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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eleições me fazem pensar!

O processo eleitoral no Brasil possui um a história recente se levarmos em conta nosso ainda “curto” período de democracia, sem interrupções. Talvez isso ainda traga para alguns, os quais ainda não se acostumaram com essa fase de nossa vida cidadã, dificuldades em julgar a diferença entre o que julgamos por diferente entre o justo e o obrigatório. Talvez não consigam distinguir entre o que é direito e o que é dever. E o que me parece o pior é que estes possam ser ludibriados com uma fala fácil de ser feita e não consigam criar o tal do “senso crítico”. É verdade que o exercício da democracia deve ser construído cotidianamente e talvez não seja tão fácil. Votar e ser votado é mais do que um direito Constitucional, pois este exprime um dever, o qual deve ser realizado com efetiva participação.

Esta postagem se dá pelo o  que penso de um processo eleitoral, seja ele para Presidente, para Deputado, para nossas entidades de categoria, para síndico de prédio....

O que espero de uma eleição?

- Que ninguém vote em alguém por ser um “amigo”: Amizades são importantes, mas eleger um representante que lhe representará deve trazer mais do que a essa avaliação. Temos amigos que não necessariamente estão preparados para alguns desafios.

- Que ninguém vote em alguém por “desconhecer” o outro candidato: Eleição é um bom momento para conhecermos uma pessoa. Casar ou montar uma sociedade com ela traz um grau semelhante de conhecimento, mas eleição é o momento de ouvirmos, questionarmos, avaliarmos e decidirmos.

- Que ninguém deixe de votar em uma pessoa por “ouvir falar”: A velocidade da informação (e da desinformação) faz com que adotemos processos de avaliação mais determinantes do que simplesmente ouvir a opinião de alguém. Mesmo que esse alguém seja de confiança...essa decisão é coletiva, mas construída a partir de um pensamento coletivo. As redes sociais faz com que verdades e mentiras percorram nossos emails, facebooks e twitters atinjam a mesma velocidade.

- Que ninguém vote em outra pessoa por ela atuar na mesa área que a sua: Isso quer dizer o que mesmo? Quem disse que pelo fato dela fazer o mesmo que você lhe traz o conhecimento necessário para representar seus desejos e vontades?

- Que ninguém deixe de votar por achar que "política não presta": Bom, Bertold Brecht já falou sobre o “analfabeto político” e não me estenderei mais sobre este tema além da dica de leitura já sinalizada.

- Que ninguém vote em uma pessoa por ela ter feito algo para você: Bom, talvez esta pessoa só tenha feito por você...

Esta postagem também não deve ser seu único parâmetro de avaliação. Aliás, talvez não sirva de nada, mas fica a dica e a angústia de um eleitor!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Presidente ou Presidenta?

Recebi o texto abaixo, intitulado "Ensaio sobre o gênero",  com a devida referência ao autor, discutindo como se referir a Dilma: Presidente ou Presidenta? Eu optei por chamá-la de Presidenta, pois mais do que a forma, quero respeitar a simbologia de ter a primeira mulher Presidenta do Brasil. Isso pode parecer não mudar absolutamente nada em sua vida, mas penso o contrário. O preconceito acaba quando começa a exacerbação do respeito. Vou chamá-la de Presidenta...e você? 


   "Circula na Internet um texto, cujo autor não foi identificado, intitulado "Aula de Português", trazendo à baila a questão do gênero da palavra _PRESIDENTE_ e condenando veementemente a forma feminina _PRESIDENTA_. Na condição de professor de Língua Portuguesa, e por solicitação de um amigo, venho manifestar-me acerca dessa polêmica, que se instaurou com a eleição de Dilma Roussef para a presidência do Brasil e que se destacou na discussão entre os internautas: Dilma é a presidente ou a  presidenta do Brasil?

    Na língua portuguesa, assim como em quase todas as outras, existem construções que, com o tempo, ganharam força popular e se fixaram como gramaticalmente corretas, a despeito de contrariar a etimologia. Sobre esse tema, Machado de Assis, nosso escritor maior, nos alerta:

                  "Não há dúvidas que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades de usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade."

     Só esse ensinamento do autor de Dom Casmurro já seria suficiente para justificar a incorporação de novas palavras à nossa língua-mãe, mas vamos aos fatos. A discussão é: a presidente ou a presidenta Dilma Roussef? Quanto ao gênero, os substantivos podem ser biformes e uniformes. Os biformes são aqueles que apresentam duas formas distintas, uma para o feminino, outra para o masculino, por exemplo: _gato/gata, maestro/maestrina, ator/atriz, camponês/camponesa, pai/mãe, patrão/patroa, ladrão/ladra, pastor/pastora, mestre/mestra, solteirão/solteirona, irmão/irmã, compadre/comadre, boi/vaca, homem/mulher, conde/condessa, elefante/elefanta, poeta/poetisa, avô/avó_. Observe-se que a forma feminina ora provém do mesmo radical masculino (como no caso de _cantor/cantora_), ora de radical distinto (como é o caso de _bode/cabra_).  
  
