terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Reclamar por trás do computador é fácil!

     Inaugurei esse blog em Junho de 2010. O principal motivo foi o fato de ter acesso a diversas informações, as quais não conseguia ver como destaque na grande imprensa. Queria poder compartilhá-las, ainda mais num momento tão importante como o processo eleitoral pelo o qual passamos recentemente. Sempre tive a certeza de que passaria a me expor, devido a minha opinião. Nunca quis convencer ninguém de nada, mas sabia que seria questionado sobre tudo o que opinasse. Nunca falei com alguém em especial, mas não foram poucos os que me enfrentaram, vestindo a tal da carapuça (aliás, de onde vem esse termo?).
     Dediquei boa parte de minha vida aos movimentos sociais. Desde jovem tento e busquei atuar. Se o fiz de maneira correta, a vida vai dizer. Essa militância me faz ser cobrado por muitos sobre os rumos do País. Enquanto militante de esquerda, me cobravam o quanto o socialismo, de fato, havia avançado no mundo. Enquanto militante sindical fui cobrado por conta das notícias maldosas, que sugeriam que as entidades sindicais não cumpriam o seu papel. Até no tempo de escoteiro era cobrado sobre as reais intenções de Baden Powell quando da criação deste importante movimento.
     Hoje ocupo um cargo no Governo Federal, que muito me felicita, pois toda a luta demonstrada acima tinha como objetivo ter um País um pouco mais justo e com suas ações voltadas para o desenvolvimento social. Pude ver isso com a eleição de Lula e Dilma. Poder trabalhar no final do Governo Lula e no início do Governo da Presidenta Dilma, deu-me a possibilidade de ver o quanto é possível fazer, num País em que muito ainda há por ser feito. Mas tem seu preço. Apesar de atuar no Ministério da Saúde, tenho que me defender e entender de assuntos os quais não domino o quanto queria, como economia, educação, esportes, entre outros.
     Agora, tem algo que é engraçado. Tenho sido cobrado por muitos que não me lembro de ter encontrado nas ruas, apenas em reuniões fechadas em gabinetes refrigerados. Não me lembro de ver alguns destes nas manifestações públicas, apenas os vi assinando algum documento gerado pelo movimento. É uma forma de participação? Claro que é. Mas só isso basta? Acho que não. Vestir uma camisa do Che Guevara não resolve se não tiver claro quais eram as suas bandeiras e defendê-las a todo o momento. Cantar uma música de Chico Buarque escrita no tempo de ditadura, não transforma ninguém em herói. Dizer que defende a luta LGBT e continuar com as velhas piadas homofóbicas não adianta. Proclamar-se um lutador pela igualdade racial e ainda falar que: “a coisa está preta”, ou “denegrir a imagem”, deixa claro que a grande defesa da causa ainda não aconteceu.
     Essa postagem surgiu por conta de diversas sugestões que tenho recebido sobre os avanços que o Programa Farmácia Popular deveria ter. Concordo com boa parte delas, mas queria ver as manifestações tornarem-se ativas, não apenas através do conforto de se sentar na frente de um computador e resolver opinar. Dos que me cobram, nunca soube de uma participação, por menor que fosse, num Conselho Municipal de Saúde, numa assembléia de sindicato. E não me venha dizer que participou de um debate sobre o tema, pois ficar sentado assistindo e vangloriar-se de levar um certificado de participação para casa, não muda nada. Uma das principais manifestações, que motivaram essa postagem, veio de um proprietário de estabelecimento farmacêutico credenciado ao programa Farmácia Popular. Ele, revoltado, disse para mim: “É um absurdo ver uma pessoa estacionar o seu carro caríssimo na frente da minha drogaria e levar um medicamento para hipertensão ou diabete, gratuitamente”. Terminou dizendo que era um lutador do SUS e por isso sua ira. Pois é, se defendesse mesmo, entenderia a Universalidade. O Sistema Único de Saúde nunca foi um sistema para pobres, por mais que alguns quisessem que assim o fosse. Ele é amplo e aí mora um dos seus grandes desafios
     Bem vindo a democracia!!!

3 comentários:

Anônimo disse...

Querido Marco

o governo é sempre uma bela vitrine em que se jogam pedras. Os apedrejadores porém, esquecem que eles que pagam a conta depois.
Beijos, e viva a democracia

Zizia

Marselle Nobre de Carvalho disse...

Marco,

Adorei o texto. Se expor nao é fácil. Lutar pelo que acreditamos é mais dificil ainda. Só sabe quem realmente vai a rua, dá a cara a tapa e defende suas idéias, mesmo sabendo que isso pode até custar o seu emprego... Sei bem como é isso....

beijos,

marselle carvalho

Ricardo Murça disse...

Belo texto Marco!
Parabéns pelo BLOG
Saudoso abraço
Ricardo Murça