sábado, 26 de fevereiro de 2011

Médico comenta o impasse em relação à proibição da venda de inibidores de apetite

Extraído da Agência Fiocruz de Notícias. Achei bem interessante...

Médico comenta o impasse em relação à proibição da venda de inibidores de apetite

Elisa Andries



De um lado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) defende a proibição da venda, no país, de sibutramina e de mais três inibidores de apetite; de outro, médicos, farmacêuticos e até mesmo representantes do Ministério Público, juntos, tentam barrar a resolução. A audiência pública para tratar da questão aconteceu na quarta-feira (23/2) em Brasília, e o resultado do embate, diante da pressão, foi o adiamento da edição da medida por parte da Anvisa. Uma semana antes, a Anvisa havia previsto a edição da resolução no início de março. Depois da audiência pública, não falava mais em prazo.
A indicação da Anvisa para cancelar os registros desses remédios é baseada em estudos internacionais e no parecer da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), instância consultiva daAagência, da qual faz parte, entre vários outros especialistas, o médico e pesquisador Francisco Paumgartten, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Entre os estudos citados está o que foi publicado na New England Journal of Medicine, que acompanhou 10 mil pacientes em 16 países e revelou que houve aumento de 16% no risco de complicações cardiovasculares entre usuários de sibutramina. Por conta desses resultados, a substância foi banida nos Estados Unidos e na Europa. Em entrevista ao Informe Ensp, Paumgartten comenta os riscos que os inibidores de apetite em questão representam para a saúde, sobre o embasamento científico do parecer da Cateme e ainda sobre a polêmica criada pelo posicionamento da Anvisa.

A Anvisa pretende proibir a venda de sibutramina e de outros três inibidores de apetite (anfepramona, femproporex e mazindol) - substâncias já banidas nos Estados Unidos e na Europa. Por quê?Francisco Paumgartten: A preocupação com a segurança e a eficácia da sibutramina foi tema recorrente em reuniões da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), realizadas durante o ano de 2010, e até mesmo antes. Essas preocupações se acentuaram com a divulgação dos resultados preliminares, e depois definitivos, de um estudo pós-registro de longa duração sobre a segurança cardiovascular da sibutramina (Scout - Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial) envolvendo mais de dez mil pacientes obesos com doença cardiovascular, diabetes, ou com as duas condições. Médicos da indústria (Abbott Laboratórios) responsável pelo estudo, e endocrinologistas por ela convidados, apresentaram e discutiram os resultados parciais e finais do Scout com a Cateme e técnicos da Anvisa. O Scout mostrou que a sibutramina aumentou significativamente o risco de eventos cardiovasculares adversos nos pacientes tratados. O aumento do risco cardiovascular indica que a sibutramina não foi eficaz em reduzir a morbidade cardiovascular associada ao excesso de peso. Esse aspecto - independentemente de outras questões - é crucial, pois o objetivo do tratamento da obesidade é a atenuação da morbidade associada à obesidade e não a redução de peso em si.
Os resultados do Scout levaram a Agência Europeia de Medicamentos a retirar a sibutramina do mercado ainda no início de 2010. A Agência Americana (FDA) inicialmente restringiu o uso e alertou prescritores; meses depois, face aos resultados definitivos do Scout, retirou a sibutramina do mercado. No Brasil, recomendações sobre a permanência da sibutramina no mercado não poderiam ser feitas sem considerar as evidências de segurança e eficácia disponíveis para os demais inibidores de apetite registrados pela Anvisa (fenproporex, anfepramona e mazindol). Em outubro de 2010, a Cateme recomendou à Anvisa o cancelamento do registro dos quatro anorexígenos.

