segunda-feira, 16 de maio de 2016

Uma opinião sobre mudanças no Programa Mais Médicos.

Texto de Hêider Aurélio Pinto. Divulgado nas redes sociais. Fonte: https://www.facebook.com/heideraurelio.pinto/posts/1077223382373239



"Ministério quer menos estrangeiros no Mais Médicos"
Essa declaração atribuída aos novo Ministro merece alguma análises e críticas que seguem neste texto que acabei de escrever:
Retirar os estrangeiros do Mais Médicos é uma medida pouco democrática e nada inteligente
A imprensa tem noticiado que o atual Ministro da Saúde, do governo interino que consideramos ilegal e ilegítimo (i³), tem anunciado que reduzirá o número de médicos estrangeiros no Programa Mais Médicos (PMM) e dará prioridade e aumentará os estímulos para a atuação dos brasileiros. Reduzir arbitrariamente os estrangeiros é uma medida pouco democrática e nada inteligente, como demonstraremos a seguir. Dar mais estímulos aos brasileiros pode ser bom e apontaremos algumas sugestões neste texto.
1- A Lei do Programa já estabelece prioridade para o Brasileiros

A Lei 12.871 de 2013 obriga que cada vaga primeiro deva ser oferecida aos médicos com registro profissional no Brasil. Não ocupando todas as vagas, as remanescentes são então oferecidas aos médicos brasileiros formados no exterior e, só depois, restando ainda vagas é que as mesmas são oferecidas aos médicos estrangeiros. Ou seja, a prioridade já está dada em Lei desde a criação do Programa.
2- Só tem muito estrangeiro no PMM porque os brasileiros não quiseram ir onde a população mais precisava

Como em 2013 os médicos brasileiros só se interessaram em ocupar 22% das vagas oferecidas pelo PMM, aquelas necessárias para atender à população mais vulnerável e dos municípios com maior necessidade só foram ocupadas graças aos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros.
3- É crescente a adesão dos médicos brasileiros no PMM, mas ainda insuficiente

Com o aumento dos estímulos aos médicos brasileiros, como pontuação adicional de 10% no concurso para a formação como especialista (residência médica) além da bolsa e dos auxílios moradia e alimentação, desde 2015 todas as novas vagas foram ocupadas por médicos brasileiros. A maior adesão dos médicos brasileiros foi e deve seguir sendo comemorada. Hoje, do total de 18,2 mil médicos, mais de 5,3 mil (29%) são médicos com registro no Brasil. Contudo, aproximadamente 2/3 dos municípios do PMM seguem ainda não atraindo os médicos brasileiros e isso faz com que, das 63 milhões de pessoas atendidas pelo Programa, 45 milhões só tenham atendimento devido à atuação dos médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior.
4- O médico brasileiro fica menos tempo e abandona mais a atividade

Outro dado importante é que o tempo de atuação no Programa para todos os médicos é de 3 anos, com exceção dos brasileiros que podem escolher ficar 3 anos ou apenas 1 ano. Mesmo assim, 40% dos brasileiros abandonam a atividade no Posto de Saúde antes de cumprir o prazo acordado. Este número no caso dos estrangeiros é de 15%, e especificamente no caso dos médicos cubanos é de apenas 8%.
5- Os médicos estrangeiros são muito bem avaliados e estão nos locais com maior necessidade

Os médicos estrangeiros, como já foi dito, estão nos locais com maior necessidade. Mas, além disso, as pesquisas de avaliação do PMM conduzidas pelas Universidades têm mostrado uma excelente aprovação desses médicos por parte da população e dos gestores municipais. Maior capacidade de atendimento e de resolver problemas sem precisar encaminhar, maior proximidade com a população e atendimento mais humanizado tem sido a marca mais forte da atuação desses médicos. Isso não se explica pelo fato de serem cidadãos cubanos, italianos, uruguaios ou das mais de 40 nacionalidades presentes no Programa. A grande questão é que são médicos que gostam de atuar na atenção básica e a maioria são especialistas em medicina de família e comunidade. Enquanto em diversos países há prioridade para essa especialização, no Brasil o modelo voltado para o especialista do setor privado e do hospital afasta e não prepara os médicos nem para a atenção básica nem para o SUS.
6- Das 2.700 vagas em Medicina de Família e Comunidade, apenas 760 foram ocupadas por médicos brasileiros, as demais ficaram ociosas.


