domingo, 30 de outubro de 2011

Mais algumas dicas de filmes para profissionais de saúde!

Esse foi uma dica de alguns colegas que atuam com Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS)...

"O PREÇO DA VIDA" (2005)

"A inacreditável saga de Sandro (Matteo Gadola) estava apenas começando enquanto velejava com seu pai Bruno (Alessio Boni), o garoto cai em pleno mar durante a noite. Milagrosamente ele é resgatado ainda com vida por um barco clandestino, repleto de imigrantes ilegais que tentam uma vida melhor em países mais ricos da Europa. Agora, Sandro terá de enfrentar um lado totalmente desconhecido de sua vida que até aquele momento era tranqüila e segura ao lado dos pais. Através da convivência com uma classe social que ele sequer sonhava existir, o garoto vai mudar sua visão de mundo. E talvez entenda, da pior maneira possível, o significado de todo aquele desespero que ele presenciara algumas semanas atrás."

Esse está em cartaz no cinema:

"CONTÁGIO" (2011)

"Em uma viagem área, Beth (Gwyneth Paltrow) e outros dois passageiros, um funcionário de um cassino de Hong Kong e uma modelo de Londres, começam a passar mal. Beth recebe os cuidados do marido Mitch (Matt Damon) mas, assim que desce do avião, a doença se espalha para os habitantes da região onde mora, até atingir uma proporção maior: os EUA inteiro. Como se não bastasse, os companheiros de voo, que moram em outras regiões do mundo, começam a espalhar a infecção, assim como fez Beth."




"FORA DE CONTROLE" (2007)

"O que pode acontecer quando pessoas diferentes ficam sob o mesmo teto por vinte e oito dias tendo apenas uma coisa em comum: o vício? Mark, um ator e produtor pornô, é viciado em álcool, drogas, jogos e sexo; Joe é um comediante que tem problemas com bebidas; Sara é um modelo que recorre à heroína para acalmar sua fome por comida; e Harry é um viciado em medicamentos. Sob tratamento do conselheiro Bill e sua esposa Kelly, seus amigos e familiares se juntam a eles para o programa de final de semana, um processo de terapia de grupo que resulta numa série de desastres físicos e emocionais."

 

Fontes:

http://www.filmesdecinema.com.br/filme-o-preco-da-vida-7025/
http://www.filmesdecinema.com.br/filme-fora-de-controle-8059/
http://www.cineclick.com.br/index.php/filmes/ficha/nomefilme/contagio/id/17372

domingo, 23 de outubro de 2011

Droga psiquiátrica é veneno para crianças, diz médica!

Por CLÁUDIA COLLUCCI
De WASHINGTON

      Primeira mulher a ocupar o cargo de editora-chefe no bicentenário "New England Journal of Medicine", a médica Marcia Angell já foi considerada pela revista "Time" uma das 25 personalidades mais influentes nos EUA. Desde 2004, Angell, 72, é conhecida como a mulher que tirou o sossego da indústria farmacêutica e de muitos médicos e pesquisadores que trabalham na área. Naquele ano, ela publicou a explosiva obra "A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos", que desnuda o mercado de medicamentos.
     Usando da experiência de duas décadas de trabalho no "NEJM", ela conta, por exemplo, como os laboratórios se afastaram de sua missão original de descobrir e fabricar remédios úteis para se transformar em gigantescas máquinas de marketing.
     Professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Harvard, Angell é autora de vários artigos e livros que questionam a ética na prática e na pesquisa clínica. Tornou-se também uma crítica ferrenha do sistema de saúde americano. Tem se dedicado a escrever artigos alertando sobre o excesso de prescrição de drogas antipsicóticas, especialmente entre crianças. "Estamos dando veneno para as pessoas mais vulneráveis da sociedade", diz ela.
     Mãe de duas filhas e avó de gêmeos de oito meses, ela diz que recebe muitos convites para vir ao Brasil, mas se vê obrigada a recusá-los. "Não suporto a ideia de passar horas e horas dentro de um avião." A seguir, trechos da entrevista exclusiva que ela concedeu à Folha.

Folha - Houve alguma mudança no cenário dos conflitos de interesses entre médicos e indústria farmacêutica desde a publicação do seu livro?

Marcia Angell - Não. Os fatos continuam os mesmos. Talvez as pessoas estejam mais atentas. Há mais discussão, reportagens, livros, artigos acadêmicos sobre esses conflitos, então eles parecem estar mais sutis do que eram no passado. Mas é claro que as companhias farmacêuticas sempre encontram uma forma de manter o lucro.

E os pacientes? Algumas pesquisas mostram eles parecem não se importar muito com essas questões.

Em geral, os pacientes confiam cegamente nos seus médicos. Eles não querem ver esses problemas. Além disso, as pessoas sempre acreditam que os medicamentos sejam muito mais eficazes do que eles realmente são. Até porque somente estudos positivos são projetados e publicados.
A mídia, os pacientes e mesmo muitos médicos acreditam no que esses estudos publicam. As pessoas creem que as drogas sejam mágicas. Para todas as doenças, para toda infelicidade, existe uma droga. A pessoa vai ao médico e o médico diz: "Você precisa perder peso, fazer mais exercícios". E a pessoa diz: "Eu prefiro o remédio".
E os médicos andam tão ocupados, as consultas são tão rápidas, que ele faz a prescrição. Os pacientes acham o médico sério, confiável, quando ele faz isso.
Pacientes têm de ser educados para o fato de que não existem soluções mágicas para os seus problemas. Drogas têm efeitos colaterais que, muitas vezes, são piores do que o problema de base.

A sra. tem escrito artigos sobre o excesso de prescrições na área da psiquiatria. Essa seria hoje uma das especialidades médicas mais conflituosas?

Penso que sim. Há hoje um evidente abuso na prescrição de drogas psiquiátricas, especialmente para crianças. Crianças que têm problemas de comportamento ou problemas familiares vão até o médico e saem de lá com diagnóstico de transtorno bipolar, ou TDAH [transtorno de déficit de atenção e hiperatividade]. E é claro que tem o dedo da indústria estimulando os médicos a fazer mais e mais diagnósticos.
Às vezes, a criança chega a usar quatro, seis drogas diferentes porque uma dá muitos efeitos colaterais, a outra não reduz os sintomas e outras as deixam ainda mais doentes.
Drogas antipsicóticas estão claramente associadas ao diabetes e à síndrome metabólica. Estamos dando veneno para as pessoas mais vulneráveis da sociedade. Pessoas que acham que isso não é assim tão terrível sempre argumentam comigo que essas crianças, em geral, chegaram a um estado tão ruim que algo precisa ser feito. Mas isso não é argumento.