Diante da pressão dos médicos, farmacêuticos e representantes do Ministério Público, a Anvisa adiou a edição da medida. Na semana anterior à audiência pública, a agência havia previsto a edição da resolução no início de março. Logo depois, já não falava mais em prazo. A Anvisa corre o risco de perder essa guerra?Paumgartten: A polêmica era previsível e deve ser encarada com naturalidade como parte do processo de regulação do mercado. Quando a autoridade sanitária cumpre a missão que a sociedade lhe confiou e retira do mercado medicamentos ineficazes e perigosos, ela, inevitavelmente, contraria interesses de diversas naturezas. No caso dos anorexígenos, as manifestações contrárias à retirada do mercado são expressas fundamentalmente por prescritores desses medicamentos (endocrinologistas e especialistas em obesidade) e pelo setor de farmácias magistrais. Retificando a pergunta, não há pressão do Ministério Público, o que houve na Audiência Pública foi o posicionamento isolado de um promotor do Distrito Federal.
A transparência adotada pela Anvisa nessa questão é altamente louvável. A veemência das manifestações contrárias na audiência pública e na mídia deve ser encarada com naturalidade num Estado democrático. Deve-se destacar, entretanto, a decisão do órgão técnico (Anvisa), que deve se basear na melhor evidência científica disponível, e não na retórica dos descontentes e no ruído na mídia. Apesar da veemência das manifestações dos setores contrários à retirada do mercado, nenhum estudo clínico ou dado científico novo foi apresentado que viesse a abalar os fundamentos da conclusão da Cateme e das decisões do FDA e da Agência Europeia (EMA) em relação à sibutramina e demais anorexígenos.

A indicação da Anvisa de cancelar os registros desses remédios é baseada em estudos internacionais e em parecer da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), instância consultiva da agência. Quais são os principais pontos deste estudo?
Paumgartten:
Em relação à sibutramina, o mais moderno e mais estudado dos quatro inibidores do apetite, os resultados do estudo Scout evidenciando o risco cardiovascular aumentado foram decisivos para a conclusão da Cateme e para a retirada dos mercados europeu, norte-americano, canadense e australiano. Além do Scout, os resultados de uma série de outros estudos e meta-análises corroboram a conclusão da Cateme de que os riscos da sibutramina superam os esperados benefícios do seu uso no tratamento da obesidade. A relação risco-benefício é ainda mais desfavorável no caso dos demais anorexígenos, que foram banidos na maioria dos países há muitos anos. O fenproporex, que é transformado em anfetamina no organismo, exibe alto potencial de uso indevido e adição, e efeitos típicos da anfetamina, entre os quais a indução de quadros psicóticos e sérios riscos cardiovasculares. Nos EUA, o fenproporex, contrabandeado do Brasil, é conhecido como Brazilian diet pill e usado de forma ilícita. A relação risco-benefício também é amplamente desfavorável nos casos do mazindol e anfepramona.

Nota técnica da área de Farmacovigilância e da Gerência de Medicamentos da Anvisa concluiu que a sibutramina não seria muito eficaz na redução e manutenção do peso a longo prazo. O senhor poderia falar algo sobre isso?
Paumgartten:
A perda de peso causada pelos anorexígenos é mais acentuada nas primeiras semanas de tratamento. Com a continuidade do tratamento farmacológico, há, via de regra, uma recuperação de parte do peso que havia sido inicialmente perdido. A interrupção da administração do inibidor de apetite produz franca recuperação do peso que havia sido perdido com o tratamento.
É importante salientar que há uma expressiva variação entre os indivíduos na resposta aos tratamentos anorexígenos. Alguns pacientes respondem melhor em termos de redução de peso, enquanto outros não respondem ou até ganham peso. Pode-se dizer que em média a perda de peso adicional conseguida com o tratamento farmacológico, em relação ao que é conseguido apenas com dieta e exercícios, é apenas modesta e não é mantida com a interrupção do tratamento.

