quinta-feira, 30 de junho de 2011

Farmacêuticos do Sudeste se mobilizam para a 14a Conf. Nac. Saúde!

Os Encontros Regionais de Farmacêuticos acontecem em todas as regiões do Brasil para discutir, principalmente, o acesso e humanização dos serviços de saúde

Escrito por Adriana Gonçalves

Nos próximos dias 8 e 9 de julho, São Paulo será a sede dos Encontros Regionais de Farmacêuticos no Sudeste. O evento será realizado em todas as regiões do Brasil, reunindo profissionais do setor como um preparatório para a 14a Conferência Nacional de Saúde (CNS) que acontecerá no final de 2011.



De acordo com Silvana Nair Leite, presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos – instituição organizadora da reunião juntamente com a Fenafar (Federação Nacional dos Farmacêuticos) – eventos como esse são importantes para reunir a categoria farmacêutica para discutir as necessidades em relação às políticas e ações de saúde. “ É preciso buscar possibilidades de avançarmos todos juntos – farmacêuticos e sociedade – rumo a um sistema de saúde que atenda as expectativas e os direitos do povo brasileiro.”


Os eventos estão sendo organizados a partir de três grandes questões: a Política Nacional de Assistência Farmacêutica em relação ao acesso e processo de atenção à saúde no SUS (Sistema Único de Saúde), a vigilância em saúde no processo de atenção à saúde e controle social no acesso aos serviços e produtos na saúde. “Os assuntos colocados em evidência nos debates e palestras ministradas durante os encontros são os que a 14a CNS abordará com maior ênfase: o acesso e humanização nos serviços de saúde”, aponta Silvana

Mesmo com um direcionamento das discussões em comum, cada região vai trazer questionamentos relacionados aos problemas que observam no seu dia a dia, como explica Silvana. “As diferenças acontecem especialmente pela escolha dos convidados para cada debate, pois isso determina a linha de discussão, seguindo o que mais interessa aos farmacêuticos de cada região.”


A Escola Nacional dos Farmacêuticos e a Fenafar sempre realizam eventos preparatórios como simpósios, seminários e debates, mas nada dessa magnitude. Os encontros têm como objetivo preparar a classe farmacêutica para participar mais ativamente da CNS. “Para que a participação dos profissionais seja efetiva nas Conferências, é necessário que estejam de fato preparados para propor, discutir, defender e construir proposições alinhadas com a defesa da saúde da população e do papel do farmacêutico no processo de atenção à saúde”, conclui Silvana.

Os Encontros Regionais de Farmacêuticos são uma parceria com o Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF/SCETIE/MS), Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (Abenfar).


Sediado no Expo Center Norte, o encontro no Sudeste acontece juntamente com a 21a Semana Racine Congresso de Farmácia, e com a 21a Expo- Farmácia. Quem quiser participar deve se inscrever no site: www.escoladosfarmaceuticos.org.br.



Confira a programação do evento:

8 de julho – sexta feira


9h – Abertura e boas vindas.


9h15 - PALESTRA – A CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


Convidado: Dr. Carlos Augusto Grabois Gadelha – Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - SCTIE/MS 10h15 às 13h30 - PAINEL I - A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO CONTEXTO DO ACESSO E PROCESSO DE ATENÇÃO À SAÚDE NO SUS


Perguntas orientativas aos painelistas:


1- Qual papel da assistência Farmacêutica para a garantia da integralidade da atenção à saúde?


2- Como a Assistência Farmacêutica se insere na atenção primaria em saúde?


3 - Quais os desafios da Gestão do Trabalho e da Educação na Assistência Farmacêutica?


4 - Como a Assistência Farmacêutica deve constar nos Planos de Saúde? Apenas disponibilização de medicamentos?


