Mostrando postagens com marcador Eleições 2016. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eleições 2016. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Manifesto dos Farmacêuticos - Eleições Municipais 2016.

A Federação Nacional dos Farmacêuticos - Fenafar - lança manifesto a ser entregue a candidatos e candidatas aos Executivos e Legislativos municipais destacando a importância de defender o SUS, atuar pelo seu fortalecimento e para a promoção com políticas públicas de saúde.

Em um momento crítico da vida política do país, as eleições municipais de 2016 trazem desafios mais profundos do que os presentes em outros pleitos eleitorais municipais. Neste ano, é preciso buscar reconectar a política com a sociedade, resgatar a credibilidade dos gestores, resignificar as plataformas para que elas superem o abismo entre o Estado e o interesse público. Defendemos que essa relação entre a gestão municipal e os usuários dos serviços de saúde seja reforçada, porque o retorno das propostas de privatização e terceirização dos serviços públicos ameaça o direito à saúde e a dignidade do trabalho.
Esta agenda mercadológica e neoliberal representa retrocessos em conquistas que foram acumuladas pela luta do povo brasileiro nas últimas décadas. Entre elas, a que logrou consagrar a Saúde como Direito e que está materializada na Constituição Federal de 1988 e em uma série de leis infraconstitucionais que nortearam as ações em saúde e que criaram uma política pública que é referência internacional: o Sistema Único de Saúde (SUS). Também ataca os direitos trabalhistas garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em todos os demais instrumentos legais que conferem aos trabalhadores, aqui incluídos os farmacêuticos, respeito pelo seu trabalho dedicado à saúde do povo brasileiro.
Desde então, temos aprofundado princípios e diretrizes que deram sentido às políticas de saúde e ao SUS no Brasil: a Universalidade, Igualdade, Equidade, Integralidade, Intersetorialidade, Autonomia das pessoas, Direito à informação, Resolutividade, Base epidemiológica entre outras. Se somaram a esses princípios, a formulação dos aspectos administrativos e gerenciais para que, num país continental como o Brasil, essas políticas pudessem ser executudas. Surgiram, então, as orientações para a regionalização, hierarquização, o Gestor Único em cada esfera de governo, a complementaridade e suplementariedade do privado e a descentralização (municipalização), as políticas de financiamento e a indispensável participação da comunidade; todos instrumentos e meios de atuação da administração pública na área da Saúde.
No campo do trabalho, nos últimos anos, tem aumentado a consciência de que homens e mulheres, brancos e negros vivenciam o mundo do trabalho de forma diferenciada. As discriminações de gênero e raça são fatores que determinam fortemente as possibilidades de acesso e permanência no emprego, assim como as condições de trabalho, incluindo os níveis de remuneração, os direitos e a proteção social a ele associados. Além disto, foi fundamental a iniciativa do Ministério da Saúde de instituir a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), através da Portaria MS nº 1.823/2012 (BRASIL, 2012), bem como demais políticas que, dentre diferentes avanços, proporcionam o incentivo à realização dos concursos públicos, com valorização das residências multiprofissionais, e conquistas dos trabalhadores na garantia de que as cláusulas previstas em convenções ou acordos coletivos passem a integrar os contratos individuais de trabalho, mesmo depois de expirada sua vigência.
Neste sentido, a Federação Nacional dos Farmacêuticos, que tem se posicionado nos processos eleitorais para apresentar a candidatos e candidatas propostas e ideias para garantir os direitos dos trabalhadores e avançar na gestão das políticas de saúde, vem mais uma vez a público exigir o compromisso dos candidatos com o desenvolvimento do trabalho e da Saúde Pública e de Qualidade, que passa necessariamente pelo fortalecimento do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, e por um projeto de desenvolvimento nacional que combata a crise enfrentando os principais desafios e gargalos nacionais, através de uma reforma tributária progressiva e distribuidora de renda; das reformas agrária e urbana, proporcionando acesso à terra e moradia para milhões de brasileiros.
Assistência Farmacêutica
