terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu dependo de alguém...e você?

Num momento de reflexão comigo mesmo, comecei a pensar no quanto dependemos de alguém em qualquer fase da vida. Quantas pessoas que nem conhecemos possuem papel fundamental no rumo que possa ter nossa humilde passagem por esse planeta. Engraçado que passei a observar isso um dia desses, num taxi que me trouxe do trabalho para casa. Enquanto destilava uma pequena ira contra o trânsito de Brasília, para parar de olhar o movimento externo, passei a observar o interior do veículo. Uma pequena boneca, vestida com roupas típicas não sei de onde, tremulava com o andar do carro em cima do painel. Badulaques de “boa sorte” se agarravam ao retrovisor. O bom e velho câmbio (também conhecido como marcha) ostentava uma bola com um siri dentro, o qual parecia me observar. Chocado com todos os apetrechos, de gosto questionável, passei a observar o taxista. Obviamente que de maneira discreta, busquei desvendar aquele homem, baseando-me no que me era visível a olho nu. Aparentando ter entre seus 40 e 50 anos, com cara de ser originário de qualquer região deste país, como todo bom brasileiro, ele dirigia quieto. Passei a meditar: "Será que ele sabe dirigir?”. “Será que ele está feliz?”. “E se ele resolveu dar fim a sua existência  justo hoje?”. Passei a considerá-lo a pessoa mais importante da minha vida naquele momento.

Tenho por conclusão que minha vida sempre esteve na mão de alguém. Guardo uma foto em preto e branco, do meu nascimento. Nela, além de mim obviamente, está um senhor com cara de poucos amigos. Era o médico que me retirara do sossego placentário para o mundo real. Descobri, depois de algum tempo que, ao deparar comigo, empurrou-me novamente para dentro de minha mãe, pelo fato de ter nascido desprovido de beleza, fato que me acompanha até hoje. “Não deve estar pronto ainda, volta pra lá”, disse ele ao ver aquele pequeno ser. Imagina se ele se revolta comigo naquele tempo? Não tinha a menor defesa.

Quantos vôos já peguei e nem sei quem eram os pilotos? Mal conheci a tripulação. De vez em quando via o comandante sair da cabine e se dirigir ao fim da aeronave para visitar o banheiro. Se já fico desesperado com ele no comando, imagina sem ele? Quem ficou lá? Isso é hora de aliviar a bexiga? Porque não foi antes? (Isso meu pai sempre dizia quando eu pleiteava uma parada estratégica na estrada, num passeio qualquer de família, porque queria visitar o WC). O mesmo pensamento passou pela minha cabeça (como se houvesse outro lugar por onde eles pudessem passar) com garçons, que porventura quisessem colocar algo diferente em minha comida. Pensei nos motoristas de ônibus, colegas de trabalho, enfim, em todos com quem tenho que passar alguns momentos do meu dia.

Neste momento, acaba de passar o primeiro programa do horário eleitoral gratuito. Quantos desligaram a TV por achar isso uma grande bobagem? Mesmo que alguns candidatos não digam nada, penso que vale a pena prestar um pouco de atenção, em virtude da magnitude da decisão que é um voto. Será que as pessoas estão buscando se decidir depois de avaliar as diversas propostas, ou as escolhas serão determinadas por impulso? Pronto, nos próximos dias estarei na mão de todo o povo brasileiro! Na mão daqueles que são tachados de inconvenientes por quererem discutir política, bem como na mão dos que dizem com orgulho e peito estufado de que “Política não se discute”. Dependo dos que empunham bandeiras partidárias e também dos que se vangloriam por nunca ter optado por alguém, sempre anulando seu voto. Daqueles que acompanham debates e daqueles que pegam um “santinho” na porta do local de votação.

Somente uma coisa me acalma. Essa dependência não é somente minha. E você? Já pensou em alguém de quem você dependa? Pois é....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eleições: período para novas amizades.