O PMM também oferece vagas para que os médicos se formem como especialistas para a atuação na Atenção Básica. Mas do total de vagas oferecidas, que só podem ser ocupadas por médicos brasileiros, só 28% foram preenchidas. Hoje a residência, fundamental para mudar o perfil do médico no Brasil e para melhorar em muito a qualidade do atendimento no SUS, embora tenham melhorado a ocupação, ainda atrai pouco os médicos.
Com tudo isso fica claro que retirar os médicos formados no exterior do PMM prejudica mais de 45 milhões de brasileiros, justamente aquelas que mais precisam e que moram nos municípios que têm menos condições de substituir esse médico por outro.
De fato, expulsar os médicos estrangeiros é um desejo das entidades médicas mais conservadoras. Mas é pouquíssimo democrático deixar que a xenofobia e preconceito de alguns milhares prejudique a vida de dezenas de milhões. Além disso, é pouco inteligente fazer o contrário que diversos países do mundo têm feito: aumentar o estímulo para contar com médicos estrangeiros em seus sistemas de saúde. Nos EUA mais de 1/4 dos médicos são formados no exterior e no Reino Unido quase 40%.
Também não é inteligente querer agradar a um grupo pequeno e extremista e desagradar não só 45 milhões de pessoas atendidas e mais de 3 mil prefeitas e prefeitos beneficiados. Fazer isso depois da eleição, pode parecer esperto, mas não é e, além disso, é desleal, oportunista e demagógico.

Contudo, oferecer mais estímulo aos médicos brasileiros, sem prejuízo dos estrangeiros, garantindo a sustentabilidade do Programa no médio prazo é uma medida não só inteligente como necessária. Uma boa ideia seria garantir à Bolsa de Residência em Medicina de Família e Comunidade o mesmo valor da Bolsa do Mais Médicos quando aquela acontecesse nos serviços de atenção básica em localidades que o SUS tem necessidade: seria garantido apenas aos brasileiros tudo o que eles já tem no PMM e agregar ainda mais um título de especialista que é importante não só para a qualidade do atendimento no SUS, mas até para que esse médico possa formar outros médicos nas novas escolas de medicina abertas também pelo PMM.

Denúncias contra médicos crescem 302% em dez anos.

DO SITE SAUDEJUR (www.saudejur.com.br)

