Ontem, dia 01/01/2011 (cabalístico não?), tive a oportunidade de, pela primeira vez, assistir a posse de um Presidente da República. Confesso que desde 2002 tinha esse sonho, mas só consegui concretizá-lo no primeiro dia de 2011. Só não imaginava que seria uma posse tão simbólica, pois é a primeira vez que uma mulher assume o cargo mais alto do poder executivo do Brasil, sucedendo o primeiro operário a exercer a presidência da república. Mais simbólico ainda é o fato dele “ter dado certo”.
A posse ocorrer no primeiro dia do ano traz consigo toda a responsabilidade de conseguir atender aos mais variados anseios, que provavelmente, foram temas das orações e pedidos a Iemanjá feitos após a meia-noite. Olhava nos olhos dos presentes e via de tudo: militantes, turistas, filhos de alguns dos citados anteriormente e os que foram desejar boa sorte e dar boas vindas à nova moradora do Palácio da Alvorada. Debaixo de chuva e sol (não necessariamente nesta mesma ordem), fiquei por mais de 6 horas no evento, indo de um lado para o outro. Consegui ficar a pouquíssimos metros do Rolls-Royce que trouxe Dilma Rousseff ao Congresso Nacional. Depois corri até o parlatório com o intuito de poder ver seu primeiro discurso. Foram horas excitantes!
Como farmacêutico, defensor e lutador do SUS, estava presente por poder perceber as mudanças recentes em meu País. No que diz respeito aos avanços na Assistência Farmacêutica comentei em outra postagem. Esse Governo que se encerra conseguiu avançar em áreas as quais considero nobres.
Enquanto acompanhava o evento, passei a observar os que haviam se disposto a estar presente num momento especial da nossa democracia. O que os levava a estar ali? Com toda a certeza não estavam pela simples falta do que fazer. Algo maior os movia. As mulheres penso terem um motivo a mais, afinal de contas, pela primeira vez o gênero se sente representado efetivamente pelo chefe do poder executivo. Neste instante, uma mulher me chamou a atenção. Parada em frente ao posto de primeiros-socorros montado logo abaixo do Pavilhão Nacional, com um jeito humilde, não desgrudava os olhos do telão montado ao lado do Palácio do Planalto. Não me lembro de tê-la visto piscar por alguns instantes. Falsamente protegida pela chuva e agarrada a sua bandeira, aquela mulher de baixa estatura se sentia enorme por poder acompanhar aquilo tudo. Até obter o registro fotográfico que disponibilizo nesta postagem, levei um tempo olhando para ela. O que será que passava por sua mente? Uma prece? Uma esperança sem fim? Seria um simples agradecimento? Bom, algo maior do que o clima a moveu até a Praça dos Três Poderes.
Nos olhos e na posição da distinta mulher milhões de brasileiros estavam representados. Homens e mulheres, ricos e pobres, diferentes raças e credos, todos sem exceção. Mesmo aqueles que só de dirigiam a Dilma, durante e após o processo eleitoral, como “terrorista”, “divorciada”, “antipática”, também estavam lá representados.
É um novo Governo e um novo ano. Espero que todos possam estar presentes na próxima posse presidencial, satisfeitos como eu e a mulher da foto estavam. E que sigamos os ensinamentos que ela nos passou: empunhemos nossa bandeira sempre, observemos a tudo atentamente e saibamos agradecer.
Feliz 2011!
A foto foi tirada pela pessoa que vos fala.