sábado, 23 de janeiro de 2021

Farmacêutica...e voluntária para os testes da vacina contra a COVID-19.

Depois da aprovação pela ANVISA, dos dois primeiros pedidos de uso emergencial das vacinas contra a COVID-19 (CORONAVAC e ASTRAZENECA), muito se falou sobre o fundamental trabalho desenvolvido por profissionais farmacêuticos. Em toda a etapa para a disponibilização  das vacinas para a sociedade, que envolve desde a pesquisa até o relatório técnico apresentado pela Agência, farmacêuticas e farmacêuticos cumpriram seu papel, com forte relevância social. 

Existe um grupo no entanto, que particularmente acho que foi pouco citado nesse processo, formado pelos voluntários e voluntárias que se disponibilizaram para os testes clínicos sobre as vacinas. Homens e mulheres que acreditaram na ciência e se dispuseram a cumprir esse importante papel, dentre eles, farmacêuticos e farmacêuticas.

A partir desta postagem, vamos divulgar os depoimentos de outros(as) colegas que participaram como voluntários(as). Se é o seu caso, envie seu depoimento para oblogdomarcoaurelio@gmail.com. 

Abaixo, o depoimento de Marta Pereira, uma amiga farmacêutica de muito tempo, contemporânea de faculdade, que foi uma das voluntárias. Parabéns Marta. Muito orgulho de você.





"Eu estava tranquila, dando aula de farmacologia, quando iniciou a pandemia.

E começou a me incomodar estar assistindo as notícias, e não participar ativamente deste acontecimento histórico. Então após dez anos longe dos hospitais, resolvi trabalhar no hospital de Campanha do Guarujá. Acompanhei 86 óbitos pessoalmente, a falta de alguns materiais, a exaustão física e a emoção das altas (como se fosse uma batalha vencida, cada paciente que saia).

No refeitório e no dormitório, todos tiravam as máscaras, pois era um momento de respirar; e eu pensava, nós aqui devemos ser portadores, pois estamos sem proteção. 

Quando li sobre a vacina, observei a quantidade de chineses que já tinham tomado sem ter efeito colateral. Naquele momento precisavam de duas mil pessoas que tivessem contato direto com pacientes comprovadamente com covid19.

Confesso que achei pequeno o número de voluntários , e no primeiro momento mandei meus dados achando que já tinham completado a pesquisa, mas para minha surpresa, eram poucos os candidatos.

Fui até o hospital das clínicas, fiz o teste rápido; colheram todos os exames e eu estava apta a participar. No mesmo dia, tomei a primeira dose; saí com um diário e um disco para observar o local da aplicação. Não senti absolutamente nada, no local não conseguia localizar a picada. E todos os dias tinha que marcar: se tive febre, se vômitei, se tive dor de cabeça, se tive diarreia, ou qualquer outro sintoma.

Fiquei frustrada, falei eu tomei placebo. No retorno, após quinze dias, novamente coleta de sangue, suab, urina. Na consulta médica, ao devolver o diário, falei para médica pesquisadora, acredito que tomei placebo, ela disse que na primeira etapa da pesquisa, as pessoas que mais relataram sintomas, tinham tomado placebo.

Outro diário de 15 dias, e nenhuma reação. E na consulta após um mês, eu pedi


meu
IgG e IgM. Ela explicou, nem eu tenho acesso aos seus exames; por isso chama duplo-cego. Emitimos 5 cópias do relatório: para USP, Butantã, ANVISA, Ministério da saúde e uma para o Comitê Independente. Quem vai autorizar a abertura do duplo-cego é o Comitê, e vamos ter acesso ao resultado no mesmo momento que for divulgado para o público.

Todos os meses seguintes, continuei com consultas médicas, coletas de sangue e relatos semanais pelo whatsap, como eu estava me sentindo.

No dia 22/01 fui convocada para abertura do duplo-cego. Fiquei sabendo que estava imunizada, e somente agora pude solicitar os exames, que chegarão para próxima consulta.

