sábado, 26 de junho de 2010

Propagandas de minha vida

E a copa comendo solta. Vuvuzelas e Jabulanis dominam nossos sentidos. Vejo-as, ouço-as, sou capaz de sentir seus cheiros. Enlouqueço querendo saber como foi o retorno do time Francês depois do fiasco. E o da Itália? Tudo bem, isso só acontece a cada 4 anos. Mas decidi, dia desses, me libertar. Precisava de pitadas de assuntos outros, numa mente impregnada de informações futebolísticas. Por onde iniciar? Comecei pelos portais, espaços virtuais recheados de informações que poderiam abrandar minha ânsia. Tal qual um adolescente numa banca de revistas pornográficas, passei a correr os olhos freneticamente pelos sites, na busca de uma informação valiosa. Descobri coisas importantes: Fábio Júnior está separado e como foi o vestido usado por Sheila Mello no seu casamento. Um gato percorreu 3 mil quilômetros para encontrar seu dono. Descobri também que existe o “dia Internacional da Apreciação de Biscoito para Cães”. Fascinante, mas não era isso que procurava. Recorrei ao Google, o bom e velho. Acredito inclusive que o que não se encontra neste site de busca, não existe. Não deu outra: achei um trabalho de conclusão de curso cuja abordagem tratava da propaganda de medicamentos. Em tom crítico, a aluna de um curso da área de saúde, criticava a forma como era estabelecida a divulgação de determinados medicamentos. Citava vários exemplos. Pronto, minha mente acabava de receber informações preciosas, as quais desviaram meus pensamentos.
Confesso aos inúmeros leitores e leitoras deste blog, uns três ao todo, que tenho medo de determinadas propagandas. Hoje, em virtude da legislação, os comerciais não são como antes. Fui levado, em minha infância, a comer potinhos de iogurtes, pois estes substituiríam pequenos pedaços de carne (vulgarmente chamados de “bifinhos”). Tive que adquirir um par de kichutes, pois aquilo me daria uma liberdade sem fim. Poderia ir a qualquer lugar, pois seu solado com travas emborrachadas dariam a segurança necessária para os maiores desafios da minha pequena vida. Tive um boneco do Falcon, o qual muito me frustrou. No comercial da TV, aquele pequeno ser era ágil, rápido, andava de barco, brigava com seus inimigos. Quando abri a caixa, onde o mesmo estava atado com pequenos pedaços de arame, corri para libertá-lo. Coloquei-o sentado a minha frente, aguardando suas manifestações. Nada! Mantinha-se inerte, tal qual uma samambaia. Aquele ser inanimado apenas movia seus “olhos de águia”, caso eu acariciasse sua nuca! Ali havia um dispositivo, quase um nervo, que movia seus olhos...e isso era tudo o que ele fazia. Diz a lenda (o burro do computador queria crasear esse “a”) que um grupo de meninos, conversando acerca da aproximação do Natal, manifestavam seus sonhos de consumo, que deveriam compor a cartinha endereçada ao papai noel. Um dos meninos pediria um skate, pois com ele poderia subir ladeiras, andar em calçadas, andar em rampas. Um segundo pediria uma bicicleta cross, pois com ela poderia andar na areia, subir morros, saltar obstáculos. Um terceiro disse que, depois de observar bem o comercial de um absorvente íntimo, vulgo O.B, havia decidido por este presente. Mediante a exclamação dos amiguinhos, ele se justificou: “Na propaganda diz que com ele eu posso nadar, correr, andar de bicicleta, skate e muito mais”.
As propagandas de medicamentos, no meu tempo de balconista, também eram assustadoras. Se não bastasse o ímpeto de alguns, que não se bastavam em consumir seus medicamentos, como também indicavam para a vizinhança, haviam comerciais que me intrigavam. Na pequena drogaria onde trabalhava como balconista, na Vila Belmiro, em Santos, recebia mensalmente revistas que me estimulavam a ter determinados produtos na prateleira, pois seria nossa salvação comercial. Um medicamento, cuja função era regular o fluxo menstrual, tinha como abordagem: “Regule o fluxo de suas clientes e aumente o fluxo do seu caixa”. Outro, para má circulação, indicado para varizes, me abordava com a frase: “Tenha em sua prateleira, pois agora seu caixa vai bem das pernas”. Alguns fabricantes nos brindavam com cartazes, com crianças fofinhas, segurando frascos de xarope, esboçando um enorme prazer, como se houvessem deglutido suas guloseimas preferidas. Cartazes com fotografias de artistas eram encontrados nas paredes de algumas drogarias, assim como vemos em borracharias e bares. A diferença é que, ao invés de usarem minúsculos biquínis, alguns estavam até de aventais. Não seguravam pneus, nem bebidas alcoólicas, mas caixas de medicamentos. Os verbos utilizados nos comerciais, eram intimidatórios: “use”, “tome”, “tenha”, “compre”.
