domingo, 16 de janeiro de 2011

Dia do farmacêutico: Porque comemorar?

     Enquanto estive na presidência do sindicato dos farmacêuticos no Estado de São Paulo, quando chegávamos nesta época do ano, próximo a data de comemoração do dia da profissão farmacêutica, preparávamo-nos para responder uma pergunta que a mídia insistia em fazer: Há o que comemorar? (Antes de continuar essa postagem, vale lembrar que nosso dia se deve a fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos, que se deu no dia 20 de janeiro de 1916. Aliás, apesar de ser dia de São Sebastião, consequentemente feriado no Rio de Janeiro, a Santa Padroeira da profissão farmacêutica é Santa Gema Galgani).
     Para responder a pergunta feita pela imprensa, ensaiamos muito diversas respostas que pudessem ser publicadas mas que, principalmente, pudessem gerar orgulho aos profissionais que lessem. Pensando na mesma pergunta feita, penso em algumas questões que fundamentassem a resposta a ser dada. Minha análise se pautaria em pequenas mudanças, sendo que algumas já citei em outras postagens, as quais gostaria de lembrar:
·         Até hoje sinto enorme orgulho quando vejo as propagandas de medicamentos, ao seu final dizendo: “Ao persistirem os sintomas, procurem o médico ou o farmacêutico”. Pode ser pequeno para alguns, mas fico emocionado até hoje.
·         Se ainda não temos o reconhecimento merecido em alguns estabelecimentos farmacêuticos, como farmácias e drogarias, o Projeto de Lei da Senadora Marluce Pinto – que previa não haver necessidade de farmacêuticos em drogarias – já não nos ameaça como antes.
·         A Portaria 316/77 que previa não haver necessidade de farmacêuticos em hospitais com menos de 200 leitos, foi revogada pela Portaria 4283/10, que aprova as diretrizes e estratégias da Farmácia Hospitalar.
·         Temos hoje uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que em seus princípios, diz: “as ações de Assistência Farmacêutica envolvem aquelas referentes à Atenção Farmacêutica, considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde.”
·         Desde 2003 temos na estrutura do Ministério da Saúde um departamento específico para as ações relacionadas à assistência farmacêutica – DAF/MS.
·         Ampliamos nossa participação no Congresso Nacional, elegendo para o próximo mandato do Senado, uma farmacêutica – Vanessa Grazziotin – do Amazonas.
·         Temos entidades representativas em todos os estados.
·         Passamos recentemente por uma reformulação do currículo profissional, atendendo as demandas da sociedade.
·         Nosso movimento estudantil de farmácia revela, todo dia, estudantes comprometidos com a luta. A atual ENEFAR é motivo de orgulho!

     Enfim, não são poucos os motivos para nos orgulharmos de nossa data. Poderíamos falar de muitos outros, mas também sei que não são poucos os desafios que temos pela frente:

·         Não são poucas as Prefeituras que não possuem farmacêuticos, na quantidade necessária, em seus quadros.
·         O piso salarial farmacêutico, se é verdade que obteve reajustes importantes no último período, ainda está longe do ideal.
·         Precisamos ter o tema “saúde do trabalhador” inserido, de fato, no âmbito das discussões de nossas entidades.
·         Nossa profissão é composta majoritariamente por mulheres, mas não conseguimos incorporar a discussão de gênero em nossa profissão. Tanto que a comemoração é do “Dia do Farmacêutico”. Eu decidi adotar o termo: “Dia da profissão farmacêutica”.
    
     Galgamos um degrau a cada dia. Individualmente ou coletivamente, fazemos nossa parte. Porém, se pudesse responder à imprensa hoje, diria: “Sim. Temos o que comemorar. Assim como ainda não perdemos a capacidade de sonhar”.  Feliz dia da profissão farmacêutica!



Um comentário:

Alexandre Magalhães disse...

Belo texto Marcao! Parebens a todos os Farmacêuticos do Brasil! Realmente temos sim muito o que comemorar e ainda outro tanto a lutar! Abraços