Convidados:


• Heider Aurélio Pinto Secretário - Diretor do Departamento de Atenção Básica - SAS/MS


• José Miguel do Nascimento Júnior – Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica - DAF/SCTIE/MS


• Sérgio Luiz Cortez da Silveira – Secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro


• Jurema Wernek – Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde - CNS


• Maria José Martins de Souza – Gerente de Assistência Farmacêutica da Fundação para o Remédio Popular - FURP


• Roberto Passos Nogueira – Presidente do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde - CEBES


• Marco Aurélio Pereira – Diretor da Federação Nacional dos Farmacêuticos - Fenafar


• Silvana Nair Leite – Presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos - Mediadora


13h30 às 14h30 – Intervalo para almoço


14h30 às 16h45 - PAINEL II - A VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO PROCESSO DE ATENÇÃO A SAÚDE


Perguntas Orientativas aos painelistas:


1 - Qual papel da Vigilância em Saúde para a garantia da integralidade da atenção a saúde?


2 - Como a Vigilância em Saúde se insere na atenção primaria em saúde?


3 - Quais os desafios da Gestão do Trabalho e da Educação na Vigilância em Saúde?


4 - Como a Vigilância em Saúde deve constar nos Planos de Saúde? Apenas fiscalização e regulação?


Convidados:


• Dirceu Barbano – Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa


• Marcos da Silveira Franco – Assessor Técnico do Núcleo de Promoção de Vigilâncias do CONASEMS


• Ediná Alves Costa – Coordenadora do Grupo de Trabalho de Vigilância Sanitária da Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva - Abrasco


• Raquel Cristina Rizzi – Presidente do Conselho Regional de Farmácia – CRF-SP


• Maria Maruza Carlesso – Secretária Geral da Federação Nacional dos Farmacêuticos - Mediadora


17h – Coffe-break


17h20 – Debates de plenário 19h30min – Lançamento da Campanha Sou Mulher, Sou Farmacêutica, Tenho Direitos !


21h – Coquetel 9 de julho – Sábado






9h às 11h30 - PAINEL III - O CONTROLE SOCIAL NO ACESSO AOS SERVIÇOS E PRODUTOS NA SAÚDE


Perguntas Orientativas aos painelistas:


1- Como fazer com que o povo brasileiro se aproprie do SUS?


2- Qual o papel das organizações do povo brasileiro para efetivação do SUS?


3- Como as novas tecnologias de comunicação podem contribuir para o Controle Social?


4- Qual o papel dos Conselhos de Saúde?


Convidados:


• Ronald Ferreira dos Santos – Diretor da Federação Nacional dos Farmacêuticos


• Rilke Novato Públio – Presidente do Conselho Municipal do Conselho de Saúde de Betim/MG


• Carlos Rogério Nunes – Diretor de Políticas Sociais da Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil - CTB


• Lisa Gunn – Coordenadora do Instituto de Defesa do Consumidor - Idec


• Maria Helena Braga – Presidente da Associação Brasileira do Ensino Farmacêutico – Abenfar


• Paulo Teixeira – Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo - Mediador






12h – divisão de grupos – oficinas


12h30 às 13h30 – Almoço


13h30 às 15h30 – Oficinas


15h30 – Apresentação dos Grupos e sistematização dos Trabalhos


18h - Encerramento e coffe end






Local: Centro de Exposições e Convenções Expo Center Norte – Sala Santana 1 - (21ª Semana Racine) – São Paulo

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sist. HORUS - Estratégico na gestão da assistência farmacêutica!

Recebi o texto abaixo da competente farmacêutica Karen Sarmento Costa, coord. geral da Assistência Farmacêutica Básica do Dept. Assist. Farm. Ela é a coordenadora responsável pelo Sistema Horus. Já ouviu falar? Espero que leiam e divulguem!


HÓRUS – SISTEMA NACIONAL DE GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


Os avanços nos últimos anos na consolidação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica são significativos e estão representados por diferentes ações e estratégias do governo federal, estadual e municipal.

