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sábado, 7 de março de 2015

Dia Internacional das Mulheres: Farmacêuticas pioneiras.

E chegou o dia 8 de março, dia internacional das mulheres. Nosso Blog parabeniza todas as mulheres e deseja que este seja um dia de avanços nos direitos das mulheres. Desejo que todos os que estão postando imagens de rosas parabenizando-as pelo dia, façam isso ao longo do ano e não apenas hoje. Desejo que os que estão compartilhando poemas sobre as mulheres não os faça apenas agora. Tomara que durante todo o ano lute pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, que não brade aos sete ventos que deveria haver um dia dos homens e que não critique a aprovação do PL 8305/14 que inclui o feminicídio na lista de homicídios qualificados, além de colocá-lo entre os crimes hediondos. Que não parabenize suas companheiras apenas hoje, mas que reconheça que ainda vivemos em uma sociedade machista, em que boa parte dos homens ainda fazem piadas preconceituosas, usam de agressão, sejam elas físicas ou verbais, contra as mulheres. Desejo que os que não elegeram o seu candidato a presidente, na última eleição, façam suas críticas e sua oposição de forma responsável, porém, sem se utilizar de palavras agressivas contra nossa Presidenta, que além de mulher é uma cidadã que merece respeito como qualquer outra pessoa. 

Quero aproveitar esta data para lembrar e homenagear algumas farmacêuticas que foram pioneiras. Queremos lembrar Susan Hayhurst, primeira farmacêutica dos Estados Unidos. Também lembramos e homenageamos Ella Stewart, que quis frequentar a Escola de Farmácia de Pittsburgh, mas foi recebida com discriminação, pois era negra. Apesar de ter que estudar separada de outros alunos, formou-se com notas altas e posteriormente foi licenciada como farmacêutica na Pensilvânia, tornando-se uma das primeiras farmacêuticas negras no país.

 Nossa homenagem também para María de la Asunción Menéndez de Luarca Díaz, uma das primeiras cinco cubanas que concluíram seus estudos em Farmácia na Real Universidade de Havana. Foi a única mulher farmacêutica na Revolução de 1895.

      Homenageamos Anna Louise James (1886-1977), primeira farmacêutica afro-americana no Estado de Connecticut, nos Estados Unidos.. Seu pai foi um escravo que conseguiu fugir das plantações de Virginia aos 16 anos. Perdeu a mãe aos 8 anos de idade. Estudou no Brooklyn College of Pharmacy, onde era a única mulher, vindo a se formar em 1908 e licenciada em 1909. E também destacamos a farmacêutica Szerafina Mária Thinágl, a primeira da Hungria. Destacamos também Carmen Peña, farmacêutica espanhola, por ter sido a primeira mulher eleita para presidir a FIP – Federação Internacional Farmacêutica.

            Esse humilde Blog também quer homenagear as farmacêuticas brasileiras. Muitas são as pioneiras que poderíamos citar, mas gostaríamos de destacar algumas:   Parabéns pelo dia internacional da mulher para a Senadora Vanessa Grazziotin, primeira Senadora Farmacêutica eleita para o Senado Brasileiro. Parabéns também para Gilda Almeida de Souza, primeira mulher a presidir o Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, entidade fundada também no dia 08 de março de 1946, e a Federação Nacional dos Farmacêuticos – FENAFAR. E nosso parabéns para a Vereadora Jussara Cony, da Câmara Municipal de Porto Alegre, por tudo o que faz em prol da luta dos trabalhadores, das mulheres, pelo fortalecimento do SUS, entre outros, mas por ter sido a primeira mulher a presidir a Associação dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul. 

Fotos: 


           

Susan Hayhurst 

 
 











Ella Stewart









 
 Anna Louise James










Carmen Peña








Vanessa Grazziotin 







Gilda Almeida de Souza 









Jussara Cony 









Fontes:
http://ucsopblog.com/2014/03/21/honoring-the-past-the-first-female-pharmacists/
http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75152010000100013
http://en.wikipedia.org/wiki/Ella_P._Stewart
http://www.shorelinetimes.com/articles/2012/03/09/opinion/doc4f58da12e860f595503254.txt 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3072833
http://www.pharmaceutical-journal.com/news-and-analysis/news-in-brief/first-woman-president-of-fip-elected/20066319.article
http://www.senado.leg.br/senadores/dinamico/paginst/senador558a.asp
http://www.cntu.org.br/cntu/corpo-diretor
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jussara_Cony
http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=549&id_coluna=14

 
 
 

domingo, 16 de março de 2014

Farmacêutica fala sobre a difícil batalha pela igualdade de gênero.