Hoje, fala-se muito em medicina personalizada. Na oncologia, há uma aposta de que drogas desenvolvidas para grupos específicos de pacientes serão uma arma eficaz no combate ao câncer. A sra. acredita nessa possibilidade?

Para mim, isso é só propaganda. Não faz o menor sentido uma companhia farmacêutica desenvolver uma droga para um pequeno número de pessoas. E que sistema de saúde aguentaria pagar preços tão altos?

Algumas escolas de medicina nos EUA começaram a cortar subsídios da indústria farmacêutica e de equipamentos na educação médica continuada. No Brasil, essa dependência é ainda muito forte. É preciso eliminar por completo esse vínculo ou há uma chance de conciliar esses interesses?

Deve ser completamente eliminado. Professores pagam para fazer cursos de educação continuada, advogados fazem o mesmo, por que os médicos não podem? A diferença é que você não precisa ir a um resort no Havaí para ter educação médica continuada. É preciso pensar em modelos de capacitação mais modestos. E, com a internet, todos os países, mesmo os pobres ou em desenvolvimento, podem fazer isso. A educação médica não pode ser financiada por quem tem interesse comercial no conteúdo dessa educação.




domingo, 16 de outubro de 2011

Os "pequenos" e a tecnologia!

Em outras postagens cometei sobre o quanto evoluímos nos últimos anos. É assustador lembrar que faz pouco tempo, alguns de nós não possuíamos telefone (e quem os possuia, declarava junto a receita federal)  sendo que hoje, temos de 2 a 3 celulares. Praticamente todos os brasileiros estão se falando por pequenos aparelhos móveis, que além disso, ainda servem de rádio FM, fotografam e são nossas agendas. Se considerarmos o tempo tecnológico em que isso aconteceu, podemos julgar que foi mais veloz do que nossa imaginação. O desenho dos Jetsons estão quase por se tornar uma realidade. O filme "2001, uma odisséia no espaço" errou por pouco no prazo em que os computadores poderiam dominar o mundo. Quando nos lembramos do "bug do milênio", podemos dizer que faltou pouco para o criador ser dominado pela criatura. Enfim, esse é um mundo real que pode ser antecipado e previsto pelo virtual.
Não sou um saudosista e nem retrógrado. Tento acompanhar os movimentos modernos. Faz pouco tempo que achei que furar a orelha e fazer uma tatuagem poderiam me deslocar automaticamente para um mundo moderno. Estava errado. Os novos tempos obrigam com que convivamos com a modernidade da forma mais natural. considerando que estamos em uma era cibernética, tecnologicamente avançada e não podemos lutar contra isso...temos que buscar acompanhar a evolução. Engraçado imaginar que hoje convivemos com 3 gerações completamente diferentes do ponto de vista do contato com a tecnologia. Uma nunca teve contato com isso, como nossos avós. A segunda, até teve algum contato, mas com máquinas enormes, com os primórdios dos computadores, seus disquetes e em linguagem que hoje não mais existe. Uma terceira já nasceu no meio do avanço citado.  Lembro-me de que quando foi implantado o voto através da urna eletrônica, e não faz muito tempo,  uma matéria jornalística mostrou um brasileiro que, em toda sua vida, nunca havia apertado um botão. Fosse de um elevador, de um telefone digial, sua digital nunca seria encontrada em nenhum aparelho. Ouvi ainda duas  histórias que demonstram como vive a atual geração:
- Uma amiga minha, mãe de um pequeno de 7 anos de idade, ao terminar a leitura de um livro, como o faz toda noite, ao fechá-lo o garoto gritou: "Mãe, salva, salva para não perder a página". Não lhe veio à cabeça a possibilidade de "marcar" a página onde sua mãe havia parado...ele queria que ela a salvasse, linguagem típica dos computadores.
- Outra amiga comentou que soube de uma criança que, para mudar o canal da TV, largara o controle remoto, símbolo de avanço tecnológico para minha geração e correu para a tela. Postou-se a frente do aparalho e passou a esfregar o dedo na tela, buscando mudar o canal como se faz com o Tablet. Corria seu dedinho na tela aguardando a mudança do canal.
- Em uma palestra sobre a necessidade de nos aproximarmos dos jovens e passarmos a falar sua linguagem, ouvi a história de um tio que recebendo seu sobrinho em caso, o pequeno, com seus 9 anos de idade, abriu um armário antigo e encontrou um LP. Puxou o estranho objeto para fora, olhou com atenção e perguntou ao tio: "O que é isso?". "É um disco", ele lhe respondeu. "E para que serve?", continuou o garoto! "Serve para tocar música...ele possui algumas músicas". O garoto olhou-o novamente, virou o objeto de um lado e de outro e comentou: "Deve caber muita música nele, né?". O guri tem a lógica de que, se um CD, com seu pequeno tamanho, consegue dispor de tantas melodias, imagina uma "bolacha" daquele tamanho! E ainda possui música nos seus dois lados.
Posto isso apenas para pensarmos....

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, fala sobre financiamento do SUS.

Subfinanciamento do SUS começou com ‘garfada’ de 1994

Em entrevista à Carta Maior, o médico sanitarista Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, diz que, apesar da derrota no Congresso da proposta de criação de um imposto financeiro com destinação à Saúde, o reconhecimento de que o setor é subfinanciado é um avanço. Sem dinheiro novo, a imensa máquina de saúde pública brasileira, hoje referência mundial, continuará devendo qualidade de serviços ao seu usuário. O subfinanciamento, segundo Gadelha, começou com a primeira garfada dada na Saúde, em 1994, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Por: Maria Inês Nassif

"Depois do enorme recuo que foi, para a Saúde Pública, a derrubada da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), em 2007, a retomada do debate da regulamentação da emenda 29 pelo Congresso, que enterrou mais uma vez as chances de um imposto financeiro com destinação à Saúde, pode ter sido, enfim, um passo à frente nesse debate.

