sábado, 10 de dezembro de 2011

Carta aprovada na plenária final da 14a Conf. Nac. Saúde.

CARTA DA 14ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE À SOCIEDADE BRASILEIRA

Todos usam o SUS: SUS na Seguridade Social! Política Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro.

Acesso e Acolhimento com Qualidade: um desafio para o SUS

Nestes cinco dias da etapa nacional da 14ª Conferência Nacional de Saúde reunimos 2.937 delegados e 491 convidados, representantes de 4.375 Conferências Municipais e 27 Conferências Estaduais.

Somos aqueles que defendem o Sistema Único de Saúde como patrimônio do povo brasileiro.

Punhos cerrados e palmas! Cenhos franzidos e sorrisos!

Nossos mais fortes sentimentos se expressam em defesa do Sistema Único de Saúde.

Defendemos intransigentemente um SUS Universal, integral, equânime, descentralizado e estruturado no controle social.

Os compromissos desta Conferência foram traçados para garantir a qualidade de vida de todos e todas.

A Saúde é constitucionalmente assegurada ao povo brasileiro como direito de todos e dever do Estado. A Saúde integra as políticas de Seguridade Social, conforme estabelecido na Constituição Brasileira, e necessita ser fortalecida como política de proteção social no País.

Os princípios e as diretrizes do SUS – de descentralização, atenção integral e participação da comunidade – continuam a mobilizar cada ação de usuários, trabalhadores, gestores e prestadores do SUS.

Construímos o SUS tendo como orientação a universalidade, a integralidade, a igualdade e a equidade no acesso às ações e aos serviços de saúde.

O SUS, como previsto na Constituição e na legislação vigente é um modelo de reforma democrática do Estado brasileiro. É necessário transformarmos o SUS previsto na Constituição em um SUS real.

São os princípios da solidariedade e do respeito aos direitos humanos fundamentais que garantirão esse percurso que já é nosso curso nos últimos 30 anos em que atores sociais militantes do SUS, como os usuários, os trabalhadores, os gestores e os prestadores, exercem papel fundamental na construção do SUS.

A ordenação das ações políticas e econômicas deve garantir os direitos sociais, a universalização das políticas sociais e o respeito às diversidades etnicorracial, geracional, de gênero e regional. Defendemos, assim, o desenvolvimento sustentável e um projeto de Nação baseado na soberania, no crescimento sustentado da economia e no fortalecimento da base produtiva e tecnológica para diminuir a dependência externa.

A valorização do trabalho, a redistribuição da renda e a consolidação da democracia caminham em consonância com este projeto de desenvolvimento, garantindo os direitos constitucionais à alimentação adequada, ao emprego, à moradia, à educação, ao acesso à terra, ao saneamento, ao esporte e lazer, à cultura, à segurança pública, à segurança alimentar e nutricional integradas às políticas de saúde.

Queremos implantar e ampliar as Políticas de Promoção da Equidade para reduzir as condições desiguais a que são submetidas as mulheres, crianças, idosos, a população negra e a população indígena, as comunidades quilombolas, as populações do campo e da floresta, ribeirinha, a população LGBT, a população cigana, as pessoas em situação de rua, as pessoas com deficiência e patologias e necessidades alimentares especiais.

As políticas de promoção da saúde devem ser organizadas com base no território com participação inter-setorial articulando a vigilância em saúde com a Atenção Básica e devem ser financiadas de forma tripartite pelas três esferas de governo para que sejam superadas as iniqüidades e as especificidades regionais do País.

Defendemos que a Atenção Básica seja ordenadora da rede de saúde, caracterizando-se pela resolutividade e pelo acesso e acolhimento com qualidade em tempo adequado e com civilidade.

A importância da efetivação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, a garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, além da garantia de atenção à mulher em situação de violência, contribuirão para a redução da mortalidade materna e neonatal, o combate ao câncer de colo uterino e de mama e uma vida com dignidade e saúde em todas as fases de vida.

A implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra deve estar voltada para o entendimento de que o racismo é um dos determinantes das condições de saúde. Que as Políticas de Atenção Integral à Saúde das Populações do Campo e da Floresta e da População LGBT, recentemente pactuadas e formalizadas, se tornem instrumentos que contribuam para a garantia do direito, da promoção da igualdade e da qualidade de vida dessas populações, superando todas as formas de discriminação e exclusão da cidadania, e transformando o campo e a cidade em lugar de produção da saúde. Para garantir o acesso às ações e serviços de saúde, com qualidade e respeito às populações indígenas, defendemos o fortalecimento do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. A Vigilância em Saúde do Trabalhador deve se viabilizar por meio da integração entre a Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e as Vigilâncias em Saúde Estaduais e Municipais. Buscamos o desenvolvimento de um indicador universal de acidentes de trabalho que se incorpore aos sistemas de informação do SUS. Defendemos o fortalecimento da Política Nacional de Saúde Mental e Álcool e outras drogas, alinhados aos preceitos da Reforma Psiquiátrica antimanicomial brasileira e coerente com as deliberações da IV Conferência Nacional de Saúde Mental.

Em relação ao financiamento do SUS é preciso aprovar a regulamentação da Emenda Constitucional 29. A União deve destinar 10% da sua receita corrente bruta para a saúde, sem incidência da Desvinculação de Recursos da União (DRU), que permita ao Governo Federal a redistribuição de 20% de suas receitas para outras despesas. Defendemos a eliminação de todas as formas de subsídios públicos à comercialização de planos e seguros privados de saúde e de insumos, bem como o aprimoramento de mecanismos, normas e/ou portarias para o ressarcimento imediato ao SUS por serviços a usuários da saúde suplementar. Além disso, é necessário manter a redução da taxa de juros, criar novas fontes de recursos, aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a saúde, tributar as grandes riquezas, fortunas e latifúndios, tributar o tabaco e as bebidas alcoólicas, taxar a movimentação interbancária, instituir um percentual dos royalties do petróleo e da mineração para a saúde e garantir um percentual do lucro das empresas automobilísticas.

Defendemos a gestão 100% SUS, sem privatização: sistema único e comando único, sem “dupla-porta”, contra a terceirização da gestão e com controle social amplo. A gestão deve ser pública e a regulação de suas ações e serviços deve ser 100% estatal, para qualquer prestador de serviços ou parceiros. Precisamos contribuir para a construção do marco legal para as relações do Estado com o terceiro setor. Defendemos a profissionalização das direções, assegurando autonomia administrativa aos hospitais vinculados ao SUS, contratualizando metas para as equipes e unidades de saúde. Defendemos a exclusão dos gastos com a folha de pessoal da Saúde e da Educação do limite estabelecido para as Prefeituras, Estados, Distrito Federal e União pela Lei de Responsabilidade Fiscal e lutamos pela aprovação da Lei de Responsabilidade Sanitária.

Para fortalecer a Política de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde é estratégico promover a valorização dos trabalhadores e trabalhadoras em saúde, investir na educação permanente e formação profissional de acordo com as necessidades de saúde da população, garantir salários dignos e carreira definida de acordo com as diretrizes da Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS, assim como, realizar concurso ou seleção pública com vínculos que respeitem a legislação trabalhista. e assegurem condições adequadas de trabalho, implantando a Política de Promoção da Saúde do Trabalhador do SUS.

Visando fortalecer a política de democratização das relações de trabalho e fixação de profissionais, defendemos a implantação das Mesas Municipais e Estaduais de Negociação do SUS, assim como os protocolos da Mesa Nacional de Negociação Permanente em especial o de Diretrizes Nacionais da Carreira Multiprofissional da Saúde e o da Política de Desprecarização. O Plano de Cargos, Carreiras e Salários no âmbito municipal/regional deve ter como base as necessidades loco-regionais, com contrapartida dos Estados e da União.

Defendemos a adoção da carga horária máxima de 30 horas semanais para a enfermagem e para todas as categorias profissionais que compõem o SUS, sem redução de salário, visando cuidados mais seguros e de qualidade aos usuários. Apoiamos ainda a regulamentação do piso salarial dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes de Controle de Endemias (ACE), Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN) com financiamento tripartite.

Para ampliar a atuação dos profissionais de saúde no SUS, em especial na Atenção Básica, buscamos a valorização das Residências Médicas e Multiprofissionais, assim como implementar o Serviço Civil para os profissionais da área da saúde. A revisão e reestruturação curricular das profissões da área da saúde devem estar articuladas com a regulação, a fiscalização da qualidade e a criação de novos cursos, de acordo com as necessidades sociais da população e do SUS no território.