A aprovação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), em 2004, agregou qualidade aos serviços de farmácia, aprimorando os processos de gerenciamento dos planos de assistência farmacêutica e o atendimento qualificado na dispensação de medicamentos, contribuindo muito para o fortalecimento da presença do farmacêutico no SUS.
A política farmacêutica bem estruturada é imprescindível ao SUS, pois o medicamento é insumo estratégico para a melhoria da saúde e sua ligação com as demais ações e programas de saúde é transversal, constituindo ferramenta fundamental em planejamento e de impacto nos serviços.
As políticas de Assistência Farmacêutica requerem compromissos com estruturar os serviços públicos de saúde para garantir as boas práticas para a dispensação de medicamentos, respeitando a nova lei 13.021/2014 e a responsabilidade técnica do farmacêutico nos serviços, na farmácia hospitalar, vigilância sanitária, vigilância em saúde, cargos de coordenação e direção das ações relativas às atividades farmacêuticas.
As farmácias passam a ter funções e serviços definidos e são responsáveis pelo atendimento aos usuários, com compromisso orientado pelo uso racional de medicamentos e pela integralidade e resolutividade das ações de saúde. Realizam, portanto, atividades consubstanciadas em atos sanitários e não apenas atos comerciais, de ética questionável. No contexto do Sistema Único de Saúde, a farmácia, que inclui estabelecimentos públicos e privados, ocupa lugar privilegiado como posto avançado de saúde. Exerce papel importante na educação em saúde e na dispensação de medicamentos.
Mas a assistência farmacêutica não pode ser concebida apenas como simples atendimento da demanda de medicamentos gerada nos serviços, mas sim como parte integrante da Política Nacional de Saúde, envolvendo um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo o medicamento como insumo essencial.
Desta forma, compreende-se a assistência farmacêutica como política norteadora para a formulação de políticas setoriais, entre as quais se destacam as políticas de medicamentos, de ciência e tecnologia, de desenvolvimento industrial e de formação de recursos humanos, entre outras, garantindo a intersetorialidade inerente ao SUS e cuja implantação envolve tanto o setor público como privado de atenção à saúde.
O acesso aos medicamentos, portanto, só se materializa em direito à saúde se estiver plenamente compreendido nas diretrizes da Assistência Farmacêutica, garantidos os serviços necessários ao seu uso racional e para os melhores resultados de saúde e uso adequado dos recursos públicos.
Para consolidar a política de assistência farmacêutica, esta precisa estar inserida no contexto da política de saúde. Neste sentido, os Executivos e Legislativos municipais precisam estar atentos para a necessidade de recupere investir em uma rede laboratorial de diagnósticos, que também conta com a atuação do farmacêutico nas análises clínicas. Esta medida é parte indispensável das ações em saúde e contribui para o uso racional do medicamento, uma vez que um diagnóstico preciso é essencial para a definição do tratamento.
Dados de 2014 mostram que cerca de 90% dos municípios apresentam problemas na gestão dos recursos ou dos serviços de assistência farmacêutica, como falta de medicamentos essenciais, ausência de controle de estoque, armazenamento inadequado, medicamentos vencendo no estoque, compra de medicamentos pouco eficazes. Há, também, casos de intoxicações graves que ocorrem por decorrência do mau uso dos medicamentos, como uso excessivo, efeitos adversos, interações medicamentosas, não adesão à terapia, má compreensão da forma correta de uso, falta de orientação do usuário.
Por tudo isso, a Fenafar defende que os futuros condutores das Políticas Públicas Municipais tenham um compromisso explícito com as ações para estruturar a Assistência Farmacêutica Pública Municipal. Isso significa promover a saúde, proteger e recuperar milhares de vidas. A estruturação da Assistência Farmacêutica somente se materializa se for rompida a compreensão equivocada de que medicamento é um produto qualquer, quando se trata de um insumo essencial que requer serviços qualificados para garantir o acesso e o uso racional.
Valorização do trabalho farmacêutico
Dentre as finalidades precípuas da Fenafar também está a de lutar pelos interesses gerais dos farmacêuticos. A defesa de uma remuneração justa e adequada às funções profissionais é há anos uma bandeira de luta dos farmacêuticos brasileiros. Buscamos este avanço entendendo que a existência de um piso salarial por lei torna-se crucial para o bom desempenho do profissional e condizente com suas responsabilidades éticas.