    Os substantivos uniformes apresentam uma única forma e se subdividem em três grupos: sobrecomuns, comuns de dois gêneros e epicenos. Sobrecomuns são os que têm um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos. Neste caso, nem os determinantes se flexionam, por exemplo: _o cônjuge varão _- para designar o homem_/o cônjuge varoa _- para mulher (não existe _a cônjuge_), _a criança_ (não existe _o criança_) serve para designar menino ou menina; _a sentinela_ se emprega para homem ou mulher, pois não existe _o sentinela_. Diz-se: _Aquela sentinela está nervoso_ (e não _Aquele sentinela..._). Comuns de dois gêneros são os que têm uma única forma para os dois gêneros, porém seus determinantes apresentam variação de masculino para feminino, por exemplo: _o atacante/a atacante, um atendente/uma atendente, meu dentista/minha dentista_. Epicenos são aqueles empregados com os nomes de animais que possuem um só gênero gramatical, para designar um e outro sexo; neste caso, a distinção é feita com as palavras "macho" e "fêmea", por exemplo: _a onça macho/a onça fêmea, o pinguim macho/o pinguim fêmea, a borboleta macho/a borboleta fêmea, o macho do jacaré/a fêmea do jacaré_.

     Com referência à palavra _presidente_, o texto veiculado na Internet alega, com razão, que o particípio ativo do verbo _atacar_ é atacante, de _pedir_ é pedinte, de _cantar_ é cantante, de _existir_ é existente, de _mendigar_ é mendicante, de _ser_ é ente.  Aquele que é: _o ente_. Dessa forma, justificam-se as palavras _estudante_, _adolescente_, _atacante_, _informante_ e, naturalmente, _presidente_, como uniformes.

     No caso específico da palavra "presidente", etimologicamente deveria ser considerada comum de dois gêneros: _o presidente/a presidente_; no entanto, o uso como palavra biforme (_o presidente/a presidenta_) está consagrado na nossa língua e tem registro formal. Para isso, consulte-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, documento oficial de registro das palavras que fazem parte do nosso léxico. Senão, como se justificaria a existência de palavras como governanta (feminino de _governante_), elefanta (de _elefante_), parenta (de _parente_), infanta (de _infante_), que pertencem ao mesmo caso etimológico? São formas que, com o tempo, se desviaram do processo formador original.

     Não há, portanto, razão para condenar o uso de _PRESIDENTA_. Podemos sim usar a "presidente" Dilma ou a "presidenta" Dilma, sem que isso contrarie o padrão formal da língua escrita culta. A atual mandatária maior do País prefere ser chamada de _PRESIDENTA_, e nisso está certíssima._ _Cabe consignar que o eminente professor Celso Cunha, em sua _Nova Gramática do Português Contemporâneo_, preleciona que "os femininos _giganta_ (de gigante), _hóspeda_ (de hóspede), e _presidenta_ (de presidente) têm ainda curso restrito no idioma". Atente que TER CURSO RESTRITO não significa SER ERRADO. O texto veiculado na Internet cita um exemplo negativo de modo a ilustrar o suposto erro no uso da palavra "presidenta":

                   _"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre suas tantas outras atitudes alienantas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta."_

     Como se pode depreender, isso é apenas um sofisma, uma ideia enganosa, em que a premissa maior e a premissa menor podem ser verdadeiras, mas a conclusão é falsa. É como se disséssemos: _Todo coelho é veloz_ (premissa maior - verdadeira); _o jamaicano Usain Bolt é veloz_ (premissa menor - verdadeira); _logo, o jamaicano Usain Bolt é um coelho_ (conclusão - falsa).

Para finalizar essa suposta "aula de português", o autor destaca:

                "Está mais do que na hora de restabelecermos A LEITURA E A FALA CORRETAS DE NOSSO IDIOMA - o PORTUGUÊS (falado no Brasil) e não mais o churrasquês, o futibolês e outros dialetos de triste e recente memória, infelizmente aplaudidíssimos pelos 80% dos patrícios que vibravam com as bobagens oficializadas e incensadas pela massa de áulicos (áulico: cortesão, palaciano) e puxa-sacos dos "cumpanhêru" de igual (?) nível moral e intelectual..."

     Parece-me a mim que este é mais um caso de preconceito explícito e de intolerância política. Independentemente de qualquer partido, de qualquer matiz ideológico, temos uma presidenta eleita por um processo democrático transparente, de acordo com a vontade da maioria dos brasileiros de todas as classes sociais. Os bons brasileiros, os verdadeiros patriotas vão torcer e trabalhar para que o Brasil cresça como nação, avance nas questões sociais e progrida economicamente. Os pseudobrasileiros e os pessimistas de plantão vão continuar esperando que tudo dê errado e discutindo se Dilma é a "presidente" ou a "presidenta". Você escolhe de que lado está.

       Filemon Félix de Moraes - professor de Língua Portuguesa em Brasília."

domingo, 2 de janeiro de 2011

Um farmacêutico na posse de Dilma Rousseff.