Em dez anos, de 2001 a 2011, aumentou em 302% a quantidade de processos ético-profissionais em andamento a partir de denúncias contra médicos no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), denúncias essas que estão relacionadas à má prática, erro médico ou infrações diversas ao Código de Ética Médica. “Na justiça comum, também cresce o número de médicos denunciados”, afirma Fabio Cabar*, médico especialista em Direito Médico. O número de denúncias de erros médicos cresceu 52,1% em 2011, em relação ao ano anterior, de acordo com o Superior Tribunal de Justiça (STF). No TJ-DF, por exemplo, o aumento dos casos de erros médicos julgados foi de 977,8%, se considerados os últimos 15 anos.
Do início de 2003 a 2015, o volume de escolas médicas no Brasil mais que dobrou, saltando de 126 cursos para 257, que respondem pelo preparo de 23 mil novos médicos todos os anos. Como parte do Programa Mais Médicos, o Governo Federal autorizou, em 2015, a abertura de 2.290 novas vagas em cursos de medicina em 36 municípios brasileiros. Se todos os novos cursos passarem efetivamente a funcionar, o País contará com 293 escolas até o fim de 2016. “O grande problema, como sempre, é que quantidade não reflete qualidade”, destaca o especialista.
Pode-se dizer que temos, hoje, no Brasil, condições precárias de ensino nas faculdades de medicina e, consequentemente, formação de médicos pouco capacitados para exercerem a profissão. “A falta de qualidade no ensino, aliada a um baixo número de vagas de residência médica para profissionais formados, geraram um crescimento assustador do número de processos judiciais por alegado erro médico”, destaca Fábio Cabar.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, nenhuma faculdade de medicina do país tirou a nota máxima na última avaliação do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Em uma escala de um a cinco, mais da metade teve nota menor ou igual a três. Além das notas baixas, o estudo chama atenção para a abertura de escolas em cidades pequenas, que não têm estrutura para estágio. Da mesma forma, quase metade dos recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo foi reprovada na 11ª edição do Exame do Cremesp. Estes números são muito preocupantes, ainda mais se considerarmos que muitos dos recém-formados desconhecem o diagnóstico ou tratamento adequado de casos básicos e problemas de saúde frequentes (78% não acertaram a manifestação laboratorial no caso da insuficiência renal crônica, 61% erraram ao apontar o principal fator para redução de risco cardiovascular no tratamento de hipertensão arterial, 64% dos participantes erraram na conduta terapêutica na asma brônquica em criança, e 63% não acertaram tratamento do infarto agudo do miocárdio sem elevação do ST-T no eletrocardiograma).
E os problemas não param por aí. Hoje em dia, a Residência Médica representa valiosa oportunidade de aprofundamento dos conhecimentos obtidos durante a graduação em Medicina. Há, porém, uma imensa concentração no número de vagas na Região Sudeste (66,7%), deixando as demais regiões carentes deste recurso. “Na medida em que são autorizados novos cursos e mais vagas de Medicina (com questionável qualidade da graduação, conforme constatou o Exame do Cremesp), não são garantidas vagas na Residência Médica para todos os formados”, destaca o especialista.
Conforme mostra o relatório Demografia Médica no Brasil 2015, cerca de 400 mil médicos atuam no Brasil. Em proporção ao número da nossa população, a taxa é próxima a de países desenvolvidos como Estados Unidos. A distribuição desses médicos pelo país, porém, é muito desigual. A região Sudeste, por exemplo, concentra mais da metade dos médicos do país (55,3%), enquanto a região Norte tem apenas 4,4% desse total, seguida pelo Centro-Oeste, com 7,9%.

Fonte: http://saudejur.com.br/denuncias-contra-medicos-cresce-302-em-dez-anos/

domingo, 15 de maio de 2016

Defender a Assistência Farmacêutica é obrigação de todos os farmacêuticos e do povo brasileiro!

Do site do Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul. Fonte: http://www.sindifars.com.br/#!assistncia-farmacutica-/cvow

A assistência farmacêutica no Brasil seguiu uma trajetória lenta, que após 2003, ganhou impulso no Brasil.

Em 1971 foi criada a CEME, central que tinha por objetivo promover e organizar o fornecimento, por preços acessíveis, de medicamentos de uso humano aos que não puderem, por suas condições econômicas, adquiri-los a preços comuns no mercado.  Que em 1997 foi extinto por ter tido desvirtuado o objetivo central, além de ter trazido desperdícios de recursos públicos e desestruturação geral do serviço.

Em 1975, para a racionalização da política de medicamentos foi homologada a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).

Em 1988, foi realizado o I Encontro Nacional de Assistência  Farmacêutica, no qual os profissionais discutiram um novo conceito de Assistência Farmacêutica que não se restringisse ao binômio produção/distribuição, e sim que contemplasse os princípios da universalidade, equidade, descentralização e hierarquização e que refletisse um conjunto de procedimentos necessários à promoção, prevenção e recuperação da saúde no nível individual ou coletivo, centrado no medicamento.

Com o movimento da reforma sanitária e a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde o relatório final, no tocante sobre os medicamentos, propôs a necessidade de ampliar a presença estatal na produção farmacêutica, a proibição da propaganda comercial de medicamentos, fiscalização rigorosa da qualidade e comercialização pela vigilância sanitária
Neste processo de redemocratização no Brasil, a Constituição Federal trouxe a saúde como direito e dever do Estado, a Lei 8080/90, incluiu a assistência farmacêutica como direito de todo cidadão brasileiro e o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com princípios avançados e abrangentes a todo povo.