O médico sanitarista Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, acredita que, apesar da perda da contribuição social para a Saúde, os debates convergiram para o reconhecimento de que o setor é subfinanciado. A partir do fim da CPMF, o discurso hegemônico foi o de que a Saúde tinha problemas de gestão, não de financiamento. Ocorreu uma quebra desse padrão: com poucas exceções, chegou-se a um consenso, no Congresso, de que o ganho de gestão é marginal. Sem dinheiro novo, a imensa máquina de saúde pública brasileira, hoje referência mundial, continuará devendo qualidade de serviços ao seu usuário.

O subfinanciamento, segundo Gadelha, começou com a primeira garfada dada na Saúde, em 1994, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Se fosse mantida a referência constitucional, de destinação de 30% do Orçamento da Seguridade Social ao setor, a Saúde teria em caixa, já em 2008, R$ 110 bilhões. A queda da CPMF, em 2007, por sua vez, ocorreu no momento em que se formulava o “Mais Saúde”, programa que seria o segundo grande momento da Saúde Pública no Brasil (o primeiro foi a criação do SUS, em 1988). Foi uma estratégia, na sua opinião, de quebrar as pernas do governo.

Sanitarista de carteirinha, Paulo Gadelha, doutor em Saúde Pública, há 20 anos na Fundação Oswaldo Cruz, é desde 2008 presidente da entidade, eleito pelo voto direto dos funcionários. Gadelha vem da linhagem de médicos militantes da Saúde Pública que se envolveram na articulação vitoriosa do Sistema Único de Saúde (SUS), na Constituinte de 1988, produto de um movimento suprapartidário que foi o pai coletivo do maior sistema de saúde pública do mundo, o brasileiro.

CARTA MAIOR: Deixou de existir o velho Partido Sanitarista, que conseguia consensos suprapartidários para a área de Saúde Pública?

PAULO GADELHA: Ele ainda se reaglutina em momentos importantes, mas com características diferentes do que foi no momento de configuração da democracia, da inscrição do direito à Saúde na Constituição, da formatação do Sistema Único de Saúde (SUS). Naquela época, tanto isso refletia o movimento geral da sociedade como a natureza do próprio SUS. Hoje, as formas de participação e organização do sistema adquiriram dimensão, magnitude e canais participativos institucionalizados: as conferências municipais, estaduais e nacional, os conselhos, os fóruns onde os usuários se manifestam.
Aquilo que chamávamos de Partido Sanitarista era composto por intelectuais, instituições universitárias, institutos, alguns movimentos sociais e instituições que adquiriram um novo papel. Eles não são mais tão determinantes em relação a esse movimento. Hoje, por exemplo, uma conferência de Saúde, institucionalizada, tem milhares de pessoas, e, com todos os seus problemas, o SUS está implantado em milhares de municípios. Isso não quer dizer, todavia, que o movimento tenha simplesmente acabado. No mês passado, por exemplo, instituições como a Abrasco, a Cebes e a SBMFC apresentaram uma proposta de agenda estratégica de reforma sanitária para o ministro Eliseu Padilha. Nós fizemos uma proposta conjunta do movimento sanitário.

CARTA MAIOR: Do ponto de vista legislativo, existe ainda algum tipo de articulação entre sanitaristas?

GADELHA: Hoje é complicado chegar a um consenso de medida legislativa, mas começam a surgir grandes confluências. Há uma em sentido mais amplo – por exemplo, o reconhecimento do subfinanciamento da Saúde. Há pouco tempo, o discurso quase predominante era o de que o problema não era só de recursos, mas de gestão: se os desperdícios fossem corrigidos, poderíamos criar um sistema universal do porte que propomos. Estávamos pessimistas em relação ao debate sobre a regulamentação da emenda 29, mas o fato é que ele acabou revertendo esse discurso. Hoje se reconhece que a Saúde precisa de mais recursos, e os R$ 40 e tantos bilhões da CPMF viraram um ponto de referência em torno do qual se discute a fonte dos recursos e os mecanismos para garantir esse aporte. Para mim, isso é uma grande vitória: tirando uma ou outra voz dissonante, todos, por razões diversas, instrumentais ou não, da oposição ou da situação, concordam que a Saúde está subfinanciada.

CARTA MAIOR: O discurso do desperdício vem do fim da CPMF?

GADELHA: Sim, e o fim da CPMF representou uma fenda num momento muito importante. Àquela época, nós tínhamos um projeto estruturado, o “Mais Saúde”, tradução do Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC) na Saúde. O ministério contaria com os recursos ordinários e com dinheiro suplementar, da CPMF. Toda a programação foi implodida, com o fim da contribuição. Uma série de metas e avanços que a Saúde que se estava desenhando ficou frustrada. Aquela perda foi extremamente danosa.

CARTA MAIOR: A retomada da idéia de um percentual fixo da receita corrente para a Saúde conquistou adeptos no decorrer da votação da regulamentação da emenda 29?

GADELHA: Isso faz parte de um processo. Se nós tivéssemos o que vigia anteriormente, um percentual da Seguridade Social para a Saúde, não teríamos subfinanciamento, porque isso implicaria valores para além desse aporte de R$ 47 bilhões hoje em discussão. Quando foi promulgada a Constituição de 1988, estava previsto que 30% do Orçamento da Seguridade Social [exceto o FAT] iria para a Saúde. Isso caiu em 1994. Também naquele ano foram subtraídos 20% dos recursos da seguridade por meio da Desvinculação das Receitas Orçamentárias [na época, Fundo Social de Emergência]. Se a participação da Saúde no Orçamento da Seguridade tivesse sido mantida em 30%, o Orçamento da Saúde teria passado de R$ 54 bilhões para R$ 110,10 bilhões em 2008. Era, então, 8,4% do PIB. A proposta de obrigar a União a contribuir com o correspondente a 10% do PIB seria uma melhora na participação pública dos gastos nacionais e Saúde – outro consenso é que essa participação é muito pequena, está na faixa de 42% e é inadequada sobre qualquer padrão internacional.

CARTA MAIOR: Com ou sem dinheiro de novo financiamento?