Períodos eleitorais me encantam. Não há momento melhor para avaliarmos o quanto a democracia avançou e o quanto ela tem para avançar. Um dos indicadores que utilizo é a quantidade de candidatos aos cargos eletivos, oriundos das mais variadas origens. Isso me parece ser consequência direta do período democrático em que vivemos e que me faz pensar que, de fato “TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”. Porém, quando vejo a parcialidade da grande mídia e os custos de algumas campanhas, percebo que “UNS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”.

Nascido no século passado, andei buscando a história registrada em minha mente e recordei-me de minha primeira participação em uma eleição. Na década de 80, ainda criança, em Niterói, simpatizei-me com um candidato (o qual ocultarei para não decepcioná-lo de minha escolha...falo do candidato). Lá ia eu ao seu comitê, munir-me de panfletos. Saía pelas ruas, sorridente, portando aquele papel enorme, impresso em preto e branco. Minha distribuição não era frutífera, pois voltava com quase tudo para casa, mas sentia-me útil. Bom, ele perdeu a eleição. Não por minha causa, mas por conta de cerca de 82% dos eleitores que não simpatizavam muito com ele, por algum motivo que não me recordo. Nem meus pais eu consegui convencer. E essa foi a primeira vez que chorei por uma eleição.

Em 1989 pude votar pela primeira vez e comecei bem, pois poderia escolher o presidente da Nação, direito conquistado depois de algum tempo. A partir daí, muitos outros choros se sucederam, pois meu candidato não era eleito. Cheguei a pensar que o problema era eu. Quase me convenci de que minha escolha jogava tanta “urucuba” sobre o candidato, quanto praga de ex-sogra.

Neste momento, nos aproximamos de mais uma eleição geral. Será minha 5ª oportunidade de escolher pessoas para ocuparem os cargos de Presidente, Senador, Governador, Deputado Federal e Deputado Estadual. Estou orgulhoso de mim, pois a vida tem mostrado que não dou tanto azar assim. Tanto é que meu twitter passou a ser seguido por alguns candidatos, com fotos sorridentes e números diversos, que eu não tenho a menor idéia de quem sejam. Alguns candidatos eu conheço, são amigos(as), mas outros, são grandes incógnitas. Como gosto de fazer novas amizades, resolvi conhecê-los melhor. Sempre achei que três palavras abrem todas as portas do mundo: PUXE, EMPURRE e AMIGO. Entre tantos pedidos, alguns me chamara a atenção. Um deles me despertou interesse, pois seu nome era “Manoel da padaria”. Apesar da relação óbvia do nome do pleiteante com o setor comercial citado, rodei por todas as panificadoras existentes num raio de 1 Km de minha residência. Encontrei vários homônimos, mas nenhum deles era meu novo parceiro tecnológico. Não desisti da busca, mas passei a procurar um “Zeca da farmácia” que queria fazer parte do elenco de conhecidos que me acompanham no Orkut. Sua foto apresentava um senhor com cabelos grisalhos, jaleco e caneta na orelha. Nada me vinha a mente ao olhar sua face. Nem os pêlos que lhe fugiam das orelhas e nariz, que seriam marcantes enquanto características pessoais, conseguiram me fazer descobrir quem era. Pior foi tentar conhecer a “Rosa manicure” que me pedia para adicioná-la no facebook. Nos meus 39 anos de vida, recém completados e comemorado com poucas pessoas, nunca visitei tal profissional. Infelizmente sou um irremediado roedor de unhas, o que me deixa com uma enorme vergonha de visitar alguém que possa vir a brigar comigo pelo meu vício. Talvez pudesse ser alguém que mudou de profissão, quem sabe uma colega de escola. Olhei fixamente para sua foto...e nada! Meu Deus, o que o tempo fez com minha memória?