O tempo passou e não nos percebemos das mudanças na legislação. O mesmo controle feito sobre os comerciais de cigarros e afins passou a ser exercido sobre os medicamentos. O código de defesa do consumidor não permite mais que sejamos ludibriados. A sociedade evoluiu, assim como seu discernimento. Enquanto consumidor, algumas tentações são mais controladas.
Bom, tenho mais uma confissão a fazer: neste momento estou ao lado de minha JABULANI e minha VUVUZELA. Sem nenhuma habilidade para o futebol e sem paciência para aguentar o som emitido pelo instrumento, não resisti em ter tais aparatos de torcedor. Além disso, devo dizer que acabei de abrir uma caixa repleta de brinquedos da minha infância. Vasculhei atentamente e encontrei o que não queria. Lá estava meu Falcon. Inerte, deitado e com seus olhos fixos para o lado esquerdo. Como eu tinha esperança que ele tivesse feito suas malas e tivesse partido. Isso me consolaria e não me daria o peso de consciência de ter sido enganado. Humpf...

sábado, 19 de junho de 2010

Atualizando o vocabulário popular

A cada vez em que tento comentar notícias atuais, não consigo me desvencilhar do passado. No auge dos meus 38 anos (com corpinho de 37 e com formato de quibe), acompanhei boa parte das evoluções tecnológicas, o que levou a mudança de gírias, provérbios, ditados populares, enfim, da forma de comunicação. Além de tudo, a sensação que tenho é que nossa paciência diminuiu. Sou do tempo em que se telefonava para alguém, deixava recado e a pessoa retornava dois dias depois...e estava tudo bem! Ah, linha telefônica era declarada no imposto de renda! Hoje, ligamos para o celular do fulano, cai na caixa postal, não deixamos recado, ligamos novamente e caixa postal novamente. Irritados, pensamos: “Porque esse @s#&*€₳ não atende?”
Dia desses, ouvi um jovem comentar: “Agora caiu a ficha”. Será que ele sabia que essa frase surgiu em decorrência dos orelhões públicos, na época em que ainda não existia o cartão telefônico? Provavelmente não. Esse é o poder da linguagem: é atemporal e atualizado ao mesmo tempo. Passa por gerações. O mesmo efeito é causado quando alguém diz: “Vira o disco”, sugerindo que a pessoa não se repetisse, fazendo alusão aos LP´s ( Long plays), que para ser ouvido na íntegra, era necessário virá-lo após 8 músicas ouvidas, em média, de cada lado.
Alguns ditados se aperfeiçoaram. O “calor” sempre fez referência ao entusiasmo que se dava ao momento ou a construção da frase. Antes dizíamos: “É uma brasa, mora?”. O comunicador Silvio Santos atualizou, com componentes em inglês, para “é hot, hot, hot”. Hoje dizemos: “É chapa quente”. Todas querem dizer a mesma coisa. A quentura continua funcionando como adjetivo relacionado a emoção da situação.
Para não perder o princípio de alguns ditados, talvez fosse necessário atualizá-los. Eles eram tão claros e hoje se tornam quase incompreensíveis. Dizer: “Mais curto que coice de porco” pode gerar grande confusão na cabeça dos jovens, pois aqueles criados nas grandes cidades, nunca viram um suíno. A mesma referência à distância era feita ao se dizer: “mais curto que vôo de galinha”. É preciso mudar, pois alguns acham que galinha é aquele pedaço de carne que gira em máquinas, disponíveis normalmente em padarias, adquiridos aos domingos, acompanhada de farofa e batatas. Não conseguem visualizar o ditado. No meio esportivo, mais especificamente nas narrações de partidas de futebol, ainda é comum ouvir “telegrafou a jogada”, que diz respeito aos passes interrompidos pelo oponente, já que era clara a intenção da jogada. O que é um telégrafo para os nascidos na década de 90?