A principal alegação dos especialistas que se opõem à Anvisa é que a proibição deixaria sem opção de tratamento pacientes obesos, que, por sua condição, enfrentam riscos muito maiores do que os oferecidos pela substância. Qual seria a alternativa para esses pacientes?
Paumgartten:
Trata-se de argumento falacioso. Medicamentos que não são seguros e eficazes não são opções aceitáveis para o tratamento da obesidade ou de qualquer outra condição. A dieta e os exercícios permanecem como opções seguras e eficazes para o tratamento da obesidade. Certamente, a redução de peso alcançada com exercícios físicos e reeducação alimentar é acompanhada por diminuição da morbidade associada ao excesso de peso. Isto não foi demonstrado com os anorexígenos. No estudo Scout, por exemplo, apesar de reduzir o peso, a sibutramina não só não atenuou como até mesmo aumentou o risco de enfarte do miocárdio e acidente vascular encefálico, comorbidades associadas à obesidade.


Publicado em 25/2/2011.


Esclarecimento sobre o Projeto das 30 horas para os farmacêuticos!

Esclarecimento sobre o Projeto das 30 horas para os farmacêuticos

Vamos nos mobilizar para obter essa conquista!



O movimento sindical dos farmacêuticos e os profissionais com graduação em farmácia em geral, foram pegos de surpresa nas últimas semanas, com a notícia oriunda do Senado Federal de que o PLC 113/2005, que dispõem sobre a jornada máxima de 30 horas para farmacêuticos, havia sido arquivado.
Isto se deu devido a um procedimento geral adotado pelo Senado a cada nova Legislatura. Projetos que não tiveram andamento durante a legislatura anterior seguem, automaticamente para arquivo, pois segundo o regimento interno da Casa, o projeto não teve interesse dos senadores para seguir tramitando.
Mas, não foi por falta de interesse que o processo ficou emperrado. Ao contrário, o que emperrou a tramitação deste projeto nos quatro anos anteriores foi o lobby de senadores ligados à Confederação Nacional do Comércio.
Do ponto de vista do Regimento Interno do Senado é possível desarquivar o projeto. Para isso, precisamos que um Senador faça o requerimento e constitua uma lista de assinaturas com quorum mínimo de 27 senadores, ou seja, um 1/3 do senado.
A Fenafar já requereu o apoio de dois Senadores que prontamente se identificaram com a nossa luta: a Senadora Vanessa Graziottin (AM) e o Senador Inácio Arruda (CE). Mas somente eles não bastam, precisamos de mais 25 assinaturas no requerimento e da aprovação do mesmo no plenário do Senado.
Por isso, se nesta legislatura não tivermos um esforço concentrado dos farmacêuticos e das entidades farmacêuticas, o PLC vai mesmo ser arquivado.
Temos prazo para que essa mobilização seja vitoriosa, e este prazo se encerra dia 30/03/2011. Por isso, contamos com o empenho de todos.
Solicitamos a todos os profissionais e familiares que encaminhem aos senadores, e-mail solicitando o desarquivamento: PELO DESARQUIVAMENTO E TRAMITAÇÃO DO PLC 113/2005- DIGNIDADE E TRABALHO DECENTE PARA OS FARMACÊUTICOS BRASILEIROS – PROFISSIONAIS DE SAÚDE!, Assine com nome e estado da federação. Não deixem de enviar.
A Fenafar ao longo destes anos vem desenvolvendo a campanha pela aprovação deste projeto por entender que ele é importante para a categoria farmacêutica, profissionais da base da saúde, que são submetidos a jornadas extenuantes e desgastantes de trabalho, o que pode trazer riscos para as vidas dos pacientes atendidos por estes profissionais.

A luta nacional deve ser fortalecida. Os projetos estaduais têm seu potencial, mas são lutas localizadas e que não envolvem o conjunto da categoria. Somos uma categoria pequena, de 130 mil profissionais, mas juntos nossa força é implacável. Contamos com todos vocês, profissionais e estudantes.

Diretoria Executiva da Federação Nacional dos Farmacêuticos.

Informação extraída do site da FENAFAR. Para saber mais, acesse: http://www.fenafar.org.br/

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Reclamar por trás do computador é fácil!

