Hoje, dia 07 de junho, já que estamos em tempos de Copa muitos se lembrarão do jogo Brasil e Inglaterra ocorrido há 44 anos. Durante a campanha que levou o Brasil ao tri campeonato mundial, Brasil e Inglaterra fizeram um jogo tenso, que acabou com a vitória da seleção canarinho por 1 a 0. Mas essa data também traz outro grande motivo de comemoração: a inauguração das primeiras unidades do Programa Farmácia Popular do Brasil, em 2004. Em outra postagem falamos sobre a construção do marco legal deste importante programa. Em resumo, no mês de abril foi aprovada a Lei 10.858, em maio foi assinado o Decreto 5090 e em junho o programa se concretiza.
Em uma solenidade em que simultaneamente foram inauguradas as primeiras unidades em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, o Presidente Lula, presente na capital Baiana, fez um discurso o qual gostaria de resgatar nesta postagem. Muitos números poderiam ajudar no balanço desses 10 anos e demonstrar o sucesso do programa, o que me comprometo e publicar em outras postagens.
Abaixo, a íntegra do discurso do Presidente Lula:
Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na solenidade de lançamento da Farmácia Popular do Brasil
Salvador-BA, 07 de junho de 2004.
“Meus amigos, minhas amigas do querido estado da Bahia,
O que nós estamos fazendo aqui, hoje, além de lançar a Farmácia Popular, simultaneamente, em algumas capitais do Brasil – porque, se Deus quiser, até o final do ano, estaremos inaugurando muitas farmácias populares pelo Brasil – é dando uma demonstração de que quando nós governamos e temos responsabilidade, nós precisamos olhar as necessidades do povo de cada região e, em função dessas necessidades, tentar atendê-las o mais prontamente possível. Independentemente de quem seja o governo ou o partido a que pertença aquele governo, o que interessa para nós é saber se o que estamos fazendo está de acordo com os interesses e com a necessidade da população.
Não sei se vocês perceberam pelo comunicado do orador oficial, aqui, do nosso mestre de cerimônias, que nós inauguramos, hoje, em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Salvador. Por coincidência, duas cidades governadas pelo PT e duas cidades governadas pelo PFL. E o critério da escolha foi muito simples. Foi o critério dos prefeitos que se comprometeram a participar do processo da Farmácia Popular. Esse é o critério que, para nós, interessa. É o compromisso das pessoas quererem fazer o projeto junto com o governo federal. É por isso que estamos fazendo o Projeto do Leite, e eu quero dar um dado aqui, na presença do governador Paulo Souto e sua esposa, na presença do Prefeito e sua esposa, na presença do Dom Geraldo, dos meus ministros e dos deputados que aqui já foram citados.
Eu quero passar um dado para vocês: a Bahia é o estado que mais recebe Bolsa Família, hoje, no Brasil. São 535 mil famílias que já receberam o Bolsa Família neste estado até o mês de maio. E são 85 mil famílias que recebem em Salvador, faltando apenas 27 mil famílias para que a gente possa atender àquilo que nós nos comprometemos a atender este ano. Numa demonstração que, para nós do governo federal, o que importa são as necessidades do povo e não o partido que governa este ou aquele estado da Federação. Muito melhor é fazermos as coisas quando o governador demonstra interesse em fazê-las, quando o prefeito demonstra interesse em fazer e quando nós temos o apoio, como nós tivemos, aqui, desse querido povo, desse hospital extraordinário, dessas obras sociais fantásticas que eu tive oportunidade de conhecer antes das eleições, com os companheiros e as companheiras que trabalham aqui na Irmã Dulce.
Eu queria dizer que eu vim, aqui, durante a campanha, e vim visitar doentes. E saí daqui convencido que não é à toa que este estado é, possivelmente, um dos mais religiosos do país. Não é à toa que nós estamos falando, aqui, próximo da igreja do Bonfim. Esta Igreja que é um marco na vida de cada cidadão ou cidadã baiana. As obras que eu vi há dois anos, me fizeram acreditar no ser humano muito mais do que eu já acreditava, porque existe um grupo de homens e mulheres que trabalha nesta instituição, capaz de cuidar daqueles que procuram este hospital. Eu sou obrigado a dizer, meu caro ministro da Saúde, Humberto Costa, que nós temos muito a aprender, não no que diz respeito à saúde, mas nós temos muito que aprender no que se trata de praticar amor verdadeiro, como nesta Instituição Irmã Dulce.