Porém, apesar desses avanços prévios na área, verifica-se que – em função de estrutura física inadequada, recursos humanos pouco qualificados e gestão insuficiente – ainda ocorre ausência de informações ou existência de informações pouco fidedignas e insuficientes sobre o acesso a medicamentos, perfil de utilização dos medicamentos, controle de demanda e estoques dos medicamentos, dificultando a melhoria do acesso e orientação para uso racional dos medicamentos.

Os sistemas de informação na área de Assistência Farmacêutica foram sendo desenvolvidos de maneira fragmentada para atender as necessidades específicas dos gestores.

Nesse contexto, surge o desafio de desenvolver um software nacional para atender a necessidade de qualificação das ações de planejamento, monitoramento e avaliação dos Componentes da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde.

Com essa premissa, o Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos H do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Recife, Empresa Pública de Informática de Recife (Emprel), Departamento de Informática do SUS (DataSUS) e a participação expressiva do Conasems desenvolveram o HÓRUS - Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica,lançado em dezembro de 2009.

Oficializado no âmbito do SUS, por meio da Portaria GM/MS 4.217/2010, que regulamenta o Componente Básico da Assistência Farmacêutica, o HÓRUS é disponibilizado aos municípios brasileiros como ferramenta para a qualificação da gestão e dos processos de trabalho nos serviços farmacêuticos.

O HÓRUS permite que o município controle as movimentações dos medicamentos realizadas entre a central de abastecimento farmacêutico (CAF), almoxarifados regionais e farmácias. Por se tratar de um sistema web, as informações estão disponíveis para os gestores e profissionais de saúde, em tempo real, permitindo a tomada de decisão oportunamente. Ainda, com a ferramenta qualifica-se as atividades técnico-assistenciais em especial do profissional farmacêutico, na medida em que o sistema disponibiliza o histórico de dispensação dos medicamentos auxiliando nas ações de acompanhamento dos pacientes nos programas de saúde, entre outras vantagens.

O DAF tem como desafio integrar os diferentes sistemas de controle e gestão de medicamentos no âmbito do Ministério da Saúde e a estratégia de interoperabilizar com os sistemas estaduais e municipais,visando constituir um banco nacional de dados da Assistência Farmacêutica praticada no SUS.

O uso articulado da informática e das informações em saúde é fundamental para a priorização de políticas públicas, contribuindo para o uso racional de medicamentos, a ampliação e agilização do acesso e a promoção da qualidade dos serviços.

Espera-se que a partir da maior adesão dos municípios ao HÓRUS e a incorporação e disponibilização dos módulos para a gestão dos componentes especializados e estratégicos, em médio prazo, o Brasil tenha um banco nacional de dados da Assistência Farmacêutica no SUS, visando à elaboração de indicadores nacionais da área, aprimorando a avaliação dos eixos estratégicos da PNAF e por conseqüência, possibilitando que e a oferta dos serviços e da assistência a saúde seja qualificado e otimizado.

Maiores informações: www.saude.gov.br/horus

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os Caminhos da Saúde e da Felicidade...

O texto abaixo, escrito pelo amigo José Augusto Barros (Professor de Medicina Social, graduado em Filosofia, Medicina e História, com Doutorado e Pós-Doutorado em Epidemiologia na Espanha), pessoa que respeito muito, me foi dado pelo próprio autor. Leitor deste humilde Blog, a quem agradeço por ser um dos dois ou três que possuo, transmito sua mensagem, escrita num momento delicado. O título já fala por si:


OS CAMINHOS DA SAÚDE E DA FELICIDADE



Tentando explicar o fenômeno Saúde/Doença

"É inerente a todo ser humano, desde priscas eras, a busca da saúde e da felicidade. As estratégias para consecução das mesmas é que se ajustam, ao longo da história da humanidade, ao progresso contínuo no âmbito das diversas ciências, além das concepções de natureza filosófica ou das modificações de ordem sócio-econômica que foram ocorrendo ao longo do tempo. Na trajetória evolutiva das concepções e das práticas sobre a saúde e a doença poderiam ser identificados alguns paradigmas que, começando com a visão mágico-religiosa, na antiguidade, termina na abordagem do modelo biomédico ou mecanicista, predominante nos tempos de hoje.