Considerando algumas dessas inovações e de mudanças de comportamento, faço aqui algumas contribuições para atualização dos ditos populares:
- Em terra de cego, quem tem um GPS é Rei! Nos dias de hoje, não basta ter um olho para ser monarca em terra de cegos. Mesmo o termo “cego” já sofreu suas mutações, pois é politicamente incorreta.
- Mais vale dois pássaros voando do que um na mão! Em tempos de discussão sobre o meio ambiente, soa melhor do que a versão passada, que dizia exatamente o contrário.
- Não me segue, pois não sou twitter! A primeira versão dizia para não ser seguido, pois não era novela. Utilizado para que nos deixassem em paz.
- O uso do cachimbo é prejudicial à saúde! Não sejamos hipócritas de achar que o único problema era deixar a boca torta.
E para não deixar o momento de copa do mundo de lado, adotamos uma nova palavra. A partir de junho de 2010, a pessoa não deixa de dar “bola” à alguma situação....talvez ela deixe de dar uma JABULANI!
E você tem mais alguma sugestão?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pobreza e copa do mundo

Em época de copa do mundo, nada mais chama a atenção na mídia. Pegue seu controle remoto e gire todos os canais disponíveis. A cada 5, 6 estão falando dos jogos e do clima do torneio. Até os programas de culinária ensinam comidas típicas Africanas. Qualquer rodinha, por mais complexa em sua composição, acaba tratando de futebol. Afinal de contas, esse é um País com mais de 190 milhões de técnicos.
Esse é um momento perigoso, pois o mundo continua girando. A política come solta, já que agora não temos mais pré-candidatos. Todos são postulantes legitimados pela suas convenções, aos cargos eletivos. Até podem, alguns, não ter o candidato a vice, mas os “cabeças” nós conhecemos. E é aí que mora o perigo, pois notícias que deveriam chamar a atenção e suscitar debates são pormenorizadas e até ridicularizadas. Algumas me chamaram a atenção neste fim de semana. Saí de casa disposto a compartilhar novas informações com outrem. Hoje pela manhã, tentei falar sobre algumas delas na copa (no momento em que vivemos é bom explicar que a copa a qual me refiro é aquela pequena cozinha) em torno de fumegantes garrafas de café. Para introduzir-me no debate que envolvia o pequeno grupo, iniciei obviamente, com o assunto do momento. Numa breve pausa no falatório dos “comentaristas esportivos” que bebericavam suas doses diárias de cafeína, lancei uma observação pertinente sobre um dos adversários do Brasil: “Vocês sabiam que dos 23 jogadores da Coréia do Norte, 100% possuem nomes com três palavras? Vejam: RI Myong Guk, NAM Song Chol, HONG Yong Jo, PAK Chol Gin. Interessante né? Além disso, entre todos os convocados, 21,7% se chamam KIM. Só de goleiros, são dois. O técnico também atende por este nome”. Fez-se um silêncio sepulcral. Os poucos olhares lançados em minha direção esboçavam uma mescla de dúvida e com certa dose de pena. De repente, os presentes começaram a se afastar, com as desculpas mais esfarrapadas. Um único sobrevivente ao meu comentário, que só ficou em virtude de não conseguiu virar de uma vez seu copinho de café, ouviu meu segundo comentário: “Você viu o que saiu na Folha neste domingo? Se mantida a tendência de crescimento médio no governo Lula, o total de pobres deve cair à metade em 2014. No caderno “mercado”, foram duas páginas, com gráficos e tudo, falando sobre como tem diminuído a pobreza neste último período. E olha que não é comum ler essas coisas fora dos boletins oficiais”. O paciente ouvinte se dispôs a um simples levantar de sobrancelhas e disse sábias palavras, as quais nunca mais me esquecerei: “Hum”. Esmagou seu copinho, jogou no lixo e saiu em largos passos, para bem longe de mim.
Essa notícia me fez pensar em tantas coisas. Num fim de semana de convenções partidárias, num dia em que o número de leitores dos informativos semanais aumenta, uma informação como essa não deve ser desprezada. Na reportagem há uma entrevista com Marcelo Neri, Doutor em Economia pela Universidade de Princenton. Ele disse que o Brasil está reduzindo a pobreza em ritmo de 10% nos últimos 12 meses. A meta do Milênio, das Nações Unidas, é reduzir 50% em 25 anos. “Portanto, estamos fazendo 25 anos em 5”, disse o economista. Pensei em quantos adjetivos foram atribuídos ao jornal, em virtude dessa matéria. Quantos devem ter pulado essa parte, para não ter que ler isso. É fato que a capa, dava destaque a uma crítica de José Serra a Dilma: “Governo banca esquadrão de militantes”. Mas, a notícia estava lá.