Ontem, dia 01/01/2011 (cabalístico não?), tive a oportunidade de, pela primeira vez, assistir a posse de um Presidente da República. Confesso que desde 2002 tinha esse sonho, mas só consegui concretizá-lo no primeiro dia de 2011. Só não imaginava que seria uma posse tão simbólica, pois é a primeira vez que uma mulher assume o cargo mais alto do poder executivo do Brasil, sucedendo o primeiro operário a exercer a presidência da república. Mais simbólico ainda é o fato dele “ter dado certo”.
A posse ocorrer no primeiro dia do ano traz consigo toda a responsabilidade de conseguir atender aos mais variados anseios, que provavelmente, foram temas das orações e pedidos a Iemanjá feitos após a meia-noite. Olhava nos olhos dos presentes e via de tudo: militantes, turistas, filhos de alguns dos citados anteriormente e os que foram desejar boa sorte e dar boas vindas à nova moradora do Palácio da Alvorada. Debaixo de chuva e sol (não necessariamente nesta mesma ordem), fiquei por mais de 6 horas no evento, indo de um lado para o outro. Consegui ficar a pouquíssimos metros do Rolls-Royce que trouxe Dilma Rousseff ao Congresso Nacional. Depois corri até o parlatório com o intuito de poder ver seu primeiro discurso. Foram horas excitantes!
Como farmacêutico, defensor e lutador do SUS, estava presente por poder perceber as mudanças recentes em meu País. No que diz respeito aos avanços na Assistência Farmacêutica comentei em outra postagem. Esse Governo que se encerra conseguiu avançar em áreas as quais considero nobres.
Enquanto acompanhava o evento, passei a observar os que haviam se disposto a estar presente num momento especial da nossa democracia. O que os levava a estar ali? Com toda a certeza não estavam pela simples falta do que fazer. Algo maior os movia. As mulheres penso terem um motivo a mais, afinal de contas, pela primeira vez o gênero se sente representado efetivamente pelo chefe do poder executivo. Neste instante, uma mulher me chamou a atenção. Parada em frente ao posto de primeiros-socorros montado logo abaixo do Pavilhão Nacional, com um jeito humilde, não desgrudava os olhos do telão montado ao lado do Palácio do Planalto. Não me lembro de tê-la visto piscar por alguns instantes. Falsamente protegida pela chuva e agarrada a sua bandeira, aquela mulher de baixa estatura se sentia enorme por poder acompanhar aquilo tudo. Até obter o registro fotográfico que disponibilizo nesta postagem, levei um tempo olhando para ela. O que será que passava por sua mente? Uma prece? Uma esperança sem fim? Seria um simples agradecimento? Bom, algo maior do que o clima a moveu até a Praça dos Três Poderes.
Nos olhos e na posição da distinta mulher milhões de brasileiros estavam representados. Homens e mulheres, ricos e pobres, diferentes raças e credos, todos sem exceção. Mesmo aqueles que só de dirigiam a Dilma, durante e após o processo eleitoral,  como “terrorista”, “divorciada”, “antipática”, também estavam lá representados.
É um novo Governo e um novo ano. Espero que todos possam estar presentes na próxima posse presidencial, satisfeitos como eu e a mulher da foto estavam. E que sigamos os ensinamentos que ela nos passou: empunhemos nossa bandeira sempre, observemos a tudo atentamente e saibamos agradecer.
Feliz 2011!

A foto foi tirada pela pessoa que vos fala.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema sobre Dilma

Acabo de receber um email e não poderia deixar de divulgar o seu conteúdo. É um lindo poema escrito por Pedro Tierra. Pesquisei sobre o autor e encontrei sua biografia :

Pedro Tierra: Pseudônimo de Hamilton Pereira, que nasceu em Porto Nacional (TO), em 1948. Viveu em seminários e prisões. Por sua militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), cumpriu cinco anos de prisão (1972/77) em Goiânia Brasília e São Paulo, sofrendo tortura. Libertado, contribuiu para fundar e organizar Sindicatos de Trabalhadores Rurais. É membro da diretoria executiva do PT desde 1987.  Foi secretário de Cultura do Distrito Federal. Desde 2003 é presidente da Fundação Perseu Abramo. Militante informal do MST; participou da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Bibliografia:Poemas do Povo da Noite, Menção Honrosa no Prêmio Casa de Las Américas, em 1977(Sigueme, Salamanca, Espanha, EMI, Milão, Itália, e Livramento, S. Paulo); Missa da Terra sem-males, em parceria com Pedro Casaldáliga e Martin Coplas (Livramento, Tempo e Presença, S. Paulo); Missa dos Quilombos, com Pedro Casaldáliga e Milton Nascimento (disco da EMI); Água de Rebelião (Vozes); Inventar o Fogo (Goiânia); Zeit der Widrikeiten , antologia (Edition DIÁ, Berlin); Dies Irae (Edição do autor, Goiânia, e MLAL, Roma, Itália).

E o poema segue:

500 anos esta noite
Pedro Tierra

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata
e rebenque, o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
Brasília, 31 de outubro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma farmacêutica agradece...