Avanço significativo no pensamento médico ocorre quando se dá um desvio do foco de interesse das forças sobrenaturais para o portador da doença, passando a mesma gradativamente, a ser vista como um fenômeno natural, passível de ser compreendido e liberado da intromissão de forças divinas ou malévolas, mesmo que as mesmas sobrevivam em nossa sociedade atual. Esse novo enfoque, que pode ser designado como medicina empírico-racional teve seus primórdios no Egito (papiros com fragmentos de textos médicos datam de três mil anos antes de Cristo).

No ocidente, especulações com vistas a encontrar uma explicação não sobrenatural para a saúde e a doença devem muito aos primeiros esforços de alguns pioneiros que tentam entender os fenômenos, em uma nova dimensão particularmente na Grécia clássica, iniciando-se no VI século AC, com o nascimento da filosofia (amor à sabedoria). Os primeiros filósofos pré-socráticos perseguem uma explicação para as origens do universo e da vida. Essa matéria prima (arké=origem, começo) por eles visualizada como sendo a água, a terra, o fogo e o ar, está subjacente à teoria dos humores de Hipócrates (460-377 AC). Mais adiante, serão significativas as contribuições, sempre embasados em um enfoque holístico, de Galeno (início da idade média) e Paracelso (na interface da idade média e o renascimento). Ambos chamam a atenção – em alguma medida, essas idéias já se fazem presentes em Hipócrates – para alguns princípios que caracterizam uma visão holística, do processo saúde/doença realçando a importância da dieta, motivações de natureza emocional, ambiente de trabalho e até mesmo, para a existência de predisposições em algumas pessoas para desenvolverem determinadas doenças.

Com a eclosão da revolução científica, no contexto do Renascimento e a partir do século XV, em diante, com a contribuição da astronomia (Copérnico, Galileu e, em seguida, da Física, especialmente com Isaac Newton, além da Filosofia (René Descartes, John Locke, Hume). Os avanços advindos da mecânica newtoniana possibilitaram que muitos fenômenos da vida cotidiana pudessem ser explicados e com a contribuição da química e da biologia, lançaram as sementes da medicina mecanicista e do modelo biomédico a ela atrelado. Ela fornece, crescentemente, os instrumentos para que os médicos pudessem lidar de forma cada vez mais satisfatória, com um número cada vez maior de doenças. O equívoco do novo modelo – hiperdimensionando os componentes biológicos e pondo em plano secundário, os emocionais e sócio-econômicos – redundou nos espaços crescentes ocupados pela tecnologia diagnóstico-terapêutica. Esta disponibiliza estratégias fundamentais para gozar bons níveis de saúde. Não se pode negar os ganhos provenientes de contribuições notáveis da engenharia genética e da biotecnologia, assim como das ciências da computação e, também, certamente, da indústria farmacêutica. Os interesses da lógica de mercado, no entanto, perseguindo lucros, provocaram distorções que levam ao uso desnecessário ou mesmo, exagerado, de exames laboratoriais – e parece que, quanto mais sofisticados, melhor - e medicamentos.