Eu também gosto de futebol e não sou dos que acham que ganhar a copa não muda nada em nossas vidas. Apesar de, enquanto torcedor do Botafogo do RJ, não ter tido a oportunidade de comemorar muitos títulos durante minha breve existência neste mundo, sou defensor de que todos curtam este momento. Pintemos os rostos, enfeitemos nossas casas e ruas, compremos camisas da seleção, sintamos mais orgulho ainda de sermos brasileiros. Afinal de contas, somos os melhores do mundo no futebol! E agora, um pouco menos pobres...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Noites bem e mal dormidas

Andei fazendo uma retrospectiva de minha vida (não necessariamente nesta mesma ordem) para buscar nos labirintos de minha mente, quais foram os estímulos que tive para que me tornasse um farmacêutico (além de professor, entre outros pulos que dou para levantar um “faz-me rir” todo mês). Mergulhei nas mais distantes e profundas lembranças para saber em que momento decidi por ser um profissional que tem no medicamento seu instrumento de trabalho, com vistas a garantir a saúde da população, obviamente sabendo que seria (ou deveria ser) parte de uma equipe multiprofissional.
Em uma das noites quentes e secas de Brasília, coloquei um daqueles antigos disquinhos coloridos, com histórias infantis, em minha vitrola, imaginando que isso poderia facilitar a busca do meu eu pequeno, ou do meu pequeno eu, enfim, de quando eu era pequeno. Abri uma lata de cerveja. Deitei-me e ....acabei dormindo. Na segunda noite, porém obtive um sucesso maior. Lembrei-me de um livro, dado por meu pai, intitulado “O maior vendedor do mundo”, de OG Mandino. Isso me fez recordar de quantas vezes tentei ser um vendedor, assim como meu pai sempre foi. Vendi de tudo: cotas de consórcio de vídeo cassete e de motocicletas, travesseiros aromatizados, colchões terapêuticos, enfim, de tudo o que é lícito. Puxando um pouco mais a cordinha do passado, me veio à mente (a crase foi sugestão do meu computador) uma drogaria que existia na esquina da Rua Otávio Carneiro com a Rua Moreira César, em Niterói, no bairro de Icaraí. Passava todo dia na frente dela rumo ao meu colégio e ficava impressionado com a perspicácia dos que lá trabalhavam. Extasiado, parava em frente ao estabelecimento, observando os balconistas e suas habilidades em decifrar receitas e lembrar a posição dos medicamentos nas prateleiras. Era uma pequena drogaria, com letreiro verde...o que não muda nada no que quero dizer. Não foi a cor do estabelecimento nem seu letreiro, mas algo neste período acabou despertando parte do interesse em minha profissão. Achei ter encontrado ali a resposta para o meu questionamento sobre porque decidi ser Farmacêutico. Obviamente que outros estímulos podem ter me guiado, mas não encontrei nada maior do que aquela drogaria em Niterói. Adormeci.
Formado desde 1993, vi um grande avanço na relação paciente – drogaria – medicamento. Eu vi o controle da propaganda de medicamentos se tornar mais “agressivo”, coibindo práticas abomináveis do passado. Eu vi aumentar o controle sobre a qualidade dos medicamentos. Participei de uma Conferência que tratou deste assunto, a I Conferência de medicamentos e assistência farmacêutica, aprovando inúmeras propostas com vistas a melhorar essa relação. Eu vi mudanças nas diretrizes curriculares do, buscando a formação de um profissional melhor antenado com os anseios da sociedade. Pensando nisso tudo, na terceira noite em que dava continuidade a esse balanço, suspirei aliviado, pois cheguei à conclusão (de novo a crase, por intervenção do computador) de que todas as lutas, passeatas, palestras, assembléias na qual participamos, ajudaram de alguma forma, na busca de uma drogaria como um estabelecimento de saúde. Lembrei mais uma vez da pequena drogaria. Sabia que ainda estávamos distantes do ideal e adormeci. Mais uma vez tranquilo com a certeza de que fizemos algo de bom.
