sábado, 8 de outubro de 2011

Venda de anorexígnos é abusiva no Brasil, diz ANVISA.

Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criticou a pressão feita pelos médicos para que a agência desse seu aval ao uso de emagrecedores no Brasil.
Na última terça, a Anvisa decidiu retirar do mercado emagrecedores do grupo das anfetaminas (femproporex, anfepramona e mazindol). A agência manteve o emagrecedor sibutramina como opção para pacientes e médicos brasileiros, mas impôs várias restrições para que ela pudesse ser receitada.
O Conselho Federal de Medicina decidiu ir à Justiça para que os anfetamínicos continuassem sendo receitados, alegando que os médicos deveriam ter autonomia para indicar o uso dos remédios.
Em entrevista exclusiva à Folha, Barbano afirmou: "Espero que, além dessa preocupação com a questão da autonomia dos médicos, eles também estejam preocupados em verificar como vão cumprir o papel deles".
Para ele, a venda dos emagrecedores, mesmo com receita, "é abusiva, é muito alta, é só crescente ao longo dos anos".

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FOLHA - Uma câmara técnica da Anvisa foi contra a sibutramina. Não era melhor discutir mais até ter amplo apoio?

Dirceu Barbano - Não, porque a divergência apontada não vai se resolver agora. Nenhuma posição é incorreta. Você pode adotar uma ou outra posição com os dados colocados. A responsabilidade era de a diretoria colegiada tomar uma decisão.

Durante a discussão verificamos que havia dúvidas sobre a possibilidade real de extrapolar os dados do estudo Scout para os outros pacientes [o estudo identificou riscos do remédio apenas para quem tem problemas cardiovasculares; se pudessem ser estendidos ao total de usuários, os riscos inviabilizariam o uso da sibutramina].

Poderíamos perder o tratamento com um produto registrado na Anvisa que, para certos grupos de pacientes, pode ser eficiente. Nada aqui na Anvisa pode ser colocado como "águas passadas", todos os medicamentos registrados estão sob monitoramento todo dia.
Pode ser que o monitoramento que será feito com a sibutramina [previsto por um ano] forneça algum dado adicional que faça com que, antes de qualquer prazo, ela acabe sendo proibida.

A indústria vai apostar em iniciativas como o balão gástrico, recentemente liberado para pessoas com IMC menor?

Não, não automaticamente. O que foi produzido até hoje --a oferta das cirurgias, as técnicas, as dietas- foi inventado com esses produtos já no mercado.

Se EUA, Europa e outros baniram a sibutramina, por que o Brasil está certo em liberar?

Não é uma questão de estar certo ou errado, é questão de ter oportunidade de fazer ou não. Temos um sistema de notificação, uma história de tratar a sibutramina sob controle especial. Talvez as autoridades regulatórias dos países não tenham se sentido seguras em relação ao sistema de vigilância que eles têm.
Se não fosse seguro, nós não teríamos feito. Perguntamos ao FDA [agência americana que regula remédios e alimentos]: por que vocês optaram por tirar a sibutramina? Eles disseram: no nosso país, planos de minimização de risco não têm sido eficazes. Mas se não é eficaz lá, não é aqui? Temos um outro sistema, temos vigilância sanitária em todos os municípios, nos EUA não é assim.

Esse plano de reduzir riscos é o que inclui a notificação das reações adversas?

Exato, desenhamos um plano para transitarmos por um período monitorando a sibutramina. Claro que não é um papel só nosso, nem só da vigilância sanitária. É papel dos médicos também. Espero que, além dessa preocupação com a questão da autonomia dos médicos, eles também estejam preocupados em verificar como eles vão cumprir o papel deles em relação a isso, porque a Anvisa nunca prescreveu nem anfetamínicos nem sibutramina. O que nós temos aqui registrado no nosso sistema é a venda com receita. E é abusiva, é muito alta, é só crescente ao longo dos anos.

Outra polêmica atual é a regulamentação dos aditivos do cigarro, que voltou ao debate no Congresso. A Anvisa pode não regrar os aditivos?

A questão da retirada dos sabores acho que tem consenso entre os diretores. Para mim, sabor em cigarro é criminoso. Sobre a questão do açúcar, que integra o método de produção, vamos pensar em como fazer, gerou preocupação por parte dos produtores. Estamos discutindo a forma, não é se vai fazer.
Se a lei vier resolver coisas que estamos propondo nessa regulamentação, é melhor. Já fica na lei, ninguém vai ficar discutindo se a Anvisa tinha ou não o poder de fazer.

