quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Câmara aprova bula obrigatória para medicamentos manipulados.

Texto publicado no site da Câmara Federal


"A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania  (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (6) proposta que obriga as farmácias de manipulação a incluírem bula em seus medicamentos. O folheto deverá conter dados como contraindicações ao uso do remédio, possíveis interações medicamentosas e posologia para cada caso. 

O texto será encaminhado ao Senado, a menos que haja recurso para análise pelo Plenário da Câmara.
O relator na comissão, deputado Nazareno Fonteles (PT-PI), apresentou parecer pela constitucionalidade da proposta na forma do substitutivo adotado pela Comissão de Seguridade Social e Família para os projetos de lei 856/07, do deputado Neilton Mulim (PR-RJ), e 808/11, da deputada Rosane Ferreira (PV-PR).
“Não há vícios jurídicos nas propostas, apenas problemas de técnica legislativa e de redação”, disse Fonteles, acrescentando que em relação à técnica legislativa o substitutivo já “sanou os problemas existentes nas proposições originais”. 

Entre as alterações propostas pelo substitutivo do deputado Mandetta (DEM-MS), relator na Comissão de Seguridade, está a que excluiu a obrigatoriedade de confecção das bulas para as chamadas ervanárias, que vendem plantas medicinais.
O texto aprovado também simplifica as regras de itens obrigatórios nas bulas, determinando que são necessárias informações sobre: composição do medicamento; dados técnicos; indicações e contraindicações; uso do medicamento durante a gravidez e lactação; precauções e advertências; interações medicamentosas; reações adversas; posologia e superdose; pacientes idosos; e venda sob prescrição médica.

O projeto original detalhava 11 itens obrigatórios às bulas, como a necessidade de guardar o medicamento em embalagem original e ao abrigo da luz e de mantê-lo longe de pias e lavatórios". 

Veja o Substitutivo aos PL´s 856/07 e 808/11:

Dispõe sobre a obrigatoriedade das farmácias incluírem bula nos medicamentos manipulados.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Esta lei estabelece a obrigatoriedade das farmácias incluírem bula nos medicamentos que manipulam.

Art. 2º Os medicamentos produzidos por farmácias deverão vir acompanhados de bula que informe e oriente o usuário, quanto:

I – à composição;
II – às informações ao paciente;
III – às informações técnicas;
IV – às indicações e contra-indicações;
V – ao uso do medicamento durante a gravidez e lactação;
VI – às precauções e advertências;
VII – às interações medicamentosas;
VIII – às reações adversas;
IX – à posologia e superdose;
X – aos pacientes idosos;
XI – à venda sob prescrição médica.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se igualmente a qualquer outro estabelecimento farmacêutico que utilize técnicas de manipulação, de maneira eventual ou sistemática, para a elaboração de medicamentos, não importando sua denominação.

Art. 3º Todo o medicamento manipulado deve ter rótulo, onde constarão obrigatoriamente as informações definidas na regulamentação da presente lei;

Art. 4º O farmacêutico responsável técnico pela farmácia responderá pela propriedade e veracidade das informações contidas nas bulas e na rotulagem dos medicamentos manipulados.

Art. 5º Fica proibida a captação de receitas e intermediação de fórmulas entre farmácias e drogarias ou qualquer outro estabelecimento farmacêutico que não seja a farmácia.

Art. 6º O descumprimento desta lei sujeita o infrator às penas cominadas na Lei nº 6.437, de 1977, e na Lei nº 8.078, de 1990, sem prejuízo de sanções civis e penais.

Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Bolsa Família também determina avanços na saúde.

Publicaqdo no site do Ministério da Saúde no dia 30/10/2013. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/14023/162/bolsa-familia-tambem-determina-avancos-na-saude.html

O programa contribuiu, por exemplo, para a queda da mortalidade infantil, principalmente por doenças ligadas diretamente à pobreza

