domingo, 30 de janeiro de 2011

Porque "Farmácia Comunitária"? Farmácia é farmácia!

Já comentei em outra postagem que não entendo sobre muitas coisas. Descubro isso a cada termo novo que se cria para definir a mesma coisa. O que para mim chama tangerina ganhou o status de mexerica ou bergamota, dependendo da região do País. O mesmo acontece com o aipim, que pode ser chamado de mandioca ou macaxeira, vai do ponto de vista.
Quando da chegada dos medicamentos genéricos percebi que havíamos criado categorias de medicamentos: genérico, referência e similar. Se levarmos em conta os termos usados no cotidiano, podemos incluir outros como “de marca”, “B.O”, “guelta”. Bom, medicamento é medicamento. De marca, na minha humilde opinião todos são. Podemos até achar que existem marcas mais conhecidas do que outras, mas isso é outra história. O mesmo aconteceu quando encontrei um texto e me foi apresentado, pela primeira vez, o termo “farmacista”. Sobre isso falo em outro momento!
Tenho ouvido o termo “farmácia comunitária” não é de hoje. Alguns trabalhos apresentam essa denominação, o que demonstra que ele se popularizou. Mas de onde surge isso? Particularmente não me importa se outro País adota tal denominação, pois temos uma Lei que regulamenta o comércio farmacêutico (Lei 5991/73), onde aparecem os seguintes conceitos:
Farmácia - estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica;

Drogaria - estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais;


Pesquisando na internet, hora me parece que farmácia comunitária é a que atende diretamente aos usuários. Por outro lado encontrei definições que me levaram a crer que esta seria a da rede privada. Numa recente mesa-redonda, na qual participei, ouvi de um dos debatedores de que o termo farmácia comunitária se refere tanto as estabelecimentos privados quanto os públicos. Alguns dizem que são todos os estabelecimentos, menos os hospitalares. Porque isso? Farmácia hospitalar não pode ser também comunitária? De forma direta ou indireta a farmácia hospitalar serve à comunidade...ou não? Indo mais além, fui atrás da definição “comunitária” e encontrei o termo “da comunidade”.  

Enfim, não consigo entender qual a diferenciação desta para o conceito previsto em Lei, ainda mais quando o conceito descrito acima também se aplica em outras esferas, segundo a Lei, em seu art. 3°, quando diz que: “Aplica-se o disposto nesta Lei às unidades de dispensação das instituições de caráter filantrópico ou beneficentes sem fins lucrativos”.

Sou favorável a que tenhamos um único conceito para definir o estabelecimento que queremos. Partindo do princípio de que a grande revolução não se dará no termo a ser utilizado, mas no papel que ele cumpre, gosto do conceito estabelecido no substitutivo apresentado pelo Dep. Ivan Valente (PSOL-SP) ao PL 4385/94, em seu art. 3°:

“Farmácia é um estabelecimento de saúde e uma unidade de prestação de serviços de interesse público, articulada com o Sistema Único de Saúde, destinada a prestar assistência farmacêutica e orientação sanitária individual e coletiva, onde se processe a manipulação e/ou dispensação de medicamentos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, insumos farmacêuticos, produtos farmacêuticos, plantas medicinais, produtos fitoterápicos e correlatos”

Bom, está lançado o debate. Não quero ser meramente legalista, mas o nome do estabelecimento ou é farmácia ou é drogaria. Nem quero considerar os demais (postos de medicamento e unidades volantes) pois me parecem distantes do objetivo a ser alcançado. Ao invés de buscar novos conceitos, defendo que a luta seja pela aprovação do substitutivo citado acima. Desta forma, teremos um estabelecimento honrado para o profissional farmacêutico atuar, mas que principalmente, seja inserido nas diretrizes do SUS. Não quero desrespeitar aos que adotam o termo, mas porque não valorizar o já existente?

Disse Deng Xiao Ping: “Não importa a cor do gato desde que cace ratos”. Eu pergunto: “Porque mudar a cor do gato se ele pode caçar ratos”?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Como posso homenagear farmacêuticos(as) de luta?