Tentando mensurar o nível de vida e de saúde

Vários indicadores têm sido propostos para medir o nível de saúde ou de vida, em forma mais ampla. No primeiro aspecto, taxas e índices de variada natureza, se voltam para a morbidade (doenças) e mortalidade, por um lado e, por outro para apreender a cobertura dos serviços de saúde (percentual de vacinados, número médio de habitantes por médicos e outros profissionais de saúde, leitos hospitalares por habitantes, etc.). Quanto à tentativa de mensurar a qualidade de vida, sendo utilizados a renda per capita, a percentagem de analfabetos ou de habitantes ou moradias com acesso ao saneamento básico e, mais recentemente, o IDH (Índice de desenvolvimento Humano). Iniciativa da ONU, este indicador que tem valores que vão de 0 a 1, sendo a qualidade de vida melhor, quanto mais próximo de 01 for o valor assumido. Reúne dados relativos à „Longevidade‟ (expectativa de vida ao nascer), „níveis de ensino‟ (percentual de analfabetos e de acesso ao conhecimento (alfabetizados com mais de 15 anos, percentual de matriculados nos 3 níveis de ensino) e „renda nacional bruta‟. Os países são classificados como de “desenvolvimento elevado” (> 0,800), “médio” (0,500 a 0,799) e “baixo” (até 0,499). conforme dados divulgados em novembro de 2010 pela ONU, o Brasil apresenta IDH de 0,699, atualmente ocupando o 73° lugar no ranking mundial entre 160 países.

O que se entende por ‘felicidade’ ?

É vocação universal e inerente ao ser humano tudo fazer para alcançar a felicidade, com critérios, por vezes dúbios ou muito subjetivos para defini-la e, mais ainda, para perceber-se vivenciando-a. A Felicidade, segundo a antropóloga, Susan Andrews dependeria do grau e freqüência de afeto e emoções positivas com bem-estar subjetivo, satisfação de vida ao longo do tempo, com contentamento interior e ausências de emoções negativas como depressão. Segundo o psicólogo Pierre Weill, “a felicidade não pode ser nem caminho de busca, nem ponto de chegada. quem procura a felicidade nunca vai achar. ela está aqui e agora nesta nossa conversa, neste sorriso. ela está brotando a todo momento. Se a gente procura ter um objetivo de ter felicidade um dia, cria uma tensão em torno de um objetivo em uma realidade que a gente não está vivendo, porque a gente está pensando no futuro. então felicidade é aqui e agora: se vive a todo instante ou então não tem”. Já para o psicólogo americano Martin Seligman, a Felicidade seria um somatório de „prazer‟ (sensação agradável que costuma tomar nossos corpos e que se manifesta por um sorriso e por olhos brilhantes), engajamento‟ (a profundidade de envolvimento entre a pessoa sua vida) e significado‟ (sensação de que nossa vida faz parte de algo maior).

Na tentativa de superar as limitações de outros indicadores, sobretudo do PIB (Produto Interno Bruto)1, com o apoio do PNUD (Programa, surge no Butão, em 1972 o FIB (Felicidade Interna Bruta) com a intenção, ao fim e ao cabo, de medir o “desenvolvimento da sociedade” tomando como parâmetros, „qualidade de vida‟, „cultura‟, „padrão de vida‟, „educação‟ e „saúde‟. Toma por base, os seguintes princípios:‟ bom padrão econômico‟ , „boa governança‟, „educação de qualidade‟, „saúde‟, „vitalidade comunitária‟, „proteção ambiental‟, „diversidade cultural‟, „uso equilibrado do tempo‟ e bem-estar psicológico e espiritual‟.

Que estratégias adotar para ser feliz e saudável ?