"O programa Bolsa Família atende hoje a 50 milhões de pessoas, ou seja, 25% da população brasileira. O número foi divulgado durante a comemoração de 10 anos do programa, na manhã dessa quarta-feira (30), em Brasília, em solenidade com a presença da presidenta da República, Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da Ministra do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Tereza Campello.
O Bolsa Família é mais que a transferência de renda, pois reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Mais de 5 milhões de crianças menores de sete anos estão com a vacinação em dia – este é um dos compromissos assumidos pelas famílias atendidas. Além disso, estudo publicado em maio na revista científica The Lancet, afirma que o Bolsa Família contribuiu para reduzir a mortalidade infantil das crianças até 5 anos em 19,4%, entre 2004 e 2009. O mesmo estudo aponta que, nas doenças ligadas diretamente à pobreza, a queda da mortalidade infantil foi mais acentuada: 46,3% nos casos de diarreia e 58,2% por desnutrição nos municípios com alta cobertura do programa.
Os compromissos de saúde do Bolsa Família fazem com que as gestantes se alimentem melhor e façam o acompanhamento pré-natal. “Onde existiu Bolsa Família, com o apoio das equipes da Saúde da Família no cadastramento, na busca ativa, no acompanhamento do pré-natal e no desenvolvimento da criança houve impacto na redução de indicadores na área da saúde. Um exemplo é a redução da mortalidade infantil em relação a mortes por diarreia. Onde tem rede de proteção social junto com a saúde às crianças tiveram uma melhor evolução”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Já a ministra do MDS, Tereza Campello, rechaçou os mitos que rondaram o programa nesses últimos 10 anos e disse que o momento atual é uma oportunidade para fazer um balanço dos resultados, divulgar os êxitos e aprimorar ainda mais o Bolsa Família. “Atualmente é fácil defender o Bolsa Família, mas nem sempre foi assim”, disse. “Basta de achismos e de suposições. Temos dados, estatísticas, evidências científicas robustas, nacionais e internacionais, que sepultam os mitos, os preconceitos e comprovam os efeitos do Programa Bolsas Família na vida dos mais pobres.”
Com investimento anual de R$ 24 bilhões, o Bolsa Família retirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza do ponto de vista da renda – destas, 22 milhões saíram com o apoio do Plano Brasil Sem Miséria. “Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado neste mês, aponta que cada R$ 1 investido no programa estimula o crescimento de R$ 1,78 no Produto Interno Bruto (PIB)".

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A presidenta e o médico.

Texto publicado no Jornal do Brasil em 27/10/2013. Disponível em http://www.jb.com.br/selvino-heck/noticias/2013/10/27/a-presidenta-e-o-medico/

Por: Selvino Heck*
"Eu estava lá, vi e vivi. Encontro o colega Manoel Messias, da Secretaria Nacional de Relações Políticas e Sociais da Secretaria Geral da Presidência da República, que me diz: “Acabei de ligar para minha mulher assistir na NBR. Ela me respondeu que está vendo e está chorando”. Ao seu lado o Paco – Júlio Hector Marin –, um chileno há muitos anos no Brasil, da Secretaria de Relações Institucionais, olhos vermelhos, emocionado. Eu, tentando segurar o choro e as lágrimas, digo numa rodinha: “É o gesto e o fato em si, mas é também muito mais. É o simbolismo, Cuba, América Latina, tudo”. Dias depois encontro o ministro Alexandre Padilha no prédio onde ambos moramos, dou-lhe os parabéns e conto que vi muita gente chorando. Ele: “Dei-me conta quando vi o Ferreira (deputado federal Paulo Ferreira) chorando na minha frente". 
Foi o clima da cerimônia de sanção da lei que instituiu o Programa Mais Médicos, no Palácio do Planalto. Muita emoção, gente para todos os lados, médicos e médicas cercando a presidenta querendo uma foto, imprensa como poucas vezes vi. O choro de muitos aconteceu quando a presidenta Dilma entregou ao médico cubano Juan Delgado o documento de que ele poderia trabalhar no Brasil. Ficaram conversando por vários minutos. Nas fotos de capa dos jornais, a presidenta aparece toda sorridente e feliz, vestida de vermelho, ele, de branco, documento nas mãos, alegre, como se estivesse em casa. Foi quando muita gente chorou. 
Juan Delgado é o médico cubano recebido em Fortaleza em meio a um corredor polonês por médicos e médicas cearenses que gritavam "escravo". 
A presidenta Dilma abriu seu discurso dizendo: “Primeiro, eu queria cumprimentar o Juan. Não apenas pelo fato de ele ter sofrido um imenso constrangimento quando chegou ao Brasil, o que do ponto de vista pessoal e em nome do governo e, eu tenho certeza, do povo brasileiro, eu peço desculpas a ele. Mas também pelo fato de nós estarmos aqui hoje, e eu queria cumprimentar cada um dos médicos e das médicas aqui presentes. Eles representam eu conversei com eles antes eles representam muito a grande nação latino-americana. Por isso, quando nós nos olhamos, é como se nós víssemos os brasileiros representados em cada um deles, como eu vejo todos os latino-americanos, os argentinos, eu vejo os salvadorenhos, eu vejo os cubanos, eu vejo os venezuelanos, eu vejo os bolivianos, os equatorianos. Então, eu queria saudar esses médicos que vieram de longe para ajudar o Brasil a ter uma política de saúde que levasse esse serviço essencial a todos os brasileiros e brasileiras. 

