quarta-feira, 9 de março de 2016

10 anos do Programa Aqui Tem Farmácia Popular - Discurso de lançamento.

No dia 09 de março de 2006 entrou em vigor a expansão do Programa Farmácia Popular para os estabelecimentos privados, denominado "Aqui Tem Farmácia Popular". 10 anos depois os números apontam o quão foi acertada a decisão, considerando ser ele uma alternativa de acesso aos medicamentos essenciais, eixo estratégico da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
Abaixo o discurso do Presidente Lula, na cerimônia de lançamento do Programa. Diga-se de passagem, um discurso visionário!


Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de lançamento da expansão do Programa Farmácia Popular do Brasil

Palácio do Planalto-DF, 23 de março de 2006.

"Bem, eu estou lançando a consagração de um trabalho feito pelos nossos companheiros do Ministério da Saúde, da Anvisa e da Casa Civil, e é um projeto que não é em benefício próprio, porque eu não sou hipertenso e não sou diabético. Eu vim com o paletó aberto, aqui, para vocês perceberem que é fácil a gente deixar de ser hipertenso e diabético, com um pouco de esforço físico.

E também não vou falar de outro assunto aqui, porque eu quero marcar os meus agradecimentos aos donos das cadeias de farmácias, que resolveram assumir esta boa tarefa para o povo brasileiro. Nós começamos a construir as farmácias populares e vamos terminar, de tantas que falta a gente construir, mas isso era um pouco incompreendido pela sociedade: por que eu tenho que sair para ir numa Farmácia Popular, se perto da minha casa eu passo em duas farmácias antes de chegar à Farmácia Popular? Porque essa farmácia aqui não pode ter o remédio que eu preciso comprar, a preços compatíveis com as minhas necessidades?

Eu fiquei muito agradecido quando o meu companheiro, ministro Saraiva Felipe, comunicou-me que estava tendo a possibilidade de um acordo com as redes de farmácias. Então, é um avanço extraordinário, porque as farmácias estarão mais à disposição do cidadão, não apenas para comprar esses remédios, mas eu sempre fico torcendo para as pessoas irem à farmácia comprar perfume, comprar outra coisa e menos remédios.

Mas independentemente da minha vontade, as pessoas precisam de remédio. E eu penso que é uma marca que vai ficar para a história da saúde no Brasil. Nós, hoje, estamos atingindo, como disse ali na televisão, 1.213 farmácias. O importante é o que o nosso companheiro disse, do Ministério da Saúde, que qualquer farmácia pode ser conveniada: a farmácia da periferia mais longínqua, do lugar mais longínquo do Brasil, se tiver energia elétrica e um computador, se estiver cumprido as exigências do Ministério da Saúde ou da Anvisa para funcionar, essa farmácia poderá estar conectada ao sistema e poderá fazer o mesmo que faz uma farmácia que está encostada ao Ministério da Saúde, aqui em Brasília.
Então, prestem atenção no que pode acontecer. Em poucos meses... vejam, nós estamos saindo de 121 para 1.213, e em pouco tempo a gente pode sair de 1.213 para 15 mil, para 20 mil, para 30 mil farmácias, chegando à totalidade das farmácias brasileiras e, portanto, atendendo à totalidade das pessoas que precisam desse remédio.

E por que durante muito tempo eu pensei nisso? É porque nas minhas andanças pelo Brasil, ao longo de muitos e muitos anos, a coisa que mais me preocupava – e aqui eu estou vendo companheiros médicos – era uma pessoa sair do médico com uma receita na mão, passar numa farmácia, olhar o preço do remédio e dizer para o farmacêutico: “depois eu venho buscar.” Levava a receita para casa, colocava a receita dentro do armário ou no criado e muitas vezes não ia buscar, ou porque não tinha o dinheiro para buscar ou porque, muitas vezes, morria antes de ter o dinheiro. Essa é uma realidade visível nos dias de hoje.
E nós temos farmacêuticos espalhados por este país afora que, muitas vezes, dão até remédio de graça para um coitado que não pode pagar. Muitas vezes, quando você vê uma mãe ir atrás de um remédio ou um senhor de idade, ou uma senhora, aí você sabe que ele não vai voltar, porque quando a gente pergunta o preço e não compra é porque a gente não tem dinheiro. Isso vale para remédio, para sapato, para roupa, ou seja, se a gente perguntou o preço e não mandou embrulhar, é porque a gente não vai levar. E, sobretudo, remédio, porque quando você sai do médico e não conseguiu receber aquele remédio, o médico te deu aquela receita para você começar a tomar ontem, não para você começar a tomar daqui a um mês. E, lamentavelmente, não há possibilidade ainda, os médicos e a tecnologia não avançaram tanto, a ponto de a gente falar para a doença: olhe, espere um pouco, quando eu tiver dinheiro você volta a me atacar que eu vou tomar o remédio para lhe combater. Não chegamos a esse ponto ainda, espero um dia chegar.

Então, o que está sendo lançado hoje aqui, eu sei que foi muito duro, sei de muitas horas de reuniões, de conversas, foi um trabalho que, eu tenho certeza, as pessoas que têm hipertensão e diabetes, nesse primeiro momento, serão eternamente agradecidas ao esforço que cada um de vocês fez. E, obviamente, que nós temos muito para avançar.
Eu vi, ali, na exposição, um remédio que custa na farmácia 111 reais, e que o seu pai, Marinho, vai poder comprar por 11 reais. Uma coisa grave é que muitas vezes as pessoas gastam uma parte do seu salário nesse remédio, sobretudo nas cidades em que as pessoas vivem com o salário da Aposentadoria Rural. Quando a pessoa recebe os seus 300 reais, uma parte... Veja, se ela tiver que gastar 111 reais num remédio, foi um terço do seu salário. Ela agora vai poder, com 11 reais, comprar um remédio que comprava por 111, ou vai poder comprar com três reais o remédio que comprava com 37.

Possivelmente, no meio de nós, quem nunca teve esse problema não tem sequer a menor dimensão da alegria e de quanto as pessoas vão abençoar vocês, quanto entrarem na farmácia, pedirem aquele remédio e perceberem que estão pagando 90%, 80% mais barato do que pagavam antes, é um ganho extraordinário. Nós, seguindo a orientação dos nossos especialistas, pegamos alguns tipos de remédio que são mais utilizados por um tipo de doença, que envolve um contingente muito grande de pessoas. E, hoje, no caso da hipertensão, não são apenas as pessoas da terceira idade, como habitualmente 20 anos atrás a gente imaginava que era. Eu estou vendo um monte de pessoas, novas ainda, já tomando a pastilhinha, colocando debaixo da boca para abaixar a pressão.