Encerrada a eleição, estou pensando em todos os ataques feitos ao Governo. Um dos que mais me preocuparam foi a crítica feita sobre as políticas sociais e de inclusão. O ataque ao PROUNI foi um dos prediletos durante a campanha. Queria falar muito sobre isso, mas a foto que me enviaram pelo facebook e o email que recebi de uma ex-aluna (hoje colega de profissão), recebidos quase que ao mesmo tempo, falam por si:



"Só tenho a agradecer ao governo petista, pois graças a ele consegui o bem mais precioso que possuo: minha profissão. Graças ao Programa Universidade para Todos (ProUni) mudei meu futuro, e hoje sou farmacêutica com muito orgulho! Fui bolsista integral na Universidade Santa Cecília em Santos/SP, e com muita dedicação, hoje sou a primeira pessoa da minha família com curso superior. O ProUni mudou a minha realidade e a de muitas pessoas, e tenho certeza de que continuará mudando muitas outras vidas. E este é apenas um, de vários outros programas do governo, que deu muito certo e agora sabemos que terá continuidade. Tenho certeza de que o país continuará mudando, progredindo, e eu orgulhosamente faço parte desse trabalho. Muito obrigada."
Amanda C. Moura
Farmacêutica




sábado, 30 de outubro de 2010

Eu desejo um bom voto!

Bom, chegou o dia. Estaremos em breve no dia 31/10, dia da eleição para Presidente. Serão cerca de 9 horas de votação que dividem dois momentos: continuidade ou não de um Governo. Para os que acham que isso nada tem a ver com sua vida, é apenas mais um dia “chato” de votação. Para os que sabem da responsabilidade que um dia como esse trás, o “friozinho na barriga” já começou e só acabará após a apuração dos votos.
Como já disse em outra postagem, comecei a participar da vida política muito cedo e em 1989, pude votar pela primeira vez.  Meu primeiro voto foi para um candidato a presidente que conseguiu me fazer chorar com uma eleição. Foram 4 eleições até que eu pudesse chorar, mas de alegria, ao eleger Lula Presidente. Ele significava um rompimento. Rompimento com o tempo de ditadura, com o preconceito, com a imagem de que uma pessoa só pode chegar ao Palácio do Planalto se tivesse títulos. Hoje, em 2010, a vida me mostrou que acertei em minha escolha. Com 84% de aprovação (record histórico) fica claro que a história ficará marcada por um operário que conduziu uma nação com ações aprovadas quase que por unanimidade. Unanimidade que não pode ser chamada de burra, caso contrário, sua sucessora não apareceria, segundo a última pesquisa, com 50% das intenções de voto.
O processo eleitoral de 2010 deixará marcas profundas. Nunca nos esqueceremos de Tiririca com mais de 1 milhão de votos, da Weslian Roriz disputando o governo do Distrito Federal, da polêmica em torno do aborto, entre outros. Mas também ficará marcada pela exacerbação do preconceito, mentiras e da estimulação ao ódio. Digo isso com preocupação, pois, acompanhando as últimas eleições, só me recordo do que foi feito com Lula, considerado uma ameaça a sociedade. Diziam que ele iria mudar a cor da bandeira (seria vermelha), colocaria um desabrigado em sua casa, fecharia o Congresso. Ocorre que agora foi mais grave, com a capilaridade das informações geradas pela internet. É difícil ver um eleitor de Serra que não se refira a Lula com adjetivos nada sociáveis.
A artilharia se volta contra Dilma. Indicada por Lula, devido a confiança estabelecida,  tornou-se alvo das mais variadas acusações, já que essa seria a primeira eleição presidencial sem a presença de Luis Ignácio entre os concorrentes. Ser mulher, divorciada, ter militado contra a ditadura, não ter ocupado cargo eletivo, tornaram-se sinônimos de incompetência. Até ter tido câncer passou a ser um critério de exclusão. Na minha humilde, mas limpinha opinião, esses são fatores de orgulho. Ela é mulher, o que me orgulha pela disposição de romper com preconceitos machistas. É divorciada, mas com um casamento que deu certo, a ponto de ser elogiada em seu programa, pelo ex-marido. Lutou contra a ditadura sim, o que deveria nos orgulhar! Nunca ter sido eleita a nada, bom, um dia deve começar (e porque não falaram isso de Silvio Santos quando candidato em 89?). E se foi fichada na polícia? Ora, todos os “contrários” eram naquela época. Teve câncer, curou e enfrentou um dos maiores males da humanidade com disposição, peito aberto e coragem.
Os dados estão lançados. O último debate realizado pela TV Globo em nada mudou o quadro. Na pior hipótese, os candidatos empataram. Fica agora a preocupação com panfletos apócrifos, manchetes dos grandes veículos de comunicação, abstenções as últimas pesquisas que serão divulgadas e o feriado prolongado. Em não havendo nenhuma hecatombe, Dilma tem maior chance de ser eleita. Abstenções no Nordeste, área prioritária de Dilma, pode se equilibrar com os mais de 1 milhão de veículos (com média de 2 a 3 eleitores dentro) que deixaram SP, área de Serra. Além desses componentes, existem os indecisos. Meu Deus, os indecisos. É fato que são poucos, mas considerando as outras variáveis, são fundamentais.
Espero de coração que os eleitores não sejam levados a decidir seu voto por motivos infundados, pelo mero ódio a um partido ou pelos motivos expostos acima. Tenhamos tranqüilidade em ouvir, ver as verdades e mentiras expostas durante o processo e que todos nós, não apenas um dos candidatos, saiamos vitoriosos!