Em 2002, a Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) discutia no seu congresso a realidade à época. Claramente estava evidenciada uma  política governamental responsável  por ações que impediam o desenvolvimento de uma Política de Medicamentos e de Assistência Farmacêutica, as quais estão demonstradas: na falta de uma política industrial e de P&D, pública e privada ; na falta de um órgão que coordene a aplicação de uma política de assistência farmacêutica e de medicamentos e inexistência de uma política sólida e consequente para a formação de recursos humanos capacitados e comprometidos com o SUS. No caráter eminentemente mercadológico que se confere ao medicamento no país, visto:  a desvinculação dos estabelecimentos comerciais do sistema de saúde; a prevalência da marca sobre o nome genérico; a falta de um efetivo controle de preços para o setor, com exagerada liberdade e impunidade que se confere às transacionais e a aprovação da Lei das Patentes. Embora existisse uma referência legal sobre a política de Medicamentos (Portaria 3.916/MS/98), privilegia-se a prática dos programas isolados, com financiamento extemporâneo, sujeitos à vontade política dos gestores, com coordenação não articulada e paralelos às ações inerentes ao Sistema Único de Saúde.

Neste contexto, e vontade política à época, foi criada a  Secretária da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos e o Departamento de Assistência Farmacêutica no Ministério da Saúde. Em 2003 foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica. Momento estratégico, que culminou na aprovação de Resolução do Conselho Nacional de Saúde, em 2004, de uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF), que no seus treze eixos, traz a transversalidade do uso racional de medicamentos.

Esta construção, o desenvolvimento e consolidação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica contou, até o dia 12 de maio de 2016, com competentes colegas farmacêuticos, que atuaram no DAF como diretores ou mesmo responsáveis por programas, como Norberto Rech, Dirceu Barbano, Manoel da Cruz Santos, José Miguel do Nascimento Júnior , Jamaira Giora, Roberto Klasmann, Marco Aurélio Pereira, Luiz Henrique Costa, dentre outros. Que através de suas lideranças e junto a outros colegas farmacêuticos e outros profissionais concretizaram os avanços da Assistência Farmacêutica, que foi executados nos municípios e nos estados com farmacêuticos comprometidos com o SUS e, essencialmente, com a própria assistência farmacêutica.

Claro que após 11 anos da publicação da PNAF muito ainda precisa avançar. Ainda vivemos num período com foco no produto, e não na racionalidade do uso do medicamento. Mas são nítidos os avanços e o destaque e valorização do trabalho farmacêutico, bem como o atendimento qualificado à população brasileira.

Mas a partir do dia de hoje, nos vemos num grande vago, sem saber se a PNAF de fato seguirá ser implementada, e os subsídios serão cumpridos aos estados e aos municípios.

Assumiu como Ministro da Saúde, no governo interino de Michel Temer, Ricardo Barros.

Ricardo Barros nasceu em Maringá, em 1959, e se formou em engenharia civil pela Universidade Estadual de Maringá. E agora assume a pasta da saúde, claramente numa indicação política e sem acúmulo ou competência para o assunto. Deste modo, o Sindicato dos Farmacêuticos no Estado do Rio Grande do Sul (Sindifars) estará em estado de alerta e conclama a todos os farmacêuticos e cidadãos brasileiros que se mantenham atentos para que não ocorram retrocessos, e que prevaleça a consciência de que o SUS, como a assistência farmacêutica ,são Direitos do Povo Brasileiro.

Diretoria Sindifars
13/05/2016

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Fim de um ciclo: Carta de um farmacêutico!

E depois de 9 anos no Departamento de Assistência Farmacêutica do Mistério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior deixou o cargo de Diretor do DAF/SCTIE. Miguel, assim como os coordenadores do DAF, tiveram suas exonerações publicadas nos dias 12 e 13 de maio, no Diário Oficial da União. 
Fica uma história de luta na construção da Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Fica um legado de ampliação do acesso aos medicamentos essenciais. Fica uma marca importante na construção do SUS e da valorização da profissão farmacêutica. E fica o desejo de que a Assistência Farmacêutica seja tratada com a importância e responsabilidade que ela merece. 
Abaixo a carta publicada  nas redes sociais, escrita por José Miguel. 
Valeu chefe. Foi uma honra trabalhar com você. 