Eu sonho – já tinha falado com o Humberto, falei com o Saraiva – que um dia a gente vai conseguir, além de tudo isso, fazer com que cada um de nós assuma o compromisso de andar uma hora por dia. Não tem horário, não tem que ser cedo, não tem que ser à tarde, não tem que ser à noite, é na hora que pode. Da mesma forma que você atende outras necessidades do corpo humano, você tem que atender essa necessidade. Eu, inclusive, acho que esse é um processo de educação. Ontem, eu até brinquei com os nossos companheiros da Saúde, que a gente deveria fazer uma cartilha para a escola e dar para as crianças cobrarem dos avós e dos pais. A gente pode ter divergência entre ministros, entre deputados, entre irmãos, mas quando um filho pede para um pai fazer uma coisa, ou pede para um avô ou avó fazer uma coisa, eu duvido que a gente recuse, sobretudo se for neto. Se tem uma coisa que avô sabe fazer é ser dengoso, com os netos, como ele não foi com os filhos dele. E será ainda mais ainda com os tataranetos, com os bisnetos.

Então, o lançamento deste Programa... tem estado que ainda não tem, não é, Saraiva? Nós temos estados que não têm farmácias ligadas à cadeia que está conveniada agora, hoje. Mas os estados que ainda não têm poderão ter, a partir de amanhã. Na hora em que for publicado no Diário Oficial, se o cidadão tiver um computador, tiver cumprido as regras para criar a farmácia e tiver um telefone, ele faz a ligação, entra direto aqui e já está pronto, aí ele já pode vender em qualquer estado, em qualquer cidade do Brasil.

Neste momento, para não dizer que é só Minas Gerais, Dr. Rosinha, eu vou dizer o seguinte: o estado do Paraná vai começar com 102 farmácias populares, das quais 70 serão em Curitiba. Na capital serão 70 e, depois, mais 12 municípios fora da capital, terão Farmácia Popular, porque estão nessa rede de farmácias conveniadas. Mas se você fizer um trabalho lá de incentivo, a gente pode ter, em dois meses, todas as farmácias de todas as cidades do estado do Paraná conveniadas e participando disso aqui.

O Rio Grande do Sul vai começar com 142 farmácias, das quais 68 estão na capital e 49 em outras cidades do interior. Minas Gerais vai começar com 103 farmácias, das quais 57 na capital e 30 em outras cidades. Rio de Janeiro vai começar com 176 farmácias, das quais 138 serão na capital, e 21 em outras cidades. E São Paulo vai começar com 490 farmácias, porque parece que as redes estão mais fortes em São Paulo. São Paulo vai começar com 490 farmácias, a capital vai ter 287 farmácias, e o interior vai ter 60.

Isso significa o quê? Isso significa que vai ficar muito mais fácil a pessoa que mora numa cidade grande, que tem uma periferia grande, encontrar, próxima da sua vila, da sua casa, uma farmácia que está conveniada, porque outras poderão entrar. Ao invés de a pessoa sair, pegar um ônibus para localizar uma farmácia que vende remédio mais barato, a farmácia vai procurar a pessoa na sua vila e dizer: “estou aqui, por favor, compre de mim.” Aí o cidadão vai poder tomar o seu remédio mais barato.

Eu acho que tem determinadas coisas num programa como esse, que é a realização de um sonho. Essa é a realização de um sonho porque somente quem guardou uma receita no armário, no criado-mudo, sabe o valor disso. Somente quem guardou é que sabe o valor disso aqui.

Quando eu viajava muito, as pessoas entregavam para mim assim: as pessoas pegavam um papelzinho deste tamaninho, entregavam assim, dobrado na mão, como se fosse um segredo de estado. Quando eu pegava, abria, estava escrito lá: “por favor – eu não era Presidente, estava longe ainda de ser – Lula, me ajuda a comprar esse remédio.” Às vezes a gente ajudava, às vezes não ajudava, porque também não podia ajudar. Eu acho que agora o governo, através das nossas políticas de saúde, encontrou um jeito de começar a dizer: para a grande parte das doenças de uso contínuo, para as pessoas que precisam comprar remédio todo mês, não vai precisar mais ficar com a receitinha na mão, porque vai poder entrar em qualquer farmácia e comprar o remédio a preço barato. Este é um fato importante.

Os nossos companheiros da Fiocruz sabem da relevância dos investimentos que estamos fazendo para a gente produzir mais remédios, porque a gente pode aumentar o número de remédios. A gente só não vai produzir remédio para vender na Farmácia Popular se for remédio para não cair cabelo, por exemplo, não vamos fazer. Mas a gente vai ter que avançar, porque tem outras necessidades.

Então, eu estou feliz. O Ceará, Secretário – Vossa Excelência que acaba de ser eleito hoje Secretário-Presidente da entidade que representa os secretários de Saúde – o seu estado, o Ceará, vai ter 49 farmácias populares, da quais 32 serão em Fortaleza. Isso, um dia só que você ganhou, já ganhou tudo isso aqui de farmácia.

A Bahia, Jaques Wagner, para você saber, a Bahia vai ter 29, começa hoje com 29. Amanhã já tem, se quiser comprar. Vai ter em 21 Salvador. Deixa eu ver quem mais está aqui? Rio de Janeiro, já falei. Alagoas, deixa eu ver Alagoas aqui. Rio Grande do Norte? Alagoas vai ter sete, as sete na capital, mas pode, daqui a um mês, se você trabalhar um pouco, João Caldas, ter 80, ter 100, porque não é ficar esperando o Ministério.

Este Programa é importante, porque se uma pessoa sair à noite para comprar o remédio, chegar na farmácia e não tiver aquele selinho, ali, de Farmácia Popular, o cidadão vai falar: “escuta aqui, por que você não se inscreveu? Por que você não entrou em contato com o governo para vender esse remédio para a gente? Então, a própria sociedade... Eu quero ver um farmacêutico, por mais esperto que seja, quando uma cidadã de 70 anos entrar na farmácia com a receita e não tiver o selinho lá, e ela falar: “escuta aqui, porque você não fez o convênio ainda?” E podem ficar certos que o farmacêutico vai falar: “não, espere aí, que eu vou fazer, eu vou fazer porque eu não quero três ou quatro desses aqui... deixando de fazer”. Rio Grande do Norte, 11, das quais nove na capital e três... Mas, nossa prefeita de Mossoró, nossos deputados do Rio Grande do Norte, é o seguinte: podem chegar amanhã, procurar e reunir todos os farmacêuticos da cidade e falar: vocês cumprem as exigências? Têm aquilo lá? Têm telefone? Têm computador? Podem entrar hoje e na semana que vem já estarão inauguradas. E é uma coisa interessante, porque não vai precisar nem de inauguração nem de político lá, fazendo discurso. É direto entre a sociedade e o farmacêutico, não vai ter ninguém lá, palanque, não vai ter nada disso.