     Inaugurei esse blog em Junho de 2010. O principal motivo foi o fato de ter acesso a diversas informações, as quais não conseguia ver como destaque na grande imprensa. Queria poder compartilhá-las, ainda mais num momento tão importante como o processo eleitoral pelo o qual passamos recentemente. Sempre tive a certeza de que passaria a me expor, devido a minha opinião. Nunca quis convencer ninguém de nada, mas sabia que seria questionado sobre tudo o que opinasse. Nunca falei com alguém em especial, mas não foram poucos os que me enfrentaram, vestindo a tal da carapuça (aliás, de onde vem esse termo?).
     Dediquei boa parte de minha vida aos movimentos sociais. Desde jovem tento e busquei atuar. Se o fiz de maneira correta, a vida vai dizer. Essa militância me faz ser cobrado por muitos sobre os rumos do País. Enquanto militante de esquerda, me cobravam o quanto o socialismo, de fato, havia avançado no mundo. Enquanto militante sindical fui cobrado por conta das notícias maldosas, que sugeriam que as entidades sindicais não cumpriam o seu papel. Até no tempo de escoteiro era cobrado sobre as reais intenções de Baden Powell quando da criação deste importante movimento.
     Hoje ocupo um cargo no Governo Federal, que muito me felicita, pois toda a luta demonstrada acima tinha como objetivo ter um País um pouco mais justo e com suas ações voltadas para o desenvolvimento social. Pude ver isso com a eleição de Lula e Dilma. Poder trabalhar no final do Governo Lula e no início do Governo da Presidenta Dilma, deu-me a possibilidade de ver o quanto é possível fazer, num País em que muito ainda há por ser feito. Mas tem seu preço. Apesar de atuar no Ministério da Saúde, tenho que me defender e entender de assuntos os quais não domino o quanto queria, como economia, educação, esportes, entre outros.
     Agora, tem algo que é engraçado. Tenho sido cobrado por muitos que não me lembro de ter encontrado nas ruas, apenas em reuniões fechadas em gabinetes refrigerados. Não me lembro de ver alguns destes nas manifestações públicas, apenas os vi assinando algum documento gerado pelo movimento. É uma forma de participação? Claro que é. Mas só isso basta? Acho que não. Vestir uma camisa do Che Guevara não resolve se não tiver claro quais eram as suas bandeiras e defendê-las a todo o momento. Cantar uma música de Chico Buarque escrita no tempo de ditadura, não transforma ninguém em herói. Dizer que defende a luta LGBT e continuar com as velhas piadas homofóbicas não adianta. Proclamar-se um lutador pela igualdade racial e ainda falar que: “a coisa está preta”, ou “denegrir a imagem”, deixa claro que a grande defesa da causa ainda não aconteceu.
     Essa postagem surgiu por conta de diversas sugestões que tenho recebido sobre os avanços que o Programa Farmácia Popular deveria ter. Concordo com boa parte delas, mas queria ver as manifestações tornarem-se ativas, não apenas através do conforto de se sentar na frente de um computador e resolver opinar. Dos que me cobram, nunca soube de uma participação, por menor que fosse, num Conselho Municipal de Saúde, numa assembléia de sindicato. E não me venha dizer que participou de um debate sobre o tema, pois ficar sentado assistindo e vangloriar-se de levar um certificado de participação para casa, não muda nada. Uma das principais manifestações, que motivaram essa postagem, veio de um proprietário de estabelecimento farmacêutico credenciado ao programa Farmácia Popular. Ele, revoltado, disse para mim: “É um absurdo ver uma pessoa estacionar o seu carro caríssimo na frente da minha drogaria e levar um medicamento para hipertensão ou diabete, gratuitamente”. Terminou dizendo que era um lutador do SUS e por isso sua ira. Pois é, se defendesse mesmo, entenderia a Universalidade. O Sistema Único de Saúde nunca foi um sistema para pobres, por mais que alguns quisessem que assim o fosse. Ele é amplo e aí mora um dos seus grandes desafios
     Bem vindo a democracia!!!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Diálogo sobre anorexígenos.