Pois é, fui agraciado com a Comenda do Mérito Farmacêutico no último dia 20 de janeiro. Pelas minhas contas sou o 14° indicado pelo estado de São Paulo, desde a criação da Comenda, que se deu com uma Resolução do Conselho Federal de Farmácia - CFF (Resolução 323, de 16 de janeiro de 1998). Por indicação do Dr. Ely Eduardo Saranz Camargo, conselheiro federal por SP, e aprovado no Plenário do CFF, recebi o que se denomina “a mais alta condecoração da profissão farmacêutica”.
 No dia da entrega, foi lido o seguinte texto sobre minha pessoa:
A história nos dá conta de que Santos-SP foi o berço do sindicalismo brasileiro. Tantos anos de luta, geração após geração, pela defesa dos direitos dos trabalhadores certamente contribuíram para elaborar a personalidade combativa do Prof. Marco Aurélio Pereira, farmacêutico especialista em Farmacologia, formado pela Universidade Católica de Santos-SP. Tão logo iniciou sua vida profissional, Marco Aurélio abraçou as lutas do Sindicato de São Paulo e da Federação Nacional dos Farmacêuticos por melhores salários e valorização profissional. Também representou os interesses da categoria e defendeu o fortalecimento da assistência farmacêutica dentro do Conselho Municipal de Saúde de Santos.
Atualmente, é Coordenador-Geral de Gestão, do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (DAF/SCTIE/MS) tendo, como uma de suas atribuições, coordenar o Programa Farmácia Popular do Brasil. É, ainda, professor das Cadeiras de Deontologia e Fundamentos e História da Farmácia nas Universidades de Santa Cecília e Municipal de São Caetano do Sul. A primeira na capital e a segunda na região metropolitana de São Paulo”.


A emoção é ímpar. A surpresa, ainda maior. Num estado como o de SP, onde estão quase 1/3 dos farmacêuticos de todo o País, não imaginava que isso um dia me aconteceria. Recebo a medalha não como reconhecimento do que talvez tenha feito, mas como estímulo para fazer cada vez mais!

Me parece clichê dizer que penso que muitos outros farmacêuticos e farmacêuticas mereciam a medalha, muito mais do que eu! O fato é que estou sentindo, de fato, isso. Formado em 1993, vi e convivi com profissionais da mais alta qualidade e, principalmente, combatividade. Desde aqueles que foram meus mestres na faculdade até àqueles a quem dei aula. Repassando uma lista de nomes que deveriam, por justiça, receber a Comenda, não consigo ver fim. Considerando isso, acabo de lançar a “Comenda do Mérito do Blog do Marco Aurélio”, a quem chamarei carinhosamente e com pouca criatividade de: “Comenda do Mérito do Blog do Marco Aurélio” (eu disse que haveria pouca criatividade). Com ela pretendo homenagear, mas principalmente, agradecer aos que me guiaram e me fizeram trilhar o tal do “bom caminho”. Pretendo destacar profissionais e também estudantes de farmácia!

Agradeço muito ao amigo Ely, que não tenho dúvida, não levou em conta a amizade apenas como mote de sua indicação. Agradeço ao Plenário do CFF por ter aceito. Ao CRF-SP por ter prestigiado. Ao SINFAR-SP, através das palavras carinhosas de algumas pessoas que me ligaram e pela presença do amigo Glicério Diniz. Aos amigos e parentes que lá estiveram. Mas agradeço, principalmente, por todas as palavras carinhosas que recebi pelo email, redes sociais, telefonemas, parabenizando pela Comenda.

Espero contribuições dos 2 ou 3 leitores do Blog para indicar possíveis homenageados. Quando puder indicar alguém, pelo email marcoaurelio.farma@gmail.com , mande um breve currículo para que eu possa postar.

Parabéns aos demais “Comendadores”.....

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Como farmacêutico, tenho dúvidas!