Bom voto....

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Farmacêuticos se manifestam...

Da mesma forma como divulguei o Manifesto das mulheres que apoiam Dilma, não poderia deixar de "replicar"  o manifesto elaborado pela Federação Nacional dos Farmacêuticos acerca do seu apoio a Dilma. Quero manifestar o quanto respeito essa entidade, pois sempre esteve nas lutas gerais da sociedade e da profissão. Patentes, genéricos, Marluce Pinto....essa é uma entidade que me orgulha e a todos os profissionais farmacêuticos!

POR QUE A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS FARMACÊUTICOS APOIA DILMA PRESIDENTE

O 2º turno das eleições cristalizou ainda mais a polarização entre dois projetos distintos para o Brasil. Está em disputa qual Brasil queremos construir: um que avance nas transformações sociais, no sentido de dar continuidade às políticas de distribuição de renda, de desenvolvimento econômico soberano e pautado por um claro projeto nacional de crescimento, redução das desigualdades, aprofundamento da democracia; ou se o país vai retomar o rumo das políticas privatistas que marcaram a década de 90, em que os projetos aplicados no Brasil estavam subordinados a um pensamento dominante internacional, que colocava nações como a brasileira em condição de dependência, em que não havia ênfase em programas sociais de cunho estruturante e voltados para a inclusão social.
A Fenafar, em seu 6º Congresso, aprovou resolução que deixava explicita a opção da entidade pela defesa da continuidade e aprofundamento das políticas iniciadas pelo governo Lula e que se enquadram na primeira descrição acima.
Sendo assim, diante do confronto direto entre estes dois projetos, a Fenafar avalia que a candidatura de Dilma Rousseff é a que representa a continuidade das políticas iniciadas pelo governo Lula.

Apontamos, a seguir, os motivos que norteiam essa opção.

Foi no governo do presidente Lula e da coalizão que se reúne em torno de Dilma Rousseff que iniciativas importantes na área da saúde foram adotadas. Podemos citar:
- o licenciamento compulsório do antiretroviral Efavirens, permitindo uma redução significativa dos gastos públicos com a aquisição deste medicamento;
- foi no governo Lula que a Assistência Farmacêutica ganhou caráter estratégico, sendo estruturada uma política nacional para o setor, incorporada transversalmente nas ações de saúde
 - a compreensão de que o desenvolvimento científico-tecnológico e industrial do parque nacional é estratégico para o país teve implicação no setor farmacêutico - na produção de insumos e medicamentos -, segmento que estava estagnado e até em recuo no Brasil, durante o governo de FHC/Serra.
- políticas de regulamentação acerca da venda de medicamentos nas farmácias e de boas práticas farmacêuticas como as contidas, por exemplo, na RDC 44/2009 são balizas delimitadoras de uma visão pautada não pela mercantilização – neste caso em particular do medicamento e da farmácia – mas por uma clara noção de que o que deve reger estas atividades é a premissa da resolutividade das ações de saúde.
- uma política de estímulo e regulação dos medicamentos fitoterápicos, um importante segmento farmacêutico e do avanço da indústria nacional.
- Todas essas medidas, aliadas a outros programas sociais de venda de medicamentos de maior impacto na saúde da população, facilitou o acesso das pessoas ao medicamento, sempre pautado pelo seu uso racional.

E por que não José Serra

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, em que José Serra ocupou os cargos de Ministro do Planejamento e Orçamento e Ministro da Saúde, o que pautava o governo era uma visão mercadológica e privatista. FHC e Serra estiveram à frente de um dos períodos em que a concentração de renda na mão de poucas foi crescente, com o aumento da especulação financeira, do desemprego e a desaceleração da economia.

No governo de FHC/Serra:

- Foi aprovada a Lei de Patentes que criou obstáculos para o desenvolvimento da indústria nacional no setor farmacêutico, impedindo um planejamento na produção de insumos e medicamentos voltados para as necessidades brasileiras e tornando o país dependente das multinacionais farmacêuticas.
 - Houve uma expansão desenfreada da saúde privada, privilegiando uma política de privatização em detrimento da ampliação dos investimentos para a estruturação do SUS.
- A política externa neste período privilegiava – para não dizer que tratava praticamente com exclusividade – as relações com os países ricos do norte. Assim, a aquisição de insumos e medicamentos era feita sem considerar parceiros como a Índia.
- A lógica do mercado perpassava todos os setores, inclusive o da saúde. Sendo assim, houve uma liberalização do caráter da farmácia – que sem regulamentação podia vender de tudo. Além disso, o governo chegou a propor, enquanto Serra foi Ministro da Saúde, que a venda de medicamentos pudesse ser feitas não só em farmácias e drogarias, mas em supermercados e lojas de conveniência, sem qualquer preocupação com o Uso Racional do Medicamento.
Além disso, durante sua gestão à frente da prefeitura de São Paulo, José Serra abriu as portas para o ingresso do capital estrangeiro nas Analises Clínicas.

