e
das denúncias de desvios que atingem a FURP e que a Concessionária Paulista de
Medicamentos (CPM), resultante da PPP entre EMS e o governo do Estado, gerou
uma dívida de mais de R$ 90 milhões de reais para a FURP, porque a CPM utiliza
o mesmo CNPJ da FURP de Guarulhos;
considerando
que a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS),
aprovada na 2ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação em Saúde, realizada em 2004, e na 147ª Reunião Ordinária do
Conselho Nacional de Saúde, realizada em 6 e 7 de outubro de 2004, tem por objetivo maior,
contribuir para que o desenvolvimento nacional se faça de modo sustentável, e
com apoio na produção de conhecimentos técnicos e científicos ajustados às
necessidades econômicas, sociais, culturais e políticas do País;
considerando
que a Política Nacional de Medicamentos (PNM), aprovada pela Portaria GM/MS
3916/98 define, em suas Diretrizes, que a capacidade instalada dos laboratórios
oficiais configura um verdadeiro patrimônio nacional e, deverá ser utilizada, preferencialmente,
para atender às necessidades de medicamentos essenciais, especialmente os
destinados à atenção básica, e estimulada para que supra as demandas oriundas
das esferas estadual e municipal do SUS;
considerando
a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), aprovada pela Resolução
CNS nº 338/2004, que em seu artigo 2º, inciso VI,
prevê a modernização e ampliação da
capacidade instalada e de produção dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais,
visando o suprimento do SUS e o cumprimento de seu papel como referências de
custo e qualidade da produção de medicamentos, incluindo-se a produção de
fitoterápicos; e ainda o inciso VIII, sobre a pactuação de ações intersetoriais
que visem à internalização e o desenvolvimento de tecnologias que atendam às
necessidades de produtos e serviços do SUS, nos diferentes níveis de atenção;
considerando
que saúde é um bem da sociedade a ser preservado e desenvolvido por ela, sendo
garantido pelo Estado os meios necessários para tal fim e que, por suas
competências legais, cabe às três esferas federativas, a produção de leis,
normas e recursos, apoiadas em conhecimentos, que permitam garantir de forma
ampliada, a adequada promoção, proteção e recuperação da saúde dos cidadãos;
considerando
a Carta do Rio de Janeiro (Documento do 8º Simpósio Nacional de Ciência,
Tecnologia e Assistência Farmacêutica, realizado em dezembro de 2018), que
sugere aos gestores do SUS, que garantam
o financiamento e ampliação dos laboratórios oficiais e dos centros de
pesquisa nacionais, destinando recursos federais para o desenvolvimento
científico, tecnológico, inovações e produção pública de fármacos e
medicamentos que sejam de interesse do SUS, propondo intervenções nos
determinantes sociais e ambientais da saúde e priorizando doenças prevalentes e
as deficiências;
considerando
a defesa da FURP como interesse social, acima da lógica privatista e a saúde
como direito garantido pela Constituição Federal de 1988; e
considerando
que a 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), ocorrida de 04 a 07 de agosto
de 2019, com mais de cinco mil participantes aprovou as diretrizes e propostas,
das quais 10% reafirma a ciência, tecnologia e assistência farmacêutica como
estratégicas para o desenvolvimento do país e um direito do povo brasileiro.
Recomenda:
Ao
Governador do Estado de São Paulo, à Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo, e ao Ministério Público Estadual de São Paulo, que:
I
- A FURP não seja desestatizada;
II
- Sejam apuradas as responsabilidades e tomadas as medidas cabíveis em razão
dos problemas financeiros que atingem a FURP;
III
- Os interesses privados não se sobreponham ao interesse público;
IV
- Seja realizada uma revisão do processo contratual entre a FURP e a CPM, com
celeridade, para que se restabeleça o equilíbrio econômico-financeiro da
Fundação; e
V
- Se garanta a diferença fundamental de natureza jurídica das complexas
atividades entre a Fundação e a Concessionária.
Plenário
do Conselho Nacional de Saúde, em sua Trecentésima Vigésima Segunda Reunião
Ordinária, realizada nos dias 10 e 11 de outubro de 2019.
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Conselho Nacional de Saúde aprova Recomendação contra desestatização da FURP.
Durante sua 322ª Reunião Ordinária, ocorrida nos dias 10 e 11 de Outubro de 2019, o Conselho Nacional de Saúde aprovou Recomendação, por sugestão de sua Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica - CICTAF, para que o Governo do Estado de São Paulo não desestatize a FURP.
Veja abaixo o momento da leitura da Recomendação:
Para acessar a Recomendação na Integra, acesse o site:
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FURP,
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Laboratórios Oficiais,
Política Nacional Assist. Farm.
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