Não restam dúvidas de que devido a quantidade de cargos, devem existir inúmeros candidatos. Não desisti de minhas buscas e estou determinado a conhecer todos. Talvez precise otimizar meu tempo, pois o dia 3 de outubro está chegando. Estou reservando algumas horas do dia, após o trabalho, bem como fins de semana, para conhecer meus novos amigos. Se quiser me acompanhar, será bem vindo(a).  Não sei se votarei neles, nem se serão eleitos. Mas na minha próxima festa de aniversário, vou reservar mais mesas e comprar um bolo de aniversário maior, pois vai "bombar" de tanta gente.

Antes de ir....preciso perguntar: Quer ser meu amigo? Tudo bem se não for candidato a nada!

terça-feira, 20 de julho de 2010

A paternidade de um medicamento.

Alguns dos meus 2 ou 3 leitores enviaram torpedos pedindo meu humilde comentário acerca da paternidade dos medicamentos genéricos. Num primeiro momento lembrei-me de tantas crianças abandonadas querendo um lar e todo mundo brigando para ser pai de “remédio”. Resolvi apelar à minha mente, já que fui testemunha viva desse processo. Por não poder confiar piamente no conteúdo de minha calota craniana, já que os labirintos cerebrais tornaram-se mais entrelaçados com o avanço da idade, optei por buscar nos anais (com muito respeito) disponíveis na internet. Revirei também minhas caixas de papelão, onde guardo reportagens antigas sobre o assunto, além do meu velho calção de banho e ioiôs da coca-cola.

Lembro-me do dia 05 de abril de 1993 como se fosse hoje. Além de comemorar o 95º dia do ano no calendário gregoriano e do 172° ano da Independência brasileira, lembrava-me com tristeza dos 41 anos do golpe de estado em Cuba, por parte de Fulgêncio Batista e dos 18 anos da morte de líder nacionalista chinês Chiang Kai-Shek. Com o espírito embargado, levantei da cama, fui até a banca de jornal e comprei um exemplar do mais lido jornal do País: o Diário Oficial da União. Sentei-me num banco da praia de Santos e passei a folhear o informativo. Lendo as diversas páginas existentes, já que não tinha figuras para serem apreciadas, deparei-me com um Decreto assinado pelo Presidente Itamar Franco: o Decreto 793. Li atentamente, pois como já havia me formado, a palavra medicamento despertava muito interesse. Destaco aqui algumas das normas previstas pela nova legislação:

- O fracionamento de medicamentos deveria ser efetuado na presença do farmacêutico;

- Ficava vedado aos estabelecimentos de dispensação, a comercialização de produtos ou a prestação de serviços não mencionados na Lei n° 5.991/73;

- Deveriam contar obrigatoriamente, com a assistência técnica de farmacêutico responsável, os setores de dispensação dos hospitais públicos e privados e demais unidades de saúde, distribuidores de medicamentos, casas de saúde, centros de saúde, clínicas de repouso e similares que dispensem, distribuam ou manipulem medicamentos sob controle especial ou sujeitos a prescrição médica;

- Todo o medicamento deveria ser comercializado pelo seu nome genérico, sendo que o tamanho das letras do nome e/ou marca não poderiam exceder a 1/3 do tamanho das letras da denominação genérica.