Eu particularmente acredito que cada um tem o direito de escolher se toma ou não a vacina. Mas assistindo os óbitos, pessoas que estavam bem aparentemente e em 6 horas evoluíram para o óbito, sem sintomas clínicos ou laboratoriais, simplesmente a saturação de oxigênio foi baixando e os medicamentos não fizeram efeito. Eu aconselho a tomarem, baseados na ciência.

Até hoje os anticoncepcionais tem 99% de eficácia."

Farmacêutica...e vacinada!

E a vacinação contra a COVID-19 começou no Brasil. Depois de muita expectativa, no dia 17 de janeiro a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou o pedido de uso emergencial das vacinas CORONAVAC - da parceria do Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa SINOVAC, e da AstraZeneca, fruto da parceria da FIOCRUZ e da Universidade de Oxford. A partir da aprovação, os grupos prioritários passaram a receber a vacina, momento que foi registrado por muitos, com a publicação de fotos e depoimentos emocionados. Infelizmente, com a vitória da ciência, passamos também a receber as fakenews, envidas pelos que não acreditam na vacina e não querem se vacinar. 

Muitas entidades e organizações passaram, então, a divulgar informações corretas sobre a vacina e a importância da vacinação. Artistas, cientistas, profissionais de saúde se uniram e, pelas redes sociais, divulgaram card e vídeos de incentivo à população.

A partir desta postagem, passaremos a divulgar o depoimento de farmacêuticos (as) que foram vacinados (as) e que estão compartilhando essa experiência histórica. Nossa gratidão por dividirem  esse momento!

A partir desta postagem, vamos divulgar os depoimentos de outros(as) colegas vacinados (as). Se é o seu caso, envie seu depoimento para oblogdomarcoaurelio@gmail.com. 

O primeiro depoimento que recebi foi de uma ex-aluna. Parabéns Marina! Muito orgulho de você.


"Olá! Meu nome é Marina Arruda, Farmacêutica, formada pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul e, neste ano de 2021, completo 10 anos de profissão. Atualmente, sou Farmacêutica do Pronto Socorro Municipal de Itabira - MG, terra do grande poeta e também Farmacêutico, Carlos Drummond de Andrade.

Somos referência Hospitalar para um microrregião de 14 municípios mineiros e diversas comunidades rurais e, como Pronto Socorro, porta de entrada para atendimentos de urgência e emergência, recebendo, consequentemente, muitos pacientes com diagnóstico positivo de Covid-19 e diversos outros que dão entrada com um diagnóstico e, aqui, são diagnosticados com Coronavírus.

Foi muito difícil esse período de pandemia para todos mas, para mim, foi extremamente complicado pois, quando a Pandemia foi declarada, em março, eu estava no último mês de gestação. Voltei ao trabalho sem perspectiva de vacina, mas, mesmo com medo de me contaminar e contaminar os meus, segui fazendo aquilo que aprendi na graduação: cuidar e zelar pela saúde do próximo. Os pacientes e os meus familiares.

A vacina chega como um sopro de esperança. O Brasil, que sempre foi referência em


Vacinação e Saúde Pública, vê os movimentos anti-vacina crescendo e, com isso, colocando em risco a imunização coletiva. Vacina não é pelo indivíduo. É pela sociedade. É por você, por mim, pelos seus e pelos meus.

Farmacêuticos, lutem pelo seu lugar na fila de Vacinação. Vocês são profissionais de Saúde e a farmácia comunitária é dos primeiros locais de saúde onde a população recorre na necessidade. 

Vacinem! Quando chegar a sua vez da fila, Vacine! Só assim conseguiremos vencer esse vírus, só assim teremos um mundo parecido com o que tínhamos antes.

Dias melhores virão! Estaremos aqui para eles!"




quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

É hora de ajudarmos com a divulgação de informações corretas!

Vamos combater as fakenews e a desinformação? Aqui estão alguns cards para divulgação em redes sociais. É chegada a hora de contribuirmos com a disseminação de informações corretas. O desafio agora é transformar vacina em vacinação! 
Se tiver sugestões de outros, envie para  podermos divulgar!