GADELHA: Aí é uma briga maior, contra a idéia de que a carga tributária brasileira é muito grande. Uma carga tributária na faixa dos 34,7% do PIB está abaixo da média dos países da OCDE, que está em 36%. Estou dando alguns dados que, do ponto da área que pensa a saúde, desconstroem fantasmas e falácias sobre o tema que se acumularam ao longo dos anos. Outra questão é o gasto per capita em Saúde: estamos abaixo de vários países, inclusive da América Latina. Outro dado é favorável ao modelo do SUS: não é todo o país com mais de 100 milhões de habitantes que tem uma proposta tão generosa e ambiciosa de um serviço universal de saúde, com princípios de equidade e integralidade. Dessa magnitude, não existe outro país no mundo. Os exemplos que temos de sistemas universais, como o inglês e o canadense, atendem populações muito menores. O desafio é condizente com essa escala. Isso num momento também em que o sistema de suporte social, de seguridade e de área da saúde, virou um tema central da avaliação sobre as perspectivas de sustentabilidade dos países. Isso é um problema que a China, os Estados Unidos e mesmo a Europa estão enfrentando fortemente.

CARTA MAIOR: Mesmo subfinanciado, o modelo foi bem-sucedido?

GADELHA: Paradoxalmente, com todas as críticas e dificuldades que nós vivemos com a Saúde, o SUS virou uma grande referência para vários desses países. Nós tivemos missões oficiais da China aqui, querendo saber como a experiência brasileira foi capaz de superar a fragmentação pré-existente no sistema de saúde e como ela conseguiu gerar um sistema integrado. No caso chinês, o sistema de saúde tem características bastante retrógradas. Uma das pessoas que os chineses convidaram para estudar o modelo chinês e propor uma reforma da Saúde naquele país foi o Temporão. Michel Marmot, um dos grandes nomes da saúde mundial, que foi coordenador da Comissão Social de Referências para a Saúde, deu uma declaração, numa reunião com ministros de Saúde de todo o mundo. Ele disse: eu dou um conselho a vocês, aprendam o português e vejam o que está acontecendo no Brasil em termos de constituição de um sistema de saúde.

CARTA MAIOR: Não corresponde muito à imagem que o usuário tem do sistema, ou corresponde?

GADELHA: É um desafio do movimento sanitário, agora, redesenhar a alma dos movimentos sociais e das populações em relação ao significado e relevância desse projeto. A população recebe muita coisa do SUS sem identificar de onde vem. O Programa Nacional de Imunização (PNI) é um dos mais bem-sucedidos do mundo; o programa de AIDS e de transplantes são referencia mundial. Todos são do SUS. O SUS vai muito além da atenção básica.

CARTA MAIOR: A sustentabilidade do sistema é dada apenas pelo financiamento?

GADELHA: A base unicamente financeira não basta, é preciso também formar uma base de sustentabilidade produtiva nacional. Uma das questões eu tenho colocado isso é que a Saúde tem que estar no cerne do diálogo com o modelo de desenvolvimento do país. Todas as áreas de ponta de desenvolvimento tecnológico estão associadas à Saúde, que é um ponto central do ponto de vista das fronteiras tecnológicas. O setor de Saúde no Brasil já é um grande empregador, ocupa 10% da força de trabalho qualificada do país. O setor envolve cerca de 8,4% do PIB. É também uma das áreas onde a questão do associativismo e da organização social está mais presente, e tem capacidade de produzir e reduzir iniqüidades regionais. Ela tem um componente que permite, de forma muito privilegiada, articular políticas sociais com políticas de desenvolvimento e com políticas de desenvolvimento produtivo.
Do outro lado, a Saúde é muito afetada pelos determinantes mais gerais que são produzidos pelo modelo de desenvolvimento. É a Saúde, que em última análise vai ter que responder a problemas e questões que vão sendo gerados também por um modelo de desenvolvimento que não seja saudável. É fundamental romper a dicotomia que muitas vezes existe no país, e até às vezes está escrito nas formas de organização, entre o que é considerado como política social e política de desenvolvimento.

CARTA MAIOR: Esse é o momento dessa discussão?

GADELHA: Se nós não nos anteciparmos ao que vai acontecer nas próximas décadas, essa questão vai se agravar intensamente, por conta da evolução demográfica. Em 2030, terá aumentado consideravelmente o percentual de idosos. A faixa de uso da atenção à Saúde e seu custo crescem consideravelmente a partir da faixa etária de 50 a 60 anos. A redução da mortalidade e a maior expectativa de vida não necessariamente implicam em redução da morbidade, ou seja, as pessoas podem viver mais tempo com a mesma doença. Um hipertenso há tempos atrás morria; um hipertenso hoje não morre, mas continua hipertenso e exige cuidados. Os próprios avanços na redução da mortalidade e promoção de saúde não implicam na redução de custo, além de obrigarem a reconfiguração de todo o sistema de saúde, porque passam a predominar as chamadas condições crônicas, que exigem uma forma de cuidado à pessoa mais integral. O que antes era considerado como uma separação – atenção primária, secundária, terciária – perde sentido. A forma do cuidado passa a ser muito mais complexa e integrada, e os custos mais os elevados. Eles serão maiores ainda se não houver uma base tecnológica nacional para dar conta disso.

CARTA MAIOR: É o momento de rediscutir rearranjos no SUS?

GADELHA: Eu imagino que sim. Uma das questões é repensar a reterritorialização da Saúde. A característica brasileira de três entes federativos resultou numa hiperênfase, num certo momento, à municipalização. A municipalização aproxima os investimentos das pessoas, dá um certo grau de autonomia, mas é uma opção que tem também seus problemas. Dependendo da natureza do problema e dos municípios, não há como lidar com a Saúde de forma municipalizada. O Ministério da Saúde está fazendo o Mapa Sanitário para fazer um recorte geográfico da Saúde, que indique qual o problema central dos territórios do ponto de vista epidemiológico, os recursos, equipamentos instalados, recursos humanos disponíveis. É uma forma de estudar como fazer a governança de Saúde de um território quando ele significa extravasamento dos municípios. Isso vai gerar uma rede permanente de prospecção em Saúde. Nós [Fiocruz, Ipea e Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE)] estamos terminando agora uma etapa, chamada de Livro Branco, para depois pensar cenários para 2030.
Esses cenários não são apenas para uso acadêmico, mas para indicar o que tendencialmente acontecerá se mudarem as condições atuais e o que seria o ideal e factível. O que se percebe: para se falar de espacialização no Brasil, o dado fundamental é que a grande maioria dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes. Segundo dado: esses municípios estão perdendo população. E quem está ganhando população municípios com mais de 100 mil habitantes. Está havendo um deslocamento também das concentrações de saúde regional. Hoje passam a ter pólos mais concentrados demograficamente na região Centro-Oeste. Se você não pensar o mapa, da forma de atuar dentro da dinâmica que o Brasil está vivendo, você vai atuar atirando numa situação inexistente. Essa questão da territorialização, o papel dos entes federativos, de governança, isso é fundamental.