O esforço de garantir e ampliar a participação da sociedade brasileira, sobretudo dos segmentos mais excluídos, foi determinante para dar maior legitimidade à 14ª Conferência Nacional de Saúde. Este esforço deve ser estendido de forma permanente, pois ainda há desigualdades de acesso e de participação de importantes segmentos populacionais no SUS.

Há ainda a incompreensão entre alguns gestores para com a participação da comunidade garantida na Constituição Cidadã e o papel deliberativo dos conselhos traduzidos na Lei nº 8.142/90. Superar esse impasse é uma tarefa, mais do que um desafio.

A garantia do direito à saúde é, aqui, reafirmada com o compromisso pela implantação de todas as deliberações da 14ª Conferência Nacional de Saúde que orientará nossas ações nos próximos quatro anos reconhecendo a legitimidade daqueles que compõe os conselhos de saúde, fortalecendo o caráter deliberativo dos conselhos já conquistado em lei e que precisa ser assumido com precisão e compromisso na prática em todas as esferas de governo, pelos gestores e prestadores, pelos trabalhadores e pelos usuários.

Somos cidadãs e cidadãos que não deixam para o dia seguinte o que é necessário fazer no dia de hoje. Somos fortes, somos SUS.

 
PLENARIA FINAL DA 14ª CNS
Brasília, 4 de dezembro de 2011


sábado, 3 de dezembro de 2011

Assistência Farmacêutica na 14a Conferência Nacional de Saúde.

Estamos em plena 14a Conferência Nacional de Saúde - CNS. Propostas foram apresentadas nos diversos municípios, que chegaram às Conferências Estaduais de Saúde. Algumas delas chegaram na Conferência Nacional de Saúde. Nos dias 02 e 03/12, os 17 grupos de trabalho constituídos na Conferência Nacional apreciarão tais propostas. Algumas delas referem-se ao profissional farmacêutico de forma direta ou indireta. No dia 04/12, último dia da CNS, serão votadas as propostas que constarão no relatório final da referida conferência. Abaixo, destaco as propostas referetes à assistência farmacêutica, que constam do relatório consolidado que está sendo aprecidado pelos quase 4.000 delegados à Conferência Nacional de Saúde:

 - Revisar a Legislação que trata da transferência de recursos por Bloco de Financiamento, permitindo o remanejamento dos mesmos entre os Blocos: Assistência Farmacêutica, Vigilância em Saúde e Atenção Básica,de acordo com as necessidades locais.

- Ampliar os recursos para a Assistência Farmacêutica incluindo os fitoterápicos com financiamento das três esferas de governo de forma a garantir atendimento humanizado e digno aos usuários de medicamentos nas farmácias.

 - Adotar a carga horária máxima de 30h semanais para a enfermagem e para todas as categorias profissionais que compõem o Sistema Único de Saúde.

- Adotar política de ampliação para novos serviços de saúde nos municípios, reformulando as Portarias que dificultam a implantação de novas equipes de saúde da família e serviços como CAP´S, Farmácia Popular, NASF devido a limitação do quantitativo popularciona, ou seja, rever os critérios populacionais para descentralizar esses serviços para toda a população principalmente para Município de pequeno porte da Amazônia.

 - Ampliar os recursos para assistência farmacêutica incluindo os fitoterápicos com financiamento das três esferas de governo, de forma a garantir atendimento humanizado e digno aos usuários de medicamentos nas farmácias.

 - Implantar nos Municípios da Região Amazônica a Farmácia Popular, Serviço de Urgência e Emergência a fim de atender as Comunidades Ribeirinhas, do Campo e da Floresta.

 - Inserir o programa de Assistência Farmacêutica e acompanhamento farmacoterapêutico no SUS, realizado pelo farmacêutico como mecanismo de acompanhamento e avaliação da terapêutica, em particular em grupos de atenção especial à saúde, como idosos, crianças, pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas, infecto-contagiosas e transtornos mentais, visando ao uso racional de medicamentos.

 -  Modificar a equipe mínima da Estratégia de Saúde da Família, com a inclusão de novas categorias profissionais como: fisioterapeutas, educadores físicos, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, e agentes de endemias.

 - Ampliar a política de assistência farmacêutica compreendendo seus componentes: básico, estratégico e excepcional, revisando e ampliando o rol de medicamentos tanto nas farmácias públicas quanto no programa Farmácia Popular.