Apesar de já estar neste mundo por 39 anos (com corpinho de 38) descubro, a cada dia, que não entendo de muitas coisas. Tenho opinião sobre muitos assuntos mas existem outros tantos que me causam dúvidas. Por alguns momentos até acho que me causam indignação, mas tudo bem, pois o barato da vida é continuar tendo o prazer de se indignar! Gostaria de destacar alguns que até hoje me causam arroubos de curiosidade:
- Em que momento da vida paramos de levantar o dedo para pedir permissão à professora para ir ao banheiro? Com quantos anos isso acontece?
- Porque “tudo junto” se escreve separadamente e “separadamente” escreve tudo junto?
- Porque o cachorro abana o rabo, sendo que o inverso é impossível?
- Quando cumprimentamos alguém, devemos dar dois beijos ou apenas um?
- Quando estamos no trânsito, porque escolhemos mudar de fila, sendo que todas param para o mesmo semáforo (ou sinaleira, ou farol, etc.)?
- Porque a hora-aula dura 50 minutos e não 47, 52, ou algo próximo?
Na profissão farmacêutica, tenho desenvolvido teses para esclarecer muitas coisas. Tenho certeza de que muitas das minhas respostas não respondem muitas das perguntas que me faço! A cada momento que entendo minha profissão, novas discussões surgem de mim comigo mesmo! Posso compartilhar algumas?
- Porque ainda existe diferença entre o que significa “farmácia” e “drogaria”?
- Se o SUS (Sistema Único de Saúde) é universal, porque existem Municípios que não aceitam dispensar medicamentos para receitas prescritas por médicos do setor privado?
- Se a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem como função “normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde”, porque quase tudo o que ela faz é questionado na justiça?
- Qual o motivo de haver diferenças salariais entre áreas de atuação da profissão, sendo que na cadeia do medicamento, todos os envolvidos possuem responsabilidades fundamentais?
- O que leva nossas entidades representativas serem dirigidas, em sua maioria por homens, sendo que a profissão é composta por quase 70% de mulheres?
- Porque muitos profissionais deixam de lado suas entidades sindicais, sendo que são elas as fundamentais para suas garantias trabalhistas?
Dúvidas que me assolam e quase me tiram o sono! Quero responder e peço ajuda!
Em tempo: Essa postagem foi motivada pelo anúncio de que a ANVISA não deve mais atuar na anuência prévia para concessão de patentes para medicamentos!

Imagem extraída de: http://jm7.com.br/Faq/?opc=2

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Presidente ou Presidenta?

Recebi o texto abaixo, intitulado "Ensaio sobre o gênero",  com a devida referência ao autor, discutindo como se referir a Dilma: Presidente ou Presidenta? Eu optei por chamá-la de Presidenta, pois mais do que a forma, quero respeitar a simbologia de ter a primeira mulher Presidenta do Brasil. Isso pode parecer não mudar absolutamente nada em sua vida, mas penso o contrário. O preconceito acaba quando começa a exacerbação do respeito. Vou chamá-la de Presidenta...e você? 


   "Circula na Internet um texto, cujo autor não foi identificado, intitulado "Aula de Português", trazendo à baila a questão do gênero da palavra _PRESIDENTE_ e condenando veementemente a forma feminina _PRESIDENTA_. Na condição de professor de Língua Portuguesa, e por solicitação de um amigo, venho manifestar-me acerca dessa polêmica, que se instaurou com a eleição de Dilma Roussef para a presidência do Brasil e que se destacou na discussão entre os internautas: Dilma é a presidente ou a  presidenta do Brasil?

    Na língua portuguesa, assim como em quase todas as outras, existem construções que, com o tempo, ganharam força popular e se fixaram como gramaticalmente corretas, a despeito de contrariar a etimologia. Sobre esse tema, Machado de Assis, nosso escritor maior, nos alerta:

                  "Não há dúvidas que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades de usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A este respeito a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade."

     Só esse ensinamento do autor de Dom Casmurro já seria suficiente para justificar a incorporação de novas palavras à nossa língua-mãe, mas vamos aos fatos. A discussão é: a presidente ou a presidenta Dilma Roussef? Quanto ao gênero, os substantivos podem ser biformes e uniformes. Os biformes são aqueles que apresentam duas formas distintas, uma para o feminino, outra para o masculino, por exemplo: _gato/gata, maestro/maestrina, ator/atriz, camponês/camponesa, pai/mãe, patrão/patroa, ladrão/ladra, pastor/pastora, mestre/mestra, solteirão/solteirona, irmão/irmã, compadre/comadre, boi/vaca, homem/mulher, conde/condessa, elefante/elefanta, poeta/poetisa, avô/avó_. Observe-se que a forma feminina ora provém do mesmo radical masculino (como no caso de _cantor/cantora_), ora de radical distinto (como é o caso de _bode/cabra_).  
  
