Foi adiada
para amanhã a canonização do Padre José de Anchieta. Em 1980 o papa João Paulo II beatificou José de Anchieta e
amanhã (03/04/2014) o papa Francisco assinará o documento que o proclamará
santo. Para o povo brasileiro é um orgulho e para os farmacêuticos um pouco mais.
Poucos sabem, mas o jesuíta José de Anchieta é considerado o primeiro
boticário do Piratininga (São Paulo). Cabe salientar que o primeiro boticário
no Brasil foi Diogo de Castro, que veio para nossas terras em 1549, junto com Tomé de Souza,
governador Geral nomeado pela Coroa Portuguesa. José de Anchieta chegou ao Brasil no Porto da
Bahia, em junho de 1553, na armada de Duarte da Costa, 2° Governador Geral do
Brasil.
Sobre
o papel desempenhado pelos padres jesuítas no Brasil recomendo a leitura do
artigo “Jesuítas e medicina no Brasil Colonial”, escrito por Daniela Buono
Calainh - Professora Adjunta do Departamento de Ciências Humanas da UERJ-FFP. Diz a autora:
“Os jesuítas integraram-se ao esforço da travessia atlântica em direção
às novas terras americanas...”.
“Além de trabalharem incansavelmente na difusão da fé cristã, os
jesuítas também foram uma grande âncora da saúde na colônia, atestada pela
vastíssima documentação das correspondências que mantiveram com seus irmãos em
Portugal e no Brasil. Alguns deles vinham de Portugal já formados nas artes
médicas, mas a maioria acabou por atuar informalmente como físicos, sangradores
e até cirurgiões, aprendendo, na prática, o ofício na colônia, como José de
Anchieta, João Gonçalves ou Gregório Serrão. Outros, em meio a obras e cartas,
onde comentavam sobre a natureza colonial, dedicaram várias páginas à descrição
de ervas e plantas curativas, inaugurando os primeiros escritos sobre a
farmacopéia brasileira”.
“A escassez de médicos leigos, formados por escolas de medicina na
Europa, pelo menos até o século XVIII, fez dos jesuítas os responsáveis quase
que exclusivos pela assistência médica no primeiro século de colonização do
Brasil. Ao longo do tempo, foram
aperfeiçoando seus conhecimentos mediante contatos com os profissionais leigos
residentes na colônia, e ainda pela leitura de importantes obras de medicina,
encontradas em muitas das bibliotecas de seus colégios”.
Além de fundarem colégios e
erguerem igrejas, também montaram enfermarias e boticas, destinando um
irmão para atender e cuidar dos doentes e outro para a preparação de remédios. Encaminhado para o Sul, Anchieta implantou várias boticas nos colégios
dos Jesuítas, com destaque para a de São Vicente e de São Paulo. Nesta última, José de Anchieta era o irmão responsável pela botica.
Diz o site http://www.novomilenio.inf.br/, sobre José de Anchieta:
"Conquistou a estima de todos, índios e colonos, aos quais procurou servir sem esmorecimento. Ele mesmo escreveu: "De maneira que os índios me tinham muito crédito, máxime porque eu lhes ocorria a suas enfermidades, e como alguém enfermava logo me me chamavam, dos quais eu curava a uns com levantar a espinhela, a outros com sangrias e outras curas, segundo requeria a sua doença, e com o favor de Cristo Nosso Senhor, achavam-se bem". (Carta ao Geral Diogo Laines, de janeiro de 1565).
Abaixo a biografia encontrada no site www.brasilescola.com, escrita por Rainer Sousa:
"Uma vida direcionada para o ensino e o
sacerdócio. É assim que podemos resumir a trajetória do Padre José de Anchieta,
nascido no dia 19 de março de 1534, na cidade Tenerife, nas Ilhas Canárias.
Tendo em sua origem a ascendência nobre pela parte do pai e judaica pelo lado
materno, Anchieta foi levado para Portugal para que tivesse formação
intelectual e não sofresse as bem mais intensas perseguições do Tribunal do
Santo Ofício instalado em terras espanholas.
A sua ida para os domínios lusitanos aconteceu quando
tinha 14 anos idade, mesma época em que estudou filosofia no Colégio das Artes
pertencente à Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, ingressou na
Companhia de Jesus para dessa forma participar no processo de expansão do
cristianismo em terras americanas. Ao ingressar nesse “exército da fé”, exerceu
inicialmente a tarefa de celebrar várias missas ao longo de um mesmo dia.
Sua vida agitada e a entrega total ao afazeres
religiosos comprometeram a sua saúde, reclamava constantemente de dores na coluna
e nas articulações. Obedecendo ao conselho dos médicos da época, Padre Anchieta
veio para o Brasil acompanhando a esquadra que trouxe o governador-geral Duarte
da Costa, em 1553. Já no primeiro ano instalado no ambiente colonial, o
devotado clérigo participou da fundação do primeiro colégio de São Paulo de
Piratininga.
Outra interessante ação tomada por Padre Anchieta
ao chegar às terras brasileiras está relacionada ao seu interesse em conhecer
mais profundamente a língua dos nativos. Com o auxílio do Padre Auspicueta,
aprendeu os primeiros termos e expressões do “abanheenga”, língua compartilhada
por índios tupis e guaranis. Em pouco tempo, percebeu que as línguas faladas
por várias tribos tinham uma mesma raiz formada por aspectos semânticos, gramaticais
e vocabulares em comum.
Seu interesse pelas letras também se manifestou na
produção de uma extensa obra que incluía a elaboração de poesias, sermões,
cartas, peças teatrais religiosas e a produção de uma gramática intitulada
“Arte de Gramática da Língua Mais usada na Costa do Brasil”. Essa preocupação
com a língua era de essencial importância para a consolidação do projeto
evangelizador dos jesuítas, sendo que textos e apresentações artísticas eram
produzidos na língua nativa como forma de facilitar a conversão ao cristianismo.
Durante o período em que viveu em terras
brasileiras, Anchieta andou bastante pelas regiões que hoje correspondem aos
estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. No ano de 1567, Anchieta alcançou o
cargo de Provincial, o mais alto posto da Ordem de Jesus, que havia sido
desocupado após a morte do Padre Manuel da Nóbrega. A partir de então, o padre
José de Anchieta andou por toda extensão do território colonial orientando as
atividades das várias missões jesuítas espalhadas pelo Brasil.
José de Anchieta faleceu em 9 de junho de 1597, na
cidade Reritiba, situada na capitania do Espírito Santo. Em razão de seus
trabalhos prestados em favor da expansão do cristianismo nas Américas, este
clérigo ficou conhecido como “apóstolo do Novo Mundo” e “curador de almas e
corpos”. Em 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo II após o desenrolar de
um lento processo de investigação. Segundo os autos, Anchieta havia operado o
“milagre” de converter três pessoas ao cristianismo em um mesmo dia".
Fonte textos e imagem:
CALAINHO, Daniela Buono. Jesuítas e medicina no Brasil colonial. Tempo, Niterói , v. 10, n. 19, Dec. 2005 . Available from . access on 02 Apr. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-77042005000200005.
http://www.fiamfaam.br/momento/?pg=leitura&id=346&cat=1
http://www.portugues.com.br/literatura/jose-anchieta.html
http://www.portugues.com.br/literatura/jose-anchieta.html