Fonte:

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Processo desenvolvido no Brasil permite produzir genérico de quimioterápico

Pesquisa busca reverter processo habitual em que princípios ativos vêm do exterior, sendo apenas formulados e embalados no Brasil

Mais um genérico poderá ser produzido no Brasil. Desta vez, os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (INCT-Inofar) conseguiram desenvolver, em escala de laboratório, um novo modo para produzir o genérico do quimioterápico sunitinibe. Este fármaco, indicado na terapêutica contra o câncer de estômago, intestino e rim, é o princípio ativo do Sutent - o medicamento fabricado pela Pfizer -, cuja patente foi depositada no Brasil em 2005.

"Estamos adiantando o processo para que empresas brasileiras que se interessem pelo trabalho possam também fazer a adaptação de seu processo produtivo", fala Angelo da Cunha Pinto, Cientista do Nosso Estado, da Faperj, e orientador da pesquisa conduzida por Bárbara Vasconcellos da Silva, no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foi bolsista de doutorado nota 10 e de pós-doutorado da Faperj.

A importância do trabalho se revela em vários níveis. Segundo Cunha Pinto, a pesquisa traçou um rota alternativa às 472 patentes já registradas no mundo para o sunitinibe. "Como existem diferentes opções para se chegar à síntese de uma determinada substância, fizemos modificações de reagentes e condições de reação, procurando alternativas eficientes e de custo mais baixo quando comparado à rota original.", explica Bárbara.

O  projeto foi bem-sucedido e pode-se atribuir este sucesso à larga experiência do grupo de pesquisa na síntese de análogos da isatina, um núcleo que faz parte da estrutura química do sunitinibe. "Há mais de vinte anos, o professor Angelo vem trabalhando com a isatina, uma molécula sinteticamente versátil, cujos derivados possuem várias propriedades farmacológicas, como antiviral, antiinflamatória, anticonvulsivante e antitumoral, entre outras", fala Bárbara.

A nova rota de síntese traz as vantagens de encurtar o processo de produção, já que pula uma das etapas; e de ter sido simplificada, não exigindo reações que envolvam alta pressão. "Usamos catalisadores que permitem, por exemplo, condições de reação à temperatura ambiente. Tudo isso se adapta melhor à estrutura da indústria nacional", explica Cunha Pinto.

Igualmente importante é o fato de que a nova rota de síntese também possibilitou um aumento no rendimento final, de 4% a 5%. "Pode parecer pouco, mas levando-se em consideração todas as etapas, isso equivale a um significativo aumento no rendimento total, especialmente em termos de indústria", argumenta Cunha Pinto. "Em cada etapa de reação, nossos rendimentos foram iguais ou superiores aos descritos nas patentes", acrescenta Bárbara.

Cunha Pinto pondera ainda que, atualmente, a produção de medicamentos no Brasil é feita principalmente a partir da importação de princípios ativos da China, Índia e Coréia, que aqui são formulados e embalados. "Nossas pesquisas no INCT-Inofar estão justamente procurando reverter esse caminho. Vimos demonstrando que nossos pesquisadores conseguiram desenvolver, em curto espaço de tempo, novas sínteses de moléculas ligadas à indústria farmacêutica", anima-se Cunha Pinto, referindo-se não apenas ao sunitinibe como também à atorvastatina, o princípio ativo de um dos medicamentos para redução do colesterol mais consumidos mundialmente.

Indicado como quimioterápico eficaz para certos tipos de câncer de intestino, estômago e rim - alguns dos quais que até algum tempo atrás não tinham tratamento -, o sunitinibe é mais bem tolerado pelos pacientes e pode ser administrado por via oral, facilitando o tratamento. Sua atuação no organismo acontece em duas frentes: ataca diretamente as células tumorais e impede o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor e favorecem seu crescimento.

Atualmente, o alto custo do medicamento, de cerca de R$ 11 mil uma caixa com 28 comprimidos, torna seu uso restrito a uma pequena parte da população. "Possibilitar a produção de um genérico nacional do sunitinibe, a custos mais baixos, permitirá que o medicamento possa passar a integrar a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e estar acessível a um amplo número de pacientes", anima-se Cunha Pinto. Para o pesquisador, tudo isso atesta a competência brasileira na área dos genéricos.



Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Breve história dos Fóruns de Educação Farmacêutica

A profissão farmacêutica tem evoluído e isso é inegável. Várias atividades e mobilizações da categoria têm conseguido fazer com que a profissão cresça e consiga atingir um grau de maturidade política invejável. Para os que estão formados há algum tempo é visível o quanto a profissão avançou no último período. Parte desta história foi escrita pelo movimento em torno da Educação Farmacêutica. A ABENFAR - Associação Brasileira do Ensino Farmacêutica teve papel destacado.