Muitos e muitas de nós que choramos no Palácio do Planalto vivemos e crescemos acompanhando a revolução cubana, sua resistência heroica à potência do Norte, a capacidade imensa do povo cubano de ser feliz no meio das dificuldades e privações, colocando saúde, educação e esporte em primeiro lugar, dizendo para todos que é possível ser soberano numa ilha a poucos quilômetros de Miami e ajudar outros países mais pobres, que é possível resistir ao consumismo desvairado, que é possível música e literatura de alta qualidade, que é possível ser um povo com dignidade, que busca seus próprios caminhos, que não se está condenado a uma única opção econômica, social, política e cultural, que valores como igualdade, fraternidade, solidariedade podem estar presentes na vida de cada um e cada uma e na história de uma nação. Por isso, choramos com Juan Delgado sendo recebido pela presidenta Dilma e ele dizendo em Fortaleza: "Sim, sou escravo da sade". 
O ministro Alexandre Padilha resumiu nosso sentimento: “Aquele corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro nem da maioria dos médicos brasileiros.  
Antes servir que servir-se. Os médicos cubanos são influenciados até hoje pelo programa de medicina familiar, comunitária e coletiva implantado pelo também médico, guerrilheiro e revolucionário argentino Che Guevara. Che foi, como escreveu alguém, um embrião e propagador do homem do novo tipo. Esse Che que, segundo o filme Diários de motocicleta, em sua viagem pela América do Sul nos anos 1950, da Argentina à Venezuela, para por um tempo para atender leprosos no Peru. No dia do seu aniversário, faz um brinde à unidade latino-americana que um dia chegará. Em seguida, abandona a festa de aniversário, atira-se na água, atravessa o rio e vai festejar com os leprosos sob o som da belíssima Al otro lado del Río, do uruguaio Jorge Drexler: “Clavo mi remo en el agua/ Llevo tu remo em el mío./ Creo que he visto uma luz al outro lado del rio. 

O simbolismo da unidade latino-americana está expresso nos médicos cubanos e de outros países que se dispuseram a trabalhar com as dores do povo brasileiro. O simbolismo da unidade latino-americana está expresso em Juan Delgado dizendo não ser escravo de ninguém, mas da saúde dos mais pobres e sofridos. O calor humano da presidenta Dilma e do Palácio do Planalto de Niemeyer deram de novo sentido ao novo homem e à nova mulher que Che tanto pregou: “Acima de tudo, procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário”. “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros. 

Somos companheiros, Juan".    
* Selvino Heck é assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da Repblica.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Nosso pedido de desculpas ao médico cubano.

Hoje foi sancionada a Lei do Programa “Mais Médicos”. Em cerimônia no Palácio do Planalto, a Presidenta Dilma transformou em Lei o chamamento público para médicos brasileiros e formados fora do Brasil trabalharem no SUS. A cerimônia de hoje concretizou um projeto desafiador lançado em 8 de julho de 2013, por meio da Medida Provisória 621.

Os números apontam que o Ministro Alexandre Padilha estava certo em enfrentar o problema da falta de médicos no Brasil: em pouco mais de 3 meses, o Programa já atende mais de 4 milhões de brasileiros. Mais de 13 mil pessoas foram atendidas pelo Programa Farmácia Popular, com receitas emitidas pelos médicos que atuam no “Mais Médicos”. A persistência do Ministro Padilha, embasado pela coragem da Presidenta Dilma, que na cerimônia disse não ser uma questão de coragem e sim de dever do governo brasileiro com seu povo, foi vitoriosa. 

Foram muitos passos dados até o dia de hoje. Debates ocorreram em todos os Estados. Porém algo nos assustou: o preconceito e a xenofobia de alguns foram a tônica na recepção dos médicos vindo de outros países. A foto ao lado,  do Dr. Juan Delgado, médico cubano que desembarcou em Fortaleza-CE no dia 26 de agosto, sendo vaiado por alguns médicos brasileiros, nos envergonhou. Não nos sentimos representados pelo constrangimento causado ao Dr. Juan. 


Mas o dia 22 de outubro ficará marcado para todos nós. 
O programa foi transformado em Lei, 
depois da aprovação no Congresso Nacional. Porém, melhor ainda, Dr. Juan foi ovacionado pelos presentes e ouviu da Presidenta Dilma um pedido de desculpas em nome do governo e do povo brasileiro. O Ministro Padilha disse: "Aquele corredor polonês da xenofobia que te recebem em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro  nem da maioria dos médicos brasileiros". 




Este humilde Blog dá as boas vindas aos médicos brasileiros e intercambistas que fazem parte desta importante ação estruturante do SUS. Eles já estão fazendo a diferença e a história confirmará o quanto estão certos os que apoiam o programa e agradecem pela disposição que apresentaram


Fiquei orgulhoso em poder participar deste importante momento da história do Brasil e de poder tirar uma foto com o Dr. Juan Delgado. Não consegui dizer nada no momento...apenas olhei-o e ele, com um olhar compreendeu. Meu olhar dizia: “Muito obrigado”. O olhar do Dr. Juan dizia: “Eu que agradeço. Conte comigo e com os demais médicos que estão aqui”.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Saiba mais acerca da "Pesquisa nacional sobre acesso e utilização de medicamentos no Brasil".

Este humilde Blog já fez publicações relacionadas a PNAUM - Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil. Para visitar as postagens, acesse: http://marcoaureliofarma.blogspot.com.br/search/label/PNAUM . 