Saraiva, o Humberto Costa, que começou a Farmácia Popular, não está aqui, mas eu quero terminar dizendo o seguinte – companheiros da Saúde, todos vocês, companheiros empresários do setor de farmácia que pertencem a essa rede que fez o convênio com o governo, ministros –, eu quero dizer para vocês: guardem esta data. Deputados, vocês que fazem parte da bancada de médicos da Câmara, porque a Câmara tem um partido próprio – o partido dos médicos, da saúde, é um partido próprio – a única coisa que dá unanimidade lá é não mexer na saúde.

Eu quero dizer que vocês estão de parabéns. Podem ficar certos de que, a partir de amanhã, depois de amanhã, quando as pessoas entrarem numa farmácia e tiverem acesso àquilo que para elas é mais sagrado, mesmo que elas não conheçam vocês, mesmo que elas nunca tenham visto vocês, vocês vão dormir mais leves, porque vocês fizeram um bem incomensurável para um ser humano, sem pedir cartão de visita, sem pedir nada. Ela não conhece ninguém, ela fez, ela vai comprar. Então, é uma coisa realmente importante. Eu tinha muita coisa para falar, mas não vou falar mais. Eu só vou falar do Farmácia Popular, porque quando nós pensamos no dentista, a coisa que também mais me incomodava no Brasil, Nilcéa, você que é médica, doutora, reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a coisa que mais me incomodava no Brasil é que a unha do dedão do pé era tratada como uma questão de saúde pública e a boca não era. O que mais me incomodava, neste país, era isso.

Então, nós fizemos o Brasil Sorridente, que eu acho que é uma revolução neste país. Eu fui diretor do departamento médico do Sindicato. Lá, Greenhalg, às vezes, segunda-feira, isso 30 anos atrás, o trabalhador chegava ao Sindicato e falava: arranca um dente. Não adiantava o dentista dizer: não, não vou arrancar, eu posso recuperar. Não, arranca porque eu ganho o dia, eu não vou trabalhar na segunda se eu levar o atestado de que arranquei, e ganho o dia. Tratamento de canal era uma coisa tão chique que pobre não fazia. Eu ficava vendo um determinado tipo de brasileiro, com aparelho na boca, todo bonitinho, consertando, com arame, elástico, e as coitadas das meninas de 16... Meninas de 16, 17 anos, meninos no Brasil inteiro, não podiam mais rir porque não tinham um dente na boca. Que é do Nordeste, do Norte, da periferia de São Paulo, do Rio de Janeiro, sabe do que eu estou falando. Então, não é justo que essa pessoa não possa tratar o seu dente.

Agora, Saraiva, eu preciso fazer um pouco de publicidade, porque esses dias eu me deparei com uma pessoa se queixando que queria ajuda para tratar de dente, ela mora num lugar que tem e ela não sabia, Se a gente não falar que existe, as pessoas não sabem. E hoje nós estamos dando, através do Brasil Sorridente, Silas, para você e para qualquer pessoa pobre deste país, o direito à ortodontia. Eu demorei muito para aprender esse nome, porque ele é chique, é difícil de falar, isso era coisa para rico, não era para pobre, não.

Então, o que nós estamos fazendo, na verdade é o seguinte, é dizendo a todos os brasileiros e brasileiras: independentemente da sua origem social, independentemente do berço em que você nasceu, na medida em que você virou cidadão ou cidadão deste país, você tem que ter os direitos elementares garantidos. E o direito de tomar o seu remédio e o direito de sorrir são dois direitos sem os quais a Humanidade não seria essa coisa boa que é.


Portanto, parabéns, que Deus abençoe todos vocês por este dia de hoje".

Fonte: http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/ex-presidentes/luiz-inacio-lula-da-silva/discursos/1o-mandato/2006/1o-semestre/23-03-2006-discurso-do-presidente-da-republica-luiz-inacio-lula-da-silva-na-cerimonia-de-lancamento-da-expansao-do-programa-farmacia-popular-do-brasil/view

terça-feira, 8 de março de 2016

Abrasco e a crise política no Brasil.

DO SITE DA ABRASCO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA

Nesse momento de grave crise política, o silêncio e a omissão são inadmissíveis

A política no Brasil está marcada, há décadas, pela relação promíscua entre partidos, lideranças, congressistas e governantes com empresas e grupos de interesse privado. Esta forma de atuar, infelizmente, não é atributo deste ou daquele partido, ou deste ou daquele governo mas, infelizmente é o modus operandi predominante na tradição do país.
Esse padrão degradado de negócios com a coisa pública tem gerado corrupção, mas também tem permitido a apropriação privada do orçamento público, supostamente destinado a assegurar políticas públicas e o bem-estar. Essa forma de operar termina privilegiando as elites econômicas e políticas, perpetuando a desigualdade, produzindo degradação urbana, enfraquecimento da regulação do setor imobiliário, automotivo, químico, da indústria farmacêutica, e ainda enfraquecendo o SUS – Sistema Único de Saúde, a Educação e Pesquisa Públicas, reduzindo direitos das mulheres, de povos indígenas, afrodescendentes, assalariados e pequenos produtores urbanos e rurais.
Este modo perverso de funcionamento do Estado e da Sociedade brasileira somente será superado pelo engajamento de diversos segmentos da sociedade.
O poder judiciário, com certeza, tem papel importante nessa mudança. A Operação Lava-Jato, de início, pareceu fazer parte deste esforço nacional. No entanto, há sinais de que vem preponderando em sua atuação perspectiva enviesada pelo partidarismo estreito e ações de legalidade duvidosa; isto a ponto, de um ministro do STF vir a público declarar-se preocupado com os desdobramentos da Operação, que a continuar nesse caminho caracterizaria “um retrocesso e não um avanço”.
Para agravar o desatino, grande parte da mídia, editores, âncoras e comentaristas perderam todo pudor com a objetividade do jornalismo profissional e ético, passando a açular o ódio e a intolerância.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, representativa de sanitaristas e pesquisadores, sempre comprometida historicamente com a defesa da saúde e da democracia, manifesta seu veemente repúdio aos episódios recentes que colocam em risco a legalidade democrática e o Estado de Direito no Brasil. Rechaçamos enfaticamente atos seletivos, medidas arbitrárias e manobras irresponsáveis que podem vir a configurar um verdadeiro Estado de exceção não declarado.
A coerção e a intimidação impõem retrocessos ao árduo processo de consolidação da democracia, da garantia das liberdades e dos direitos fundamentais. Neste momento de crise nacional, o respeito às instituições que apuram desvios e corrupção deve ser acompanhado de especial vigilância e mobilização, diante das aspirações de forças conservadoras da política, da mídia e de parte da sociedade, orquestradas em tomar o poder a qualquer custo.
A Abrasco junta-se às entidades e movimentos sociais comprometidos com a inadiável coesão nacional para a superação da crise política que ameaça a democracia, da crise econômica que destrói empregos e aniquila as políticas sociais inclusivas, e da crise sanitária causada pelo desfinanciamento do SUS e pelos desafios atuais de saúde pública, dentre eles a epidemia de zika.
Os valores de democracia, justiça e solidariedade, que nos movem na defesa intransigente de um sistema de saúde universal, devem continuar a inspirar nossas ações e nossas escolhas, hoje e sempre.
Rio de Janeiro, 7 de março de 2016.
FONTE: https://www.abrasco.org.br/site/2016/03/abrasco-e-a-crise-politica-no-brasil/

