domingo, 23 de janeiro de 2011

Formado em farmácia..e agora?

No ano de 1993 recebi meu diploma de farmacêutico. Um documento, escrito com letras as quais não sei definir a forma e carregado de carimbos que atestam sua legalidade, me fez sair da juventude e partir para o futuro profissional. Com quase 22 anos de idade não tinha muita certeza do que fazer com ele, além de orgulhar meus pais e causar tristeza num “quase” parente que sonhou em ter-me como dentista. Rumei ao Conselho Regional de Farmácia para transformar aquele documento no meu CRF. Meu diploma se transformou num documento com cerca de 1/10 avos do seu tamanho. Ali começaria um novo momento em minha vida.
Munido do meu novo documento profissional parti em busca do meu primeiro emprego. Datilografei meu currículo (o qual não passava de uma página), tirei uma cópia do novo documento percebido e comecei a visitar bancas de jornal. Não, não queria trabalhar naquele ramo, ia apenas atrás de jornais com várias páginas de classificados de empregos, concursos ou qualquer outra oportunidade de trabalho.
O mundo mudou desde a década de 90. Para a profissão farmacêutica ainda mais. Os currículos já não são mais datilografados (estão disponíveis na plataforma lattes e no Linkedin), mas a ânsia pelo primeiro emprego continua o mesmo. Qual setor paga mais? Onde serei feliz? Seria melhor ser dono do meu próprio negócio? Essas são perguntas que foram e continuam sendo feitas pelos os que acabam de se formar.
Confesso que acho improvável alguém acertar, de primeira, qual ramo da profissão farmacêutica lhe proporcionará a satisfação plena, principalmente considerando que muitos precisam se preocupar com isso tendo apenas 20 e poucos anos de idade. É natural que sonhemos com tudo o que é possível, já que são mais de 70 possibilidades de atuação segundo nosso Conselho Federal de Farmácia. Dúvidas são naturais e necessárias. Talvez o segredo esteja em experimentarmos de tudo.
Ter “foco” no que fazemos em nossas vidas é sempre bom, mas não devemos nos prender às “impressões iniciais”. Se nos pautarmos simplesmente pela remuneração, cometeremos erros. Ganham bons salários aqueles que amam o que fazem e não os que perseguiram as áreas nobres de atuação apenas movidos pela remuneração.
Aos farmacêuticos, jovens e um pouco mais vividos, gostaria de compartilhar algo que ocorreu comigo. Passei por diversas áreas, antes de me encontrar. Se comparasse a um time de futebol, fui goleiro, lateral esquerdo, atacante, técnico e tive meus momentos de gandula. Tive sempre uma linha de pensamento sobre o papel social do farmacêutico e do medicamento. Pautado nisso busquei construir meu caminho profissional. Passando por diversas frentes de atuação, chego a conclusão de que nossa profissão é mais dinâmica do que imaginamos. A incorporação de novas tecnlogias, a nossa “criatividade”,  nos impõem buscarmos sempre algo mais. Estudar sempre é tarefa imprescindível, mas saber interpretar o “movimento das placas tectônicas” da profissão é mais do que fundamental. Busquemos nos organizar participando ativamente de nossas entidades pois isso pode fazer a diferença, para o coletivo e individualmente.
Sejamos humildes em saber que o mundo gira e com ele, nossas aspirações e desejos. Futuros, recentes e antigos profissionais.....boa sorte e boa leitura do mundo!


Imagem extraída de: http://www.zazzle.pt/menino_da_graduacao_cartao-137927073082078299

10 comentários:

Jan disse...

Caro professor,seu comentário é muito pertinente, digo isso porque é exatamente o que sinto quando olho para o que esta por vir. A preocupação sei que não é só minha, mas também a de muitos colegas,mas quando temos para onde nos voltar, quando temos em quem nos espelhar, fica mais fácil com certeza.
Seu trabalho como educador segue adiante da graduação de seus alunos, pois continua além da mesma, sempre nos informando e nos trazendo sempre a responsabilidade de nunca deixar de aprender, mesmo e mais ainda, depois de formados.Obrigada por suas palavras, são mesmo inspiradoras nessa carreira que escolhemos.

Jan disse...

Desculpe, ma esqueci de assinar: Jansilvia Cavalcante

susan karen aquino disse...