Hoje de manhã, após cumprir meu papel social com minha geladeira (comprar algo para abastecê-la, de forma a lembrá-la qual a sua função na sociedade), sentei-me para um café, acompanhado do meu jornal. Curioso por natureza, passei a ouvir o debate que ocorria na mesa ao lado. Sem citar nomes, passo a divulgar abaixo o que colhi com meus potentes instrumentos de gravação: as orelhas...
- Não acredito nisso que vão fazer com os “remédios” para emagrecer.
- Eu acho que estava na hora. Faz tempo que ouço que eles causam mais problemas do que solução.
- Como assim????? É medicamento e está registrado. Estou falando dos que estão legalizados no País. Já tomei vários e nunca senti nada....
- Menina, presta atenção. Isso é uma bomba. Eu li o relatório que a ANVISA fez. Tá tudo lá. Tim tim por tim tim.
- Você fala isso porque não precisa tomar. Seu metabolismo e sua genética te ajudam. Mas e os que precisam? Vai dizer que matou muita gente aqui? Se tivesse acontecido, já tinham denunciado. Tem gente que toma é não é por estética...
- O problema não é matar. Quantas pessoas abrem mão de exercícios físicos, que dão trabalho, e passam a usar essas drogas. Ficam com problemas até de coração. Isso tem riscos.
- Que riscos? O que a ciência diz? Se tomarem corretamente não tem problema. Eles são prescritos por médicos e tem receita controlada.
- E quem disse que todos são corretamente prescritos? Tem abuso aí. Bom, eu concordo com a medida.
- Eu quero ter a minha “medida”. E agora? O que vou fazer?
- O que importa é estar com saúde.
- Você não está entendendo.Tem associação de médicos e farmacêuticos dizendo que foi um abuso. Porque não se preocupam com o uso correto desses remédios? Deveriam punir quem usa ou prescreve mal, não quem toma ou prescreve de maneira correta.
- Bom, sei que vai ter uma audiência para discutir isso na quarta-feira (23/02) agora, lá na ANVISA.
- Carta marcada. Não vai ninguém e vão decidir pelos outros.
- Bom, isso é o que você acha. Eu acredito neles e acho que o relatório tá bem completo. Apresentam argumentos que são fortes. É ciência amiga, não é “achismo”.
- Eu também li um monte de argumentos contra. E são de especialistas.
- Espero que todos compareçam. Desarmados de interesses ou ideologias. O importante é que temos que cuidar da saúde e nisso eu concordo. Se der problema e o Governo não fizer nada, aí vão reclamar.
- Mas quem disse que dá problema?
- Bom, tá cheio de remédio que foi aprovado e depois retirado do mercado porque apresentavam problemas graves.
- Vai ser igual os antibióticos. E essa coisa de remédio de graça na farmácia popular? Até rico tá pegando? Quem cuida dos pobres? Isso é um absurdo!!!!
Bom, como o assunto havia mudado, terminei meu café e fui continuar minha caminhada, que não tem me feito emagrecer, mas tudo bem, tô bem feliz do jeito que estou.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Presidenta Dilma e a gratuidade no Programa Farmácia Popular.

As palavras falam por si! Não quero emitir comentários, pois o que descrevo abaixo é a fala da Presidenta Dilma no lançamento do "Saúde não tem preço" (gratuidade para os medicamentos indicados para o tratamento da hipertensão e diabetes).