Para melhor compreensão do tema, segue o texto publicado no site da PNAUM, além de uma entrevista esclarecedora com a farmacêutica Karen Costa, coordenadora da assistência farmacêutica básica do Ministério da Saúde: 

Do site da PNAUM: 

"O Ministério da Saúde quer conhecer melhor a forma como os brasileiros obtêm e usam seus medicamentos. Para isso, será realizada a  Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM). Entrevistadores visitarão residências e Unidades de Saúde em todo o Brasil, convidando as pessoas a responder um questionário.
Quem serão os entrevistados?

População de todas as faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos) será entrevistada em suas residências e em Unidades de Saúde sorteadas na zona urbana do país.


Quando a PNAUM será realizada?

A partir de setembro de 2013.


Como reconhecer um entrevistador da PNAUM?

O entrevistador estará identificado com um crachá que terá o nome dele e as marcas do Ministério da Saúde e da PNAUM. Em mãos, o entrevistador terá um tablete – um dispositivo eletrônico em forma de prancheta.


O que será perguntado pelo entrevistador?

O entrevistador fará perguntas sobre quais doenças você e sua família costumam ter, que tipos de tratamento fazem e quais medicamentos usam.


Por que a sua participação é importante?


Essas informações serão utilizadas pelo Ministério da Saúde na avaliação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica, visando ampliar o acesso e o uso racional de medicamentos e atuar, portanto, em benefício do cidadão".

Assista entrevista com a Farmacêutica Karen Costa, coordenadora da Assistência Farmacêutica Básica do Ministério da Saúde:






Fonte: 



sábado, 19 de outubro de 2013

A "prescrição" de Vinicius de Moraes para uma vida longa!

Se estivesse vivo Vinicius de Moraes completaria hoje 100 anos. Nascido no dia 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, Vinicius está ainda muito presente através de suas músicas e poesias. 

Como tantos outros fãs, este humilde Blog não poderia deixar passar essa data. Para isso, fui buscar em seus inúmeros poemas, algo relacionado com a saúde.

Além de tudo o que nos deixou, Vinicius também falou sobre a vida e a morte. Em sua prosa “Amigos meus” fala da saudade dos amigos que partiram e faz recomendações para os amigos ainda vivos. É quase uma prescrição para uma vida longa e feliz. Também um apelo aos seus amigos, para que vivam o máximo que puderem. Enfim, um alerta de como devemos viver...

Viva Vinicius! 

 

AMIGOS MEUS


"Ah, meus amigos, não vos deixeis morrer assim... O ano que passou levou tantos de vós e agora os que restam se puseram mais tristes; deixam-se, por vezes, pensativos, os olhos perdidos em ontem, lembrando os ingratos, os ecos de sua passagem; lembrando que irão morrer também e cometer a mesma ingratidão.

Ide ver vossos clínicos, vossos analistas, vossos macumbeiros, e tomai sol, tomai vento, tomai tento, amigos meus! - porque a Velha andou solta este último Bissexto e daqui a quatro anos sobrevirá mais um no Tempo e alguns dentre vós - eu próprio, quem sabe? - de tanto pensar na Última Viagem já estarão preparando os biscoitos para ela.
 
Eu me havia prometido não entrar este ano em curso - quando se comemora o 1964º aniversário de um judeu que acreditava na Igualdade e na justiça - de humor macabro ou ânimo pessimista. Anda tão coriácea esta República, tão difícil a vida, tão caros os gêneros, tão barato o amor que - pombas! - não há de ser a mim que hão de chamar ave de agouro. Eu creio, malgrado tudo, na vida generosa que está por aí; creio no amor e na amizade; nas mulheres em geral e na minha em particular; nas árvores ao sol e no canto da juriti; no uísque legítimo e na eficácia da aspirina contra os resfriados comuns. Sou um crente - e por que não o ser? A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer. 

Pelo bem que me quereis, amigos meus, não vos deixeis morrer. Comprai vossas varas, vossos anzóis, vossos molinetes, e andai à Barra em vossos fuscas a pescar, a pescar, amigos meus! - que se for para engodar a isca da morte, eu vos perdoarei de estardes matando peixinhos que não vos fizeram mal algum. Muni-vos também de bons cajados e perlustrai montanhas, parando para observar os gordos besouros a sugar o mel das flores inocentes, que desmaiam de prazer e logo renascem mais vivas, relubrificadas pela seiva da terra. Parai diante dos Véus-de-Noiva que se despencam virginais, dos altos rios, e ride ao vos sentirdes borrifados pelas brancas águas iluminadas pelo sol da serra. Respirai fundo, três vezes o cheiro dos eucaliptos, a exsudar saúde, e depois ponde-vos a andar, para frente e para cima, até vos sentirdes levemente taquicárdicos. Tomai então uma ducha fria e almoçai boa comida roceira, bem calçada por pirão de milho. O milho era o sustentáculo das civilizações índias do Pacífico, e possuía status divino, não vos esqueçais! Não abuseis da carne de porco, nem dos ovos, nem das frituras, nem das massas. Mantende, se tiverdes mais de cinquenta anos, uma dieta relativa durante a semana a fim de que vos possais esbaldar nos domingos com aveludadas e opulentas feijoadas e moquecas, rabadas, cozidos, peixadas à moda, vatapás e quantos. Fazei de seis em seis meses um check-up para ver como andam vossas artérias, vosso coração, vosso fígado.