Os gastos para convencer a todos dos aspectos positivos do uso dos medicamentos – escamoteando, obviamente, seus riscos e potencial de provocar danos – ultrapassam, de longe, o que a indústria farmacêutica dispense com a pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos. Há intentos de fazer crer que todo é, em alguma medida, enfermos, buscando-se, aliás, uma pílula para todo e qualquer problema, incluindo os imaginários ou fictícios. A venda de ansiolíticos e antidepressivos é crescente e o consumo se amplia, deliberadamente, com estratégias promocionais dos fabricantes de drogas psicoativas, na medida em que condições do dia a dia, como a tristeza ansiedade, até mesmo estados fisiológicos como a menstruação são rotulados como problemas mentais. Impõem-se, ademais, sobretudo juntos aos jovens, de ambos os sexos, um padrão de beleza ou de desfrute de um “corpo sarado” que amplia o consumo de inibidores do apetite, por um lado e de anabolizantes, por outro. Desconsiderando os malefícios inerentes a essas substâncias. Chegou-se a princípios ativos que atuam na disfunção erétil, descuidando que, como em qualquer distúrbio, há participação inexorável de componentes psicológicos. Quer-se descobrir um fármaco para a timidez. E por aí vamos, entrando na “onda” da busca de alternativas mágicas que, aparentemente, vão nos fazer felizes. Esquecemos que ser feliz e saudável não é uma questão, propriamente, de acesso à tecnologia, mas, antes de tudo a valores solidários e de aderência a hábitos de vida, comprovadamente saudáveis, como são, a prática de desportos ou atividade física, além de preocupação com a dieta e minimização das fontes de estresse. Temos que nos contrapor à ideologia de consumo que dissemina, fortemente, a idéia de que, quanto mais “consumo”, de bens e serviços os mais diversos, mais “felizes seremos”. Daí a ampliação de fenômenos como automedicação, gastos supérfluos em exames e medicamentos, aumento de efeitos indesejáveis e persistência da “infelicidade”, frustração e empenho para alcançar metas que, se atingidas, impõem novos esforços de ajuste e subordinação aos ditames do mercado.

Em suma, é oportuno não transferir para outrem (parceiro, amigo, pais) a responsabilidade que somente a cada um compete das escolhas que faz, dos espaços que conquista. Aprendamos a viver cada momento, sem ficarmos prisioneiros do passado ou do futuro. E, sobretudo, incorporemos a idéia de que o bem-estar e a felicidade não existirão, como projeto individual, isto é, somente desfrutaremos dessa condição se nos engajarmos, diuturnamente, na tarefa de construção de uma sociedade mais fraterna, onde impere a justiça social."

domingo, 19 de junho de 2011

Depois dos anorexígenos, qual será a luta?

As redes sociais ocuparam seu espaço. Não é de hoje que diversos movimentos se deram fruto da mobilização proposta pelo twitter, Blogs, facebook, Orkut, entre outros. Estas conseguiram unir pessoas de norte a sul de nosso país e conseguimos interagir com participantes das redes de outros países. O ex-presidente Lula, em recente encontro de blogueiros em Brasília, comentou sobre o tema. Segundo o Blog “Rede Democrática” (http://www.rededemocratica.org/)  Lula disse “que sonha com um Brasil de norte a sul com todos de posse de um computador. Acredita que a partir desta iniciativa dos blogueiros, o País ganhou um novo instrumento de informação e formação de opinião popular. Prometeu apoiar o movimento e se colocou a disposição” Aliás, Lula disse ainda ao portal vermelho (http://www.vermelho.org.br/) que em breve deve ter um Blog, mas não irá fazer o “estardalhaço” feito por FHC quando do lançamento do seu.

Esta postagem se deve ao fato de que tarda o meu parabéns pelo poder de mobilização aos que andaram se aglutinando nas redes, seja por qual motivo for. Tenho visto orgulhoso alguns “líderes” convocando aos seus seguidores para que defendam determinados temas e coletivizem suas opiniões. No twitter, a forma de se fazer isso, a qual foi muito conclamada, é escrever frases com o símbolo # na frente. Vejo pessoas trocando opiniões, mesmo que não participem de movimentos como reuniões, assembléias ou outros que permitam encontrar pessoas que defendam idéias, mesmo que estas sejam contrárias às suas. Aproveito também para lembrar que existem movimentos que dependem do mesmo empenho. Mesmo que não queiram participar de encontros onde se pode debater “pessoalmente” os assuntos que interferem em suas vidas ou profissões, espero que se disponham a usar a internet para avançarmos em outras lutas.

Os anorexígenos conseguiram ser um pólo de aglutinação de pessoas na internet. Pessoas com as quais jamais imaginei se empenharam em torno de uma luta, tornaram-se ativistas e encontraram tempo para emitir suas opiniões em todos os momentos, havendo disponibilidade para tal ou não. Clamo para que permaneçam ativos e batalhadores em torno de outros movimentos. Temo apenas que, tal qual o cachorro que corre atrás do carro e não sabe o que fazer quando o veículo para, os “ativistas virtuais” não parem depois de resolvida a questão acerca dos inibidores de apetites.