Dar cartão para médico visando consumidor é propaganda ilegal de remédio.



DO SITE CONSULTOR JURÍDICO

Distribuir cartões promocionais aos médicos visando chegar ao consumidor final é uma forma de propaganda indireta de medicamentos, o que é proibido por lei. Assim entende a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, ressaltando que em caso de medicamentos que dependem de prescrição médica, a lei permite somente a propaganda por publicações especializadas, dirigidas especificamente e diretamente à classe médica. O tribunal confirmou auto de infração imposto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a uma multinacional.
Na decisão, o relator do processo, desembargador federal Johonsom Di Salvo, afirma que a publicidade indireta de medicamentos deve ser coibida pelo Poder Público porque o seu uso discriminado atenta contra a saúde pública. Para o magistrado, há provas de que a autora da ação realizou a promoção do medicamento de forma irregular.
“A autora da ação utilizou os cupons promocionais como forma indireta de propaganda, para disseminar sua marca comercial e a ideia de vantagem na aquisição do produto com desconto ou pelo preço de fábrica.” Segundo o desembargador, é evidente que o destinatário era o público leigo, ainda que os cartões tenham sido distribuídos aos médicos, pois não teria sentido os médicos reterem os cartões.
“É irrelevante que o medicamento só possa ser vendido acompanhado de receita médica, pois a propaganda persiste de qualquer forma. Por isso, não há qualquer ilegalidade a ser reconhecida no auto de infração lavrado pela fiscalização administrativa, pois embasada na legislação específica.”
O magistrado também salientou que os critérios de fixação da multa foram devidamente motivados no processo administrativo. “A graduação da multa em R$ 50 mil mostrou-se razoável, tendo em vista o limite máximo de R$ 100 mil e a capacidade econômica da autora. A gravidade da infração foi demonstrada pela extensa fundamentação exposta pela autoridade administrativa.”
Por fim, afirmou que as razões apresentadas como atenuantes não podem surtir o efeito pretendido, pois não foi comprovada a alegação de que a quantidade de cupons distribuídos foi pequena e a suspensão da distribuição com a lavratura do Auto de Infração não configura de forma alguma circunstâncias atenuantes.
O artigo 11 da Lei 9.294/96, que embasa o Auto de Infração, determina que a propaganda de medicamentos que dependam de prescrição por médico ou cirurgião-dentista somente poderá ser feita junto a estes profissionais, por publicações específicas. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRF-3. 
Agravo Legal em Apelação Cível 0016018-71.2004.4.03.6100/SP

Fonte: http://www.conjur.com.br/2016-mar-08/dar-cartao-medico-visando-consumidor-propaganda-ilegal

terça-feira, 1 de março de 2016

Médico viaja pelo Brasil e registra suas impressões em textos e tirinhas.

Este Blog não poderia deixar de compartilhar essa matéria. Não apenas pelo tema, mas por conhecer o profissional comprometido, meu irmão escoteiro e  de coração, Altamiro Vilhena. Já se vão mais de 30 anos de amizade, que mesmo distantes, mantém-se alimentada por ligações nos aniversários e visitas rápidas, no meio de suas andanças.
Esse é o tipo de ser humano que esperamos um dia encontrar pelo caminho....

Extraído do site do Conselho Federal de Medicina - Especial Dia do Médico 2015.


Médico viaja pelo Brasil e registra suas impressões em textos e tirinhas.

"O pediatra Altamiro Vilhena é natural do Rio de Janeiro (RJ), e há oito anos reside em Roraima. Depois de uma intensa experiência nas áreas indígenas do Estado, atualmente se dedica à emergência do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA).
O HCSA é único hospital infantil do Estado. Além da demanda local, atende crianças da República Cooperativa da Guiana e Venezuela. Ambos fazem fronteira com Roraima.
Altamiro tem sido uma peça fundamental na garantia de um atendimento de qualidade e humanizado para as crianças. De acordo com ele, a humanização possibilita um olhar diferenciado para o paciente e complementa o trabalho do médico.
“A medicina só beneficia quando praticada com carinho, com oportunidades da criança pensar em outras coisas além de sua doença”, comenta o médico.
Para distrair as crianças durante o tempo de internação, o HCSA conta um uma brinquedoteca e com profissionais que levam diversão para os pequeninos. “Ficar em um leito de hospital é triste para qualquer pessoa, mais ainda para crianças. Se eles têm oportunidades de ouvir música, assistir filmes, brincar, mesmo hospitalizados, isso acelera sua recuperação e faz com que a internação seja mais breve”, conta Altamiro.
Além de ser considerado um médico de excelência, Altamiro tem outras atividades, que surgiram da prática médica. As aventuras nas áreas indígenas, o levou a trilhar o caminho de blogueiro e agora roteirista de tirinhas de quadrinho.
Assim que chegou à Amazônia e passou a atender os indígenas, criou o blog http://impressoesamazonicas.wordpress.com para relatar as experiências que vivia in loco. Em julho de 2014 parou de atualizar o site, pois parou de atender nas aldeias, mas os registros permanecem online para quem quiser conhecer os seus registros.
Como essa experiência teve uma grande importância na vida dele, e foram criados alguns personagens baseados nessa vivência, Altamiro está numa nova etapa com o site http://balaioquadrado.com
“Eu escrevo as tirinhas e um amigo que é cirurgião-dentista em Santa Catarina, Beto Basso, desenha. Já chegamos até a final de alguns Salões de Humor e tivemos nossas tiras publicadas em algumas coletâneas. O nome vem do cesto indígena, o balaio, e no formato dos quadrinhos... Assim temos o Balaio Quadrado, onde cabe todo mundo dentro”, explica o médico".
Fonte: ASCOM/CRM-RR

Fonte: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25819:2015-10-19-11-05-39&catid=3:portal

CRF-RS se posiciona sobre a suspensão da dispensação de medicamentos no município de Porto Alegre.