Garantir ao farmacêutico uma carga horária, adequada às suas funções – uma vez que cabe a este profissional exercer a prestação de serviço de saúde adequado à população, garantido o acesso e uso correto de medicamentos – é outra bandeira de luta da Fenafar. Defendemos a jornada máxima de 30 horas para o farmacêutico, sem redução de salário. Vale ressaltar que a luta pela redução da jornada de trabalho, além de histórica, tem sido tema de debate em diversos fóruns. As últimas Conferências de Saúde e Conferências Nacionais de Recursos Humanos aprovaram a jornada máxima de 30 horas, o que significa dizer que não só os trabalhadores da saúde, mas usuários e gestores entenderam essa necessidade. A qual também tem sido pauta constante da Mesa Nacional de Negociação Permanente do Sistema Único de Saúde (SUS).
Políticas Municipais de Assistência Farmacêutica
Na esfera pública municipal, os farmacêuticos atuam na Assistência Farmacêutica em medicamentos, análises clínicas, farmácia hospitalar, vigilância sanitária, vigilância à saúde, cargos de coordenação e direção das ações relativas às atividades farmacêuticas, entre outros.
Compreendemos que a defesa do direito à Saúde passa pela consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela articulação dos três entes federados – União, Estados e Municípios. Para isso, o principal instrumento e ferramenta de trabalho de todos os gestores de saúde do Brasil é o Plano Nacional de Saúde, construído de forma participativa e aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde.
O Brasil tem hoje um Plano Nacional de Saúde e sob sua diretriz os municípios precisam construir os seus Planos para a Saúde, que devem ter como característica principal a sintonia e o compromisso com os esforços nacionais para avançar na garantia do direito a saúde e com os princípios do SUS
Na Assistência Farmacêutica destacamos no Plano Nacional de Saúde as seguintes ações:
– rever periodicamente a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais – REMUME;
– garantir Assistência Farmacêutica que amplie o acesso aos medicamentos essenciais;
– fortalecer a distribuição dos medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde, UPAs e Policlínicas;
– fortalecer os Programas Farmácia Popular e Plantas Medicinais e Fitoterápicos;
– garantir o cumprimento das normas sanitárias – inclusive as boas práticas farmacêuticas – em todas as fases da Assistência Farmacêutica.
Além disso propomos:
– Realização de concursos públicos para suprir, em número suficiente, as atividades relativas ao profissional farmacêutico em todas as áreas da profissão;
– Criação de Plano de Cargos, Carreiras e Salários para os servidores municipais, em especial da saúde, que garanta isonomia salarial por nível de formação e possibilite condições dignas de trabalho aos servidores municipais;
– Adequação e melhorias das estruturas físicas, equipamentos e programas computacionais nas unidades de trabalho (farmácias das unidades, hospitais, laboratórios de análises clínicas), são requisitos fundamentais às realizações das atividades farmacêuticas;
– Incentivo para qualificação/capacitação técnica dos farmacêuticos com vistas a possibilitar atualização dos conhecimentos em benefícios das atividades a serem desempenhadas;
– Gestão do poder executivo municipal para dotação orçamentária municipal específica para as ações inerentes à Assistência Farmacêutica;
– Ações do gestor de saúde em defesa da criação da Câmara Técnica de Assistência Farmacêutica no Conselho Municipal de Saúde;
– Fortalecimento das Políticas Municipais de Vigilância em Saúde (sanitária e epidemiológica), garantindo, via concurso público, a participação do farmacêutico na equipe;
– Inclusão dos farmacêuticos nas equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) enquanto estratégia para atendimento e suporte às Equipes de Saúde da Família, sendo garantida a presença do farmacêutico nas Unidades Básicas de Saúde onde existam farmácias;
– Abertura de concurso público para auxiliares de farmácia e técnicos de laboratórios de análises clínicas para, mediante supervisão e responsabilidade dos farmacêuticos, desempenharem suas atividades;
– A implantação das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde, em especial a Acupuntura e Homeopatia, como previstas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Port. 971/06).

