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quarta-feira, 2 de abril de 2014

José de Anchieta: um Santo boticário.

Foi adiada para amanhã a canonização do Padre José de Anchieta. Em 1980 o papa João Paulo II beatificou José de Anchieta e amanhã (03/04/2014) o papa Francisco assinará o documento que o proclamará santo. Para o povo brasileiro é um orgulho e para os farmacêuticos um pouco mais. Poucos sabem, mas o jesuíta José de Anchieta é considerado o primeiro boticário do Piratininga (São Paulo). Cabe salientar que o primeiro boticário no Brasil foi Diogo de Castro, que veio para nossas terras em 1549, junto com Tomé de Souza, governador Geral nomeado pela Coroa Portuguesa.  José de Anchieta chegou ao Brasil no Porto da Bahia, em junho de 1553, na armada de Duarte da Costa, 2° Governador Geral do Brasil.

Sobre o papel desempenhado pelos padres jesuítas no Brasil recomendo a leitura do artigo “Jesuítas e medicina no Brasil Colonial”, escrito por Daniela Buono Calainh - Professora Adjunta do Departamento de Ciências Humanas da UERJ-FFP.  Diz a autora:

“Os jesuítas integraram-se ao esforço da travessia atlântica em direção às novas terras americanas...”.

“Além de trabalharem incansavelmente na difusão da fé cristã, os jesuítas também foram uma grande âncora da saúde na colônia, atestada pela vastíssima documentação das correspondências que mantiveram com seus irmãos em Portugal e no Brasil. Alguns deles vinham de Portugal já formados nas artes médicas, mas a maioria acabou por atuar informalmente como físicos, sangradores e até cirurgiões, aprendendo, na prática, o ofício na colônia, como José de Anchieta, João Gonçalves ou Gregório Serrão. Outros, em meio a obras e cartas, onde comentavam sobre a natureza colonial, dedicaram várias páginas à descrição de ervas e plantas curativas, inaugurando os primeiros escritos sobre a farmacopéia brasileira”.

“A escassez de médicos leigos, formados por escolas de medicina na Europa, pelo menos até o século XVIII, fez dos jesuítas os responsáveis quase que exclusivos pela assistência médica no primeiro século de colonização do Brasil. Ao longo do tempo, foram aperfeiçoando seus conhecimentos mediante contatos com os profissionais leigos residentes na colônia, e ainda pela leitura de importantes obras de medicina, encontradas em muitas das bibliotecas de seus colégios”.

Além de fundarem colégios e erguerem igrejas, também montaram enfermarias e boticas, destinando um irmão para atender e cuidar dos doentes e outro para a preparação de remédios. Encaminhado para o Sul, Anchieta implantou várias boticas nos colégios dos Jesuítas, com destaque para a de São Vicente e de São Paulo.  Nesta última, José de Anchieta era o irmão responsável pela botica. 

Diz o site http://www.novomilenio.inf.br/, sobre José de Anchieta: 

"Conquistou a estima de todos, índios e colonos, aos quais procurou servir sem esmorecimento. Ele mesmo escreveu: "De maneira que os índios me tinham muito crédito, máxime porque eu lhes ocorria a suas enfermidades, e como alguém enfermava logo me me chamavam, dos quais eu curava a uns com levantar a espinhela, a outros com sangrias e outras curas, segundo requeria a sua doença, e com o favor de Cristo Nosso Senhor, achavam-se bem". (Carta ao Geral Diogo Laines, de janeiro de 1565).

Abaixo a biografia encontrada no site www.brasilescola.com, escrita por Rainer Sousa:


"Uma vida direcionada para o ensino e o sacerdócio. É assim que podemos resumir a trajetória do Padre José de Anchieta, nascido no dia 19 de março de 1534, na cidade Tenerife, nas Ilhas Canárias. Tendo em sua origem a ascendência nobre pela parte do pai e judaica pelo lado materno, Anchieta foi levado para Portugal para que tivesse formação intelectual e não sofresse as bem mais intensas perseguições do Tribunal do Santo Ofício instalado em terras espanholas.


A sua ida para os domínios lusitanos aconteceu quando tinha 14 anos idade, mesma época em que estudou filosofia no Colégio das Artes pertencente à Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, ingressou na Companhia de Jesus para dessa forma participar no processo de expansão do cristianismo em terras americanas. Ao ingressar nesse “exército da fé”, exerceu inicialmente a tarefa de celebrar várias missas ao longo de um mesmo dia.

Sua vida agitada e a entrega total ao afazeres religiosos comprometeram a sua saúde, reclamava constantemente de dores na coluna e nas articulações. Obedecendo ao conselho dos médicos da época, Padre Anchieta veio para o Brasil acompanhando a esquadra que trouxe o governador-geral Duarte da Costa, em 1553. Já no primeiro ano instalado no ambiente colonial, o devotado clérigo participou da fundação do primeiro colégio de São Paulo de Piratininga.

Outra interessante ação tomada por Padre Anchieta ao chegar às terras brasileiras está relacionada ao seu interesse em conhecer mais profundamente a língua dos nativos. Com o auxílio do Padre Auspicueta, aprendeu os primeiros termos e expressões do “abanheenga”, língua compartilhada por índios tupis e guaranis. Em pouco tempo, percebeu que as línguas faladas por várias tribos tinham uma mesma raiz formada por aspectos semânticos, gramaticais e vocabulares em comum.

Seu interesse pelas letras também se manifestou na produção de uma extensa obra que incluía a elaboração de poesias, sermões, cartas, peças teatrais religiosas e a produção de uma gramática intitulada “Arte de Gramática da Língua Mais usada na Costa do Brasil”. Essa preocupação com a língua era de essencial importância para a consolidação do projeto evangelizador dos jesuítas, sendo que textos e apresentações artísticas eram produzidos na língua nativa como forma de facilitar a conversão ao cristianismo.

Durante o período em que viveu em terras brasileiras, Anchieta andou bastante pelas regiões que hoje correspondem aos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. No ano de 1567, Anchieta alcançou o cargo de Provincial, o mais alto posto da Ordem de Jesus, que havia sido desocupado após a morte do Padre Manuel da Nóbrega. A partir de então, o padre José de Anchieta andou por toda extensão do território colonial orientando as atividades das várias missões jesuítas espalhadas pelo Brasil.

José de Anchieta faleceu em 9 de junho de 1597, na cidade Reritiba, situada na capitania do Espírito Santo. Em razão de seus trabalhos prestados em favor da expansão do cristianismo nas Américas, este clérigo ficou conhecido como “apóstolo do Novo Mundo” e “curador de almas e corpos”. Em 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo II após o desenrolar de um lento processo de investigação. Segundo os autos, Anchieta havia operado o “milagre” de converter três pessoas ao cristianismo em um mesmo dia".

Fonte textos e imagem: 

CALAINHO, Daniela Buono. Jesuítas e medicina no Brasil colonial. Tempo,  Niterói ,  v. 10, n. 19, Dec.  2005 .   Available from . access on  02  Apr.  2014.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-77042005000200005.