Os Conselhos de Fiscalização do Exercício Profissional, como o CRF-RS e COREN-RS, têm a obrigação de fazer cumprir as legislações vigentes junto às instituições privadas e públicas. A decisão do COREN-RS a respeito da suspensão da dispensação de medicamentos por profissionais da área de enfermagem no município de Porto Alegre está baseada nas Leis Federais 5.991/73 e 13.021/14, sendo, portanto, legítima. Essa decisão está amparada também no Parecer Normativo n. 02/2015 do Conselho Federal de Enfermagem, que define que não cabe ao Enfermeiro a dispensação de medicamentos, ação esta privativa do profissional farmacêutico na forma da lei e normatizações vigentes.
 
O CRF-RS mantém permanente fiscalização nas farmácias públicas, e sempre exigiu, e manterá exigência dos gestores para que providenciem a dispensação de medicamentos sob a responsabilidade técnica de farmacêuticos, já que esta é uma atividade privativa deste profissional. 
 
Ao buscar promover uma distribuição de medicamentos para atender a crescente demanda e necessidade social, os municípios têm optado por oferecer farmácias públicas em praticamente todas as unidades de saúde, deixando de observar as exigências legais e a necessidade de segurança do paciente no processo de orientação sobre o uso racional de medicamentos. 
 
Diante desse quadro, o CRF-RS vem construindo alternativas junto aos gestores e ao controle social, que permitam a reorganização da assistência farmacêutica nos municípios, promovendo a regularização dessas farmácias municipais com a devida assistência do profissional farmacêutico, assim como o planejamento da criação do cargo de auxiliar de farmácia. 
 
Em decorrência destas ações, através da aproximação que o CRF-RS obteve junto à Secretaria Municipal de Saúde e ao Poder Legislativo municipal, Porto Alegre recentemente incorporou mais 20 farmacêuticos na rede. Os trabalhos seguirão, havendo intenção de contratação de mais profissionais para suprir a carência da assistência farmacêutica, visto que há profissionais farmacêuticos aprovados no Concurso Público vigente. Esse trabalho que o CRF-RS vem realizando junto aos gestores municipais tem trazido resultados promissores não apenas para Porto Alegre, mas também a outros municípios.
 
Temos ciência do panorama econômico que a saúde passa, e nossa prioridade não é promover ações que tragam ainda mais dano à população, mas sim, de não submetê-la aos riscos gerados pela dispensação de medicamentos por profissionais de saúde não habilitados técnica e legalmente, bem como evitar impactar no seu acesso aos medicamentos. Defendemos o diálogo entre os gestores, o controle social e os conselhos para que, juntos, possamos buscar a melhor alternativa considerando a segurança e as necessidades da população. 
 
Estamos debatendo o ato de dispensar um medicamento a um paciente, e não a mera entrega de um produto para a população. A dispensação abrange o processo de orientação por um profissional habilitado e com conhecimento técnico para interpretar, por exemplo, possíveis interações medicamentosas e reações adversas, correto uso dos medicamentos, avaliação da prescrição e contato com outros profissionais prescritores para buscar o melhor tratamento e adesão.
 
O uso racional de medicamentos gera menor risco ao paciente, e ao mesmo tempo resulta na redução de custos para o SUS, visto que diminuem a necessidade de novos tratamentos para a mesma doença, reconsultas, polimedicação e até mesmo o tempo de internação. Entretanto, o que lamentavelmente observamos hoje, em muitos locais, devido à falta de farmacêuticos, é que ocorre a mera entrega de um produto, sem qualquer orientação, que é o que justamente o CRF-RS vem trabalhando para modificar, junto aos municípios.
 
O CRF-RS está e segue à disposição para discutir melhorias e qualificar o acesso aos medicamentos no Estado.

Maurício Schuler Nin - Presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF-RS)

Fonte: http://www.crfrs.org.br/portal/pagina/institucional-diretoria.php

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SMS lança Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária.



SMS apresenta Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza (MURMIAP). Resultado do trabalho desenvolvido em parceria com a consultoria do especialista em Saúde Pública, Eugênio Vilaça e grupo e pelas equipes de profissionais das Células de Atenção Primária à Saúde e Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza.
O Manual, além de orientar para o uso seguro e racional dos medicamentos na Atenção Primária à Saúde (APS), oferece orientações sobre assistência à saúde no município, informações úteis sobre a utilização de medicamentos em crianças, gestantes e idosos, como realizar uma boa prescrição de medicamentos, classificação de risco dos medicamentos na gravidez e na amamentação, bem como informações sobre medicamentos sujeitos ao controle especial, medicamentos fitoterápicos disponíveis no município e insumos para o tratamento de feridas.
Segundo o gerente da Célula de Assistência Farmacêutica da SMS, Magno Sampaio “foi muito gratificante conseguirmos elaborar esse documento que tem como missão junto à sociedade, tornar-se referência para atividade de seleção e padronização de medicamentos, no contexto da assistência farmacêutica no município de Fortaleza”.
O documento segue as orientações da Organização Mundial da Saúde, quanto às atividades relacionadas à seleção e padronização, política institucional para dispensação de medicamentos, farmacovigilância e educação continuada à equipe da saúde.
 Para Dra.Maria Emi (profissional que vem orientando e acompanhando o trabalho de construção do manual) o resultado ficou muito bom. “Fortaleza sai na frente com esse documento. Precisamos divulgar o manual entre os profissionais de Fortaleza e disseminar o resultado desse grande trabalho”. 
O Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza (MURMIAP) já está disponível em versão eletrônica (preliminar) na internet, no site da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em downloads, para profissionais e para o público em geral.
Para ver o manual, clique aqui:

Fonte: http://www.fortaleza.ce.gov.br/sms/noticias/noticias/sms-lanca-manual-de-uso-racional-de-medicamentos-e-insumos-na-atencao-primaria

Sim, o Médico pode prescrever sem carimbo.

Não são raras as vezes que uma receita médica não são aceitas pelas farmácias Brasil afora, apenas pela falta do carimbo. Os estabelecimentos que aviam as prescrições, por vezes, se negam a vender algum medicamento pelo fato de o carimbo não constar na receita médica. Isso ocorre devido a exigência descabida que algumas agencias municipais de vigilância sanitária exigirem erroneamente de seus supervisionados que o documento em questão esteja carimbado.