E amai, amigos meus! Amai em tempo integral, nunca sacrificando ao exercício de outros deveres, este, sagrado, do amor. Amai e bebei uísque. Não digo que bebais em quantidades federais, mas quatro, cinco uísques por dia nunca fizeram mal a ninguém. Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido. 

Mas sobretudo não morrais, amigos meus!"


Fonte da imagem e da Prosa: http://www.viniciusdemoraes.com.br/


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fenafar esclarece sobre os vetos da Lei 12.865/2013

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS FARMACÊUTICOS SOBRE OS VETOS DA LEI 12.865/2013

Aos farmacêuticos(as) brasileiros(as),

A sanção da Lei 12.865/2013 - publicada nesta quinta-feira (10) no Diário Oficial - causou alarde entre os farmacêuticos brasileiros. Ela é fruto da Medida Provisória 615/2013, que originalmente beneficiava produtores de cana-de-açúcar e usineiros na produção de etanol combustível, garantia a transferência da concessão para explorar serviços de táxi aos herdeiros do titular. Durante a tramitação desta MP no Congresso, vários outros temas foram incluídos no texto da matéria pelos parlamentares. O projeto de conversão da MP em Lei, que chegou ao Palácio do Planalto para sanção da presidenta Dilma Rousseff propunha mudar, por exemplo, a lei sobre farmácias e drogarias. Contudo, a proposta foi vetada pela presidente da República.

O “veto” causou alvoroço na categoria, e muitas notícias estão se espalhando nas redes sociais. Mas, ao contrário do divulgado pela imprensa, a Nova Lei não altera a Lei 5991/1973. O que temos até agora sobre a regulamentação da atuação do farmacêutico na farmácia está garantido.

O que havia sido aprovado pelo Congresso era alteração na Lei 5991/1973, com a troca do texto "responsável técnico" por "farmacêutico responsável". Assim, continua valendo tudo o que já valia: Farmácia tem que ter farmacêutico! A guarda e dispensa de medicamentos é privativa do Farmacêutico, conforme garante o Decreto 85.878 de 1981. Essa é legislação vigente e que continua valendo, é a Lei!

Precisamos continuar nossa grande mobilização para que seja aprovado o substitutivo ao Projeto de Lei 4385/1994, que transforma a Farmácia em Estabelecimento de Saúde. Esse PL dá ao farmacêutico o status que o profissional merece ter perante a sociedade.

Federação Nacional dos Farmacêuticos, sempre na luta pela valorização do farmacêutico!
São Paulo, 10 de outubro de 2013.

Em SP, encontro nacional de farmacêuticos do controle social.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Matéria no Bom dia Brasil fala sobre automedicação e a pesquisa do Ministério da Saúde.

Matéria veiculada no BOM DIA BRASIL desta segunda-feira (07/10/2013)


Automedicação afeta a saúde de mais de 60 mil pessoas em cinco anos

Uma das razões é a dosagem do remédio mais alta do que o necessário. Pesquisa do Ministério da Saúde vai mostrar como brasileiros se medicam.


"Automedicação levou para o hospital mais de 60 mil pessoas nos últimos cinco anos.


Por isso, o Ministério da Saúde está fazendo um levantamento nacional para saber mais sobre o acesso dos brasileiros aos medicamentos e descobrir se os pacientes estão usando a receita médica.
Vinte e cinco por cento dessas 60 mil internações aconteceram no estado de São Paulo. Os pesquisadores da USP de Ribeirão Preto tentaram entender por que isso está acontecendo, e descobriram, entre outros motivos, um que conta muito: a dosagem errada do medicamento.
Um exemplo da razão de ocorrer esse erro é que o princípio ativo de um medicamento, que é o ibuprofeno. Ele é para dor de cabeça, febre e dores no corpo. Um tem 50 miligramas por mililitro. Outro tem 100 miligramas por mililitro. Ou seja, o dobro. Sem se dar conta, a pessoa compra o medicamento achando que é a mesma coisa, repete a mesma dosagem e acaba tendo sérios problemas de saúde.
De olho nisso, o Ministério da Saúde vai realizar uma campanha em todo o Brasil. Uma pesquisa quer saber como os brasileiros estão usando o medicamento". 
Para assistir a reportagem, acesse:

domingo, 6 de outubro de 2013

Curso de gestão da assistência farmacêutica tem vagas para docentes.

"A Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com o Ministério da Saúde, representado pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), está organizando o Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica – EaD: Especialização, Aperfeiçoamento e Estudos de Aprofundamento.

Um dos objetivos do Curso é contribuir para a formação dos novos profissionais, por meio da capacitação dos docentes de cursos de graduação em Farmácia.

Considerando que as mudanças curriculares nos cursos de graduação em Farmácia ainda são muito tímidas, a capacitação de farmacêuticos permanece como uma necessidade.