CARTA MAIOR: Inclui alguma governança coordenada entre municípios?

GADELHA: É, inclui. Não é centralização, mas a capacidade de definir metas, pactuar resultados, cobrar pelos resultados, definir formas de premiação por resultados, definir formas de ajustes nos programas em função de sua natureza. Alguns são centralizados, não adianta. Mas para fazer certos programas que exijam uma logística mais pesada, você terá a necessidade do governo federal muito presente, e dos Estados coordenando ações no âmbito de seu território. Outras questões podem ser da lógica municipal, mas não faz sentido pegar um município de poucos habitantes e repassar recursos para fazer sistemas de média e alta complexidade. Aí é jogar dinheiro fora. Nesse caso, pode se optar por consórcios entre municípios, e naquele mapa, descentralizar atenção básica e manter serviços de alta e média complexidade de forma mais centralizada.

CARTA MAIOR: A Saúde conseguiu uma integração satisfatória com os programas de distribuição de renda?

GADELHA: Eu diria que muito ainda precisa ser feito. A Saúde foi beneficiada pela geração de empregos, pelo processo de desenvolvimento econômico e pela melhor distribuição de renda, mas esses efeitos não foram acompanhados de estruturação das formas de diálogo com a organização do sistema de saúde. Hoje nós temos uma oportunidade imensa, na execução do “Brasil sem Miséria”.

CARTA MAIOR: Como vê a questão do financiamento?

GADELHA: É crucial, é uma balela dizer que você resolve o problema da Saúde simplesmente com gestão. A regulamentação da emenda 29 sem recursos adicionais é o mesmo do mesmo. Tem um significado muito importante porque rompe um patamar de muita dificuldade de enfrentar o problema da regulamentação. Agrega um pouco de valor porque Estados terão que colocar um pouco mais de recursos – não é porque mudou o percentual, mas porque muitos utilizavam os recursos da Saúde para outras finalidades.

CARTA MAIOR: Mas o ganho não é significativo.

GADELHA: Não é. Apenas alguns Estados que não cumpriam os seus 12%, ou maquiavam isso vão ter que colocar mais recursos na área da Saúde, mas isso não é significativo para o sistema como um todo. O que ela coloca é o desafio de agora, o que era um tabu, regulamentar ou não regulamentar, porque na hora que regulamenta – o que força num certo sentido é isso, queimamos mais uma etapa, e agora. Por isso eu digo que, num certo sentido, tantas vozes, algumas até surpreendentes, mostrando que a Saúde precisa de mais dinheiro.

CARTA MAIOR: Existe uma certa convergência em torno da fixação de um percentual de 10% do PIB para o Orçamento da Saúde.

GADELHA: Esta não é uma convergência. Seria um patamar confortável para a área da Saúde, e em torno dele se juntaram desde aqueles que defendem esse parâmetro há muito tempo, até a oposição, ou parte dela, como um desafio ao governo. Mas no governo não há consenso. Hoje o reajuste do Orçamento da Saúde já é feito com base na variação do PIB, aplicada sobre os gastos do ano anterior. Quando o PIB cresce muito o setor ganha; quando o PIB se aproxima de zero, há o efeito perverso, porque os gastos não param, população continua crescendo mas os recursos continuam os mesmos do ano anterior. A mesma coisa pode acontecer com as despesas correntes. O pessoal da economia da Saúde estuda várias alternativas. Uma delas é essa.

CARTA MAIOR: Por que não se consegue unificar governo e oposição em torno de um imposto para a Saúde?

GADELHA: Primeiro, por conta dessa idéia de que a carga tributária nacional é muito alta. Depois, tem essa afirmação, errônea, de que a CPMF é um imposto progressivo. E, finalmente, existe um cálculo político-eleitoral da oposição. A CPMF acabou virando uma espécie de Geni. A marca ficou muito ruim, inicialmente porque ela foi desvirtuada e desviada da Saúde. Houve também uma batida muito forte em torno da ineficiência do SUS, da corrupção. Naquele fatídico dia que antecedeu a discussão da CPMF (em 2007), houve no Palácio do Planalto uma das manifestações mais fortes e consensuais que eu vi de um certo campo político. Estavam lá representados vários entes federativos, movimentos sociais, tinha todas entidades de categorias presentes, tinha frentes de prefeitos – foi um ato extremamente significativo em torno do compromisso de que a CPMF seria usada exclusivamente para a Saúde, com desonerações previstas para correntistas de baixa renda. Quase houve um acordo com parte da oposição para votar. Esse acordo virou da noite para a manhã do dia seguinte, porque a oposição decidiu usar a votação para quebrar o governo. A derrota da CPMF trazia a idéia de desestabilização e ao mesmo tempo o uso eleitoral da extinção da contribuição."
 
 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Acesso a medicamentos é ampliado em 239% no país

Número de diabéticos e hipertensos beneficiados pelo programa passou de 853 mil, em janeiro, para 2,9 milhões, em setembro

O “Saúde Não Tem Preço” continua a beneficiar cada vez mais brasileiros. A iniciativa do Ministério da Saúde, que começou em fevereiro deste ano e oferece gratuitamente 11 medicamentos para hipertensão e diabetes, ampliou em 239% o acesso ao tratamento dessas doenças nas mais de 20 mil drogarias credenciadas ao programa. O número de pacientes atendidos pulou de 853 mil, em janeiro, para 2.888.956, em setembro. Foram realizados 306.826 atendimentos de pessoas diabéticas, em janeiro, e 892.820, em setembro, o que representou um crescimento de 191%. Já o número de hipertensos beneficiados foi ampliado em 271%, passando de 658.648 para 2.443.044, no mesmo período.