Quero dizer para vocês que estou feliz com a inauguração desta Farmácia Popular em Salvador. Possivelmente, algumas pessoas não saibam a importância disso; possivelmente quem nunca teve dificuldade de comprar um remédio, não sabe a importância disso; quem nunca viu um parente morrer tendo a receita colocada dentro da gaveta de um criado-mudo ou embaixo do travesseiro por falta de 2, 3 ou 1 real para comprar o remédio.
A Farmácia Popular é mais uma opção que nós estamos oferecendo a uma parcela da população e não tem nada a ver com o remédio que as pessoas recebem, gratuitamente, nos postos de saúde deste país. As pessoas vão continuar a receber os remédios de graça nos postos de saúde. E não tendo o remédio lá, essa pessoa vai poder chegar numa Farmácia Popular e ver a cena que eu vi agora: uma senhora e um senhor comprando remédio para hipertensão. Remédio pelo qual eles pagavam R$ 7,70, na farmácia e que agora pagam, aqui, apenas R$ 1,50. Isso vai possibilitar que remédio no Brasil deixe de ser um artigo de rico e passe a ser um elemento a mais para que a gente possa combater a doença.
O governador Paulo Souto participou de um ato em Brasília nesses dias em que nós fizemos o lançamento dos contratos de política de saneamento básico do nosso governo. Apenas este ano nós estamos investindo mais dinheiro em saneamento básico do que tudo que foi investido de 1995 a 2002. Em um ano, estamos investindo mais do que foi investido em sete anos. E por que estamos investindo em saneamento básico? Porque investir no tratamento de água e canalização do esgoto significa investir na saúde. Porque quanto mais limpa for a rua em que moram as pessoas, quanto mais a água for tratada, quanto mais o esgoto for canalizado, menos a gente vai ter que gastar com hospitais e com remédios.
Por isso, é com muito orgulho que eu estou, aqui, hoje, inaugurando esta Farmácia Popular e até o final do ano estaremos inaugurando muitas outras farmácias populares, como também estaremos inaugurando muitos centros de tratamento de saúde bucal, porque, lamentavelmente, no Brasil a boca não é tratada como uma questão de saúde pública. E nós estamos construindo 400 centros no Brasil, para que o povo pobre tenha direito a dentista e que dentista não seja uma coisa de rico. Com uma diferença: é que nos nossos centros de saúde bucal, que eu espero vir inaugurar Humberto, aqui em Salvador, não é para a pessoa ir ao dentista arrancar o dente. Porque, hoje, o pobre chega lá e como o tratamento é muito caro, o jeito mais barato é meter o boticão e arrancar o dente do pobre como se fosse uma coisa qualquer.
O que nós queremos, é que o pobre tenha a sua boca tratada com a mesma dignidade que tem qualquer outro cidadão neste país, porque a saúde bucal nunca foi tratada com respeito no Brasil, porque rico não tem dor de dente, dor de dente é coisa de pobre e se é coisa de pobre não havia interesse em dar um tratamento especial. Nós vamos tratar para que uma criança pobre tenha o direito de colocar um aparelho para fazer correção nos dentes. Nós vamos tratar para que o pobre tenha direito de fazer tratamento de canal. Nós vamos tratar para que um adulto que, muitas vezes, não tem um dente na boca, tenha direito a uma prótese feita sob medida e não aquelas ganhas de presente em época eleitoral, em muitas cidades do nosso querido Brasil.
É por isso, meus companheiros e companheiras, que eu quero agradecer, sobretudo, o esforço de vocês de ficarem embaixo dessa chuva, enquanto nós estamos aqui na cobertura. Eu quero agradecer a sua coragem e disposição. Eu disse uma vez num comício na Praça Castro Alves que, possivelmente, em outra encarnação eu tenha sido baiano, porque em poucos lugares do mundo eu tenho sido tratado, ao longo desses anos, com o carinho com que o povo baiano tem me tratado todas as vezes que eu venho aqui. E podem ficar certos que amor a gente paga com amor; carinho a gente paga com carinho. E se o povo da Bahia é tão carinhoso comigo, podem ficar certos que eu farei pela Bahia tudo o que estiver ao meu alcance.
Muito obrigado e boa sorte ao povo da Bahia”.
Fonte:
http://www4.planalto.gov.br/informacoespresidenciais/luiz-inacio-lula-da-silva/discursos-entrevistas-programas-de-radio-e-videos/2004/
Imagem de: http://diariodacostadosol.com/noticias.php?page=leitura&idNoticia=22038
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