Pronto, o primeiro passo à implantação do genérico no País havia sido dado. Considerando que a principal virtude do medicamento genérico é não precisar fazer “propaganda” de sua marca, já que todos passam a ser iguais perante a Lei, tá respondida a pergunta: quem é pai do Genérico? Com certeza o Ministro da Saúde da época: Jamil Haddad. Eles não inventaram nada, mas propiciaram o debate. É preciso fazer justiça com alguns membros da equipe do Ministério que contribuíram com a elaboração do Decreto: Jorge Zepeda Bermudez, Hermógenes e Franciso Reis. Justiça seja feita também ao ex-Presidente Itamar Franco. Ele mesmo postou em seu twitter: "Presidenciáveis discutindo genéricos me trazem saudades de Jamil Haddad, amigo e guerreiro que criou o Decreto 793, em 5/04/93". Também abro a palavra ao ex-Ministro Jamil Haddad: “Serra, pai dos genéricos? PSDB, criador dos genéricos? Assumir como deles é um embuste! Se fizerem isso de novo, eu denuncio”. “Em 1991, o médico e deputado Eduardo Jorge [na época, no PT-SP] havia apresentado à Câmara Federal projeto propondo a fabricação dos genéricos no País... Em 1993, já no Ministério da Saúde, vi que o projeto continuava na gaveta da Câmara e, ao mesmo tempo, a OMS nos solicitava a liberação dos genéricos. Consultei a assessoria jurídica do Ministério da Saúde que disse não haver necessidade de a autorização ser feita por lei. Podia ser por decreto. Eu preparei-o, levei ao presidente Itamar, que assinou junto comigo.” “A lei de 1999 é apenas a regulamentação do decreto que já existia. O projeto aprovado foi um substitutivo que apresentei ao do Eduardo Jorge e que recebeu uma porção de emendas. Hoje, os genéricos são uma realidade no País.

 
Bom, a briga para o efetivo cumprimento do Decreto merece outra postagem. Ao priorizar o nome genérico em detrimento da marca e de obrigar que houvesse o profissional farmacêutico em toda a cadeia do medicamento, o conflito com os interesses de diversos setores estava gerado. Hospitais, indústrias, distribuidoras...quanto esperneio!!! Mas isso fica para outro momento (se alguém quiser saber).

Agora, em 1999, com a aprovação da Lei dos Genéricos (Presidente Fernando Henrique Cardoso e José Serra, Ministro da Saúde), estes medicamentos passaram a existir no mercado (não rapidamente). Então, podemos interpretar que Jamil Haddad é o pai e uma série de condições levaram a que fosse viabilizado depois. No governo de FHC, vagarosamente, eles começaram a surgir, mas tem coisas estranhas nessa história:

- A Medida Provisória que criou a moeda Real (MP 592, de 30.06.94) (cujo pai e Ministro era FHC) previa a venda de medicamentos em supermercados. Diversas ações conseguiram retirar essa excrescência quando foi transformada em Lei (9069/95). Ocorre que a Lei que regulamenta o comércio farmacêutico acabou sofrendo alterações esquisitas. Porque uma Lei  que trata do comércio de medicamentos precisa conceituar o que é supermercado, loja de conveniência e drugstore?

- José Serra apoiou a venda de medicamentos em supermercados, como forma de quebrar um possível boicote aos genéricos (Folha de São Paulo de 31/05/200 – caderno cotidiano). Espera aí, deixa eu entender. Fernando Henrique em 94 e Serra em 2000. Mas que mania é essa de querer vender medicamentos em supermercados?

- Para regulamentar a Lei dos Genéricos, Fernando Henrique Cardoso assinou o Decreto 3181/99, que, num tapa, revogou na íntegra o Decreto 793/93. Ele não poderia ter deixado ao menos o artigo que tratava do fracionamento e da presença do farmacêutico?

- Perdemos uma chance histórica de instituir uma "Política" de Medicamentos Genéricos. Havia apenas uma Lei. E o incentivo à produção?  O que previa a Lei e o que mudou de fato? Tanto é verdade que levamos muito tempo para ver esses medicamentos nas prateleiras dos estabelecimentos farmacêuticos.

Enfim, esta é minha contribuição. Espero que a briga por saber quem gerou esse filho não acabe na justiça. Agora quero confessar aos meus 2 ou 3 leitores que estou deveras abalado com uma dúvida que assola essa mente fértil.......E a MÃE do genérico, quem é?????




quarta-feira, 14 de julho de 2010

Falando de Cuba

Agora que a Copa acabou, queria atender aos meus dois seguidores (obrigado mãe). Fiquei um bom tempo sem atualizar o blog, por motivos astrais. Mas depois de consultar o "Polvo", resolvi compartilhar um texto com vocês (presta atenção mãe). O título fala por si.....