Numa quarta noite, recebi um email estarrecedor, que me deixou com os cabelos em pé (quem me conhece sabe que isso é quase impossível de acontecer). Um amigo distante, abalroado por sentimentos enfurecidos, expôs, em bem traçadas linhas, que acabava de ser aprovado na Assembléia Legislativa do seu Estado, um Projeto de Lei polêmico. Segundo ele, a nova norma previa que, drogarias poderiam vender: biscoitos, CD´s, DVD´s, aparelhos celulares, isqueiros, sorvetes, doces, pães, bijuterias, relógios, entre outros. Vale ressaltar que medicamentos também poderão ser vendidos. Imaginando ser um trote, mesclei sentimentos de medo e ansiedade. Esbocei um sorriso de canto de boca e aguardei a confirmação sobre o email. Só poderia ser mentira. Adormeci, porém já não tão tranquilo assim.
Neste momento, estou em mais uma noite, a quinta se não perdi a conta, seca e não tão quente como antes, em Brasília. Abri meu email e lá estava a informação que mais temia. Não era a notícia de mais um jogador lesionado na seleção brasileira as vésperas de sua primeira partida na copa do mundo. Era pior. Lá estava a Lei, com número e data, como se preza toda Lei, confirmando a informação. Diga-se de passagem, um pouco pior do que o email informava. Não sei o que pensar sobre isso, como alguns de vocês. No momento, estou preocupado, muito preocupado. Porém, apenas uma dúvida me assola: como conseguirei dormir nessa noite?
Se quiserem maiores informações sobre isso, estou à disposição: marcoaurelio.farma@gmail.com
Bons sonhos (se conseguir).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A felicidade garantida na Constituição Federal.

A pedido do publicitário Mauro Motoryn, o Senador Cristovam Buarque está disposto a apresentar uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) para garantir ao povo brasileiro o direito a busca da felicidade. O texto ainda não está pronto, mas já ganha apoio em diversos setores da sociedade. Obviamente que alguns já se aproveitam do assunto para dar suas “cutucadas” no Governo Lula, criticando os projetos sociais em curso no País, bem como a possível ausência de ações que garantam a merecida felicidade.
A Constituição Brasileira já garante um conjunto de direitos fundamentais. Um em específico, a saúde, deve ser garantido por uma série de medidas sociais e econômicas, o que distancia tal conceito do chavão de que saúde é apenas a ausência de doença. Lá, também encontramos garantia de ações em prol da população, por parte do poder público, em áreas como educação, moradia, entre outros.
Em minha humilde e singela interpretação, não é uma PEC como essa que irá promoverr a plena felicidade do cidadão. Acredito piamente no papel institucional do parlamento na garantia do pleno bem estar social, apenas não creio na eficácia de algo deste tipo. Se me fosse dada tal tarefa (garantir a plena felicidade para o povo), precisaria de tempo para pensar, mas não sei se começaria por aí.
Claro é que todos nós concordamos em sermos felizes. Acordamos e nos deitamos pensando nisso, nem que seja apenas por hoje! Mudamos hábitos alimentares, alteramos a disposição dos móveis na casa, compramos livros sobre o assunto, tudo para garantir o sorriso sagrado do dia-a-dia. Mesmo que quimicamente, tentamos descobrir formas de nos alegrar. Cito o químico Joseph Priestley (1733–1804) e a descoberta do óxido nitroso (gás do riso). Quantas vezes já não nos pegamos dizendo: “Eu era feliz e não sabia”. Chegamos a criticar aos que, por exemplo, acordam com uma alegria sobrenatural e logo cedo, nos cumprimentam de forma esfuziante. Sorridentes, não se bastam com um simples levantar de sobrancelhas para dar seu bom dia. Eles nos abraçam, mostram toda sua arcada dentária e batem em nossas costas tal qual uma mãe aguardando o arroto de sua cria. Alguns de nós, acometidos pelo tradicional mau humor matinal, pensam: “Pô, que cara felizão”. Já criamos categorias para os felizes. Um exemplo disso é o que denominamos “bonecão do posto”, adjetivo usado para os que se assemelham aos bonecos que normalmente cumprem um papel publicitário, encontrados em estabelecimentos comerciais. Com braços enormes, movimentados por bombas de ar, estão sempre sorrindo e se movendo freneticamente, tal qual uma bandeira em dia de ventania. Justificamos a escolha de candidatos aos cargos eletivos, pautados no fato de um sorrir mais do que outro. Em concursos de miss, aquela que não é meritória de tal prêmio, recebe a faixa de mais simpática. Bem, tudo isso demonstra o quanto esse assunto está presente em nossas vidas.