 -  Implantar a Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares no SUS, ofertando novas pratica integrativas e complementares nos serviços de atenção básica, considerando as praticas já existente e as articulações com os equipamentos e movimentos sociais do território.

 - Restringir a veiculação de propaganda de bebidas alcoólicas e medicamentos em todos os meios de comunicação, além de isentar ou reduzir os impostos na compra de medicamentos, veículos, equipamentos e insumos para a saúde (SUS).

 - Manter informações atualizadas para os usuários nas unidades de forma visível, constando escala de serviços e trabalho desta unidade, que contemplem fluxo e funcionamento, relação de medicamentos das farmácias da rede e divulgação das farmácias populares.

 - Criar mecanismo para que os municípios sejam ressarcidos das despesas originadas pela judicializacão, quando se referir a medicamentos ou procedimentos da responsabilidade do Estado e/ou do Ministério da Saúde.

- Divulgar nos principais meios de comunicação (rádio, tv, jornais locais) e nas próprias unidades de saúde (cartazes, banners, protocolos, informativos) sobre a localização, os fluxos e serviços disponíveis no SUS, o que é atenção básica, urgência, emergência e pronto atendimento, suas competências e atuação dos Conselhos de Saúde, Estratégia de Saúde da Família e outros programas federais, entre eles a farmácia popular.


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eventos para farmacêuticos ainda em 2011...

Marcadas audiências públicas sobre produtos derivados do tabaco


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza, no próximo dia 6 de dezembro, duas audiências públicas para debater a proibição do uso de aditivos e aromatizantes em produtos derivados do tabaco e a restrição da propaganda desses produtos nos pontos de venda. As audiências serão no Ginásio de Esportes Nilson Nelson, em Brasília (DF).

Com essa ação, a Agência cumpre a exigência judicial de realizar as audiências públicas em local com capacidade mínima pra mil pessoas. Inicialmente, as audiências públicas estavam marcadas para o dia 6 de outubro no Rio de Janeiro (RJ). Entretanto, decisão do desembargador Vilson Darós, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, suspendeu a realização das duas audiências.

Na ocasião, o pedido de cancelamento das audiências públicas foi feito pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco. A alegação do sindicato foi de que os locais escolhidos para realização da audiência pública eram inadequados por comportarem “apenas 200 lugares”.

Essas audiências fazem parte do processo de discussão entre Anvisa e sociedade sobre as consultas públicas 112 e 117/2010 da Agência. A primeira propõe a proibição de aditivos que conferem sabor doce, mentolado ou de especiarias aos produtos derivados do tabaco.

Já a CP 117/2010 prevê regras para a impressão das imagens de advertências sanitárias, para a restrição da propaganda aos pontos de venda e para a comercialização pela internet. “Com essas medidas pretendemos diminuir a atratividade desses produtos e impedir que jovens e adolescentes comecem a fumar”, defende o diretor da Anvisa Agenor Álvares.

A discussão relativa à CP 117/2010 será realizada às 9h e a apresentação da CP 112/2010 será às 15h. Os avisos relativos às audiências públicas foram publicados no Diário Oficial da União desta sexta-feira (18/11). Assim, a Agência cumpre outra exigência do desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que foi a de fixar a nova data para a realização das audiências públicas, com no mínimo 15 dias de antecedência da ocorrência das mesmas.


Evento no Rio Grande do Sul  tratrá de Resíduos Químicos

O Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul, realiza no dia 08 de dezembro, seminário sobre "Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias no Tratamento de Resíduos Químicos - Viabilizando Novas Oportunidades". O evento tem apoio da ANVISA. Para saber mais, acesse: http://www.sindifars.com.br/



 
 
 
III Prêmio Nacional de Incentivo ao Uso Racional de Medicamentos.
 
No dia 08 de dezembro, na OPAS, haverá a entrega dos prêmios para os vencedores do III Prêmio Nacional de Incentivo ao Uso Racional de Medicamentos.
Para saber mais visite: www.saude.gov.br/medicamentos
 
 
VI Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica
 
O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS) realiza, nos próximos dias 13 e 14 de dezembro, em Brasília, o VI Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica. O evento será realizado no Hotel San Marco, localizado no Setor Hoteleiro Sul, Quadra 05, Bloco C, telefone (61) 2103-8484. Clique aqui para ter acesso à relação de hotéis próximos. Na ocasião, serão debatidas as ações da Assistência Farmacêutica em um contexto das novas regulamentações do Sistema Único de Saúde (SUS). Para mais informações: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1000


 

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jornada de 30 horas para farmacêuticos "caminha" no Senado...

     Por vários momentos alguém questiona este humilde Blog: "Quando será votado o Projeto de Lei que estabelece 30 horas como jornada máxima para o profissional farmacêutico?". Essa é uma boa pergunta, pois os encaminhamentos do Congresso Nacional possuem em alguns momentos o seu caminho natural, mas na maioria das vezes são pautados os temas de interesse nacional. Não basta ficar em casa, por trás de seu computador, acreditando que a jornada máxima de trabalho de uma profissão será dada como natural para a sociedade. Se não houver mobilização nada acontecerá.
     É preciso lembrar que este Projeto de Lei (o qual já citei neste Blog...) não chegou onde chegou por um acaso. São anos de mobilização, visitas aos Senadores e Senadoras da República, argumentações e retóricas...enfim, faz tempo que alguns de nós participam diretamente deste processo. Destaca-se o papel desempenhado pela Federação Nacional dos Farmacêuticos - FENAFAR, que encampou uma campanha nacional sobre o tema. Visitou Estados, organizou eventos e se colocou como linha de frente da profissão, com participação de algumas entidades farmacêuticas, em torno desta luta.
     Como consequência destas ações em torno da Campanha, no dia 16 de novembro, foi aprovado o Requerimento n. 55/2011 de autoria da Senadora Lidice da Mata. Com base no art. 58, parágrago 2o, inciso II da Constituição Federal e com base no art. 93 do Regimento Interno do Senado Federal, a Senadora solicitou a realização de uma Audiência Pública com vistas a subsidiar o PLS (Projeto de Lei de autoria do Senado) n. 443/2009 que "Estabelecea duração máxima de jornada de trabalho do farmacêutico". Vale ressaltar que o pedido de Audiência Pública já havia sido solicitada pela FENAFAR  à alguns Senadores, desde a legislatura passad . Durante o último período, entidades farmacêuticas conseguiram estabelecer uma boa conexão com os parlamentares e obtiveram êxito na sensibilização de alguns em torno desta temática.
     Nesta Audiência, que ainda não tem data definida, estão sugeridas pela Exma. Senadora, a presença das seguintes entidades:

- Associação Brasileira de Redes de Farmácia -  ABRAFARMA.
- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA.
- FENAFAR.
- Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
- Conselho Federal de Farmácia - CFF

     Fico contente em saber que a Federação Nacional dos Farmacêuticos será uma das entidades presentes, pois com muita seriedade esta foi uma das forças da categoria em torno dessa luta, desde o início. Fica agora a tarefa de fazer com que este evento ocorra o quanto antes. O que fazer para contribuir com isso tudo? Sugiro visitarem o site http://www.fenafar.org.br/portal/campanha-30-horas.html e veja o que foi construído até o momento.



domingo, 20 de novembro de 2011

Farmacêuticos(as) foram atacados(as) na mídia. E os outros preconceitos?