El embargo que Estados Unidos impuso a Cuba con el objetivo de "llevar la democracia" a la nación caribeña cumple 50 años este año.

Pero a pesar de las dificultades que ha enfrentado la isla en este tiempo, las sanciones no han impedido que los cubanos gocen de mejores estándares en materia de salud que muchos países de América Latina, con niveles que pueden compararse con los de países desarrollados.
Ésta es la conclusión de una investigación llevada a cabo por científicos de la Escuela de Medicina de la Universidad de Stanford, en California, EE.UU.
El estudio, publicado en la revista Science, presenta un análisis sobre las consecuencias y lecciones en salud de "uno de los más largos y complejos embargos en la historia moderna".
"A pesar de décadas de sanciones de EE.UU. contra Cuba, los cubanos gozan de los mejores niveles de salud en toda América Latina, con una larga expectativa de vida, tasas bajas de mortalidad infantil y la más alta densidad de médicos per cápita", afirman los autores del informe, los doctores Paul Drain y Michele Barry.
A pesar de décadas de sanciones de EE.UU. contra Cuba, los cubanos gozan de los mejores niveles de salud en toda América Latina, con una larga expectativa de vida, tasas bajas de mortalidad infantil y la más alta densidad de médicos per cápita.
En las décadas anteriores a 1960 cuando fueron impuestas las sanciones, los cubanos tenían mejores expectativas de vida que muchos países de América Latina.
Pero el país todavía estaba muy por detrás de los niveles alcanzados por los estadounidenses y canadienses.
Durante la llamada Guerra Fría las restricciones comerciales en alimentos, medicinas y abastecimientos médicos tuvieron poco impacto económico en el país, principalmente debido al apoyo financiero de la Unión Soviética.
"Para 1983 -dice el informe- Cuba estaba produciendo 80% de sus abastecimientos medicinales con materia prima procedente de la Unión Soviética y Europa, y hubo pocos informes de escasez de medicinas".
Y durante los primeros 30 años del embargo -agregan los investigadores- la expectativa de vida de los cubanos aumento 12,2 años, comparada con la de otros países del Caribe y América Latina.
A pesar de la economía
Pero la economía y salud de Cuba comenzó a padecer cuando se produjo la caída de la Unión Soviética, con una marcada disminución en la ingesta calórica de adultos y un aumento en el porcentaje de neonatos de peso más bajo del normal.
"La anemia era común entre mujeres embarazas y el número de cirugías llevadas a cabo disminuyó en un 30%", señala el informe.
"Después de una década de constantes disminuciones, la tasa total de mortalidad en Cuba aumentó un 13%", agregan.
En los últimos años del siglo XX, Washington emitió una serie de decretos y proyectos de ley para reforzar las sanciones y Cuba experimentó una severa escasez de medicamentos y un drástico aumento en los casos de tuberculosis, enfermedades diarreicas y otros trastornos asociados a la desnutrición y la escasez de alimentos.
Cuba goza ahora de la más alta expectativa de vida (78,6 años), la más alta densidad de médicos per capita (59 por cada 10.000 personas) y los niveles más bajos de mortalidad infantil de los 33 países de América Latina y el Caribe
"Aunque es difícil establecer una causalidad -expresa el informe- las sanciones comerciales de EE.UU. alteraron el abastecimiento de medicinas y probablemente tuvieron serias consecuencias en la salud de los cubanos".
Según los investigadores, a pesar del impacto en la economía, Cuba logró varios éxitos en otros aspectos de los cuidados de salud.
Y a pesar del embargo, Cuba ha producido mejores resultados en materia de salud que la mayoría de los países latinoamericanos.
"Estos resultados son comparables a los de la mayoría de los países desarrollados", dice el informe.
"Cuba goza ahora de la más alta expectativa de vida (78,6 años), la más alta densidad de médicos per capita (59 por cada 10.000 personas) y los niveles más bajos de mortalidad infantil de los 33 países de América Latina y el Caribe".
Atención primaria
Cuba es uno de los países que menos gasta en servicios de salud así que los investigadores creen que sus éxitos en materia sanitaria se deben a los excelentes programas de prevención y promoción de salud.
“Al educar a la población sobre prevención de enfermedades y promoción a la salud, los cubanos dependen menos de los abastecimientos médicos para mantenerse sanos", expresan los autores.
"Lo opuesto ocurre en EE.UU., que depende mucho de los abastecimientos médicos y la tecnología para mantener a la población sana, pero con un costo muy alto".
Cuba también ha logrado crear la infraestructura sanitaria necesaria para apoyar los programas de atención primaria.
Por ejemplo, su sistema de policlínicas y clínicas comunitarias con las cuales los cubanos pueden contar con al menos una visita médica cada año.
Asimismo, el país cuenta con amplios programas de vacunación y una alta proporción de personal especializado para atender los nacimientos.
"Este énfasis en la medicina de atención primaria, la educación en salud y la cobertura universal a servicios de salud podría explicar cómo Cuba ha logrado niveles de salud de un país desarrollado, con un presupuesto de un país en desarrollo", expresa el informe.
Para concluir, los científicos piden la eliminación de las actuales sanciones en medicinas y abastecimientos médicos, y afirman que este es el momento "para aprender de Cuba lecciones valiosas sobre cómo desarrollar un sistema de salud verdaderamente universal basado en la atención primaria".