Querido Amigo Marco!
eu tive a grande sorte de saber o que eu queria fazer e amar a profissão farmacêutica antes, no meio e após terminar a Faculdade!
pode ser pelo fato dos meus pais terem farmacia desde que eu nasci!
não sei... só sei que ao falar da nossa rica profissão meus olhos se enchem de agua!
É maravilhoso saber que nós farmacêuticos temos funçoes quase vitais,
A ação PREVENTIVA, CURATIVA, CORRETIVA E SINTOMÁTICA.
O Farmacêutico é o agente de saúde "Educador" "Facilitador" e "Promotor" do aumento das habilidades de autocuidado do nosso paciente.
Aos perdidos Graduandos posso aconselhar que deliciem-se e entreguem-se aos conhecimentos e ao mundo Farmacêutico, afinal de contas não há nada mais Bonito e satisfatório que SER fARMACÊUTICO!!!

Marina disse...

Pois é..e eu ainda estou sem chão..
Só munida de um papel e um currículo (que chegou em 2 páginas..hahaha)
Atualmente acredito que minha felicidade plena está na drogaria...Mas vai saber!
Grande Beijo professor...bom saber que não são ó os formandos de 2010 nessa situação..os de 1993 eram os mesmos...

Marina Lucio

Unknown disse...

dá um medinho... desespero... várias coisas passam pela cabeça... não é fácil não, mas o amor pela profissão é maior e faz ir adiante e crescer... e cada dia que passa tenho certeza de que estou no caminho certo e que amanhã será sempre melhor... e a gente vai conquistando nosso espaço.

Unknown disse...

os sentimentos são os mesmos de 93 e dos dias de hoje. Os ideais e os sonhos também. Acho que no fundo os farmacêuticos são movidos pela mesma fé... fé na cura e no outro. E por isso seguimos lutando por um amanhã melhor.

Anônimo disse...

Eu penso nisso o tempo todo...me pergunto se o sufoco maior já passou q foi o de entrar na universidade ou se ele está por vir q é qndo saimos dela quase q sem nenhuma pespectiva.
As vezes eu penso em passar um bom tempo na UF até meu curriculo ficar grande o suficiente para eu não me preocupar muito. Mas isso não resolve tudo.
Então o jeito é não pensar muito nisso e ficar desesperada antes do tempo...

parabens pelo texto!!!

Unknown disse...

Professor, esse seu post mexeu demais comigo! Cada letra escrita nele faz todo o sentido do mundo. Me assusto quando penso: Já sou farmacêutica há pouco mais de três anos, e ainda estou engatinhando.
E eu amo isso! Ainda não me encontrei, mas não me apresso. Aproveito todas as experiências da melhor forma possível, absorvendo o máximo delas. Já caí, sim, na falsa grandeza de um falso status que um ótimo salário paga, e me frustrei porque pensava o tempo todo: "Mas afinal eu me formei FARMACÊUTICA, e não to fazendo nada parecido com isso aqui". O importante é nunca se conformar, e lutar pra desbravar novos horizontes. Graças à Deus sou farmacêutica "Generalista", pois eu amo cada canto dessa profissão linda, e seria incapaz de escolher um único ramo de atuação. Hoje, com todos os/só três anos de experiência, consegui chegar em algumas máximas: "Nem tudo o que reluz é ouro", "é mentira dizer que "indústria é tudo igual" - a ética diferencia DEMAIS umas das outras", e que "não importa o quanto você mude de ares, sempre haverão momentos em que você vai morrer de saudade do bom e velho BALCÃO da drogaria". Parabéns pelo excelente educador que você é Marco. Em vários momentos da minha jornada profissional esbarro com as coisas que você ensinou.

Anônimo disse...

Oi é a 3ª vez que encontrei o teu espaço online e gostei tanto!Espectacular Projecto!
Adeus

Unknown disse...

Oi, faz um tempo desdo poste mais assim. Eu to um pouco desesperada já !
Falta um ano pra mim concluir minha formação. Não tenho conhecidos ou influência em nenhuma área da farmácia simplesmente me apaixonei pela profissão. Hoje, me preoculpa muito quanto ao emprego em si , vou me formar em uma faculdade particular, não tenho certeza de qual ramo seguir e tenho medo das possíveis frustrações que possa vim. Conselhos ?! Ajuda ?! Algo ?! Me sinto insegura demais .