quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Barbano quer Anvisa mais ágil...

Deu no Valor Econômico

"Nascido em uma usina de açúcar no interior paulista, onde trabalhou como cortador de cana até os 15 anos, Dirceu Barbano, formado em Farmácia, dirige hoje uma das agências reguladoras com mais poder sobre milhares de empresas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ligado ao PT e um dos idealizadores do Farmácia Popular, Barbano tenta na Anvisa corrigir um dos maiores alvos de reclamações das empresas: a demora na aprovação dos pedidos de liberação de registros. Hoje, cigarros são liberados em menos de 90 dias, enquanto alguns remédios esperam mais de 24 meses. "Isso é uma coisa horrorosa. Não podemos pecar nisso". Com estrutura enxuta, a Anvisa deverá contratar neste ano cerca de 300 servidores para tentar reduzir alguns gargalos. 

Do canavial ao comando da Anvisa 

Dirceu Barbano nasceu dentro de uma usina de açúcar e álcool no interior paulista, em 1966. Neto de imigrantes italianos, seus pais se conheceram na Usina da Serra, instalada na região de São Carlos (SP), e por lá ficaram. Barbano já tinha um script de vida definido, assim como seus colegas da vila criada no entorno daquela usina, mas conseguiu mudar o enredo de sua história. "Dos nove até os 15 anos, cortei cana com meu avô. Estudava à noite e achava que minha vida seria aquilo. Um professor de literatura me fez acreditar que eu poderia sair dali. E saí", diz o hoje presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma das agências mais poderosas do país. "Foi muito difícil deixar a casa dos meus pais. Tinha 19 anos em 1985, quando entrei na faculdade. Chorei porque achava que não voltaria. E, de fato, não voltei."

Quase 30 anos depois, Barbano olha para trás e não se arrepende de sua trajetória. Depois que concluiu a faculdade de Farmácia, na PUC de Campinas, em 1989, deu aula por dez anos. Foi secretário de Saúde nas cidades Ibaté e São Carlos, ambas no interior paulista, e um dos idealizadores do programa federal Farmácia Popular, no início dos anos 2000. Na Anvisa desde 2008, tem aprendido a lidar com adversidades quase que diárias. Sob sua coordenação desde 2011, a agência passa, neste momento, por importante mudanças que poderão dar maior agilidade na liberação de registros de produtos, sobretudo medicamentos, alimentos e bebidas, que enfrentam fila de até dois anos, no caso de alguns remédios. Alvo de críticas, a agência sanitária está para definir uma medida que tornará obrigatória a apresentação de receita nas farmácias para a compra de medicamentos com tarja vermelha, a exemplo do que já acontece com os antibióticos desde 2011.

Barbano traçou metas ambiciosas para 2014. Ele promete desburocratizar boa parte da estrutura da agência, considerada engessada pelas indústrias, e acelerar a liberação de registros. Atualmente, só para se ter uma ideia, cigarros são liberados em menos de 90 dias, enquanto alguns medicamentos amargam mais de 24 meses na fila. "Não podemos demorar mais para registrar um medicamento que trata um câncer, por exemplo, do que um cigarro que causa a doença. Isso é uma coisa horrorosa. Não podemos pecar nisso. Queremos reduzir prazo de liberação de medicamentos para nove meses. Hoje, gira de um ano e oito meses a dois anos. Os novos, de dez meses a um ano [as indústrias questionam esses dados]. Genéricos e similares demoram mais. Não pode. Se for genérico novo, é prioridade."
No caso dos alimentos e bebidas, o grande gargalo, segundo Barbano, são os alimentos funcionais. "É uma categoria nova e todos querem colocar no mercado. Nossa equipe está com prazo de 1,4 ano a 1,6 ano. Para outras categorias [como produtos de limpeza e cosméticos], de 90 a 180 dias."

Com uma estrutura enxuta, a Anvisa deverá contratar este ano cerca de 300 servidores, aumentando em 15% sua estrutura, com objetivo de reduzir parte de seus gargalos. O objetivo era que esses funcionários públicos começassem a trabalhar em setembro. Agora, a previsão é a partir de dezembro. É que foram detectadas irregularidades nas provas realizadas em junho, desde erro no gabarito até denúncias de vazamento de informações do concurso. "Tivemos problemas em quatro dos 107 locais onde as provas estavam sendo aplicadas. "Tivemos que cancelar [o concurso]. A prova vai ser repetida dia 4 de setembro".

Além de tentar resolver a escassez de mão de obra, a Anvisa também conseguiu nomear mais dois diretores, que vão complementar seus quadros de alto escalão e dar maior agilidade às demandas que chegam à agência - Renato Porto e Ivo Bucaresky (ver quadro abaixo).

Parte das medidas que estão sendo colocadas em prática, em um ritmo mais lento que o desejado, é reflexo de problemas enfrentados pela Anvisa entre 2011 e o ano passado. A agência se viu no olho do furacão após denúncias de irregularidades na liberação de registros de agrotóxicos, além de ter enfrentado uma longa greve de servidores públicos, que pararam portos, aeroportos e fronteiras, barrando a entrada de importantes produtos, como insumos para medicamentos. Mas a crise começou no fim de 2011, quando a agência teve de buscar uma resposta rápida no caso das próteses mamárias adulteradas, que foram importadas da França.

Das três recentes turbulências que enfrentou, Barbano diz que o caso dos implantes mamários foi um dos mais emblemáticos. "A angústia era a falta de informação. E nossa dúvida era se iríamos conseguir desempenhar o nosso papel. A resposta demorou quase um ano para aparecer. A questão foi resolvida e foi um aprendizado para a Anvisa. Quando a questão surgiu, foi uma confusão enorme. A França fechou a agência sanitária deles e criou uma outra. Tivemos de criar uma rede mundial de laboratórios, mandar amostras de lá para cá. Fizemos uma diretriz única, o que acalmou o anseio das pessoas, que buscavam informação. No fim, poucas precisaram trocar [as próteses] e aprendemos a lidar com a questão do implante. A regra está muito mais segura."

No caso da greve, a angústia maior era lidar com uma ação de captura da estrutura do Estado contra os servidores. "Como podemos viver no país onde se tem uma agência que diz que não pode ser capturada pelos políticos, pelo setor regulado, mas é capturada pelos servidores? Cada medida que tomávamos gerava um movimento agudo do servidor. Foi um embate completamente fora de propósito. A Anvisa não pode parar, ela é essencial. Foi um sentimento de impotência."

Segundo Barbano, no episódio envolvendo a exoneração de dois funcionários na área de agrotóxico - Luiz Cláudio Meirelles, gerente desse segmento, que denunciou o colega, Ricardo Veloso, por irregularidades na liberação de produtos, sugere uma outra observação. "O quanto é negativo quando se tem grupos que se apropriam das estruturas para fazer a política regulatória que eles querem fazer. Era uma disputa de grupos internos, onde um denunciou o outro. Quando detectei isso, decidi que não queria isso na Anvisa, fiz uma auditoria que finalizou há pouco tempo o relatório e que indicou que eu tinha razão. Não foram só os seis processos que foram denunciados. Os dois foram exonerados."

Cria do Partido dos Trabalhadores, Barbano foi um dos responsáveis pela implantação do Programa Farmácia Popular. Com esse gabarito, ganhou força para entrar na Anvisa. "O governo estava criando o Farmácia Popular e precisava de uma pessoa para ir para o ministério [da Saúde] para coordenar o serviço na área farmacêutica. Minha ida para o governo federal ficou relacionada à implementação do programa. Foi no começo de 2004. A primeira parte desse programa foi lançada em 2005. A segunda parte, que inclui o copagamento "Aqui tem Farmácia Popular", foi lançado no início 2006."

Fundada em 1999, a agência sanitária ganhou uma nova dinâmica nesses últimos anos. A Anvisa mudou muito desde que foi criada? "Mudou. Os mercados regulados pela agência [alimentos, medicamento, cosmético, limpeza doméstica, cigarro, agrotóxico, portos, aeroportos e fronteiras, equipamentos] cresceram muito. Em nenhum deles o Brasil é o décimo mercado global. Em alguns, o Brasil é o primeiro, caso de agrotóxico, em outros, é o segundo, como cosméticos e produtos de limpeza. Até há dez anos, quando você tomava uma decisão sobre a rotulagem de produtos de limpeza doméstica, você estava falando de quatro ou cinco empresas, hoje são cerca de 3 mil. Há dez anos, no caso da indústria farmacêutica, você falava com as multinacionais e os laboratórios nacionais iam correr atrás. Hoje tem nacionais e multinacionais que jogam o mesmo jogo e disputam o mesmo espaço do mercado. O que mudou é que o processo de tomada de decisão não pode mais ser feito sem que a Anvisa esteja muito preparada para tomar cada uma das decisões. E essa preparação é a parte mais trabalhosa porque você define na diretoria colegiada qual é a política regulatória que vai desenvolver."
Barbano diz que a Anvisa está simplificando o marco de regulação "que virou um emaranhado de normas que, às vezes, é incompreensível até pelo sistema sanitário ou pelo técnico da própria Anvisa, que interpreta de um jeito e outro técnico, de outro jeito. Nesse processo de simplificar, qual é a grande questão que está sendo colocada? É ter a certeza de que a simplificação não vai tirar um pilar e que amanhã vai acontecer uma coisa com a vida das pessoas e a Anvisa será responsável pela decisão que tomou".

Nos últimos anos, a Anvisa tem trabalhado com sua estrutura bem enxuta. Dois de seus cinco diretores foram definidos recentemente. Barbano acumula funções e continuará assim. "Sou presidente e acumulo duas diretorias - a de registro e autorização e a diretoria de gestão. O presidente deverá acumular sempre uma diretoria, além da presidência, pela estrutura da agência", diz. A Anvisa é uma estrutura de 2,3 mil trabalhadores, com sede em Brasília e mais 80 pontos em portos, aeroportos e fronteiras pelo Brasil, cada um deles com no mínimo dois ou três servidores. Além de fazer regulação, faz vigilância e prestação de serviço.

Barbano deverá deixar o comando da agência em outubro de 2014 - data que já estava estabelecida quando assumiu o cargo. Ainda não sabe qual será o seu futuro. Embora seja filiado ao PT, o presidente da agência diz que não tem pretensões políticas. Pessoas próximas ao dirigente afirmam que a ambição de Barbano é ser nomeado para um alto cargo no Ministério da Saúde. "Brinco na Anvisa que o máximo que pode acontecer comigo é que eu volte a cortar cana. Vou entrar em crise porque agora a colheita não é manual. A mecanização tem tirado o emprego das pessoas nos canaviais."


Criado em uma família grande, com vários tios e primos, Barbano é o único dos quatro filhos com diploma universitário. Divorciado e pai de dois filhos, Barbano tenta não manter o mesmo ritmo puxado de trabalho que era acostumado no canavial. "Mais do que ter dado certo, eu consegui me livrar de uma vida que tinha um script definido. Hoje encontro os meninos que estudaram comigo na escola ou trabalharam na usina e grande parte deles continua lá até hoje."

Fonte do texto:
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MAIS MÉDICOS: Nota do Ministério da Saúde sobre o CFM

MAIS MÉDICOS: NOTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Do Blog da Saúde

6 de agosto de 2013 

"Sobre a nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina nesta terça-feira (6), o Ministério da Saúde esclarece que os dois casos de profissionais inscritos no Programa Mais Médicos citados no texto que teriam optado pelo interior e sido alocados em regiões metropolitanas, foram direcionados para regiões prioritárias do programa, ou seja, com maior escassez de médicos. Causa estranheza que o CFM tenha em sua nota indicado que esses profissionais desejassem por meio do programa atuar exatamente onde já trabalham como médicos, inclusive um deles sendo proprietário de clínica particular e outro já cadastrado como médico de Saúde da Família no município que ele solicitou, situação vedada pelo edital, além de ter outros vínculos na área hospitalar como especialista. A seleção desses profissionais foi criteriosa e de acordo com todas as regras do edital do Mais Médicos. O médico Dilvo Bibliazzi Júnior foi, inclusive, alocado no município de Itaparica (BA) em sua primeira opção dentre uma lista apontadas no sistema e respeitando as regras do programa. A cidade, que fica na região metropolitana de Salvador, está entre as prioritárias do programa e foi constatada carência de profissionais na atenção básica entre os critérios do Mais Médicos. O CFM diz que o médico Bibliazzi Júnior pretendia ficar em Canavieiras, cidade em que ele já possui registro no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) como médico de Saúde da Família deste município e tem vínculos como especialista de hospitais da região próxima. O município de Canavieiras, porém, não está entre os prioritários do programa, com maior escassez de profissional dentre os critérios da iniciativa. Em relação ao médico Giordano Bruno Souza dos Santos, o mesmo foi lotado em Macaíba (RN) pelo Mais Médicos, sua segunda opção entre uma lista de seis que deveriam ser apontadas por ele sistema do programa, e de acordo com o edital. Esse profissional colocou como primeira opção Monte Alegre, que não teve disponibilidade de vagas pelos critérios do programa. A cidade de Florânia (RN), no interior do estado, em que a nota do CFM diz ter sido a preferência deste profissional, não está entre as listadas como prioritárias pelos critérios de escassez de profissional na atenção básica. O médico Santos confirmou sua participação no Mais Médicos, realizando a homologação do município em que foi alocado. As cidades prioritárias do Mais Médicos reúnem as com 20% ou mais de sua população em situação de extrema pobreza, regiões metropolitanas e capitais, 100 cidades com mais de 80 mil habitantes de menor renda per capita e distritos sanitários especial indígenas e áreas com escassez de médicos. O programa Mais Médicos tem o objetivo de ampliar o atendimento na Atenção Básica, por isso os profissionais que participarão do programa só poderão ser inseridos em novas equipes de atenção básica ou naquelas em que há falta de médicos, dentre as cidades prioritárias com maior escassez destes profissionais".