A entrevista abaixo foi publicada no site da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados – CNTU. A mesma foi feita com a Farmacêutica Gilda Almeida de Souza, grande liderança política. Farmacêutica de luta que muito orgulha a profissão. Tenho em Gilda, além de uma amiga, minha inspiração e a dirigente que me ensinou muito na direção do Sindicato dos Farmacêuticos de SP e na Federação Nacional dos Farmacêuticos. Vale a pena conhecê-la, por sua história política, por sua militância e pelo papel que desempenhou e desempenha pelo fortalecimento da profissão farmacêutica.
A matéria foi extraída do site: www.cntu.org.br e foi escrita por Rita Casaro, da comunicação da CNTU. A foto é de Beatriz Arruda.
Parabéns Gilda pela entrevista e parabéns para a CNTU pelo tema abordado.

A mulher deve aprender a disputar o poder para ocupar espaços estratégicos

A vice-presidente da CNTU, Gilda Almeida de Souza, fala sobre a difícil batalha pela igualdade de gênero, sobretudo na política


Oportunidades e salários iguais no mercado de trabalho, divisão das tarefas domésticas e equipamentos sociais adequados, atenção à saúde, fim do assédio e da violência e condições de disputar posições de destaque na política e no movimento sindical. Construir essa realidade de plena emancipação feminina, que tem como barreira séculos de cultura patriarcal e inúmeros preconceitos, é a meta da sindicalista Gilda Almeida de Souza, vice-presidente da CNTU e coordenadora do Coletivo de Mulheres da entidade. “Essa é uma luta que é da superestrutura, não vai se resolver no curto prazo, mas é preciso enfrentá-la”, afirma a farmacêutica formada em 1973 pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
 
Na sua opinião, passo importante nessa direção foi a decisão da confederação de dar prioridade a essa questão. Como resultado do 1º Encontro da Profissional Universitária, que a CNTU promove em 15 de abril, em São Paulo, ela espera que o tema seja incorporado à pauta de discussão das federações filiadas e essas invistam na mobilização e formação das mulheres.

Gilda destaca como ponto fundamental de ação o trabalho pela  aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 130/2011, conhecido como o PL da igualdade. A proposição acrescenta § 3º ao art. 401 da Consolidação das Leis do Trabalho, a fim de estabelecer multa para combater a diferença de remuneração verificada entre homens e mulheres no Brasil. Apresentado em dezembro de 2011 e aprovado na Câmara dos Deputados, aguarda aprovação nas comissões do Senado para ir à sanção presidencial.
 
Dona ela própria de uma rica história de superação do machismo, seja na profissão ou na luta dos trabalhadores, Gilda chegou a São Paulo em 1975 apenas com o filho mais velho, à época um bebê, e foi morar provisoriamente com a irmã que vivia na clandestinidade por combater a ditadura ainda vigente no País. Desde então, exerceu inúmeras posições de destaque, tendo sido a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Farmacêuticos de São Paulo (1989-1998)  e a Federação Nacional dos Farmacêuticos  (1991-2000). Também atuou na Central Única dos Trabalhadores (CUT) antes da criação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da qual é dirigente. Aposentada no Instituto Butantã, instituição a qual se dedicou durante toda sua vida profissional, Gilda é avó de três netos e continua a enfrentar a difícil, mas essencial, batalha pela igualdade. Sobre o tema ela falou ao Portal da CNTU.

Com foi o seu ingresso na profissão com farmacêutica?
Na realidade, o que determinou muito essa questão, de como lidar com a luta pelos direitos, seja no trabalho, no movimento sindical e na política, na saúde, em todos os campos, e me ajudou bastante foi a formação familiar. Na minha casa, era muito presente a ideia de a mulher ser independente, ter seu espaço, meus pais valorizavam muito isso. Então, escolher farmácia não foi muito fácil, mas estava na pauta optar por uma profissão, o que era decisivo para ser independente. Construí minha trajetória com base nisso.
 
E a entrada no mercado de trabalho?
O primeiro desafio foi arrumar um emprego em São Paulo. Quando me inscrevi para ser estagiária no Instituto Butantã não foi fácil. Apesar de já ter uma concepção emancipacionista da mulher, enfrentei um campo que era de homens. Na saúde, já havia muita mulher, mas os chefes eram homens, a começar pelo diretor. A gente se dá conta de que você tem que vestir a camisa e sair lutando, ou não abre os espaços. Quando você está na área da saúde, da ciência, a sua capacidade, responsabilidade conta muito. O fato de já militar no partido me orientava. Aí, comecei a militar no movimento sindical. Quando vim morar em São Paulo, não tinha muito claro como ia militar, mas já sabia que iria ser uma lutadora do povo brasileiro, da minha categoria, dos meus pares. Entrei no movimento dos servidores públicos.
 