Gostaria humildemente de sugerir novas lutas para os que se propuseram a lutar pela causa dos anorexígenos. Que tal lutarmos pela transformação da farmácia enquanto estabelecimento de saúde? Ou quem sabe defendermos a assistência farmacêutica como algo maior do que a distribuição de medicamentos? Quem sabe possam contribuir com as 30 horas como jornada máxima ao farmacêutico? Bom, talvez as lutas aqui propostas sejam muito “corporativas”. Por isso, vamos fazer o movimento contra a homofobia ou contra preconceitos de qualquer espécie? Será que estas lutas também podem reunir pessoas em torno da causa?

Será que podemos contar com as pessoas que não querem acabar com os inibidores de apetite, numa luta pelo fim da fome no mundo?

Estarei à disposição!






O último debate sobre os anorexígenos!

Profissionais de saúde buscam resposta sobre eficácia de inibidores de apetite

Na última terça-feira (14/6), especialistas se reuniram em Brasília, no auditório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para debater riscos e benefícios do uso de inibidores de apetite no país. Femproporex, Mazindol e Anfepramona são os medicamentos que estiveram no centro da discussão durante a tarde.


Na primeira apresentação do período da tarde, foram expostos os parâmetros científicos da nota técnica da Anvisa, assim como os dados de eficácia e segurança dos três medicamentos. Entre os pontos destacados pela especialista em vigilância sanitária da Anvisa, Laís França, estão as graves reações adversas provocadas pelo uso dos produtos.

“No caso do Femproporex, 70% da dose oral é transformada em anfetamina no fígado, o que leva o produto à apresentar reações adversas graves semelhantes às das anfetaminas, como hipertensão arterial moderada a severa, arritmias cardíacas, psicose paranóide, transtorno obssessivo compulsivo, entre outras”, disse a especialista da Anvisa.

Segundo ela, as contra-indicações aliadas às reações adversas graves associadas ao uso dos produtos comprometem a segurança do Femproporex e dos outros dois medicamentos catecolaminérgicos (Mazindol e Anfepramona) aprovados no Brasil.

Para Wanderley Machado, da AMB, as ações regulatórias devem cuidar do paciente como um todo e não serem centradas na droga isoladamente. A médica Cíntia Cercato, do Hospital das Clínicas de São Paulo, manifestou a mesma opinião e ressaltou a importância de se considerar a prática clínica como subsídio para a tomada de decisão da autoridade regulatória.

“Caso a Anvisa determine a retirada dos inibidores de apetite do mercado brasileiro, ficaremos sem opção de tratamento baseado na fisiopatologia da doença. Observamos, na prática clínica, uma resposta muito significativa dos pacientes ao tratamento com inibidores e isso precisa ser considerado”, afirmou Cíntia Cercato. Segundo a médica, a Anvisa não pode aplicar novas exigências à uma medicação que entrou no mercado há mais de 20 anos.

O professor Francisco José Roma Paumgartten, da Fundação Oswaldo Cruz, lembrou que, até 1962, os medicamentos chegavam ao mercado sem nenhuma necessidade de demonstração de eficácia e afirmou ser inadmissível não considerar, 50 anos depois, os avanços da regulação na tomada de decisão.

“A segurança e eficácia de um medicamento não podem ser presumidas para justificar uma decisão da autoridade regulatória. A segurança e eficácia devem ser exaustivamente demonstradas”, explicou Paumgartten.


O professor associado de Medicina Interna da UFRGS e chefe de cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre utilizou, simbolicamente, um slide vazio para demonstrar a pobreza de evidências técnico-científicas sobre a eficácia e segurança dos medicamentos Anfepramona, Femproporex e Mazindol.
 
Fonte: Imprensa/Anvisa