A Fenafar é Dilma Rousseff pela Saúde do Brasil

Esse é um breve panorama que mostra as diferenças estruturantes entre os dois projetos em disputa nestas eleições, e que nos levam a apontar que a candidatura que pode estabelecer um maior diálogo com os movimentos sociais, com as bandeiras e propostas defendidas pela Fenafar e que tem maior compromisso com a Saúde do Brasil é a candidatura de Dilma Rousseff.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mulheres se manifestam...

Recebi um pedido irrecusável. Um grupo de mulheres recorreram a esse humilde espaço, pedindo que ajudasse na divulgação do manifesto abaixo. Quem assina? Provavelmente milhões delas.
Digno pedido dessas guerreiras. Como já disse o filósofo sobre a importância das mulheres na sociedade: "50% da população é composta por mulheres e outros 50% são filhos dessas mulheres". É isso aí! Lugar de mulher é na luta, é na política! As que quiserem subscrever, envie um email para manifestomulherescomdilma@gmail.com
Obrigado por me pedirem essa favor...é uma honra!

Manifesto Mulheres com Dilma por um Brasil soberano, justo e igualitário



Nós formamos uma onda, nós somos um movimento que se espalha pelo país. Nós somos Mulheres com Dilma Para Presidenta do Brasil. Somos negras, somos brancas, somos trabalhadoras, somos indígenas, somos mães, somos lésbicas, somos rurais, somos urbanas, de todas as regiões, com diferentes credos e convicções políticas. E, assim como Dilma, somos mulheres que sempre lutaram pela Democracia e por um país com justiça social.

Nestas eleições, queremos dizer ao mundo que não podemos abrir mão de todas as conquistas sociais e do trabalho, construídas nos oito anos do Governo Lula. Não queremos retrocessos. Queremos avançar na construção de um Estado democrático, com soberania nacional. Queremos um Estado que respeite todas as religiões, mas que não seja controlado por nenhuma delas.


Vamos seguir em frente organizadas e decididas a nos manter em movimento permanente pela democracia no país e no mundo. Queremos construir novas formas de organizar a vida social, com paz, com direitos, queremos uma nova economia, justiça ambiental e redistribuição da riqueza produzida. Queremos uma vida sem violência, com liberdade e com autonomia. Queremos partilhar e transformar os espaços públicos de poder e decisão.


Para nós Dilma é parte da heróica geração que cumpriu um papel democrático na luta contra a ditadura militar, é parte das forças que impulsionaram a democracia ativa no nosso país, é parte comprometida com a reconstrução das funções públicas do Estado brasileiro e com a promoção de uma inserção soberana dos países do sul no diálogo internacional.


Estamos com Dilma porque nela reconhecemos coragem, compromisso e ousadia para aprofundar os processos iniciados no Governo LULA. Estamos com Dilma para barrar o retorno ao poder do projeto liberal conservador. Estamos com Dilma por uma educação inclusiva, não-sexista e não-racista, pela garantia da saúde e o pleno exercício dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres,  por seu compromisso em promover a nossa autonomia econômica. Estamos com Dilma pelo direito a terra, aos recursos econômicos e ao desenvolvimento rural sustentável para as mulheres do campo e pela da ampliação dos investimentos em projetos de infraestrutura, moradia e mobilidade que melhorem a vida das mulheres. Estamos com Dilma pela garantia e compromisso com o enfrentamento a todas as formas de violência contra a mulher, ampliando-se os recursos necessários à implementação do Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e à adequada aplicação da Lei Maria da Penha. Estamos com Dilma pela garantia do fomento ao desenvolvimento de políticas que viabilizem o compartilhamento das tarefas domésticas e de cuidados, entre homens, mulheres, Estado e sociedade. Sabemos que a eleição de Dilma representa um passo importante na construção da igualdade entre homens e mulheres e que apenas o projeto que ela representa garantirá nosso avanço em direção a uma sociedade mais justa, solidária, igualitária e soberana. Estamos com Dilma porque queremos ser protagonistas das mudanças que farão deste um país mais justo e igualitário.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

E agora José?

Toda manhã você para aqui
O aparelho de barbear em punho firme
Zás zás mas
A cara nova não redime, né?
Vamos conversar um pouco, José?

Você teve um tio
Na Segunda Guerra confinado
Em campo de concentração, José.
Como se sente nesta eleição
Sendo apoiado por neonazistas,
Pela TFP, pela União Nacional Republicana
Nome pomposo para provocadores
De ultradireita fascista?

E agora, José.

E agora,você que foi pobre
E tem a seu lado Daniel Dantas
Você, que foi estudioso
E, ainda este ano
Governador de São Paulo,
Enviou a alunos da rede pública
Livros com pornografia,
Apostilas com 3 Paraguais
Na América do Sul
E cartilhas de alunos
Recomendando site de prostituição?

E agora, José?

Você que foi vítima da ditadura,
Como se sente agredindo,
Apenas por razões eleitorais,
Sua adversária candidata
Que sofreu na carne
A tortura da mesma ditadura
Da qual você fugiu para o Chile?

Hoje de madrugada,
Antes de repousar,
Você veio aqui se olhar.

Lembra, José?

Você ficou me olhando
Em busca de uma ideia.
Eu, cá, deste lado do espelho
Matutando.