Carta aos meus queridos amigos e amigas,

9 anos se passaram como se fosse ontem. Tudo muito rápido. 
Olhando a trajetória percorrida  encontro momentos especiais.
Inicio recordando a oportunidade que recebi de desenvolver uma das políticas públicas com repercussão social direta na vida das pessoas. Ela com sua interface com outras políticas públicas exigiu um olhar redobrado para não perder a sua essência e potencializar sua abrangência. Um privilégio que pude viver, dar o melhor de mim, e tirar o melhor de uma equipe jovem, qualificada, comprometida e sonhadora como eu. 
Chegamos a lugares nunca antes chegado. Devíamos ter ido além, mas não fomos. Sempre há um novo caminho a percorrer. Quanto você mais avança, mais tem que avançar (é a utopia nos movendo).

Encontro também, os desafios vividos, a superação, as dificuldades, a negociação, a busca dos consensos, a mediação de conflitos com a firmeza dos propósitos, a justiça, a necessidade de compreender novos olhares, a realidade vivida impondo sua força, a necessidade imperiosa da transparência nos atos e na gestão.

Me encontrei com o gigantismo do Ministério da Saúde. Nele, muitos dirigentes que eu os conhecia apenas das leituras e que agora estavam ali, fisicamente ao meu lado, de igual para igual. Anônimos também foram muitos, cada qual com sua opinião, visão. Fomos montando uma “rede”, tecendo-a e assumindo compromissos mútuos. Parte rica de um período que ficará nas nossas mentes. Alguns escritos, e outros  na memória e no fundo do coração.

Sentia nestes anos a energia positiva e acolhedora da família, da equipe de trabalho, dos amigos que estão fora do circuito do MS, do SUS. Não podia frustrá-los, pois continuávamos uma obra desenhada a muitas mãos e a muito sonhada. Alias, fui e fomos moldados nesta luta: ter um projeto nacional de desenvolvimento para nosso País. Olha que lindo! A oportunidade que me foi dada de ajudar a construir. Poucos tiveram e eu tenho orgulho de ter sido um deles.

Hoje 13/05/2016 fecho um ciclo, mantendo a coerência política que tem me guiado sempre. Junto com a equipe que sempre me apoiou fomos longe. Não nos dispersaremos. Estaremos sempre olhando, trabalhando, renovando nossos compromissos com a Assistência Farmacêutica, com a Saúde Pública, com a Democracia, com a maioria do povo brasileiro.

Muitos amigos e amizades feitas, especialmente no DAF, dentro e fora do MS, nos estados e municípios, nos movimentos sociais, no meio acadêmico brasileiro, nas diversas sociedades profissionais, nas entidades do setor farmacêutico, na Região das Américas e nos Organismos Internacionais.

Agradeço a cada um e a cada uma de vocês, com a certeza de que a política de AF estará protegida por vocês. Cada qual, inspirado na consciência de que o SUS é um Direito do Povo Brasileiro, saberão conduzir daqui em diante. Contém sempre comigo.

Obrigado a todos e todas.

Miguel
jmnj61@gmail.com
61-83000360

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Carta Aberta de Dirigentes do Ministério da Saúde à População Brasileira.

Carta Aberta de Dirigentes do Ministério da Saúde à População Brasileira 


Nós, diversos dirigentes em vários níveis e secretarias do Ministério da Saúde, participantes do Movimento Sanitário Brasileiro, de Coletivos Saúde e Democracia, defensores do SUS e identificados com os valores e lutas da esquerda, declaramos que não reconhecemos legitimidade e nem legalidade no governo temporário e golpista.



Não reconhecemos legitimidade porque seus representantes, ideias e propostas não derivam do voto popular, não foram eleitos nas urnas. Antes o contrário, as políticas que querem implantar, que respondem a interesses privados e particulares dos grupos integrantes do “Consórcio Golpista”, foram rejeitadas nas eleições diretas e democráticas de 2002 e vêm sistematicamente sendo derrotadas nas urnas como aconteceu em 2006, 2010 e há menos de 2 anos em 2014.