Seguindo esse objetivo, a possibilidade de capacitação de docentes poderia contribuir para fomentar as mudanças requeridas na graduação e ampliar o potencial de formação de profissionais com habilidades para atuar no e para o Sistema Único de Saúde. Na mesma direção, o envolvimento maior dos docentes pode ser um fator facilitador para a posterior replicação do Curso nas respectivas regiões.

Nessa edição do Curso, 25% das vagas serão prioritariamente destinadas para farmacêuticos que exerçam atividade docente em disciplinas de cursos de graduação em Farmácia reconhecidos pelo MEC ou pelo Conselho Estadual de Educação. Serão 400 vagas, distribuídas em 13 Polos Regionais por todo o Brasil.

Os Polos Regionais serão: Manaus (AM), São Luís (MA), Natal (RN), Salvador (BA), Vitória da Conquista (BA), Divinópolis (MG), Brasília (DF), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS).

As inscrições estão abertas de 1º a 21 de outubro de 2013, na página www.unasus.ufsc.br/gestaofarmaceutica

Convidamos você a contribuir e divulgar essa oportunidade de qualificação aos colegas docentes. 

Veja o folder abaixo: 



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

SUS economiza com parcerias.

Do "Brasil Econômico". Jornalista Patrycia Monteiro Rizzotto.

"O programa de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre laboratórios farmacêuticos públicos e privados, fomentado pelo Ministério da Saúde, começa a dar seus primeiros resultados, quatro anos após a sua implantação. Com o estabelecimento de seu marco legal em 2011 - a partir de mudanças feitas na lei 8.666, que estabelece critérios para as compras governamentais - o projeto ganhou força e hoje, aliado à centralização das aquisições do Sistema Único de Saúde (SUS), gera uma economia anual de R$ 3 bilhões no orçamento federal.


Atualmente, há 88 contratos de PDPs em vigor no país, envolvendo 70 laboratórios parceiros, sendo 17 públicos e 53 privados entre eles, gigantes farmacêuticas como Pfizer, Glaxo Smith Kline e Novartis. Na prática, essas parcerias vêm permitindo a transferência de tecnologia na fabricação de 64 medicamentos e seis vacinas, todos estratégicos para atendimento do
SUS.


"O programa de PDPs tem como meta tirar o Brasil da condição de mero mercado consumidor, elevando o valor agregado da produção nacional de medicamentos", afirma 
Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, mencionando que o programa visa reduzir a dependência externa de medicamentos, internalizando tecnologias, incentivando a inovação na indústria nacional. "Queremos transferir 100% da tecnologia, garantindo que medicamentos estratégicos para o SUS sejam produzidos aqui no Brasil."


De acordo com Gadelha, o Brasil é hoje o sexto maior mercado mundial de remédios e equipamentos na área da saúde, com seus quase 200 milhões de habitantes. Contudo, em 2012, o país registrou US$ 11 bilhões em déficit comercial desses produtos. "Com as PDPs, esse déficit já parou de crescer. Agora queremos reduzi-lo a uma média de US$ 3 bilhões anuais daqui a quatro anos, quando as PDPs estarão operando a pleno vapor", explica.


Outro objetivo do programa é diminuir os preços de produtos estratégicos na área da saúde, como vacinas, medicamentos para câncer, saúde da mulher, saúde mental e doenças crônicas. "Só nos últimos três meses, foram assinadas 26 novas parcerias entre laboratórios públicos e privados, que vão permitir a fabricação de produtos biológicos de última geração, para câncer, artrite reumatoide, diabetes, cicatrizante cirúrgico, hormônio de crescimento, vacina alergênica e contra o HPV", conta Gadelha, acrescentando que o projeto permite absorver a tecnologia para fabricar aparelhos auditivos, contraceptivos intrauterinos e equipamentos de radioterapia nos laboratórios públicos. Segundo ele, uma das mais recentes conquistas do programa foi a transferência de tecnologia da Merck Sharp & Dohme para o Instituto Butantan, que visa levar a vacina contra o HPV (vírus responsável pelo câncer do colo de útero) para o
SUS a partir de 2014.


O secretário do 
Ministério da Saúde explica que a garantia de mercado é uma das maiores vantagens oferecidas pelo programa de PDPs aos laboratórios da iniciativa privada. Pelos contratos, as empresas transferem tecnologia aos laboratórios públicos e ganham participação nas vendas dos medicamentos ao SUS. "Ao invés de direcionar boa parte de seus investimentos ao marketing e à propaganda, a empresa pode assumir mais os riscos tecnológicos, direcionando mais recursos para as áreas de pesquisa e inovação", diz. Para ampliar a capacidade interna de fabricação, o programa de PDPs tem aplicado recursos nos laboratórios públicos nacionais. Em 2012, o Ministério da Saúderepassou R$ 271 milhões ao segmento. Até 2015, serão cerca de R$ 1 bilhão.