"Boa tarde a todos presentes.
            Queria cumprimentar o querido vice-presidente da República, Michel Temer,
            O ministro de Estado Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci,
            O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em nome de quem eu cumprimento todos os ministros de Estado aqui presentes,
            Queria cumprimentar os senhores governadores: Agnelo Queiroz, do Distrito Federal; Capiberipe, do Amapá;
            Queria cumprimentar também o senador Romero Jucá, líder do governo no Senado,
            Deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara dos Deputados, por meio dos quais eu saúdo todos os deputados federais, deputadas federais, senadores e senadoras aqui presentes,
            Queria também cumprimentar os integrantes – senhoras e senhores – do Conselho Nacional de Saúde,
            O senhor Paulo Ernani Gadelha, presidente da Fiocruz, por meio de quem eu vou cumprimentar todos os representantes das entidades signatárias,
            Queria cumprimentar a senhora Adelina Pereira do Amaral, representante dos beneficiários do Programa,
            A senhora Cleíza Martins Gonçalves, representante da Farmácia Popular de número 15 mil,
            Queria cumprimentar os empresários do varejo e todos aqueles que deram a sua contribuição, todos os empresários que deram a sua contribuição para que a gente possa colocar em prática esse Programa.
            E gostaria muito de dizer para vocês que esse foi um compromisso que eu assumi durante a campanha, e que tinha por objetivo universalizar o fornecimento de remédios tanto para hipertensão quanto para diabetes. Por que isso? Porque essas duas doenças, elas prejudicam cada vez mais a saúde de homens e mulheres no nosso país, tanto a hipertensão quanto a diabetes.
            Em 2009, para a gente ter uma ideia, elas juntas foram responsáveis por 34% do total de óbitos no Brasil. Cerca de 33 milhões de brasileiras e de brasileiros são hipertensos, metade da população com mais de 55 anos tem essa doença. Sem dúvida nenhuma, esse seria por si só um quadro preocupante, mas, além disso, nós sabemos que a hipertensão não tratada ela está na origem de 40% das mortes por derrame cerebral. E um dado deve chamar especialmente a nossa atenção: que cerca de 30% da população adulta nem sabe que possui ou diabetes ou hipertensão.
            Por isso, diante desse enorme desafio, o Sistema Único de Saúde, ele tem uma enorme pressão… na medida em que ele fornecia esses medicamentos de forma gratuita, ele… sobre ele recaía uma enorme pressão, porque a pessoa precisava entrar no Sistema de Saúde, no SUS, obter uma receita e aí tirar seu remédio de forma gratuita. Daí porque colocar nas farmácias – no “Aqui tem Farmácia Popular” –, nas 15 mil farmácias e tornar esses medicamentos gratuitos, além de ser uma questão que diz respeito à distribuição de renda no nosso país, diz respeito também a descongestionar o SUS, transferindo para essa rede privada a demanda por remédios.
            O ponto importante da minha preocupação com essas duas doenças é que elas são perfeitamente controláveis se forem tratadas e, portanto, os portadores de diabetes e de hipertensão, eles podem levar uma vida normal e ativa, obviamente se adotarem também, além dos remédios, uma vida saudável, a prática de esportes como o Ministro receitou aqui. Mas, de qualquer jeito, sendo diagnosticadas, essas pessoas, devidamente medicadas, elas têm uma vida normal, e a condição para isso é que o tratamento não seja interrompido.
            Por isso, durante a minha campanha e agora, nesse primeiro mês de governo, eu decidi que é um dever do Estado brasileiro proporcionar a todos as condições de acesso regular e seguro aos medicamentos requeridos. Nós não temos condição de garantir isso para todos os medicamentos, mas temos condição de garantir os medicamentos dessas doenças que têm… que atingem uma grande camada da população, com remédios para hipertensão e diabetes.
            Hoje, no momento em que o meu governo completa, então, um mês, eu tenho a satisfação de honrar esse compromisso que eu assumi. A partir de agora, esses medicamentos, necessários para o tratamento, eles vão estar, então, no SUS – na rede SUS –, mas, sobretudo, nas 15 mil farmácias do “Aqui Tem Farmácia Popular” e nas redes de farmácias do governo chamadas Farmácias Populares, que são diferentes das farmácias privadas, que são aquelas que têm, justamente, esse signo do “Aqui Tem Farmácia Popular”.