BBC Ciência – Encontrado em http://www.bbc.co.uk/mundo/ciencia_tecnologia/2010/04/100429_cuba_salud_men.shtml

sábado, 26 de junho de 2010

Propagandas de minha vida

E a copa comendo solta. Vuvuzelas e Jabulanis dominam nossos sentidos. Vejo-as, ouço-as, sou capaz de sentir seus cheiros. Enlouqueço querendo saber como foi o retorno do time Francês depois do fiasco. E o da Itália? Tudo bem, isso só acontece a cada 4 anos. Mas decidi, dia desses, me libertar. Precisava de pitadas de assuntos outros, numa mente impregnada de informações futebolísticas. Por onde iniciar? Comecei pelos portais, espaços virtuais recheados de informações que poderiam abrandar minha ânsia. Tal qual um adolescente numa banca de revistas pornográficas, passei a correr os olhos freneticamente pelos sites, na busca de uma informação valiosa. Descobri coisas importantes: Fábio Júnior está separado e como foi o vestido usado por Sheila Mello no seu casamento. Um gato percorreu 3 mil quilômetros para encontrar seu dono. Descobri também que existe o “dia Internacional da Apreciação de Biscoito para Cães”. Fascinante, mas não era isso que procurava. Recorrei ao Google, o bom e velho. Acredito inclusive que o que não se encontra neste site de busca, não existe. Não deu outra: achei um trabalho de conclusão de curso cuja abordagem tratava da propaganda de medicamentos. Em tom crítico, a aluna de um curso da área de saúde, criticava a forma como era estabelecida a divulgação de determinados medicamentos. Citava vários exemplos. Pronto, minha mente acabava de receber informações preciosas, as quais desviaram meus pensamentos.
Confesso aos inúmeros leitores e leitoras deste blog, uns três ao todo, que tenho medo de determinadas propagandas. Hoje, em virtude da legislação, os comerciais não são como antes. Fui levado, em minha infância, a comer potinhos de iogurtes, pois estes substituiríam pequenos pedaços de carne (vulgarmente chamados de “bifinhos”). Tive que adquirir um par de kichutes, pois aquilo me daria uma liberdade sem fim. Poderia ir a qualquer lugar, pois seu solado com travas emborrachadas dariam a segurança necessária para os maiores desafios da minha pequena vida. Tive um boneco do Falcon, o qual muito me frustrou. No comercial da TV, aquele pequeno ser era ágil, rápido, andava de barco, brigava com seus inimigos. Quando abri a caixa, onde o mesmo estava atado com pequenos pedaços de arame, corri para libertá-lo. Coloquei-o sentado a minha frente, aguardando suas manifestações. Nada! Mantinha-se inerte, tal qual uma samambaia. Aquele ser inanimado apenas movia seus “olhos de águia”, caso eu acariciasse sua nuca! Ali havia um dispositivo, quase um nervo, que movia seus olhos...e isso era tudo o que ele fazia. Diz a lenda (o burro do computador queria crasear esse “a”) que um grupo de meninos, conversando acerca da aproximação do Natal, manifestavam seus sonhos