    Os substantivos uniformes apresentam uma única forma e se subdividem em três grupos: sobrecomuns, comuns de dois gêneros e epicenos. Sobrecomuns são os que têm um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos. Neste caso, nem os determinantes se flexionam, por exemplo: _o cônjuge varão _- para designar o homem_/o cônjuge varoa _- para mulher (não existe _a cônjuge_), _a criança_ (não existe _o criança_) serve para designar menino ou menina; _a sentinela_ se emprega para homem ou mulher, pois não existe _o sentinela_. Diz-se: _Aquela sentinela está nervoso_ (e não _Aquele sentinela..._). Comuns de dois gêneros são os que têm uma única forma para os dois gêneros, porém seus determinantes apresentam variação de masculino para feminino, por exemplo: _o atacante/a atacante, um atendente/uma atendente, meu dentista/minha dentista_. Epicenos são aqueles empregados com os nomes de animais que possuem um só gênero gramatical, para designar um e outro sexo; neste caso, a distinção é feita com as palavras "macho" e "fêmea", por exemplo: _a onça macho/a onça fêmea, o pinguim macho/o pinguim fêmea, a borboleta macho/a borboleta fêmea, o macho do jacaré/a fêmea do jacaré_.

     Com referência à palavra _presidente_, o texto veiculado na Internet alega, com razão, que o particípio ativo do verbo _atacar_ é atacante, de _pedir_ é pedinte, de _cantar_ é cantante, de _existir_ é existente, de _mendigar_ é mendicante, de _ser_ é ente.  Aquele que é: _o ente_. Dessa forma, justificam-se as palavras _estudante_, _adolescente_, _atacante_, _informante_ e, naturalmente, _presidente_, como uniformes.

     No caso específico da palavra "presidente", etimologicamente deveria ser considerada comum de dois gêneros: _o presidente/a presidente_; no entanto, o uso como palavra biforme (_o presidente/a presidenta_) está consagrado na nossa língua e tem registro formal. Para isso, consulte-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, documento oficial de registro das palavras que fazem parte do nosso léxico. Senão, como se justificaria a existência de palavras como governanta (feminino de _governante_), elefanta (de _elefante_), parenta (de _parente_), infanta (de _infante_), que pertencem ao mesmo caso etimológico? São formas que, com o tempo, se desviaram do processo formador original.

     Não há, portanto, razão para condenar o uso de _PRESIDENTA_. Podemos sim usar a "presidente" Dilma ou a "presidenta" Dilma, sem que isso contrarie o padrão formal da língua escrita culta. A atual mandatária maior do País prefere ser chamada de _PRESIDENTA_, e nisso está certíssima._ _Cabe consignar que o eminente professor Celso Cunha, em sua _Nova Gramática do Português Contemporâneo_, preleciona que "os femininos _giganta_ (de gigante), _hóspeda_ (de hóspede), e _presidenta_ (de presidente) têm ainda curso restrito no idioma". Atente que TER CURSO RESTRITO não significa SER ERRADO. O texto veiculado na Internet cita um exemplo negativo de modo a ilustrar o suposto erro no uso da palavra "presidenta":

                   _"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre suas tantas outras atitudes alienantas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta."_

     Como se pode depreender, isso é apenas um sofisma, uma ideia enganosa, em que a premissa maior e a premissa menor podem ser verdadeiras, mas a conclusão é falsa. É como se disséssemos: _Todo coelho é veloz_ (premissa maior - verdadeira); _o jamaicano Usain Bolt é veloz_ (premissa menor - verdadeira); _logo, o jamaicano Usain Bolt é um coelho_ (conclusão - falsa).

Para finalizar essa suposta "aula de português", o autor destaca:

                "Está mais do que na hora de restabelecermos A LEITURA E A FALA CORRETAS DE NOSSO IDIOMA - o PORTUGUÊS (falado no Brasil) e não mais o churrasquês, o futibolês e outros dialetos de triste e recente memória, infelizmente aplaudidíssimos pelos 80% dos patrícios que vibravam com as bobagens oficializadas e incensadas pela massa de áulicos (áulico: cortesão, palaciano) e puxa-sacos dos "cumpanhêru" de igual (?) nível moral e intelectual..."

     Parece-me a mim que este é mais um caso de preconceito explícito e de intolerância política. Independentemente de qualquer partido, de qualquer matiz ideológico, temos uma presidenta eleita por um processo democrático transparente, de acordo com a vontade da maioria dos brasileiros de todas as classes sociais. Os bons brasileiros, os verdadeiros patriotas vão torcer e trabalhar para que o Brasil cresça como nação, avance nas questões sociais e progrida economicamente. Os pseudobrasileiros e os pessimistas de plantão vão continuar esperando que tudo dê errado e discutindo se Dilma é a "presidente" ou a "presidenta". Você escolhe de que lado está.