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Sobre a eficácia da vacina do Instituto Butantan...


Desde o dia 07 de janeiro deste ano que temos acompanhado, de maneira mais entusiasmada, as informações sobre os resultados clínicos do teste de eficácia da vacina Coronavac, fruto da parceria entre o INSTITUTO BUTANTAN e a farmacêutica chinesa SINOVAC. Nessa ocasião, o Governo do Estado de São Paulo anunciou que a vacina, em teste,  evitou 78% de casos leves e 100% contra mortes, casos graves e internações nos voluntários vacinados que foram contaminados. O Brasil recebeu com alegria tal informação, principalmente porque havia uma expectativa sobre tais dados desde  23 de dezembro do ano passado. Apesar do anúncio do governo Turco, de que a mesma vacina apresentara, como resultados preliminares, uma eficácia  de 91,25% em testes realizados no País, e da Indonésia, de 65,3%, ficamos muito satisfeitos. TEMOS UMA VACINA!

Nossa alegria foi ainda maior pois, no dia 08 de janeiro, o Instituto Butantan apresentou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de uso emergencial da Coronavac. 


Hoje, após uma série de especulações, o governo paulista apresentou, em coletiva,  informações mais detalhadas sobre os testes de eficácia da vacina. Apesar de todo esforço para transformar um assunto extremamente técnico, numa linguagem que a população pudesse compreender, muita dúvida ainda pairou no ar. Talvez elas não existissem se não fosse as inúmeras "fakenews" que percorrem as redes sociais, elaboradas pelos negacionistas, que buscam questionar não somente essa, mas qualquer das vacinas que estão em testes. Assim, este humilde Blog vai tentar apresenta alguns esclarecimentos:

- Foi apresentado que a vacina apresentou, como resultado de teste de EFICÁCIA GLOBAL (considera a imunização em todos os casos de infecção - assintomáticos, leves ou graves, sem recorte de grupo), o percentual de 50,38%. 

- Os números não mudaram, as informações é que foram mais detalhadas agora. Os números apresentados anteriormente, de um índice de 100% para casos moderados e graves e de 78% para casos leves, era segmentado. A EFICÁCIA GLOBAL apresenta o índice não segmentado. 

- Apesar de parecer ser um número baixo, ele está acima do  número mínimo para aprovação na ANVISA, que é de 50%. Para se ter uma ideia, a vacina contra o rotavirus, que foi fundamental para o país, disponibilizada em 2006, tem uma eficácia entre 40 e 50%.

- Isso não significa que a vacina não é segura. Os índices de reações adversas e reações alérgicas apresentados nos testes são baixíssimos.

Veja a conclusão apresentada na coletiva: 



A ANVISA comunicou que fará reunião de sua diretoria colegiada no domingo (17/01) para deliberar sobre os pedidos de uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford/AstraZeneca, desde que atendidos os pedidos de documentos faltantes e complementares. 

Para mais informações sobre os resultados apresentados hoje, sugiro a leitura do seguinte texto: OS RESULTADOS DA CORONAVAC SÃO MUITO BONS!

Para acessar a apresentação na íntegra, feita hoje pelo Governo do Estado de São Paulo, CLIQUE AQUI

E para finalizar, nosso desafio agora, como disseram na coletiva, é transformar a vacina em vacinação! Ninguém pode ter dúvidas sobre a importância da vacina. Ninguém deve ser deixado para trás. 


Fonte:

CoronaVac: vacina do Butantan tem 78% de eficácia; entenda tudo o que se sabe - Época (globo.com)

Coronavac tem 91% de eficácia, afirma governo da Turquia (uol.com.br)

Butantan entra com pedido na Anvisa para uso emergencial da CoronaVac | Revista Fórum (revistaforum.com.br)

Anvisa decidirá uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford neste domingo - Nacional - Estado de Minas

É confiável? entenda a eficácia global da CoronaVac no Brasil - Coronavírus - iG

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