Houve dificuldades mesmo numa categoria em que havia muitas mulheres?
Na minha categoria hoje, 70% devem ser mulheres. Quando entrei, já eram 50%. Eu fui a primeira presidente do sindicato que em 8 de março último, completou 68 anos. Eu fui a primeira presidente há mais de 20 anos e até agora fui a única. Tenho batalhado muito, dizendo que precisamos formar as mulheres, que elas precisam ter sede de ocupar os espaços e disputar o poder. Têm que começar a fazê-lo no sindicato, no trabalho, em casa para depois pleitear os cargos legislativos, executivos. Questões fundamentais a serem tratadas é a violência e o assédio, porque é uma questão de dominação.
 
Por que na atualidade ainda existe essa barreira?
Uma das questões é a cultural. As mulheres sempre foram colocadas em lugares que não fossem de destaque ou de mando. Isso já mudou bastante, mas ainda existe. A mulher tem que fazer a disputa no sindicato para ser a presidente, é preciso travar a disputa, ainda que fraterna, com os homens. Além disso, a mulher socialmente tem tarefas que são inerentes a ela e não entram na divisão do trabalho, como a maternidade e a casa, então tem mais dificuldade. E o poder público não compreende que a mulher precisa de equipamentos para poder exercer plenamente o seu trabalho e a sua cidadania. Nesse sentido, o  projeto de lei da igualdade que está tramitando é uma batalha que todas nós temos que enfrentar.
 
Essa situação afeta inclusive as mulheres de classe média?
A mulher que tem melhor condição financeira, por exemplo a de nível universitário, que tem um emprego provavelmente melhor, também enfrenta problemas.  Por exemplo, uma creche boa custa cerca de R$ 1.000,00. Ela até pode pagar. Mas ela tem a obrigação de levar e buscar. Na hora de colocar para dormir é ela que põe, culturalmente a responsabilidade é dela. É preciso uma formação para que a mulher entenda porque tem esse papel, porque aceita ser a responsável pelo lar. Raramente, se vê a divisão das tarefas de verdade.
 
Na política, o problema também persiste.
Comemoramos em 24 de fevereiro os 82 anos do voto feminino, mas ainda temos pouquíssimas mulheres na política. E mais ainda, dificilmente essa inserção se dá devido a uma trajetória nos movimentos sociais, mas sim porque o marido ou o pai introduzem a mulher na política. É importante de qualquer forma, mas temos que valorizar as que são oriundas dos movimentos, porque farão uma grande diferença.

As cotas de candidaturas femininas nos partidos não têm funcionado?
Elas existem pró-forma, lança-se a mulher, mas o investimento na candidatura é muito pequeno. A cota por si só não resolve, tem que ser qualificada. Por exemplo, as centrais sindicais têm cota de dirigentes mulheres, mas dificilmente uma é presidente, tesoureira ou secretária-geral.
 
Nesse caso as secretarias ou departamentos de mulher têm a sua função, não?
É importante, tem que ter, porque há especificidades que precisam ser tratadas e que muitas vezes o homem não compreende por mais arejado que seja. Mas ainda não são estruturas de poder. Isso é na presidência, na tesouraria, na secretaria geral e hoje também na área de imprensa. Dificilmente você encontra mulheres nessas posições.
 
E quanto ao Coletivo de Mulheres da CNTU, que papel tem?
Embora tenhamos formação acadêmica, ainda somos muito submetidas, haja visto que nas nossas categorias, mesmo quando há maioria feminina, os presidentes são homens. Muitas vezes até se justifica pelo preparo etc, mas isso se dá porque na trajetória não foi dada oportunidade às mulheres para que se preparassem. É difícil encontrar uma pauta que tenha questões específicas da mulher. Isso só acontece quando tem uma mulher com consciência e poder. Não é fácil conseguir isso. O movimento sindical é muito machista, essa é uma marca forte e representa o que existe na sociedade. A formação é fundamental para elevar o nível de consciência sobre os temas que existem para poder lutar. Você não luta pela questão de gênero, se não compreende o papel e o espaço que a mulher deve ter. Por isso valorizo muito a CNTU ter construído o coletivo de mulheres e estar investindo nisso.
 

Qual a meta do encontro que a confederação promove em abril?
Temos que sair dali com o tema incorporado pelas nossas categorias. Se conseguirmos que as federações façam o debate sobre como mobilizar as mulheres para aprovar o projeto da igualdade e fazer cursos de formação, será um grande avanço, teremos cumprido o nosso papel. Fazer isso implica abordar problemas concretos, como os salários, a oportunidade de estudar, os equipamentos sociais.  A mulher tem que entender que tem direito a tudo isso.

Fonte do texto e da imagem: 
http://www.cntu.org.br/cntu/noticias/a-mulher-deve-aprender-a-disputar-o-poder