Conforme descrito em sua apresentação, "O I Fórum Nacional de Educação Farmacêutica, intitulado "O farmacêutico de que o Brasil necessita", foi realizado em Brasília nos dias 13 e 14 de dezembro de 2007. A proposta para a realização do fórum partiu do diálogo do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde com a Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (Abenfar) acerca da necessidade de que fossem definidos direcionamentos para a educação farmacêutica em todos os níveis: da qualificação dos profissionais dos serviços de saúde à formação na graduação e na pós-graduação em Farmácia."  Para saber mais, acesse o site:

Estamos próximos da realização do IV Fórum Nacional de Educação Farmacêutica. O evento, conforme convocado e divulgado pelo site: http://www.abenfar.org.br/  acontece de 7 a 9 de outubro de 2011, em Belo Horizonte.

Boa atividade!

domingo, 2 de outubro de 2011

Dicas de Blogs que transmitem mensagens...

Os Blogs vieram como formas de informações alternativas, que não fazem parte da grande mídia. Possuem seus espaços, ainda que limitados em virtude da dificuldade de acesso à internet por parte de muitos, e são fontes inesgotáveis de questionamentos.

Como qualquer pessoa, tenho preferências as quais gostaria de compartilhar. Já indiquei livros e filmes, agora, quero sugerir alguns Blogs aos quais sigo e recomento.

O primeiro é o Blog "Quero Medula". Ele me foi indicado pela farmacêutica, amiga e atual Secretária do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Jussara Cony. O autorse apresenta da seguinte forma:


"Tenho 25 anos. Com 23 fui diagnosticado com leucemia, e passei por um longo processo de tratamento para me curar. Durante um ano tive remissão total da doença, mas agora ela voltou. Minha esperança, assim como a de muitas outras pessoas, é um transplante de medula óssea. As chances de encontrar um doador compatível são pequenas, mas existem. Estou nesta busca, por uma chance para continuar vivendo. E de dentro do hospital, que se tornou minha casa, que posto neste blog minhas experiências e sensações nesta luta pela vida. Uma luta que não é só minha e que pode ser vencida com um ato simples. Por isso com muita fé registro aqui meus dias na espera para encontrar a medula compatível que tanto preciso.E sei que vou encontrar. Da mesma forma que acredito que cada vez mais as pessoas irão se informar e saber como, para quem está na mesma situação que eu, este pequeno ato faz a diferença entre viver ou não."

Para acessar, visite: http://queromedula.blogsopt.com/

O segundo Blog, do meu amigo e camara Altamiro Borges é uma das minhas escolas de política. Apresentado como "uma trincheira na luta contra a ditadura midiática", Miro, como é conhecido por nós, é um lutador de muito tempo.

Miro, como é apresentado no seu Blog, é "Jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia  Alternativa Barão de Itararé, militante do PCdoB e autor do livro "A ditadura da mídia".
Para acessar seu Blog, visite: http://altamiroborges.blogspot.com/


Boa leitura!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Patentes de medicamentos em discussão na ONU.

Acompanhamos na última semana a participação brasileira na 51ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Washington, Estados Unidos. Evento da mais alta importância, o Brasil, através da Presidenta Dilma e dos Ministros que a acompanharam, tiveram papel de destaque, para o incômodo de muitos. É preciso lembrar que essa é a primeira vez em que uma mulher discursa na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A participação do Brasil causou elogios, inclusive por parte da oposição. É notória a liderança que nosso país exerce em diversos assuntos, entre eles, a saúde.

Entre os assuntos abordados, a patente de medicamentos ocupou papel destacado. Sobre o tema, a Presidenta Dilma disse: “O Brasil respeita seus compromissos em matéria de propriedade intelectual, mas estamos convencidos de que as flexibilidades são indispensáveis para políticas que garantam o direito à saúde”.

O Ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, defendeu  uma ação internacional integrada contra as doenças crônicas não transmissíveis, que provocam 63% das mortes no mundo, e pelo acesso universal a medicamentos. O Ministro defendeu a flexibilização das patentes dos medicamentos destinados às doenças crônicas não transmissíveis. Segundo o site do DCI "Padilha acrescentou que a adoção de uma espécie de banco de preços, comparando o valor cobrado por medicamentos estrangeiros e nacionais, levou o governo a economizar R$ 600 milhões."


Fontes:
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/09/na-onu-dilma-defende-flexibilizacao-das-patentes-de-medicamentos.html
 
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/dilma-abre-assembleia-geral-da-onu-em-nova-york/