terça-feira, 30 de outubro de 2012

10 perguntas para Alexandre Padilha, Ministro da Saúde

Publicado: Revista ISTO É Nº edição: 786 |
Entrevista | 26.OUT.12 - 21:00


"Não posso esperar o dinheiro cair do céu"

Por Luís Artur NOGUEIRA

O paulistano Alexandre Padilha, que comanda o Ministério da Saúde desde o início do governo Dilma Rousseff, comprou briga com várias operadoras de planos de saúde, ao proibi-las, em julho, de vender novos contratos, enquanto não cumprirem os prazos de atendimento, determinados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Filiado ao PT, Padilha participa ativamente da campanha em várias cidades paulistas, mas nega ter pretensões de ser o próximo “poste” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já adotou a expressão, e disputar o governo estadual, em 2014. No entanto, o ministro admitiu a correligionários que pretende transferir, em breve, o seu domicílio eleitoral de Santarém, no Pará, para São Paulo. Padilha conversou com a DINHEIRO logo após o debate entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad, na sede da Band, em 18 de outubro.
 
As operadoras de planos de saúde foram pegas de surpresa com a suspensão?
Claro que não. As regras foram construídas por meio de consultas públicas e discutidas com a população e os órgãos de defesa do consumidor. A partir daí, o Ministério da Saúde criou um ciclo de monitoramento que parte da opinião do usuário. Estabelecemos o tempo máximo que os planos de saúde podem ter para atender uma pessoa em consultas clínicas, exames e cirurgias. É algo inédito no País, com avaliações trimestrais.
E qual é o balanço até agora?
Em julho, fizemos a primeira suspensão do direito de venda, que atingiu 37 operadoras. Os planos punidos não podem vender para novos clientes, enquanto não estiverem atendendo corretamente quem já tem contrato com eles. Fizemos o segundo ciclo de suspensão neste mês, que atingiu 38 operadoras, sendo que 29 eram reincidentes. Faremos a terceira etapa em dezembro.
A qualidade do atendimento dos planos vai melhorar?
Acredito que sim. Estamos deixando claro que a suspensão é para valer. Nós queremos dar um caráter pedagógico para as operadoras.
Como o sr. avalia as greves de médicos contra os planos de saúde?
É um processo de negociação entre os profissionais e as operadoras. A lei que estabelece o papel da ANS limita a sua competência nessas negociações salariais. Agora, o Ministério da Saúde sempre torce para que essa negociação aconteça o mais rápido possível e não prejudique a população.
Mas só torcida não adianta. O que acontece quando a greve demora muito e prejudica o atendimento?
Quando houver qualquer tipo de paralisação, as operadoras têm de garantir o atendimento, não só o de emergência, mas também os atendimentos nos prazos estabelecidos para cirurgias, consultas e exames. É importante deixar claro que o nosso monitoramento continua, inclusive nos períodos de greve.
Como o sr. avalia o papel do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para evitar a concentração de hospitais nas mãos de poucos grupos privados?
Existem regras estabelecidas e o Cade vai zelar por elas, mas eu prefiro não me posicionar sobre esse tema. A preocupação do Ministério da Saúde e da ANS vai ser sempre com a garantia do melhor atendimento possível ao usuário.
O dinheiro da CPMF, extinta em 2007, ainda faz falta para a saúde?
Nós temos duas grandes questões. Uma delas é aprimorar a gestão para fazer mais com o que nós temos. Não posso ficar esperando dinheiro cair do céu. Economizamos R$ 1,8 bilhão, em 2011, com a mudança na forma de compra de medicamentos. Essa melhoria da gestão permitiu colocar remédio de graça para hipertensão e diabetes na farmácia popular, aumentando em quatro vezes o acesso das pessoas a esses medicamentos, e reduzindo internações por diabetes.
E a outra questão?
Lutamos diariamente para aumentar o orçamento para a saúde, como, aliás, já vem ocorrendo. A presidenta Dilma fez, em 2012, o maior aumento nominal de recursos para a nossa pasta, e repetiu a dose na proposta para 2013. Mais uma vez a saúde foi contemplada com a maior verba .
Com a visibilidade que o Ministério da Saúde lhe proporciona, o sr. se considera um candidato potencial ao governo de São Paulo, em 2014?
Eu, em particular, tenho uma missão que a presidenta Dilma me confiou, que é melhorar a saúde para a população brasileira. Daí, acabo nem pensando sobre isso, pois há muito trabalho a ser feito. A qualidade precisa ser uma obsessão diária do SUS, e o esforço de fazer parcerias com Estados e municípios exige muito empenho. Isso é fundamental porque são os prefeitos e os governadores que, na prática, organizam e contratam os serviços conveniados.
Embora existam nomes fortes no PT, como o da senadora Marta Suplicy, o do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o do prefeito reeleito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, o seu nome tem sido muito comentado na campanha paulistana. O sr. teria, inclusive, a preferência do ex-presidente Lula...
Estou muito dedicado ao ministério. Não tenho tempo para pensar em qualquer outra coisa
 

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