Não reconhecemos legitimidade e nem legalidade porque o modo que tentam impor à população um projeto que ela não quer e rejeita no voto é por meio de um impeachment ilegal, um golpe, que cassa o voto popular e tem como principal objetivo colocar nas costas da imensa maioria do povo, principalmente a parcela mais pobre, a conta da crise econômica pela qual passa o mundo e o Brasil, garantindo a salvaguarda dos interesses, renda e riqueza da parcela mais rica da população, sócia do golpe.



Um consórcio golpista, economicamente neoliberal, politicamente autoritário, patrimonialista e clientelista, ideologicamente conservador e intolerante e que, embora assuma hipocritamente o discurso de combate a corrupção, é constituído por pessoas e grupos que há mais de 30 anos chantageiam os governos da vez, praticam e se sustentam da corrupção e têm ocupado o Estado desde então para satisfazer os interesses privados que representam. 



Não aceitamos em nenhuma hipótese participar de um governo ilegítimo, ilegal e com um projeto antipopular, neoliberal, excludente e da direita mais atrasada e conservadora.



Nos últimos anos enfrentamos muitos desafios, avançamos muito em diversas dimensões e também, é claro, deixamos de avançar em outras: muito há ainda para ser feito. Participamos da construção de diversas políticas que consideramos conquistas do SUS e da sociedade e que, por elevarem o patamar de atenção à saúde e qualidade de vida da população, por investir e valorizar os trabalhadores de saúde e por promover e fortalecer a participação popular, deverão ser defendidas a todo custo:



- o fortalecimento da Atenção Básica com o maior aumento do financiamento de sua história, a qualificação quase universal da infraestrutura com mais de 26 mil obras em UBS e os programas e ações que promoveram um salto em sua qualidade como o PMAQ, o Telessaúde, eSUS e implantação do Cartão SUS;



- o avanço na cobertura e qualidade da Estratégia de Saúde da Família, com novos tipos de equipes multiprofissionais e inédita ampliação das mesmas e com o Programa Mais Médicos, que no presente tem levado saúde com qualidade e dignidade a mais de 65 milhões de pessoas, em mais de 4 mil municípios, comunidades assentadas, acampadas, quilombolas e ribeirinhas e todos distritos indígenas, e que deu saltos importantes rumo à suficiência, democratização e qualidade da formação dos médicos, voltada para as reais necessidades de saúde da população brasileira, com destaque para o estabelecimento da Medicina de Família e Comunidade como especialidade base e essencial para o país;



- a sequência de avanços no “Brasil Sorridente” garantindo da atenção básica à especializada na saúde bucal, passando pelas unidades móveis em acampamentos, assentamentos e comunidades quilombolas;



- o fortalecimento da promoção da saúde, o enfrentamento das doenças crônico-degenerativas e da obesidade, a criação do Programa “Academia da Saúde”, a implantação de políticas de regulação sobre elementos nocivos à saúde produzidos pela indústria de alimentos e do tabaco, e também o lançamento de uma nova Política de Alimentação e Nutrição para o SUS;



- a ampliação do acesso oportuno a uma assistência farmacêutica de qualidade com expansão e diversificação da farmácia básica e implantação do “Saúde não tem preço”, garantindo medicamentos gratuitos aos cidadãos, além da ampliação da Rede “Aqui tem Farmácia Popular”;



- a afirmação e avanço de uma politica de saúde mental na qual se cuida em liberdade e respeitando os direitos humanos, que passa pelo “Caminhos do Cuidado” e Consultórios na Rua até a grande expansão dos CAPS 24 horas;



- a expansão dos serviços de urgência como a Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o SAMU, e a criação mais recente  de novos serviços e modos de cuidado como as equipes de Atenção Domiciliar do “Melhor em Casa”;



- o investimento no trabalhador, por meio do desenvolvimento da política de educação permanente e da formação no SUS, com processos educacionais diversificados para trabalhadores em nível elementar, médio, técnico e superior, com modalidades que vão de residência e mestrados profissionais para as várias profissões até a educação permanente em serviço. 



- a valorização dos trabalhadores com ações de democratização das relações de trabalho; mesas de negociação; programas de desprecarização de vínculos; Programa de Valorização dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias; e com a entrada do Brasil no que aqui passou a ser chamado de “Agenda do Trabalho Descente no SUS”, investindo na qualidade do trabalho, apostando na participação e combatendo todas as formas de preconceito, racismo, machismo, homofobia, discriminação e intolerância;



- o fortalecimento da participação popular e do controle social, desde o respeito aos fóruns permanentes de diálogo e decisão até as diversas Conferências nos três entes, passando pelos processos de participação, presenciais e virtuais que reforçam o real, como o SUSConecta;



- o respeito democrático e republicano nos espaços e com os entes da relação interfederativa do SUS.



Entendemos que neste momento histórico - como o foi nos anos 70 na luta do movimento sanitário contra a ditadura, pela democratização e pelo direito à saúde que resultou na proposição e criação do SUS - a luta pela saúde deve também ser a luta por democracia que se traduz em: reestabelecimento do Estado Democrático de Direito; devolução da soberania ao voto popular; e intensificação da democracia, tanto do ponto de vista da participação e controle popular sobre os eleitos e suas ações, quanto de extensão e aprofundamento da democracia às dimensões econômicas, sociais, cognitivas e culturais, para além, apenas, da política formal. 



Assim como nos anos 70 quando a luta de muitos construiu o SUS, temos a responsabilidade de agora continuarmos em luta para consolidarmos as conquistas de nosso povo com o SUS num momento em que o governo golpista já anuncia que usará o argumento da crise para retirar direitos, segmentar o acesso ao SUS, desmontar programas, privatizar serviços, desvincular receitas e reduzir o financiamento, rompendo até os princípios da universalidade e gratuidade. Em tempos de crise a direção correta deve ser a de aumentar a proteção ao cidadão, que estará mais vulnerável. Dotar o Estado com capacidade de ser mais equânime e justo, não retrocedendo ou desprotegendo a população mais vulnerável. Os movimentos, organizações e cidadãos não podem aceitar retrocessos: nenhum passo atrás! Toda resistência sem trégua a cada serviço, programa, política e direito que se queira subtrair do povo.



Por tudo isso, para nós, é impossível seguir no Ministério da Saúde. Mergulharemos na luta pela democracia; contra retrocessos nas conquistas sociais e nas políticas públicas; e pelo avanço do SUS como sistema gratuito, universal, equânime e integral, direito do povo brasileiro. Estas bandeiras nos animam e terão que ser construídas em todos os espaços potenciais de resistência e oposição ao pretendido projeto neoliberal e de desmonte do SUS: nas lutas dos movimentos sociais, nas diversas organizações populares, nas Universidades, nos partidos e gestões progressistas. Sempre na busca por uma sociedade mais justa e pelo Estado necessário à redução das profundas desigualdades do nosso país.



Em respeito ao nosso compromisso histórico e inquebrantável com o SUS, com o Estado brasileiro e principalmente, com o povo de nosso país, garantimos todos os recursos, informações e condições para a continuidade dos Programas que são executados.



Além disso, reforçamos a importância do compromisso dos trabalhadores do Ministério da Saúde com o SUS e com o povo, estes que sempre nos orgulharam na defesa do Direito à Saúde. Continuarão a lutar pelo avanço do SUS e seguirão legitimados pela população brasileira que usa e defende a saúde pública, gratuita e de qualidade. 



Temos orgulho de termos participado do Governo da Presidenta Dilma.



Temos orgulho e convicção de nos posicionarmos ao lado do povo, da soberania do voto popular, do SUS, contra a corrupção e o consórcio de corruptos e corruptores, pela Democracia, pelas conquistas sociais e sempre em luta por uma sociedade mais justa, democrática, que respeite as diferenças e as transforme em potência, generosa, fecunda e mais feliz, sempre comprometida com o desenvolvimento de nossa gente.



Temos orgulho, convicção e prazer de, nestes termos, lutarmos por Saúde e Democracia, adiante e sempre!



Fonte:https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1074419702653607&id=100002567630490