“Essas doenças, por terem prevalência alta e estarem intimamente ligadas aos novos hábitos dos brasileiros, merecem atenção redobrada. A ampliação contínua do acesso aos medicamentos, comprovada pelos números do programa, representa uma melhora significativa na vida dos brasileiros”, observa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Antes da criação do Saúde Não Tem Preço, os produtos eram oferecidos com até 90% de desconto nas farmácias e drogarias credenciadas ao programa Aqui Tem Farmácia Popular. Atualmente, os medicamentos são retirados gratuitamente – para isso, é exigido apenas a apresentação de receita médica válida, CPF e documento com foto.

O estado que teve maior crescimento do número de pessoas beneficiadas foi Roraima, com 13.961% de aumento no período – passou de 23 beneficiados em janeiro, para 3.234 em setembro. O estado é seguido pela significativa ampliação do acesso, no mesmo período, pelo o Mato Grosso, que somou 1.028% de crescimento, de 1.964 para 22.148 beneficiados, e o Maranhão, cujo crescimento foi de 985%, com o número de beneficiados passando de 1.022 para 11.090. Também se destaca o crescimento no Mato Grosso do Sul – 912%, com o número de beneficiados pulando de 2.908 para 29.442.

A hipertensão arterial acomete 23,3% da população adulta brasileira maior de 18 anos, segundo dados do estudo Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2010. De acordo com a mesma pesquisa, o diabetes atinge 6,3% da população adulta, sendo mais prevalente em mulheres (7%) do quem em homens (5,4%).

OUTROS MEDICAMENTOS – O Saúde Não Tem Preço tem estimulado o crescimento geral do programa Aqui Tem Farmácia Popular, cujo número de beneficiados teve aumento 183% de janeiro a setembro – passou de 1,2 milhões para 3,5 milhões. Além dos medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes, o programa oferece medicamentos que tratam asma, rinite, osteoporose, colesterol, doença de Parkinson e glaucoma. Também são disponibilizados anticoncepcionais, e fraldas geriátricas, essas indicadas para pessoas com mais 60 anos.

ORIENTAÇÕES AOS USUÁRIOS – A receita médica é obrigatória para a retirada de medicamentos nas farmácias credenciadas, e tem como objetivo evitar a automedicação, incentivando o uso racional de medicamentos e a promoção da saúde. Deve-se apresentar também CPF e documento com foto.

Eventuais dúvidas podem ser comunicadas ao Ministério da Saúde – pelos estabelecimentos credenciados ou pelos usuários do programa – por meio do Disque-Saúde (0800-61-1997) como também pelo e-mail analise.fpopular@saude.gov.br.

Os medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes são identificados pelo princípio ativo. Os itens disponíveis são informados pelas unidades do programa, onde os usuários podem ser orientados pelo profissional farmacêutico. É ele que deverá informar, ao usuário, o princípio ativo que identifica o nome comercial do medicamento (de marca, genérico ou similar) prescrito pelo médico.

Por Priscila Costa e Silva, da Agência Saúde – Ascom/MS


Para acessar as tabelas, visite:
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/index.cfm?portal=pagina.visualizarNoticia&codConteudo=2652&codModuloArea=162&chamada=acesso-a-medicamentos-e-ampliado-em-239-no-pais


Fonte: Ministério da Saúde

domingo, 9 de outubro de 2011

Estar nas redes sociais não é problema!

     Muitos me perguntam: "Como é que você tem tempo para ter um blog, facebook, twitter, além dos emails?" Com certeza essa pergunta já foi feita aos que são adeptos das relações via internet, com ênfase nas chamadas redes sociais. Bom, o que respondi: "Tempo se arruma". Sei que essa resposta não resolve o grande questionamento feito, mas é parte do que gostaria de responder aos que tratam as redes sociais como secundárias. Com esse início de postagem deixo claro que penso que se fazer presente nas redes sociais não é um problema de tempo, e sim de priorização.
     Como já disse em outras postagens, sou de um tempo em que as relações se davam  diretamente (o famoso olho-no-olho) ou por outros meios, que não cibernéticos. Sou de um tempo em que telefonávamos para os amigos, mandávamos cartas, cartões de aniversário, entre outros. Não é um tempo distante, mas este ficou no passado. Na atualidade, as relações têm se dado pela internet, o que particularmente não considero um problema. Creio que elas não podem se dar meramente aqui, mas não há crime algum em ter amigos com os quais nos relacionamos pela rede mundial!
     Quantos de nós já teve que preencher um formulário em que o email era um dos "campos" exigidos? Quantos de nós já não esteve em algum lugar onde perguntaram se você era o @ alguma coisa? E terminaram a frase dizendo: "Eu te sigo....". Bom, ele queria saber se você é o tal do fulano com o qual se relaciona pelo twitter e por fim queria dizer que ele lhe acompanha nas redes sociais. Qual o problema nisso? Acho que nenhum.
     Tenho clareza de que facebook e twitter, entre outros, são formas de relacionamentos que não devem ser desprezados. Dizer que não tem tempo é mentira, pois em minha humilde opinião, isso é desculpa para os que não priorizam algumas das formas de buscas de informações disponíveis. O mundo tem girado de uma forma na qual estar em contato pela internet apenas pelo email pode significar que estais atrás de uma das grande formas de comunicação entre a sociedade. Não há "glamour" em dizer: "Eu não me contamino com isso. Tenho mais o que fazer". Talvez isso possa dizer que és um "analfabeto tecnológico". Tome cuidado pois o mundo, apesar de girar, pode estar passando de forma tangencial a ti!
     Caso ainda não tenha se atido a isso, sugiro visitar os sites de relacionamento, mini-blogs ou mesmo perguntar aos amigos que estão conectados na rede. Eles lhe apresentarão experiências incríveis que só podem ser feitas, hoje em dia, via internet. Poderia dizer algumas: amigos que não via faz algum tempo, professores com os quais não tenho contato, novos amigos criados fruto de minhas humildes opiniões....isso quer dizer que vale a pena penetrar nesse mundo virtual.
     Com essa postagem quero convidar ao mais distante internauta a se conectar de fato. Não substitua a mesa de bar, nem as festas, pelo contato pela internet. Nada vai substituir os encontros, os Congressos, as reuniões, o debate frente a frente. Connversar é ainda a melhor forma de comunicação. Tocar alguém, abraçar, beijar, nunca serão substituídos...mas o contato humano passa por evolução. Não fique atrás da tecnologia...domine-a! Não se renda a ela, utilize-a! Não se sinta refém...seja protagonista! Por fim....caso isso não lhe sirva de nada pois você está conectado no mundo cibernético...me segue no twitter???? Eu sou o @Marcofarma e gosto disso.

sábado, 8 de outubro de 2011

Venda de anorexígnos é abusiva no Brasil, diz ANVISA.

Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criticou a pressão feita pelos médicos para que a agência desse seu aval ao uso de emagrecedores no Brasil.
Na última terça, a Anvisa decidiu retirar do mercado emagrecedores do grupo das anfetaminas (femproporex, anfepramona e mazindol). A agência manteve o emagrecedor sibutramina como opção para pacientes e médicos brasileiros, mas impôs várias restrições para que ela pudesse ser receitada.
O Conselho Federal de Medicina decidiu ir à Justiça para que os anfetamínicos continuassem sendo receitados, alegando que os médicos deveriam ter autonomia para indicar o uso dos remédios.
Em entrevista exclusiva à Folha, Barbano afirmou: "Espero que, além dessa preocupação com a questão da autonomia dos médicos, eles também estejam preocupados em verificar como vão cumprir o papel deles".
Para ele, a venda dos emagrecedores, mesmo com receita, "é abusiva, é muito alta, é só crescente ao longo dos anos".

*

FOLHA - Uma câmara técnica da Anvisa foi contra a sibutramina. Não era melhor discutir mais até ter amplo apoio?

Dirceu Barbano - Não, porque a divergência apontada não vai se resolver agora. Nenhuma posição é incorreta. Você pode adotar uma ou outra posição com os dados colocados. A responsabilidade era de a diretoria colegiada tomar uma decisão.

Durante a discussão verificamos que havia dúvidas sobre a possibilidade real de extrapolar os dados do estudo Scout para os outros pacientes [o estudo identificou riscos do remédio apenas para quem tem problemas cardiovasculares; se pudessem ser estendidos ao total de usuários, os riscos inviabilizariam o uso da sibutramina].

Poderíamos perder o tratamento com um produto registrado na Anvisa que, para certos grupos de pacientes, pode ser eficiente. Nada aqui na Anvisa pode ser colocado como "águas passadas", todos os medicamentos registrados estão sob monitoramento todo dia.
Pode ser que o monitoramento que será feito com a sibutramina [previsto por um ano] forneça algum dado adicional que faça com que, antes de qualquer prazo, ela acabe sendo proibida.

A indústria vai apostar em iniciativas como o balão gástrico, recentemente liberado para pessoas com IMC menor?

Não, não automaticamente. O que foi produzido até hoje --a oferta das cirurgias, as técnicas, as dietas- foi inventado com esses produtos já no mercado.

Se EUA, Europa e outros baniram a sibutramina, por que o Brasil está certo em liberar?

Não é uma questão de estar certo ou errado, é questão de ter oportunidade de fazer ou não. Temos um sistema de notificação, uma história de tratar a sibutramina sob controle especial. Talvez as autoridades regulatórias dos países não tenham se sentido seguras em relação ao sistema de vigilância que eles têm.
Se não fosse seguro, nós não teríamos feito. Perguntamos ao FDA [agência americana que regula remédios e alimentos]: por que vocês optaram por tirar a sibutramina? Eles disseram: no nosso país, planos de minimização de risco não têm sido eficazes. Mas se não é eficaz lá, não é aqui? Temos um outro sistema, temos vigilância sanitária em todos os municípios, nos EUA não é assim.

Esse plano de reduzir riscos é o que inclui a notificação das reações adversas?

Exato, desenhamos um plano para transitarmos por um período monitorando a sibutramina. Claro que não é um papel só nosso, nem só da vigilância sanitária. É papel dos médicos também. Espero que, além dessa preocupação com a questão da autonomia dos médicos, eles também estejam preocupados em verificar como eles vão cumprir o papel deles em relação a isso, porque a Anvisa nunca prescreveu nem anfetamínicos nem sibutramina. O que nós temos aqui registrado no nosso sistema é a venda com receita. E é abusiva, é muito alta, é só crescente ao longo dos anos.

Outra polêmica atual é a regulamentação dos aditivos do cigarro, que voltou ao debate no Congresso. A Anvisa pode não regrar os aditivos?

A questão da retirada dos sabores acho que tem consenso entre os diretores. Para mim, sabor em cigarro é criminoso. Sobre a questão do açúcar, que integra o método de produção, vamos pensar em como fazer, gerou preocupação por parte dos produtores. Estamos discutindo a forma, não é se vai fazer.
Se a lei vier resolver coisas que estamos propondo nessa regulamentação, é melhor. Já fica na lei, ninguém vai ficar discutindo se a Anvisa tinha ou não o poder de fazer.

Fonte:

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Processo desenvolvido no Brasil permite produzir genérico de quimioterápico

Pesquisa busca reverter processo habitual em que princípios ativos vêm do exterior, sendo apenas formulados e embalados no Brasil

Mais um genérico poderá ser produzido no Brasil. Desta vez, os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (INCT-Inofar) conseguiram desenvolver, em escala de laboratório, um novo modo para produzir o genérico do quimioterápico sunitinibe. Este fármaco, indicado na terapêutica contra o câncer de estômago, intestino e rim, é o princípio ativo do Sutent - o medicamento fabricado pela Pfizer -, cuja patente foi depositada no Brasil em 2005.

"Estamos adiantando o processo para que empresas brasileiras que se interessem pelo trabalho possam também fazer a adaptação de seu processo produtivo", fala Angelo da Cunha Pinto, Cientista do Nosso Estado, da Faperj, e orientador da pesquisa conduzida por Bárbara Vasconcellos da Silva, no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foi bolsista de doutorado nota 10 e de pós-doutorado da Faperj.

A importância do trabalho se revela em vários níveis. Segundo Cunha Pinto, a pesquisa traçou um rota alternativa às 472 patentes já registradas no mundo para o sunitinibe. "Como existem diferentes opções para se chegar à síntese de uma determinada substância, fizemos modificações de reagentes e condições de reação, procurando alternativas eficientes e de custo mais baixo quando comparado à rota original.", explica Bárbara.