       Filemon Félix de Moraes - professor de Língua Portuguesa em Brasília."

domingo, 23 de janeiro de 2011

Formado em farmácia..e agora?

No ano de 1993 recebi meu diploma de farmacêutico. Um documento, escrito com letras as quais não sei definir a forma e carregado de carimbos que atestam sua legalidade, me fez sair da juventude e partir para o futuro profissional. Com quase 22 anos de idade não tinha muita certeza do que fazer com ele, além de orgulhar meus pais e causar tristeza num “quase” parente que sonhou em ter-me como dentista. Rumei ao Conselho Regional de Farmácia para transformar aquele documento no meu CRF. Meu diploma se transformou num documento com cerca de 1/10 avos do seu tamanho. Ali começaria um novo momento em minha vida.
Munido do meu novo documento profissional parti em busca do meu primeiro emprego. Datilografei meu currículo (o qual não passava de uma página), tirei uma cópia do novo documento percebido e comecei a visitar bancas de jornal. Não, não queria trabalhar naquele ramo, ia apenas atrás de jornais com várias páginas de classificados de empregos, concursos ou qualquer outra oportunidade de trabalho.
O mundo mudou desde a década de 90. Para a profissão farmacêutica ainda mais. Os currículos já não são mais datilografados (estão disponíveis na plataforma lattes e no Linkedin), mas a ânsia pelo primeiro emprego continua o mesmo. Qual setor paga mais? Onde serei feliz? Seria melhor ser dono do meu próprio negócio? Essas são perguntas que foram e continuam sendo feitas pelos os que acabam de se formar.
Confesso que acho improvável alguém acertar, de primeira, qual ramo da profissão farmacêutica lhe proporcionará a satisfação plena, principalmente considerando que muitos precisam se preocupar com isso tendo apenas 20 e poucos anos de idade. É natural que sonhemos com tudo o que é possível, já que são mais de 70 possibilidades de atuação segundo nosso Conselho Federal de Farmácia. Dúvidas são naturais e necessárias. Talvez o segredo esteja em experimentarmos de tudo.
Ter “foco” no que fazemos em nossas vidas é sempre bom, mas não devemos nos prender às “impressões iniciais”. Se nos pautarmos simplesmente pela remuneração, cometeremos erros. Ganham bons salários aqueles que amam o que fazem e não os que perseguiram as áreas nobres de atuação apenas movidos pela remuneração.
Aos farmacêuticos, jovens e um pouco mais vividos, gostaria de compartilhar algo que ocorreu comigo. Passei por diversas áreas, antes de me encontrar. Se comparasse a um time de futebol, fui goleiro, lateral esquerdo, atacante, técnico e tive meus momentos de gandula. Tive sempre uma linha de pensamento sobre o papel social do farmacêutico e do medicamento. Pautado nisso busquei construir meu caminho profissional. Passando por diversas frentes de atuação, chego a conclusão de que nossa profissão é mais dinâmica do que imaginamos. A incorporação de novas tecnlogias, a nossa “criatividade”,  nos impõem buscarmos sempre algo mais. Estudar sempre é tarefa imprescindível, mas saber interpretar o “movimento das placas tectônicas” da profissão é mais do que fundamental. Busquemos nos organizar participando ativamente de nossas entidades pois isso pode fazer a diferença, para o coletivo e individualmente.
Sejamos humildes em saber que o mundo gira e com ele, nossas aspirações e desejos. Futuros, recentes e antigos profissionais.....boa sorte e boa leitura do mundo!


Imagem extraída de: http://www.zazzle.pt/menino_da_graduacao_cartao-137927073082078299

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porque dia 20 de janeiro é dia do farmacêutico?

Extraído do site da ABF.