de consumo, que deveriam compor a cartinha endereçada ao papai noel. Um dos meninos pediria um skate, pois com ele poderia subir ladeiras, andar em calçadas, andar em rampas. Um segundo pediria uma bicicleta cross, pois com ela poderia andar na areia, subir morros, saltar obstáculos. Um terceiro disse que, depois de observar bem o comercial de um absorvente íntimo, vulgo O.B, havia decidido por este presente. Mediante a exclamação dos amiguinhos, ele se justificou: “Na propaganda diz que com ele eu posso nadar, correr, andar de bicicleta, skate e muito mais”.
As propagandas de medicamentos, no meu tempo de balconista, também eram assustadoras. Se não bastasse o ímpeto de alguns, que não se bastavam em consumir seus medicamentos, como também indicavam para a vizinhança, haviam comerciais que me intrigavam. Na pequena drogaria onde trabalhava como balconista, na Vila Belmiro, em Santos, recebia mensalmente revistas que me estimulavam a ter determinados produtos na prateleira, pois seria nossa salvação comercial. Um medicamento, cuja função era regular o fluxo menstrual, tinha como abordagem: “Regule o fluxo de suas clientes e aumente o fluxo do seu caixa”. Outro, para má circulação, indicado para varizes, me abordava com a frase: “Tenha em sua prateleira, pois agora seu caixa vai bem das pernas”. Alguns fabricantes nos brindavam com cartazes, com crianças fofinhas, segurando frascos de xarope, esboçando um enorme prazer, como se houvessem deglutido suas guloseimas preferidas. Cartazes com fotografias de artistas eram encontrados nas paredes de algumas drogarias, assim como vemos em borracharias e bares. A diferença é que, ao invés de usarem minúsculos biquínis, alguns estavam até de aventais. Não seguravam pneus, nem bebidas alcoólicas, mas caixas de medicamentos. Os verbos utilizados nos comerciais, eram intimidatórios: “use”, “tome”, “tenha”, “compre”.
O tempo passou e não nos percebemos das mudanças na legislação. O mesmo controle feito sobre os comerciais de cigarros e afins passou a ser exercido sobre os medicamentos. O código de defesa do consumidor não permite mais que sejamos ludibriados. A sociedade evoluiu, assim como seu discernimento. Enquanto consumidor, algumas tentações são mais controladas.
Bom, tenho mais uma confissão a fazer: neste momento estou ao lado de minha JABULANI e minha VUVUZELA. Sem nenhuma habilidade para o futebol e sem paciência para aguentar o som emitido pelo instrumento, não resisti em ter tais aparatos de torcedor. Além disso, devo dizer que acabei de abrir uma caixa repleta de brinquedos da minha infância. Vasculhei atentamente e encontrei o que não queria. Lá estava meu Falcon. Inerte, deitado e com seus olhos fixos para o lado esquerdo. Como eu tinha esperança que ele tivesse feito suas malas e tivesse partido. Isso me consolaria e não me daria o peso de consciência de ter sido enganado. Humpf...