O  projeto foi bem-sucedido e pode-se atribuir este sucesso à larga experiência do grupo de pesquisa na síntese de análogos da isatina, um núcleo que faz parte da estrutura química do sunitinibe. "Há mais de vinte anos, o professor Angelo vem trabalhando com a isatina, uma molécula sinteticamente versátil, cujos derivados possuem várias propriedades farmacológicas, como antiviral, antiinflamatória, anticonvulsivante e antitumoral, entre outras", fala Bárbara.

A nova rota de síntese traz as vantagens de encurtar o processo de produção, já que pula uma das etapas; e de ter sido simplificada, não exigindo reações que envolvam alta pressão. "Usamos catalisadores que permitem, por exemplo, condições de reação à temperatura ambiente. Tudo isso se adapta melhor à estrutura da indústria nacional", explica Cunha Pinto.

Igualmente importante é o fato de que a nova rota de síntese também possibilitou um aumento no rendimento final, de 4% a 5%. "Pode parecer pouco, mas levando-se em consideração todas as etapas, isso equivale a um significativo aumento no rendimento total, especialmente em termos de indústria", argumenta Cunha Pinto. "Em cada etapa de reação, nossos rendimentos foram iguais ou superiores aos descritos nas patentes", acrescenta Bárbara.

Cunha Pinto pondera ainda que, atualmente, a produção de medicamentos no Brasil é feita principalmente a partir da importação de princípios ativos da China, Índia e Coréia, que aqui são formulados e embalados. "Nossas pesquisas no INCT-Inofar estão justamente procurando reverter esse caminho. Vimos demonstrando que nossos pesquisadores conseguiram desenvolver, em curto espaço de tempo, novas sínteses de moléculas ligadas à indústria farmacêutica", anima-se Cunha Pinto, referindo-se não apenas ao sunitinibe como também à atorvastatina, o princípio ativo de um dos medicamentos para redução do colesterol mais consumidos mundialmente.

Indicado como quimioterápico eficaz para certos tipos de câncer de intestino, estômago e rim - alguns dos quais que até algum tempo atrás não tinham tratamento -, o sunitinibe é mais bem tolerado pelos pacientes e pode ser administrado por via oral, facilitando o tratamento. Sua atuação no organismo acontece em duas frentes: ataca diretamente as células tumorais e impede o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor e favorecem seu crescimento.

Atualmente, o alto custo do medicamento, de cerca de R$ 11 mil uma caixa com 28 comprimidos, torna seu uso restrito a uma pequena parte da população. "Possibilitar a produção de um genérico nacional do sunitinibe, a custos mais baixos, permitirá que o medicamento possa passar a integrar a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e estar acessível a um amplo número de pacientes", anima-se Cunha Pinto. Para o pesquisador, tudo isso atesta a competência brasileira na área dos genéricos.



Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Breve história dos Fóruns de Educação Farmacêutica

A profissão farmacêutica tem evoluído e isso é inegável. Várias atividades e mobilizações da categoria têm conseguido fazer com que a profissão cresça e consiga atingir um grau de maturidade política invejável. Para os que estão formados há algum tempo é visível o quanto a profissão avançou no último período. Parte desta história foi escrita pelo movimento em torno da Educação Farmacêutica. A ABENFAR - Associação Brasileira do Ensino Farmacêutica teve papel destacado.

Conforme descrito em sua apresentação, "O I Fórum Nacional de Educação Farmacêutica, intitulado "O farmacêutico de que o Brasil necessita", foi realizado em Brasília nos dias 13 e 14 de dezembro de 2007. A proposta para a realização do fórum partiu do diálogo do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde com a Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (Abenfar) acerca da necessidade de que fossem definidos direcionamentos para a educação farmacêutica em todos os níveis: da qualificação dos profissionais dos serviços de saúde à formação na graduação e na pós-graduação em Farmácia."  Para saber mais, acesse o site:

Estamos próximos da realização do IV Fórum Nacional de Educação Farmacêutica. O evento, conforme convocado e divulgado pelo site: http://www.abenfar.org.br/  acontece de 7 a 9 de outubro de 2011, em Belo Horizonte.

Boa atividade!

domingo, 2 de outubro de 2011

Dicas de Blogs que transmitem mensagens...

Os Blogs vieram como formas de informações alternativas, que não fazem parte da grande mídia. Possuem seus espaços, ainda que limitados em virtude da dificuldade de acesso à internet por parte de muitos, e são fontes inesgotáveis de questionamentos.

Como qualquer pessoa, tenho preferências as quais gostaria de compartilhar. Já indiquei livros e filmes, agora, quero sugerir alguns Blogs aos quais sigo e recomento.

O primeiro é o Blog "Quero Medula". Ele me foi indicado pela farmacêutica, amiga e atual Secretária do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Jussara Cony. O autorse apresenta da seguinte forma:


"Tenho 25 anos. Com 23 fui diagnosticado com leucemia, e passei por um longo processo de tratamento para me curar. Durante um ano tive remissão total da doença, mas agora ela voltou. Minha esperança, assim como a de muitas outras pessoas, é um transplante de medula óssea. As chances de encontrar um doador compatível são pequenas, mas existem. Estou nesta busca, por uma chance para continuar vivendo. E de dentro do hospital, que se tornou minha casa, que posto neste blog minhas experiências e sensações nesta luta pela vida. Uma luta que não é só minha e que pode ser vencida com um ato simples. Por isso com muita fé registro aqui meus dias na espera para encontrar a medula compatível que tanto preciso.E sei que vou encontrar. Da mesma forma que acredito que cada vez mais as pessoas irão se informar e saber como, para quem está na mesma situação que eu, este pequeno ato faz a diferença entre viver ou não."

Para acessar, visite: http://queromedula.blogsopt.com/

O segundo Blog, do meu amigo e camara Altamiro Borges é uma das minhas escolas de política. Apresentado como "uma trincheira na luta contra a ditadura midiática", Miro, como é conhecido por nós, é um lutador de muito tempo.

Miro, como é apresentado no seu Blog, é "Jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia  Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB e autor do livro "A ditadura da mídia".
Para acessar seu Blog, visite: http://altamiroborges.blogspot.com/


Boa leitura!