Por isso afirmamos que OS FARMACÊUTICOS VOTAM PELA DEFESA INCONDICIONAL DA SAÚDE, DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, E DA VALORIZAÇÃO DO TRABALHO.
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS FARMACÊUTICOS
São Paulo, agosto de 2016

Fonte: http://www.fenafar.org.br/index.php/2016-01-26-09-32-20/saude/1087-manifesto-dos-farmaceuticos-eleicoes-municipais-2016

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O fortalecimento e defesa do SUS nas eleições municipais


Carta aprovada na plenária do Conselho Nacional de Saúde e apresentada na 20a Plenária de Conselhos de Saúde, Entidades, Movimentos Sociais e Populares, ocorrida nos dias 24 e 25 de agosto.


O fortalecimento e defesa do SUS nas eleições municipais


O Conselho Nacional de Saúde (CNS), expressão maior da Democracia
Participativa no Brasil, componente estrutural do Sistema Único de Saúde (SUS) historicamente comprometido com o direito à saúde como dever do Estado, faz um chamamento geral aos candidatos, aos eleitores e à sociedade quanto à defesa e o fortalecimento do SUS para os próximos quatro anos.


Candidato (a) que não tem histórico e nem compromisso com o SUS não tem o nosso apoio e nem terá o nosso voto

No intuito de aglutinar forças políticas e sociais comprometidas com os avanços na política de saúde, o CNS clama pelo compromisso de cada candidato (a) a prefeito (a) e a vereador (a) com o SUS. Os municípios têm papel fundamental na atenção à saúde da população, pois, são neles onde as ações e serviços de saúde ganham materialidade e promovem a qualidade de vida e desenvolvimento local.
Dentre os inúmeros desafios há uma prioridade central: assim como em outros países, o Brasil vivencia um grave momento no combate ao mosquito Aedes aegypti e suas consequências. A epidemia do vírus Zika  - responsável pelo milhares de casos de  microcefalia em bebês em nosso país, mostrou que precisamos fortalecer a Vigilância em Saúde, assim como outras ações estratégicas, como a atenção básica e o Programa Mais Médicos.
A realidade dessa epidemia precisa ser encarada com muita determinação e talvez não fosse tão séria se o tripé promoção, proteção e recuperação da saúde estivesse mais integrado e a falta de saneamento básico nos municípios brasileiros não apresentasse um problema crônico. As décadas passam e muitas cidades não conseguem evoluir em sua organização. Prefeitos (as) e vereadores (as) chegam e se vão e os problemas continuam.
O compromisso dos candidatos (as) com o Direito à Saúde se dá, principalmente, por meio de seu alinhamento ou não às medidas fiscais e econômicas que reduzem a capacidade da União, Estados e Municípios em garanti-lo, causando mortes, sofrimento e doenças.
 A Constituição Federal por meio da vinculação como medida de segurança garantiu recursos públicos mínimos para a saúde, ainda que insuficientes. Mobilizada, a sociedade apresentou proposta ao Congresso Nacional Saúde+10, para garantir recursos estáveis e sustentáveis para o SUS, hoje materializada na PEC 01/2015, já aprovada em 1º turno na Câmara dos Deputados. No entanto, hoje o “teto de gastos” que tramita no legislativo federal (PEC 241 e PLP 257 ) asfixia por 20 anos e fere de morte o SUS.
Outras iniciativas como a proposta de planos de saúde populares, ditos planos acessíveis, querem colocar na conta da população brasileira o subfinanciamento do SUS. O posicionamento político e de prioridade à saúde pública de prefeitos(as) e vereadores(as) é decisivo para sobrevivência, fortalecimento e consolidação do SUS.
A valorização dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, combatendo a precarização, a terceirização e a privatização e favorecendo a democratização das relações de trabalho, e que possui como referência as necessidades do SUS no município, é um compromisso primordial dos candidatos (as) das eleições 2016.
Assim, conclamamos a cada candidato (a) a prefeito (a) ou a vereador (a) a assumir o compromisso concreto com a superação dos desafios do SUS, junto  a sociedade e ao conselho municipal de saúde.
Somos o Controle Social do SUS com mais de 100 mil conselheiros(as) defensores de um sistema público de saúde que atende a totalidade dos brasileiros(as), que envolvem usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviços do SUS no Brasil. Somos as forças vivas da sociedade que construíram as deliberações da 15ª Conferência Nacional de Saúde e que subsidiaram o Plano Nacional de Saúde 2016/2019, que é a referência para execução das políticas públicas de saúde nos municípios, instrumento fundamental para consolidação e fortalecimento do SUS.
Dessa forma, considerando que a saúde tem sido a principal preocupação do povo brasileiro, nós, comprometidos com mais e melhor saúde para nossa população, podemos ajudar a decidir o rumo de uma eleição.

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE