"Paciente com diabetes no Brasil gasta R$ 5,9 mil por ano com tratamento"
Publicado no dia 16/11/2012 - Brasil Econômico
Jornalista: Érica Ribeiro (eribeiro@brasileconomico.com.br)
Gastos públicos com internações em 2011 foram de R$ 89,3 mi; no primeiro semestre de 2012, R$ 43,4 mi
Os caminhos para a prevenção do diabetes e o tratamento da doen ça estão mais eficazes, mas ainda há um longo caminho a percorrer. O Dia Mundial do Diabetes foi lembrado na última quarta feira e, segundo levantamento do Ministério da Saúde, houve uma estabilização decorrente do diabetes. O estudo mostrou que nos primeiros semestres dos anos de 2010 a 2012, a média de hospitalizações foi de 72 mil, número visto como um avanço pelo ministério por conta do crescimento do acesso a medicamentos gratuitos e ampliação dos cuidados de atenção básica no país. Um estudo da médica Luciana Bahia, do depar tamento de Farmacoeconomia da Sociedade Brasileira de Diabetes, chamado Escudi Estudo de Custos do Diabetes, aponta que o envelhecimento da população e o aumento do diabetes no mundo são algumas das causas do impac to econômico provocado pela doença, que, por sua vez, exige maior demanda por tratamento. Para o estudo, realizado em 2007, foram ouvidos mil pacientes adultos em oito cidades brasileiras, do ponto de vista do tratamento am bulatorial, ou seja, medicamentos, tiras reagentes, insulina, exa mes e consultas
"O dado per capita por ano era de
RS 2.900 em 2007 e, atua lizados para 2012, levando em conta a inflação no
período, verificamos que este custo subiu para RS 5.200 por ano por pessoa no
Brasil, tomando por base o atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS). Já no sistema
privado, o paciente gasta R$ 12 mil por ano por pessoa", explica Luciana
Bahia.
Ela ressalta que quando há complicações
decorrentes da doença, o gasto quase triplica no SUS. Em 2012, segundo
ela, o Ministério
da Saúde gastou só com insulina R$ 15 milhões.
"O programa de assistência ao
diabético na farmácia popular é grandioso. O Brasil é o maior comprador de
insulina do mundo. É uma doença que tem um alto impacto económi co, clínico e
social. O paciente morre mais cedo, se aposenta mais cedo e todos estes aconte
cimentos geram impactos eco- nômicose familiares", acrescen ta a médica.
A oferta de medicamentos gratuitos por
meio do programa Saúde Não Tem Preço começou em fevereiro de 2011. Desde o
início do programa, 4,1 milhões de pessoas foram beneficiadas com medicamentos
para trata mento do diabetes sem gastos. O ministério também levantou dados
sobre o custo com inter nações por diabetes, no período de 2010 ao primeiro
semestre de 2012. Somente com interna ções, os gastos públicos em 2010 foram de
R$ 83,2 milhões e, em 2011, R$ 89,3 milhões e nos seis primeiros meses de 2012,
os custos ficaram em RS 43,4 milhões. O ministério in formou que os gastos do
gover no federal com a doença não podem ser mensurados somente com esses
números, uma vez que há também um forte investi mento na Atenção Básica.
Segundo o presidente da Sociedade
Brasileira de Diabetes, Balduíno Tschiedel, o Brasil tem avançado bastante nos
investimentos em saúde, mas ainda destinamos menos de 9% do Produto Interno
Bruto (PIB) para este fim. Ele elogiou algumas iniciativas governamentais como
o programa Saúde Não Tem Preço. Mas diz que estas e outras iniciativas ainda
esbarram na falta de capilaridade para que os resultados sejam ainda mais
eficientes: "O programa do governo de acesso a medicamentos veio em boa
hora e ajuda em muito portadores de doenças crônicas como o diabetes. Mas
ainda há muito caminho pela frente no que diz respeito à capilaridade do
sistema. Mas não podemos deixar de elogiar iniciativas do ministério,
sobretudo ao diabetes tipo 2".
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