No meu caso, foram algumas as vezes que estava em viagem, dentro do meu estado, e algum amigo ou parente teve uma infecção urinária ou amigdalite. Para conseguir que o farmacêutico aviasse a prescrição, foi necessário passar algum tempo esperando o 3g do celular funcionar para mostrar o documento ao farmacêutico, ou pedir para que ele me emprestasse o computador para que eu pudesse mostrar a resolução que me respalda para essa prática. Afinal, o carimbo não tem que andar conosco o tempo inteiro e intercorrências podem acontecer em qualquer lugar.

Isso foi motivo de uma consulta no CFM, que, além disso, também avaliou a auto-prescrição de medicamentos pelo médico.

Como você pode vera seguir, podemos emitir uma auto-prescrição, desde que não estejam contemplados na receita as drogas psico-ativas.


Quanto ao fato da emissão de receituário sem o carimbo, ele deve conter o Nome do Médico, seu registro no Conselho Estadual e uma forma de contato válida para o esclarecimento de dúvidas quanto a prescrição.
Acompanhe na íntegra a seguir o parecer do CFM 01/14 que permite a prescrição médica sem a necessidade do carimbo:
EMENTA: A utilização de carimbo de médico em prescrição é opcional, pois não há obrigatoriedade legal ou ética. O que se exige é a assinatura com identificação clara do profissional e o seu respectivo CRM. Não há proibição expressa para eventuais autoprescrições de médicos, exceto no caso de entorpecentes e psicotrópicos.
DA CONSULTA
A consulente, farmacêutica do Ministério da Saúde, faz dois questionamentos:
1- O médico pode prescrever para ele mesmo?
2- Caso o médico queira fazer uma prescrição no balcão e esteja sem o carimbo, podemos aceitar a prescrição e digitalizar a carteira de identidade profissional junto ao CRM do mesmo?
DA DISCUSSÃO
A Resolução CFM nº 1.931/09 (CEM) veda ao médico, em seu art. 11: Receitar,  atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos.
O Decreto-lei nº 20.931/32, estabelece em seu art. 21: Ao profissional que prescrever ou administrar entorpecentes para alimentação da toxicomania será cassada pelo diretor geral do Departamento Nacional de Saúde Pública, no Distrito Federal, e nos Estados pelo respectivo diretor dos serviços sanitários, a faculdade de receitar essa medicação, pelo prazo de um a cinco anos, devendo ser o fato comunicado às autoridades policiais para a instauração do competente inquérito e processo criminal.
Processo-consulta nº CFM 969/2002: Não há no CEM proibição expressa para eventuais autoprescrições de médicos ou atendimento a descendentes e ascendentes diretos.
O bom-senso deve nortear esses atos, de maneira a garantir a isenção do atendimento.Qualquer tentativa de atendimento falso ou exagerado deve ser denunciada ao CRM.
Processo-consulta nº CFM 4.696/2002: Não deve o médico usuário de entorpecentes/psicotrópicos autoprescrever tais drogas.
Processo-consulta Cremec nº 573/2004: A utilização de carimbo de médico em receita é opcional, pois não há obrigatoriedade legal ou ética. O que se exige é a assinatura com identificação clara do profissional e o seu respectivo CRM.
Processo-consulta Cremerj nº 46/96: Orienta que em princípio qualquer ato médico deve ser acompanhado não só da assinatura como do registro do médico no CRM; que sempre que possível o uso do carimbo é aconselhável em todos os atos; que no caso de prescrição de medicamentos controlados faz-se indispensável ou o uso do carimbo ou o uso de impressos em que conste a inscrição do médico no CRM; que na impossibilidade ocasional do uso do carimbo a assinatura pode ser acompanhada nas folhas de evolução, prescrição e de exames complementares do número do registro do médico no CRM.
Processo-consulta Cremesp nº 38.438/12: Desde que o médico seja identificável através de seu número de registro no CRM não há exigência, nem forma legal prescrita, para elaboração de carimbo.
Manual de orientações básicas para prescrição médica do CRM-PB/CFM:  A alínea “C” do artigo 35 da Lei 5.991/73 (Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências), determina que somente será aviada a receita que contiver a data e assinatura do profissional, endereço do consultório ou da residência e o número de inscrição no respectivo CRM.
Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, considerando a convenção única sobre entorpecentes de 1961, a convenção sobre substâncias psicotrópicas de 1971, a convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas de 1988, entre outros decretos, leis e resoluções sobre a matéria: aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, alínea “H” do artigo 36: “assinatura do prescritor: quando os dados do profissional estiverem devidamente impressos no campo do emitente, este poderá apenas assinar a notificação de receita. No caso de o profissional pertencer a uma instituição ou estabelecimento hospitalar, deverá identificar a assinatura com carimbo, constando a inscrição no Conselho Regional, ou manualmente, de forma legível”;
§2º artigo 40: “Para o recebimento do talonário, o profissional ou o portador deverá estar munido do respectivo carimbo, que será aposto na presença da Autoridade Sanitária, em todas as folhas do talonário no campo “Identificação do Emitente”.
§2º do artigo 55:“Em caso de emergência, poderá ser aviada ou dispensada a receita de medicamento a base de substâncias constantes das listas “C1” (outras substâncias sujeitas a controle especial) deste Regulamento Técnico e de suas atualizações, em  papel não privativo do profissional ou da instituição, contendo obrigatoriamente: o diagnóstico ou CID, a justificativa do caráter emergencial do atendimento, data, inscrição no Conselho Regional e assinatura devidamente identificada. O estabelecimento que aviar ou dispensar a referida receita deverá anotar a identificação do comprador e apresentá-la à Autoridade Sanitária do Estado,
Município ou Distrito Federal, dentro de 72 (setenta e duas) horas, para visto”. Entretanto, entendemos que não se aplica a colocação do código da Classificação Internacional de Doenças (CID), tendo em vista a farta jurisprudência com respeito à proteção do sigilo médico.

DA CONCLUSÃO
Como pode-se observar, não há vedação expressa em nenhum dos pareceres, leis e documentos apontados com relação à prescrição para o próprio prescritor, exceto no caso de autoprescrição de substâncias entorpecentes e psicotrópicos, conforme disposto no art. 21 do Decreto-lei nº 20.931/3. Aceitar a carteira de identidade médica como forma de confirmar a legitimidade na identificação do médico é louvável e cumpre o papel fiscalizador orientado na norma da Anvisa. 
O uso obrigatório do carimbo assinalado na Portaria nº 344/98 só se dá no § 2º do art. 40 para recebimento do talonário para prescrição de medicamentos e substâncias das listas A1 e A2 (entorpecentes) e A3 (psicotrópicos).  Este é o parecer, SMJ.
Brasília-DF, 31 de janeiro de 2014
PEDRO EDUARDO NADER FERREIRA - Conselheiro relator
Fonte: http://academiamedica.com.br/sim-o-medico-pode-prescrever-sem-carimbo/

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

20 de janeiro, dia do farmacêutico e de um abraço!