Mas ideia não veio
Sentimento não veio
Não veio a lembrança de outros tempos
Quando você lutou pela anistia
Não veio a memória da luta pelas Diretas-Já
Não veio o discurso contra a tortura.

E a noite esfriou
O riso não veio
Não veio a utopia
E seu vice do DEM
Te deu uma agonia
E você me olhou
Com a barba mal-dormida
Querendo uma dica...

E eu te dei, lembra?
Eu disse:
- José, ainda dá tempo
De salvar sua biografia:
Vota na Dilma!
Ninguém vai saber,
Só eu e você, José!

Mas você foi dormir
E agora volta com esse prestobarba
E a cara lambuzada de creme macio
Por que assim me olha, José?

Cadê sua coerência?
Sua jaqueta de blue jeans?
Suas idéias libertárias?

Em que acordo com o Bornhausen
Os Civita, os Frias, os Mesquita, os Marinho
Perdeu-se sua biografia?

José, cadê sua coragem?
Sua independência dos poderosos?
Sua utopia?

Com esse prestobarba na mão
E a cara lambuzada
De macio creme de barba
José, você quer mais uma dica.

Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você chorasse
Se você se arrependesse
Ainda dava tempo
Pra salvar sua biografia
Do Brejo das Almas.

Mas sozinho com seu prestobarba
Diante de sua imagem espelhada
Estupefata
Qual bicho capturado
Pela TFP, pela UNR, pelo DEM
Sem teologia
Sem ideologia
Sem utopia
Festejado por neonazistas
E ex-torturadores
Ladeado por Jorge Bornhausen
E Jair Bolsonaro
Ex-mililar raivoso
Que pede o fuzilamento do presidente Lula.

José, você marcha.
José, para onde?

Este texto está sendo divulgado na internet e me sugeriram publicar. Encontrei o autor e ele me disse que por questões de "emprego" (já que trabalha em SP, no governo estadual), não queria ser identificado pelo seu nome próprio. Adotou o pseudônimo "Galego do Zóio de Vidro Quebrado".

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu dependo de alguém...e você?

Num momento de reflexão comigo mesmo, comecei a pensar no quanto dependemos de alguém em qualquer fase da vida. Quantas pessoas que nem conhecemos possuem papel fundamental no rumo que possa ter nossa humilde passagem por esse planeta. Engraçado que passei a observar isso um dia desses, num taxi que me trouxe do trabalho para casa. Enquanto destilava uma pequena ira contra o trânsito de Brasília, para parar de olhar o movimento externo, passei a observar o interior do veículo. Uma pequena boneca, vestida com roupas típicas não sei de onde, tremulava com o andar do carro em cima do painel. Badulaques de “boa sorte” se agarravam ao retrovisor. O bom e velho câmbio (também conhecido como marcha) ostentava uma bola com um siri dentro, o qual parecia me observar. Chocado com todos os apetrechos, de gosto questionável, passei a observar o taxista. Obviamente que de maneira discreta, busquei desvendar aquele homem, baseando-me no que me era visível a olho nu. Aparentando ter entre seus 40 e 50 anos, com cara de ser originário de qualquer região deste país, como todo bom brasileiro, ele dirigia quieto. Passei a meditar: "Será que ele sabe dirigir?”. “Será que ele está feliz?”. “E se ele resolveu dar fim a sua existência  justo hoje?”. Passei a considerá-lo a pessoa mais importante da minha vida naquele momento.

Tenho por conclusão que minha vida sempre esteve na mão de alguém. Guardo uma foto em preto e branco, do meu nascimento. Nela, além de mim obviamente, está um senhor com cara de poucos amigos. Era o médico que me retirara do sossego placentário para o mundo real. Descobri, depois de algum tempo que, ao deparar comigo, empurrou-me novamente para dentro de minha mãe, pelo fato de ter nascido desprovido de beleza, fato que me acompanha até hoje. “Não deve estar pronto ainda, volta pra lá”, disse ele ao ver aquele pequeno ser. Imagina se ele se revolta comigo naquele tempo? Não tinha a menor defesa.

Quantos vôos já peguei e nem sei quem eram os pilotos? Mal conheci a tripulação. De vez em quando via o comandante sair da cabine e se dirigir ao fim da aeronave para visitar o banheiro. Se já fico desesperado com ele no comando, imagina sem ele? Quem ficou lá? Isso é hora de aliviar a bexiga? Porque não foi antes? (Isso meu pai sempre dizia quando eu pleiteava uma parada estratégica na estrada, num passeio qualquer de família, porque queria visitar o WC). O mesmo pensamento passou pela minha cabeça (como se houvesse outro lugar por onde eles pudessem passar) com garçons, que porventura quisessem colocar algo diferente em minha comida. Pensei nos motoristas de ônibus, colegas de trabalho, enfim, em todos com quem tenho que passar alguns momentos do meu dia.

Neste momento, acaba de passar o primeiro programa do horário eleitoral gratuito. Quantos desligaram a TV por achar isso uma grande bobagem? Mesmo que alguns candidatos não digam nada, penso que vale a pena prestar um pouco de atenção, em virtude da magnitude da decisão que é um voto. Será que as pessoas estão buscando se decidir depois de avaliar as diversas propostas, ou as escolhas serão determinadas por impulso? Pronto, nos próximos dias estarei na mão de todo o povo brasileiro! Na mão daqueles que são tachados de inconvenientes por quererem discutir política, bem como na mão dos que dizem com orgulho e peito estufado de que “Política não se discute”. Dependo dos que empunham bandeiras partidárias e também dos que se vangloriam por nunca ter optado por alguém, sempre anulando seu voto. Daqueles que acompanham debates e daqueles que pegam um “santinho” na porta do local de votação.

Somente uma coisa me acalma. Essa dependência não é somente minha. E você? Já pensou em alguém de quem você dependa? Pois é....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eleições: período para novas amizades.

Períodos eleitorais me encantam. Não há momento melhor para avaliarmos o quanto a democracia avançou e o quanto ela tem para avançar. Um dos indicadores que utilizo é a quantidade de candidatos aos cargos eletivos, oriundos das mais variadas origens. Isso me parece ser consequência direta do período democrático em que vivemos e que me faz pensar que, de fato “TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”. Porém, quando vejo a parcialidade da grande mídia e os custos de algumas campanhas, percebo que “UNS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”.

Nascido no século passado, andei buscando a história registrada em minha mente e recordei-me de minha primeira participação em uma eleição. Na década de 80, ainda criança, em Niterói, simpatizei-me com um candidato (o qual ocultarei para não decepcioná-lo de minha escolha...falo do candidato). Lá ia eu ao seu comitê, munir-me de panfletos. Saía pelas ruas, sorridente, portando aquele papel enorme, impresso em preto e branco. Minha distribuição não era frutífera, pois voltava com quase tudo para casa, mas sentia-me útil. Bom, ele perdeu a eleição. Não por minha causa, mas por conta de cerca de 82% dos eleitores que não simpatizavam muito com ele, por algum motivo que não me recordo. Nem meus pais eu consegui convencer. E essa foi a primeira vez que chorei por uma eleição.

Em 1989 pude votar pela primeira vez e comecei bem, pois poderia escolher o presidente da Nação, direito conquistado depois de algum tempo. A partir daí, muitos outros choros se sucederam, pois meu candidato não era eleito. Cheguei a pensar que o problema era eu. Quase me convenci de que minha escolha jogava tanta “urucuba” sobre o candidato, quanto praga de ex-sogra.

Neste momento, nos aproximamos de mais uma eleição geral. Será minha 5ª oportunidade de escolher pessoas para ocuparem os cargos de Presidente, Senador, Governador, Deputado Federal e Deputado Estadual. Estou orgulhoso de mim, pois a vida tem mostrado que não dou tanto azar assim. Tanto é que meu twitter passou a ser seguido por alguns candidatos, com fotos sorridentes e números diversos, que eu não tenho a menor idéia de quem sejam. Alguns candidatos eu conheço, são amigos(as), mas outros, são grandes incógnitas. Como gosto de fazer novas amizades, resolvi conhecê-los melhor. Sempre achei que três palavras abrem todas as portas do mundo: PUXE, EMPURRE e AMIGO. Entre tantos pedidos, alguns me chamara a atenção. Um deles me despertou interesse, pois seu nome era “Manoel da padaria”. Apesar da relação óbvia do nome do pleiteante com o setor comercial citado, rodei por todas as panificadoras existentes num raio de 1 Km de minha residência. Encontrei vários homônimos, mas nenhum deles era meu novo parceiro tecnológico. Não desisti da busca, mas passei a procurar um “Zeca da farmácia” que queria fazer parte do elenco de conhecidos que me acompanham no Orkut. Sua foto apresentava um senhor com cabelos grisalhos, jaleco e caneta na orelha. Nada me vinha a mente ao olhar sua face. Nem os pêlos que lhe fugiam das orelhas e nariz, que seriam marcantes enquanto características pessoais, conseguiram me fazer descobrir quem era. Pior foi tentar conhecer a “Rosa manicure” que me pedia para adicioná-la no facebook. Nos meus 39 anos de vida, recém completados e comemorado com poucas pessoas, nunca visitei tal profissional. Infelizmente sou um irremediado roedor de unhas, o que me deixa com uma enorme vergonha de visitar alguém que possa vir a brigar comigo pelo meu vício. Talvez pudesse ser alguém que mudou de profissão, quem sabe uma colega de escola. Olhei fixamente para sua foto...e nada! Meu Deus, o que o tempo fez com minha memória?

Não restam dúvidas de que devido a quantidade de cargos, devem existir inúmeros candidatos. Não desisti de minhas buscas e estou determinado a conhecer todos. Talvez precise otimizar meu tempo, pois o dia 3 de outubro está chegando. Estou reservando algumas horas do dia, após o trabalho, bem como fins de semana, para conhecer meus novos amigos. Se quiser me acompanhar, será bem vindo(a).  Não sei se votarei neles, nem se serão eleitos. Mas na minha próxima festa de aniversário, vou reservar mais mesas e comprar um bolo de aniversário maior, pois vai "bombar" de tanta gente.

Antes de ir....preciso perguntar: Quer ser meu amigo? Tudo bem se não for candidato a nada!