Nesta semana os(as) farmacêuticos(as) foram tristemente supreendidos(as) com o episódio da série "A grande família" da Rede Globo, o qual tem sido amplamente repudiado por entidades farmacêuticas, em virtude de uma das personagens que, interpretando um farmacêutico, burlou as legislações vigentes e acabou por ser um incentivador da automedicação. Por mais que respeitemos a liberdade dos meios de comunicação e do direito de se fazer humor, o programa prestou um desserviço no que diz respeito ao cuidado que os profissionais farmacêuticos têm em relação ao uso racional de medicamentos e de certa forma desrespeitou aos profissionais que têm no medicamento a visão de que estes são instrumentos de saúde. Não é a primeira vez em que isso acontece, por isso, devemos nos manifestar não apenas contra um dos canais de comunicação, mas contra todos os movimentos que primam por transformar os medicamentos em meros bens de consumo.
Nesta mesma semana (para ser mais exato, no dia de hoje) comemora-se o dia da consciência negra,  data  estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Esse é um dos dias no qual devemos nos lembrar da necessidade de combatermos os preconceitos raciais e a todos os outros preconceitos existentes.
Ontem ouvi de uma colega farmacêutica a descrição de 24 horas na vida de um farmacêutico que deveria nos fazer pensar...
"M.P.P.M, farmacêutico, acordou por volta das 8 horas da quinta-feira, 17/11. Tomou seu banho, arrumou-se, tomou uma xícara de café e partiu para seu local de trabalho. Pegou um ônibus lotado, irritou-se com o trânsito. Conseguiu, mais uma vez, chegar no horário no hospital, onde trabalha com a dispensação de medicamentos. Não foi um dia diferente dos demais. Discutiu com outros profissionais que não respeitavam seu papel frente a farmácia do hospital, foi criticado por pacientes inconformados,  que não encontraram seus medicamentos e acabou entrando em conflito com sua chefia por conta de novos projetos que ele apresentou, que poderiam melhorar a sua atividade, mas não encontrou apoio algum.
Às 12 horas saiu para o almoço. Comeu mal, pois os sentimentos ainda lhe afloravam e ele estava descontente com a primeira metade do seu dia. Voltou ao trabalho e as coisas não foram diferentes, agravadas por uma discussão com o setor de compras que não havia providenciado o seu pedido de aquisição de medicamentos para que estes não faltassem. Participou ainda de uma reunião da Comissão de Farmácia e Terapêutica que lhe fez pensar o quanto ainda se deve avançar para o efetivo desempenho da equipe multiprofissional, na busca da solução dos problemas dos pacientes.
O relógio apontava que o dia chegava nas suas 18 horas de duaração. Arrumou sua coisas e partiu para o ponto de ônibus, para mais uma jornada de retorno para sua casa. Viagem difícil. Abriu a porta de seu apartamento já tirando seus sapatos. Foi para a cozinha, abriu seu freezer, retirou uma lasanhha congelada e a depositou no microondas, acionando o botão para o tempo de preparação sugerido na caixa do condimento. Tomou seu banho, colocou a lasanha num prato e foi para a frente da TV assistir algo que o fizesse relaxar. Ligou na TV Globo e assistiu a série "A Grande Família". Ficou nervoso com o desrespeito com sua categoria profissional. Mal conseguiu jantar pois tinha que manifestar sua ira nas redes sociais. Entrou no twitter e no facebook. Bradou contra a Globo, ao mesmo tempo em que mudara de canal em repúdio. Pediu manifestação por parte das entidades farmacêuticas, lançou a campanha de que se assistisse outros canais de TV, menos o que houvera atacado sua profissão. Reclamou, nas redes, até às 23:30h. Desligou seu computador com uma certa tranquilidade pois sua revolta havia sido manifestada. Entendeu-se como um revolucionário. Havia cumprido seu papel de defensor da profissão que havia escolhido. Seu papel estava cumprido.
Acordou nas 8 horas do dia 18/11. Após o banho e sua xícara de café partiu para o emprego. Ainda irritado comentou sua noite com alguns amigos que havia encontrado na entrada de seu hospital. Partiu diretamente para a sala de café e começou a narrar sua indignação. Reclamou da Globo e do seu salário. Uma das frases soltas em seu momento de indiganção foi: "A TV GLOBO denegriu a imagem do farmacêutico". Um pouco mais calmo passou a ouvir e contar piadas. A primeira, foi uma piada racista. A conversa continuou e passou a reclamar de sua tia que havia optado por participar de uma igreja evangélica. Criticou o ato. Ao rumar-se para seu local de trabalho ouviu a crítica de um dos seus chefes, homossexual assumido e pensou: "Esse mundo está perdido...eles ainda vão dominar o mundo". Chegando em sua farmácia, uma das atendentes criticou uma de suas deliberações encaminhadas no dia anterior. Mais uma vez pensou: "Ela tinha que estar lavando uma pia de louças ao invés de me criticar".
Sentou-se por um instante e se sentiu um herói: havia criticado a Globo, um homossexual e uma mulher. Estava indigando com o mundo."
Bom...que isso nos faça pensar. O quanto estamos preparados para enfrentar o preconceito? Não se baste por entrar nas redes sociais e defender sua profissão. Faça mais do que isso.Por fim, queria dizer, no dia da consciência negra:  nunca usem o termo "denegrir"...isso deve ser evitado pois exprime um certo ataque.
Sobre as outras formas de preconceitos...quem sabe no dia da mulher e do orgulho gay possamos falar sobre isso...