"A Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF) foi fundada em 20 de janeiro de 1916, no salão de conferências do Círculo Católico, no Rio de Janeiro, tendo à frente o farmacêutico Luiz Oswaldo de Carvalho. Naquela ocasião, Carvalho em seu discurso, definiu como objetivos principais da Associação a defesa dos interesses da classe farmacêutica, alertando o profissional farmacêutico para o fato de que a aplicação das ciências físico-químicas à arte de curar, nivelava-o ao trabalho realizado pelos médicos. Nesse sentido, propunha a criação de uma escola superior de farmácia, como pioneira no ensino técnico das ciências naturais, físicas e químicas, onde seriam instalados consultórios para atendimento aos pobres, sendo as receitas aviadas pelos estudantes, orientados pelos professores, e as drogas vendidas a preço de custo. Considerando esse ensino "a pedra de toque que há de operar o milagre do ressurgimento da profissão farmacêutica no Brasil", Carvalho (apud COSTA, 1982b, p.6) assinalou ainda a necessidade da criação de uma biblioteca e de laboratórios, nos quais pudessem ser dados cursos práticos de disciplinas afins; da promoção de conferências científico-técnicas; da organização de congressos farmacêuticos; da instalação na sede da Associação de local para exposição permanente de produtos químicos e farmacêuticos, drogas, utensílios e aparelhos referentes à farmácia moderna; e da implantação do montepio farmacêutico. Como sócios, incluiria os da classe de farmacêuticos, além das classes dos aspirantes a sócios, constituída pelos estudantes de farmácia, pelos práticos de farmácia, donos ou não de estabelecimentos farmacêuticos e por pessoas que fizessem parte de firmas de estabelecimentos farmacêuticos.


A elaboração de seus estatutos ficou a cargo da diretoria e de uma comissão formada por dez farmacêuticos: Luiz Oswaldo de Carvalho, José Benevenuto de Lima, Alfredo da Silva Moreira, José Coriolano de Carvalho, Virgílio Lucas, Francisco de Albuquerque, Octávio Alves Barroso, Manoel Gonçalves Paes Sobrinho, Reynaldo de Aragão e Álvaro Pinto de Souza Varges. De acordo com os estatutos aprovados na assembléia de 20 de fevereiro de 1916, a Associação seria ministrada pela Diretoria e Conselho Administrativo.


A sociedade foi inscrita no Registro Civil de Pessoas Jurídicas em 16 de novembro de 1916, e pelo decreto federal nº 4.704, de 21/06/1923, foi declarada de utilidade pública.


Ainda durante o século XIX, foram criadas três associações da classe farmacêutica com objetivos semelhantes, ou seja, de regular o exercício da profissão, melhorar o ensino e promover a elaboração de um código farmacêutico brasileiro, até então inexistente. Foram elas a Sociedade Farmacêutica Brasileira (1851), o Instituto Farmacêutico do Rio de Janeiro (1858) e o Centro Farmacêutico Brasileiro (1893). Todas essas associações tiveram curta duração não conseguindo alcançar grande parte de seus objetivos.


Entre finais do século XIX e início do século XX, a profissão farmacêutica brasileira, sem uma agremiação que a representasse efetivamente, passava por uma crise agravada pela reforma do ensino superior, implantada pelo decreto n° 3.890 de 01/01/1901, que reduzira o curso farmacêutico para dois anos, suprimindo algumas disciplinas do seu currículo. Foi nesse contexto que foi fundada a Associação Brasileira de Farmacêuticos, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Araújo (1979, p. 254), essa entidade teria surgido num momento de dispersão da classe farmacêutica, em que se sentiu a necessidade de harmonizar os seus "variados interesses: profissionais, científicos, culturais, deontológicos e pecuniários".


Inicialmente, a Associação ficou instalada em caráter provisório na rua São José, nº120, transferindo -se para a rua da Quitanda, nº14, em abril de 1916. Em 1929, a secretaria e a biblioteca da Associação funcionavam em um andar alugado do prédio n° 187, na rua do Ouvidor, no centro da cidade. No entanto, desde 1923, já havia manifestações por parte de seus membros a favor de uma sede própria para a agremiação. Em 1926, a Diretoria da entidade encaminhou uma petição ao Conselho Municipal solicitando um terreno para construção de sua sede própria. Pelo decreto nº 3.161, de 30/10/1926, o Prefeito Alaor Prata aprovou o projeto de lei que propunha a doação de uma área municipal de mil metros quadrados à Associação. A cessão desse terreno só foi concedida em 1930, na gestão do Prefeito Antônio Prado Júnior. No entanto, com a Revolução de 1930 os planos da agremiação não se concretizaram. Somente em 13 de janeiro de 1951 foi inaugurada a Casa da Farmácia do Brasil, na rua dos Andradas, nº 96, que, além de sede própria da Associação, tornou-se também sede das entidades farmacêuticas do então Distrito Federal: Federação das Associações de Farmacêuticos do Brasil, Academia Nacional de Farmácia, Associação dos Professores de Farmácia do Brasil e Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro. Representativa das principais entidades da classe farmacêutica do país, a Casa contava com salão de assembléias, sala da diretoria, secretaria, sala de estar, biblioteca e um museu de farmácia, considerado o primeiro da América do Sul (COSTA, 1982a).
Diretorias