            Essa medida vai garantir que as pessoas inclusive tenham uma facilidade de acesso que antes era – como eu disse no início – mais difícil, porque ela tinha de acessar primeiro o SUS para depois obter o remédio. Só há uma exigência, que é muito importante: a pessoa deve apresentar receita médica. Por que? Apesar de ser gratuito, é muito importante, e eu acho que o Ministro deixou isso claro, que, apesar de ser gratuito, nós vamos controlar o fornecimento do medicamento, seja através das receitas médicas, seja também assegurando que o destino dos remédios de hipertensão e diabetes vá para os pacientes, e não para qualquer outro uso indevido desses remédios. Daí porque também nós aprimoramos a fiscalização, as auditorias e a transparência.
            Eu acredito que o SUS é uma estrutura ainda incompleta, com falhas, que nós temos a obrigação de sanar, até porque, apesar das suas limitações, o nosso SUS é uma conquista inestimável da democracia brasileira, um sistema solidário e universal, fruto da Constituinte no ciclo da nossa redemocratização dos anos 80. Então, esta medida tem de ser vista também com um reforço ao Sistema Único de Saúde.
Hoje nós temos uma estrutura integrada e descentralizada, passado tantos anos do processo da redemocratização e da Constituinte, que se distingue pela mais ampla cobertura, abrangendo desde simples procedimentos até procedimentos mais complexos. E eu acredito que nós temos – e ao longo do meu governo eu pretendo, sistematicamente, lançar aqui medidas para o fortalecimento e intensificação desse Sistema Único de Saúde, que é uma conquista nossa. Daí porque também eu queria saudar o fato de que, neste ano, nós faremos a 14ª Conferência Nacional de Saúde, com a participação de delegados e delegadas eleitos em um amplo processo de debate, realizado em todos os entes federativos. Faz parte desse fortalecimento, da participação social e federativa dentro do Sistema Único de Saúde.
            E como eu já disse, nos próximos meses, várias dessas discussões vão estar sendo expressas aqui através de medidas que eu encaminharei para melhorar a qualidade, tanto do acesso como do atendimento do Sistema Único de Saúde.
            Queria dizer a todos vocês que os medicamentos são o item que mais pesa no bolso das famílias menos favorecidas. Doze por cento da renda da população mais pobre é gasta com remédios, enquanto que para as faixas de maior poder aquisitivo, essa despesa não pesa mais do que 2%. Por isso, o meu compromisso com a erradicação da miséria tem, nesse programa “Saúde Não Tem Preço”, uma das suas expressões. Ele é, também, uma forma pela qual nós estamos dando mais um passo no sentido da erradicação da miséria no nosso país.
            Nós estamos assegurando que não haja diferença entre ricos e pobres no que se refere àqueles que precisam do medicamento. Por isso o nome do Programa é muito bom, é um programa que se chama “Saúde Não Tem Preço”, até porque nós vamos concentrar nossos esforços para impedir que o ônus da diferença de renda ou de uma renda menor coloque em risco portadores de doenças para as quais a Medicina já tem tratamento seguro e garantido, como a hipertensão e a diabetes.
            Talvez seja na saúde que a questão da diferença de renda tenha a expressão mais perversa, tratando de forma desigual pobres e ricos. O dia de hoje, portanto, inaugura, no meu governo, a total gratuidade para o tratamento dessas duas enfermidades, e é um marco dos nossos compromissos em relação à saúde do povo brasileiro.
            Agora, eu queria fazer um reconhecimento: é porque também o governo do presidente Lula, o governo que me antecedeu, foi capaz de criar um programa como o “Aqui Tem Farmácia Popular” que colocou, como uma oferta concreta para milhões de brasileiros, medicamentos com uma redução de 90%, que mais este passo pode ser dado. Então, ele complementa esse círculo que nós começamos em – se eu não me engano – 2006, com o “Aqui tem Farmácia Popular”, de ampliar a rede para que as pessoas tivessem facilidade, com um preço o menor possível, de acessar a rede. Agora elas têm o acesso gratuito e isso é importante justamente para aquelas pessoas que têm menor renda no Brasil. Mas todos serão beneficiados por esse Programa, daí porque “Saúde Não Tem Preço”.
            Muito obrigada."