Um dos grandes laboratórios participantes do programa de PDPs é a Novartis, que selou uma parceria com a Fundação para o Remédio Popular (FURP), de São Paulo. De acordo com Patrick Eckert, gerente geral da área de oncologia da Novartis, o contrato de cinco anos prevê a transferência de tecnologia que vai permitir a produção do medicamento Afinitor, para tratamento de câncer de mama metastático. "No início da parceria teremos participação de 50% nas receitas das vendas para o 
SUS. Mas nossa participação será zero após o período contratual". Eckert diz que o modelo de parceria criado pelo governo brasileiro é inédito no mundo e que está afinado com os projetos de responsabilidade social de sua companhia.



Por contrato, a Novartis só pode comercializar seu medicamento patenteado no mercado privado, enquanto a FURP fica com o mercado público. "Para nós, a transferência de tecnologia em si já é um grande ganho", celebra Flávio Vormittag, superintendente da FURP. Além da parceria com a Novartis, a Fundação para o Remédio Popular assinou contrato com a EMS". 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Participe da 2ª edição do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica – EaD

"A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em parceria com o Ministério da Saúde, representado pela SGTES (Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde) e pela SCTIE (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos), já está organizando a 2ª edição do Curso de Capacitação para a Gestão da Assistência Farmacêutica – EaD: Especialização, Aperfeiçoamento e Estudos de Aprofundamento, para farmacêuticos atuantes no serviço público de saúde e docentes de disciplinas em cursos de graduação em Farmácia. Em breve, será publicado edital dispondo sobre a abertura de vagas e a seleção de estudantes.
As inscrições para o processo seletivo estão previstas para 1º a 21 de outubro de 2013 e serão oferecidas 1.600 vagas. Das vagas ofertadas, 75% serão destinadas a farmacêuticos atuantes no serviço público de saúde e 25% para farmacêuticos que exerçam atividade docente em disciplinas de cursos de graduação em Farmácia reconhecidos pelo MEC ou pelo Conselho Estadual de Educação.


Treze Polos Regionais serão a sede dos Encontros Presenciais: Manaus (AM), São Luís (MA), Natal (RN), Salvador (BA), Vitória da Conquista (BA), Divinópolis (MG), Brasília (DF), Goiânia (GO), Fortaleza (CE), Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS).

Mais informações pelo site https://unasus.ufsc.br/gestaofarmaceutica e pela página do EAD no Facebook: www.facebook.com/farmaciaEaD". 

Fonte: 


sábado, 14 de setembro de 2013

10 anos da I Conferência de Medicamentos e Assistência Farmacêutica

Há exatos 10 anos começava a primeira, e até hoje a única, Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica - CNMAF. Entre os dias 15 a 18 de setembro de 2003 centenas de delegados, oriundos das diversas regiões do Brasil, reuniram-se em Brasília para debaterem e aprovarem propostas para o aperfeiçoamento da assistência farmacêutica no País. A Conferência teve como tema central “Acesso, Qualidade e Humanização da Assistência Farmacêutica com Controle Social”.

No âmbito do controle social, a 8ª Conferência Nacional de Saúde, elemento fundamental da construção do SUS, apontou a preocupação com o tema assistência farmacêutica, tanto pelo seu aspecto social e desenvolvimentista, quantos pelos riscos oriundos do uso irracional de medicamentos. O relatório final apresentou algumas ações relacionadas com a AF, as quais deveriam ser transformadas em ação pelo Estado, como a estatização das indústrias farmacêuticas e a proibição da propaganda de medicamentos e produtos nocivos à saúde. Mas o principal é que a 8ª Conferência Nacional de Saúde determinou que deveria haver “a formulação de uma política de desenvolvimento científico e tecnológico, que contemplasse, particularmente, a produção de insumos, equipamentos, medicamentos e materiais biomédicos, segundo as prioridades a serem estabelecidas na Política Nacional de Saúde”. A 9ª Conferência Nacional de Saúde, bem como a 10ª e a 11ª, recomendou a convocação de algumas conferências com temas específicos, dentre elas a de Política de Medicamentos e Assistência Farmacêutica.  

Em 8 de maio de 2002 o Ministério da Saúde convocou a Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, através da Portaria GM nº 879 (modificada pela Portaria GM nº 696 de junho de 2003). O Conselho Nacional de Saúde, em reunião realizada de 15 a 19 de dezembro de 2000 aprova a convocação da Conferência, através da  Resolução n.º 311, de 5 de abril de 2001A partir desta, diversas Conferências Municipais e Estaduais ocorreram, gerando um debate nacional sobre o tema assistência farmacêutica e que culminaram na CNMAF.

Em números, a Conferência contou com 906 delegados, eleitos em 27 conferências estaduais. Considerando os palestrantes, representantes de entidades nacionais, convidados e visitantes, a Conferência contou com 1.180 participantes. Estes, durante os quatro dias, dividiram-se em 30 grupos com o intuito de discutirem as propostas que seriam encaminhadas para a plenária final. No final, o resultado foi de 647 propostas e 31 moções aprovadas. Cabe lembrar que a Plenária Final se encerrou às 3h da manhã do dia 19 de setembro, com cerca de 300 delegados presentes até o final.