Dia 20 de janeiro é dia do farmacêutico. Para você, que não exerce tal profissão, quero sugerir algo sobre como se portar caso encontre uma farmacêutica ou farmacêutico hoje. Muitos estão te lembrando que o farmacêutico é um profissional de saúde, fundamental para sua vida. Também estão lembrando que, em caso de ter que ir a uma farmácia, procure sempre esse profissional. Falam que em caso de dúvidas sobre o uso correto de medicamentos, o profissional farmacêutico estará lá. Enfim, para dicas de saúde, orientação sobre o uso de medicamentos, falar sobre seus problemas....procure um farmacêutico. Este humilde blog gostaria de sugerir algo diferente: tendo problema ou não, entre em uma farmácia e pergunte pelo profissional farmacêutico. Ao encontrá-lo, não pergunte nada...apenas abrace-o. Sabe aquele abraço que damos nos entes queridos nas noites de natal ou nas festas de família? Aquele abraço que damos em um amigo, seguido de um leve beijo na face? Aquele abraço que nos faz, carinhosamente, passar as mãos nas costas  dele ou dela? Pois é, neste 20 de janeiro saia de casa, entre em uma farmácia, drogaria, hospital, distribuidora, unidade básica de saúde e procure pelo farmacêutico para simplesmente dar um abraço.
É isso, fica a dica. E deste Blog, um forte abraço aos colegas farmacêuticos. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Capacitação em Assistência Farmacêutica com o uso da simulação realística

Capacitação em Assistência Farmacêutica para Profissionais do Sistema Único De Saúde (SUS) - Com o Uso da Simulação Realística


O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS), por meio deste CONVITE, apresenta as normas gerais para o processo de inscrição de candidatos à "CAPACITAÇÃO EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA PROFISSIONAIS DO SUS - COM O USO DA SIMULAÇÃO REALÍSTICA", para 2016.
O curso é ofertado na modalidade EAD e presencial, em parceria com o Centro de Simulação Realística do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, com apoio da Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF) e Sociedade Brasileira da Farmácia Hospitalar (SBRAFH), realizado no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), conforme segue: 

1. Objetivos
Os objetivos da capacitação são fornecer subsídios para o gerenciamento do sistema e dos processos de administração de fármacos aos pacientes, bem como para a análise dos processos de qualidade e segurança na administração de fármacos aos pacientes, em ambiente hospitalar. A capacitação empregará a “Simulação Realística”, uma metodologia de treinamento inovadora, que, por meio de cenários de vivências práticas, replica experiências da vida real e favorece um ambiente participativo e de interatividade.

2. Carga Horária
A carga horária será de 16 horas, sendo 08 horas em formato de Ensino a Distância (EAD) e 08 horas de simulação realística integralizada em um dia de atividade presencial no Centro de Simulação Realística do Hospital Albert Einstein.

3. Público Alvo
Farmacêuticos de hospitais públicos e filantrópicos, serviços de urgência e emergência públicos e filantrópicos, serviços de oncologia públicos e filantrópicos e serviços de atenção psicossocial públicos e filantrópicos, e farmacêuticos docentes de instituições públicas de ensino superior.

4. Distribuição das vagas
Em 2016 serão ofertadas 640 vagas, em 16 edições, com 40 (quarenta) farmacêuticos em cada edição.

5. Inscrição
5.1 Período: 
O período de inscrição será de  18 de dezembro de 2015 a 22 de janeiro de 2016.
5.2 Procedimentos: 
Cada candidato deverá efetivar a sua inscrição via internet, no período informado no item 5.1, por meio do preenchimento da ficha de inscrição (clique aqui), e deverá anexar cópia digitalizada dos documentos citados no item 5.3.
5.3 Documentação exigida: 
a) Carteira de identidade e CPF; 
b) Diploma de graduação (frente e verso); 
c) Declaração de ciência, concordância e liberação para a participação do(a) candidato(a) na capacitação, assinada pelo dirigente da Instituição/Unidade Acadêmica/ Órgão (modelo: clique aqui); 
d) Currículo resumido em, no máximo, duas páginas, especificando área de atuação dentro da instituição.

6. Seleção
Os critérios de seleção serão: 
a) Análise da ficha de inscrição;
b) Análise dos documentos solicitados no item 5.3; 
c) Ordem de inscrição.

7. Resultados da seleção
O DAF/SCTIE/MS responsabilizar-se-á pela seleção e comunicação aos candidatos sobre o status da inscrição (atendida ou não), via site www.saude.gov.br/daf e e-mail.

8. Local de realização e Cronograma
A etapa presencial da capacitação ocorrerá no Centro de Simulação Realística do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, na cidade de São Paulo. As datas das edições do curso serão divulgadas oportunamente.

9. Disposições Gerais
9.1 É de inteira responsabilidade do(a) candidato(a) manter os seus dados cadastrais atualizados.
9.2 Os casos omissos e as situações não previstas serão resolvidos pela Comissão Técnica, composta por representantes do DAF/SCTIE/MS.
9.3 Para os participantes provenientes do Estado de SP receberão o voucher com dados sobre passagem e hospedagem se a distância da cidade de origem para a capital for de 300 km. Para os participantes provenientes da cidade de São Paulo não haverá a cobertura das despesas de transporte e hospedagem.
9.4 Para os participantes provenientes de outras localidades haverá a cobertura do transporte aéreo, hospedagem, alimentação no curso e traslados do hotel até o local do evento e do local do evento ao aeroporto.
9.5 Todos os participantes terão disponibilidade de alimentação no curso.
9.6 Será emitido o certificado de participação com 75% de presença da carga horária do curso EAD e 75% de presença da carga horária do curso presencial.
9.7 Somente os participantes que finalizarem a etapa EAD estarão habilitados para participação na etapa presencial de simulação realística.
9.8 Após o recebimento da confirmação da passagem aérea e da hospedagem, caso o profissional cancele a sua participação, deverá encaminhar justificativa para o e-mailproadi_daf@saude.gov.br. Este poderá ser remanejado para outra edição do curso, mas, neste caso, os custos de transporte aéreo, hospedagem, e traslados serão de responsabilidade do candidato ou da entidade que pertence.

10. Informações
Informações adicionais sobre o curso por meio do correio eletrônico: proadi_daf@saude.gov.br.

Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/277-sctie-raiz/daf-raiz/ceaf-sctie/qualifarsus-raiz/eixo-educacao/l2-eixo-educacao/17784

Programa orienta pacientes da rede pública para o uso correto de medicamentos.


Do site BEM PARANÁ


Estudos nacionais e internacionais estimam que, a cada 100 pessoas acolhidas em serviços de urgência e emergência, de 30 a 40 procuram atendimento devido ao uso incorreto de medicamentos. Para mudar essa realidade, Curitiba está capacitando profissionais da área farmacêutica que atuam na rede municipal de saúde e, por meio deles, reforçando a orientação aos pacientes sobre aspectos como a dose correta, os horários mais adequados para ingerir o medicamento e até a forma de armazenamento. Só este ano já foram realizadas 2.288 consultas farmacêuticas.
A iniciativa faz parte de um programa federal para qualificar o serviço farmacêutico nos equipamentos de saúde, que teve início em Curitiba em abril do ano passado. Hoje, o Programa de Qualificação dos Serviços Farmacêuticos (QualifarSUS) está em andamento na capital paranaense.
Faz parte da iniciativa identificar pacientes que tenham dificuldades no uso medicamentos para que sejam orientados pelos farmacêuticos dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf). “Os profissionais avaliam a real necessidade de consumir esses remédios e evitar sobredoses, já que alguns medicamentos interagem entre si ou com alimentos. É uma nova forma de o farmacêutico aplicar seus conhecimentos na rede do SUS e se aproximar dos pacientes”, afirma a coordenadora de Atenção Farmacêutica da Secretaria Municipal de Curitiba, Beatriz Patriota.
Além de avaliar os medicamentos usados e orientar sobre horários e armazenagem, os profissionais também contribuem com a logística, o controle e a distribuição dos fármacos na rede da Secretria. Na segunda etapa do projeto, iniciada em maio de 2015, o serviço está sendo expandido para as nove unidades de pronto atendimento (UPAs), centros de atendimentos psicossocial (Caps), Maternidade Bairro Novo e centros de especialidades médicas do município, como o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA).
“Neste momento, nossos profissionais já estão capacitados e a assistência farmacêutica tem sido feita em toda a rede de atenção básica. Agora, queremos impactar a vida de pessoas que procuram atendimento em outros serviços de saúde, como os de urgência e emergência”, diz Beatriz. Diante de estudo publicado na revista científica internacional Pharmacotherapy, a coordenadora conta que o atendimento e o internamento de 70% dos pacientes que procuram ajuda nos serviços de pronto atendimento por problemas relacionados com medicamentos poderiam ser evitados. A partir dessa informação, estima-se que a economia ao Município giraria em torno de R$ 10,8 milhões caso esses atendimentos não fossem necessários.
Resultados
Desde que o projeto teve início na capital paranaense, em abril de 2014, 4.998 consultas farmacêuticas foram realizadas em unidades básicas de saúde (2.710 em 2014 e 2.288 até o fim de julho de 2015). Os atendimentos de 2014 triplicaram comparados aos 868 registros de 2013. Em relação a 2012 (quando foram realizadas 439 consultas), o número é seis vezes maior. A maior parte dos pacientes tem quadros clínicos de hipertensão, diabetes (tipo 2), dislipidemia e obesidade e faz uso, em média, de sete medicamentos.
“Temos tido um excelente retorno por parte das equipes. O envolvimento dos farmacêuticos nesse processo é muito importante. Esses profissionais têm se dedicado muito a esse novo modelo de atendimento. Eles são valorizados, assim como o conhecimento que têm e a formação que receberam. A intenção é de que a nossa rede atinja a marca de 3,5 mil consultas farmacêuticas nas unidades básicas de saúde neste ano”, afirma o secretário municipal da Saúde, César Monte Serrat Titton.
No primeiro ano de atividades, praticamente todos os usuários atendidos (99%) apresentavam algum problema relacionado ao uso de medicamentos. Outros dados mostram que 89% tinham algum tipo de dificuldade para controlar o consumo dos fármacos, 82% relataram problema de adesão ao tratamento indicado, 47% não possuíam tratamento efetivo, 54% omitiam doses dos medicamentos indicados, 34,2% desistiam do tratamento por conta própria e 32,8% não respeitavam o horário da medicação.
Dez medicamentos
A aposentada Maria Tereza do Nascimento, de 60 anos, e a dona de casa Araci Farias Garcia, 57 anos, têm sido acompanhadas pela farmacêutica Marina Yoshie Miyamoto na Unidade de Saúde Solitude, no bairro Cajuru. Maria Tereza toma diariamente dez medicamentos para controlar o colesterol, a hipertensão e o diabetes. Um dos remédios só passou a fazer o efeito esperado depois que ela passou a ingeri-lo em jejum, orientação que obteve com a consulta farmacêutica. “A gente vê que eles se preocupam com a nossa saúde. É um cuidado melhor”, conta a aposentada.
Já Araci faz uso de cinco medicamentos diferentes. “Acho que dá mais de dez comprimidos por dia e, às vezes, esqueço de tomar algum. É importante ter esse acompanhamento porque a gente não se dá conta da doença que tem. Não é tão simples tomar os medicamentos”, afirma Araci, que trata diabetes e hipertensão. “Grande parte das pessoas não sabe a importância de de controlar a doença e tomar os medicamentos nos horários certos. O tratamento pode não ter efeito”, diz Marina.
A farmacêutica do Nasf ainda destaca a valorização do profissional a partir desse novo modelo de serviço. Há sete anos na rede de saúde, a primeira consulta farmacêutica que fez foi no ano passado. “A gente sente que faz mais parte da equipe para fazer o cuidado integral do paciente. São outras responsabilidades, mas nos sentimos mais valorizados e é muito gratificante ver que estamos fazendo a diferença na vida dos pacientes”, afirma Marina, que atende em quatro unidades de saúde, somando cerca de 80 consultas farmacêuticas por mês.
Exemplo
A experiência de Curitiba no QualifarSUS está retratada nos cadernos da série “Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica”, que teve o quarto volume lançado pelo Ministério da Saúde em fevereiro deste ano. O programa federal foi instituído em 2012 pelo Ministério da Saúde e está estruturado em quatro eixos: estrutura, educação, informação e cuidado. Curitiba deu espaço a um projeto-piloto que contemplou principalmente o eixo do cuidado e os resultados obtidos servirão de exemplo para que a iniciativa seja reproduzida em outros municípios brasileiros.
Neste momento, a estratégia de qualificação da assistência farmacêutica está em curso em Recife (PE), Betim (MG) e Lagoa Santa (MG). “Não adianta ofertar o medicamento se a população não faz o uso correto e não tem a efetividade para o tratamento”, afirma o secretário nacional de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Adriano Massuda.
Para o QualifarSUS ser implantado em Curitiba, foram investidos R$ 870 mil em recursos federais.
Fonte: https://www.bemparana.com.br/noticia/407027/programa-orienta-pacientes-da-rede-publica-para-o-uso-correto-de-medicamentos