Fonte: Blog da Saúde http://www.blog.saude.gov.br/nota-do-ministerio-da-saude/

sábado, 3 de agosto de 2013

Sambista João Nogueira: "Boteco do Arlindo"

Em tempos de estudo, procurava músicas para ajudar na concentração. Deparei-me com o lendário João Nogueira com "Boteco do Arlindo"...
Essa postagem é uma pequena homenagem ao grande sambista. 

Segue a letra da música "Boteco do Arlindo" de João Nogueira:

"Gripe cura com limão, jurubeba é pra azia
Do jeito que a coisa vai, o boteco do Arlindo vira drogaria 


O médico tava com medo que o meu figueiredo não andasse bem
Então receitou jurubeba, alcachofra e de quebra carqueja também
Embora fosse homeopatia a grana que eu tinha era só dois barão
Mas o Arlindo é pai d'égua, foi passando a régua, eu fiquei logobão


refrão...


Tem vinho pra conjuntivite, licor pra bronquite, cerveja prosrins
Assados e rabos-de-galo pra todos os males e todos os fins
O Juca chegou lá no Arlindo se desmilingüindo, querendo apagar
Tomou batida de jambo, recebeu o rango e botou pra quebrar


refrão...


Batida de erva-cidreira se der tremedeira ou palpitação
Pra quem tá doente do peito faz um grande efeito licor deagrião
E toda velhice se acaba se der catuaba prum velho tomar". 


Ouça a  música: 



Fontes: 
http://www.youtube.com/watch?v=WrM-96JbphM
http://letras.mus.br/joao-nogueira/46586/

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Eu acredito no SUS"




O vídeo acima foi feito pela farmacêutica Brunna. Teria muito por falar sobre essa menina., sobre meu orgulho dela e de quando a conheci...mas deixo o vídeo falar por ele mesmo!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O texto de um "anônimo"...

Recebi um texto pelo e-mail do blog (oblogdomarcoaurelio@gmail.com). O emitente não se identificou. Perguntei seu nome e ele não me respondeu. Abaixo, segue o texto recebido:


"Em  tempos de manifestações de "anônimos", meu nome não importa. Tenho um nome de batismo, mas construí um outro nome durante minha vida.

Meu nome é luta... luta por justiça social, luta pelos meus ideias, luta por um mundo melhor.

De cara limpa, não me escondi atrás de máscaras. Pintei-a com tintas, com ideologia, com vontade de mudança. Fui para as ruas porque tinha motivo, porque cria em algo maior... porque queria honrar meu nome. Queria lutar.

Fui armado sim, mas armado de ideias, de conteúdo, de vontade de mudança. Meu grito tinha sentido e teve eco. Meus ouvidos ouviam e respeitavam as argumentações contrárias. Com isso me armei com mais conteúdo e com retórica.

Fui desobediente em certa medida, mas respeitei a história porque a conhecia. Sabia diferenciar o antes do depois. Sabia o que havia sofrido e as mudanças, positivas, ocorridas. Com isso lutei, grite e me armei, fundamentado no reconhecimento que muito havia conquistado, mas queria conquistar mais.
Meu nome é responsabilidade.

Aliei-me, mas aos que queriam lutar como eu. Marchei junto aos que compreendiam o contexto histórico e sabiam que a vitória se faz com pequenas conquistas, sejam elas pontuais, menores do que ansiava...mas eram conquistas.

Meu nome é respeito.

Não estive junto com os que não sabiam reconhecer que o futuro, antes, era bem diferente do que teremos daqui para frente.

Não estive junto aos que bradavam por bradar, nem com os que, insanamente, tentavam andar ao meu lado, sem motivos. Estive com aqueles que não aceitavam, mas sabiam o porque. Estive com os que se incomodavam, mas que tinham clareza do motivo do incômodo.

Meu nome é esperança. Esperança de que “um outro mundo é possível”. Esperança de que outros dias, melhores ainda, virão. Não torço por eles...luto por eles. Faço por acontecer essa realidade que tanto espero...esperança.

Meu nome? Bem, meu nome é: milhões de brasileiros!"