É fato que a luta pela efetivação da assistência farmacêutica não se iniciou apenas a partir dessa Conferência. Poderíamos apontar diversas ações que contribuíram com a construção da AF enquanto política pública. A Constituição Federal de 1988 foi o marco principal, pois ali estão presentes os princípios norteadores para a construção de uma Política de Assistência Farmacêutica. Com a realização da CNMAF estavam dadas as bases principais para a formulação desta Política, construídas através de um debate democrático onde usuários, gestores e trabalhadores do SUS opinaram e deliberaram sobre quais ações deveriam pautar as políticas públicas relacionadas com o tema. Desta forma, em 2004 é aprovada a Política Nacional de Assistência Farmacêutica - PNAF, através da Res. 338/2004 do Conselho Nacional de Saúde, da qual este humilde blog já tratou em diversas postagens.

Em resumo, aqui está um belo exemplo da importância do Controle Social no SUS: uma conferência democraticamente convocada, com ampla participação, deliberou sobre um conjunto de propostas que deveriam ser encaminhadas pelas diversas esferas de governo. Uma conferência determinou que a assistência farmacêutica não fosse vista como uma política paralela ao SUS, mas como parte integrante do Sistema de Saúde. Desse debate surgiu uma Política, que há 9 anos norteia as ações de acesso racional aos medicamentos no Brasil. Um balanço sobre a PNAF faremos em outras postagens, mas posso antecipar, essa foi uma política que deu e continua dando certo!

Para finalizar, preciso dizer: este humilde blogueiro se emocionou ao lembrar desta data, pois estive na Conferência de Assistência Farmacêutica. Participei da comissão de sistematização de propostas e ajudei na condução da última mesa da plenária final. Fui um dos que estavam às 3h da manhã na plenária. Digo para vocês: como valeu e vale a pena lutar pelo SUS!

Para acessar o Relatório Final da Conferência, visite:


Referências:

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Importante alteração na Lei 5991/73.

Depois de um longo período ausente retorno com uma postagem cujo tema trouxe grande alegria para a profissão farmacêutica. Além da reparação promovida no entendimento de um termo, moderniza e torna mais clara uma legislação sanitária de suma importância para o setor farmacêutico. O fato é que a Lei 5991/73, que “dispõe sobre o Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá outras providências”, passa a ter uma nova redação. A alteração pode parecer pequena para alguns, mas para os que acompanharam diversas ações judiciais que tinham decisões baseadas em um termo adotado pela referida Lei, a mudança é imensa.

Essa alteração se deu a partir da publicação da Medida Provisória 615/2013, de 17 de maio, no Diário Oficial da União de 20 de maio de 2013. Após designação de seu relator, em 09 de setembro foi aprovado o PLV 21/2013 – apresentado pela Comissão Mista da MPV 615/2013 - através de votação em turno único na Câmara Federal. Neste PLV, em seu artigo 19, duas alterações de redação foram sugeridas para a Lei 5991/73: uma para seu artigo 15 e outra para o seu artigo 36. O artigo 15 da Lei 5991/73 dizia:

Art. 15 - A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência de técnico responsável, inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.

Com a votação na Câmara, passa a ter a seguinte redação:

Art. 15 - A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência de farmacêutico responsável técnico, inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.

No artigo 36 da Lei, os parágrafos 1º e 2º diziam:

§ 1o  É vedada a captação de receitas contendo prescrições magistrais e oficinais em drogarias, ervanárias e postos de medicamentos, ainda que em filiais da mesma empresa, bem como a intermediação entre empresas.   

§ 2o  É vedada às farmácias que possuem filiais a centralização total da manipulação em apenas 1 (um) dos estabelecimentos.

Após a aprovação, passaram a ter a seguinte redação:

§ 1o São vedadas a intermediação e captação de receitas contendo prescrições magistrais e oficinais entre diferentes empresas, ainda que sejam estas farmácias, drogarias, ervanárias e postos de medicamentos.

§ 2o É permitida a centralização total da manipulação em apenas um dos estabelecimentos de uma mesma empresa, inclusive a captação de receitas contendo prescrições magistrais e oficinais entre farmácias e drogarias, desde que em filiais pertencentes a uma mesma empresa.

Enviado ao Senado Federal, o PLV foi aprovado no dia 11 de setembro. O Projeto segue agora para sanção presidencial.

Para acessar o PLV na íntegra, visite: 
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=136204&tp=1

Sobre a alteração no artigo 15, não devemos pensar que ela apenas explica o que a Lei queria dizer sobre quem deve ser o responsável técnico de farmácias e drogarias. Essa mudança aponta que não deve haver dúvidas sobre a qual profissional pertence, de forma privativa, o exercício da responsabilidade técnica dos referidos estabelecimentos.

Parabéns para a profissão farmacêutica e para a sociedade!

Fontes: