Luta contra Aids completa 30 anos
Pesquisas apontam avanço do vírus entre os mais jovens, cuja vulnerabilidade talvez resida no fato de não terem sofrido perdas para a Aids
A comunidade internacional, reunida nesta semana em Nova York, debate os avanços e desafios da prevenção e do tratamento da Aids no momento em que se completam três décadas de convívio com o vírus HIV.
Do pânico inicial deflagrado pela doença, cujas primeiras manifestações foram detectadas em 1981, percorremos um longo caminho ao momento atual, no qual os portadores do vírus com acesso a tratamentos adequados têm qualidade de vida e longevidade preservadas.
Essa caminhada contou, sem dúvida, com grande protagonismo e pioneirismo do Brasil, que mostra na Reunião de Alto Nível sobre Aids das Nações Unidas êxitos e disponibilidade para ajudar os demais países, sobretudo os mais pobres, a enfrentar a doença.
Além das políticas de prevenção, diagnóstico precoce e acesso universal e gratuito ao tratamento antirretroviral, eixos da ação do Ministério da Saúde, levamos à conferência nossa parceria com a sociedade na elaboração das estratégias de combate à Aids e a outras doenças sexualmente transmissíveis.
Apresentamos também a lei sancionada pela presidenta Dilma que prevê a doação de dois dólares para cada bilhete aéreo internacional à Central Internacional para Compra de Medicamentos (Unitaid), sem que haja cobrança de taxa adicional aos passageiros.
Há 20 anos, quando foram descobertas as primeiras drogas, iniciamos a oferta do tratamento pelo Sistema Único de Saúde(SUS). Há 15 anos o serviço é universal, beneficiando, hoje, 210 mil brasileiros.
Atualmente, produzimos dez dos 20 medicamentos do coquetel distribuído aos pacientes e asseguramos uma rede de monitoramento do HIV, como os exames da carga viral e do sistema imunológico.
Com o estímulo à indústria nacional e a ampliação no atendimento, o custo individual caiu 24% desde 2003. Além de adquirir os remédios diretamente, com verbas próprias, o Ministério da Saúde repassa recursos aos Estados e aos municípios para apoiá-los na distribuição aos pacientes.
Esse conjunto de medidas tem resultados expressivos. Soropositivos diagnosticados na fase inicial da doença, por terem acesso ao tratamento, têm condições de vida e longevidade semelhantes a quem não tem o vírus.
Entre as crianças, a chance de superação da barreira de cinco anos após o diagnóstico disparou de 24% para 86% entre os anos de 1983 e 2007. Já a transmissão da mãe para o bebê durante a gestação caiu 44,4% de 1999 a 2009.
Por outro lado, realizamos esforços para a prevenção da contaminação, estimulando, sobretudo, a prática do sexo seguro.
Só neste ano, distribuiremos 1,4 bilhão de preservativos, além de campanhas de conscientização e orientação. Com nossa política de redução de danos aos dependentes químicos, diminuímos o contágio por uso de drogas injetáveis de 25% no início dos anos 90 para 5,8% entre homens e 2% entre mulheres.
A eficácia de nossa sólida política preventiva é atestada pela estabilidade, ao longo da última década, da epidemia no Brasil.
A experiência brasileira nos últimos 30 anos não nos isenta de reconhecer os desafios que a luta contra a Aids ainda impõe. Pesquisas apontam avanço do vírus entre as mulheres e entre os mais jovens, cuja vulnerabilidade talvez resida no fato de não terem sido parte da geração que sofreu, com perplexidade, a perda de ídolos, parentes e amigos para a Aids.
A superação desses obstáculos deve preservar a maior de nossas conquistas: a estruturação de rede de acolhimento, sem qualquer preconceito ou juízo de valor, para quem vive com HIV.
Além de garantir a saúde, é fundamental continuarmos trabalhando pelo respeito à autoestima e à cidadania de todos.
ALEXANDRE PADILHA, 39, é ministro da Saúde.
Artigo publicado em 05/06/2011 na Folha de SP.
Imagem extraída de: http://asaudequetemososusquequeremos.wordpress.com/2011/02/17/ministerio-dilma-quem-e-alexandre-padilha-ministro-da-saude/
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segunda-feira, 6 de junho de 2011
Ministro da Saude fala dos 30 anos da luta contra a AIDS!
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