Para não ser considerado um marrento, antipático ou ranzinza, optei por dar minha discreta contribuição para o poder legislativo. Caso a PEC venha a ser aprovada, sugiro que sejam aprovadas Leis que componham a CLF (Consolidação das Leis da Felicidade), assim como a CLT cumpriu seu papel na garantia dos direitos trabalhistas. Sugiro algumas normas:
- Fica extinta a segunda divisão nos campeonatos futebolísticos.
- Fica extinta a obrigatoriedade do posto de sogra ser obrigatoriamente ocupado pela mãe do(a) cônjuge. Daqui pra frente, a ocupação do cargo será determinada por livre escolha da parte interessada (o genro ou nora).
- Fica a extinta a prova de conhecimento nos estabelecimentos de ensino de qualquer nível ou para concursos públicos. Deverão ser adotadas novas formas de avaliação como: corrida do saco, campeonato de par ou ímpar, corrida com ovo na colher na boca, jogo de dominó entre outros.
- Ficam extintas as calorias nos alimentos.
Bom, são poucas, mas importantes em minha opinião! O blog está aberto para opiniões. Contribua.
Saudações a todos(as) e muito amor no coração de vocês! Sejam felizes!

A importância de um Projeto de Lei

Por mais que tente fugir de alguns temas, não posso deixar de tratar sobre a importância do voto. Já que estamos próximo de exercermos nosso direito maior de cidadãos (maior pois vamos escolher outros cidadãos, para representar todos os cidadãos...enfim, é um P...cidadão) pensei em ajudar nesse processo, lembrando que o papel do legislativo é fundamental para mudar nossas vidas. Não há possibilidade de pensar em mudanças na sociedade, se não levarmos em conta que as casas de Leis são instrumentos democráticos, a partir da sua composição. É óbvio que podemos discordar de alguns dos escolhidos, mas eles foram ESCOLHIDOS. Nenhum dos vereadores, deputados e senadores entram por currículo. Alguns dispõem de mais verbas para campanhas, de maior renome, mas nenhum foi escolhido pela sua plataforma lattes (apenas). Sendo assim, independente do critério que venha a adotar, não deixe de acompanhar o que ele faz no mandato que lhe foi concedido.
Decidi aqui levantar algumas propostas de legislação que me emocionaram, causaram estranheza e até frouxos de risos (sempre tive vontade de escrever essa expressão). É importante salientar que não tenho dúvidas de que a grande maioria dos projetos que tramitam nas diversas Câmaras, Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional são de relevância pública. Além disso, mantenho em sigilo aqui o nome do autor, cidade e número do projeto. Em tempo de perseguição ideológica e monitoramento eleitoral, optei por ocultar informações que facilitem a chacota, mas todos foram encontrados na internet. Se tiver muita vontade de saber as origens, mande um email e vamos conversando:
• Exige que qualquer empresa de transporte internacional cujos veículos, naves ou aeronaves passem pelo território brasileiro tenham em sua tripulação alguém que domine o idioma português” – Existe como controlar isso?
• Determina que se coloque cartaz informando que “é expressamente proibido subir no vaso sanitário” em todos os banheiros públicos da cidade – Por favor, não me extraiam tamanho prazer.
• É proibido molestar baleias e golfinhos ou tentar qualquer aproximação sexual com esses animais – Pense bem, pois a multa é R$ 2500,00.
• Institui obrigatoriedade de combate à formiga cortadeira no Município – Esconda a sua, pois ela está ameaçada!
• Proíbe que bichos de estimação recebam nome de gente, com pena de multa – Cuidado Ana Maria Braga!
• Obriga que o rabo dos bois, ovelhas e cabras fossem pintados com tinta amarela fosforescente, igual á utilizada na sinalização rodoviária – Pense!
• Institui o Dia do Fã de Séries de TV e Cinema – Sem comentários.
• Proibi réplicas da genitália humana nos veículos, por uma questão de segurança – Essa é Americana....sem comentários parte II
• Revoga a Lei da Gravidade – Ainda bem, nunca mais molharei o sapato no banheiro.
• Permite a construção de um aeroporto para pouso de alienígenas na cidade – Isso é que é globalização.
Bom, talvez você tenha outros exemplos. Fica aqui um espaço democrático para divulgar suas indgnações ou orgulhos!!!