1916-1919: Luiz Oswaldo de Carvalho (presidente) e Alfredo da Silva Moreira (vice-presidente).


1920: Rodolpho Albino Dias da Silva (presidente) e Oscar Pereira França (vice-presidente). Conselho Científico de Farmácia (Alfredo da Silva Moreira, Alberto Francisco Giffoni e Oscar Filgueiras); de História Natural (Rodolpho Albino Dias da Silva, Júlio César Diogo e João Vicente de Souza Martins); de Física e Química (Luiz Oswaldo de Carvalho, Paulo Seabra e Francisco de Albuquerque), e de Biologia (Epitácio Timbauba da Silva; Affonso Gomes, substituído por Lauro Garcindo, e Francisco do Espírito Santo Paulo).


1921: Rodolpho Albino Dias da Silva (presidente) e Paulo Seabra (vice-presidente); Conselho Científico reeleito. 2ª Diretoria: Rodolpho Albino Dias da Silva (presidente) e Isaac Werneck dos Santos (vice-presidente). 3ª Diretoria: Júlio Eduardo da Silva Araújo (presidente) e Herculano Calmon de Siqueira (vice-presidente).


1922: Júlio Eduardo da Silva Araújo (presidente) e Herculano Calmon de Siqueira (vicepresidente).


1923-1924: Júlio Eduardo da Silva Araújo (presidente) e Álvaro Pinto de Souza Varges (vicepresidente).


1925-1926: João Vicente de Souza Martins (presidente) e José Coriolano de Carvalho e Silva (vice-presidente).


1927-1928: Rodolpho Albino Dias da Silva (presidente) e Octávio Alves Barroso (vice-presidente).


1929-1930: Paulo Seabra (presidente) e Virgílio Lucas (vice-presidente).


1931-1932: Carlos Benjamin da Silva Araújo (presidente) e Álvaro Pinto de Souza Varges (vicepresidente).


2ª Diretoria: Álvaro Pinto de Souza Varges (presidente) e Oswaldo de Almeida Costa (vice-presidente).


Presidentes de honra: General Augusto César Diogo (1916-1922), Orlando da Fonseca Rangel (1922 -1934).
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO


De acordo com o artigo 40 dos seus estatutos, que estabelecia a realizaç ão de sessões científicas, no dia 29 de agosto de 1916 foi proferida a primeira palestra por Alfredo da Silva Moreira, intitulada "Excipientes pilulares". Outras comunicações se seguiram a essa, como a de José Benevenuto de Lima, "Conta-gotas em Farmácia", e a de Paulo Seabra, sobre os "Colóides". Em Relatório datado de 27 de fevereiro de 1918, o presidente da Associação, Luiz Oswaldo de Carvalho, enfatizou a importância da freqüência dessas sessões científicas como incentivo aos estudos, o que arrancaria o "farmacêutico da rotina ancestral da manipulação cotidiana" (COSTA, 1966b, p.11). Propõe assim, a revisão dos estatutos aprovados em fevereiro de 1916, a partir da criação de quatro seções (farmácia, ciências físico-químicas, ciências biológicas e ciências histórico-naturais) "visando a distribuição dos trabalhos, de estímulo e de orientação recíprocas, como fórmula do mais eficiente método" (Id., p.12).


Ainda em 1916, durante o mês de outubro, a Associação resolveu publicar uma carta no jornal A Noite, esclarecendo o fato de sua não adesão ao Congresso Médico Paulista a ser realizado em dezembro daquele ano. O motivo apresentado para sua não participação encontrava-se num dos objetivos daquele Congresso, relacionado à confecção de uma Farmacopéia Paulista, indo contra a proposta da agremiação de criar um código farmacêutico nacional e não regional.


Em 1925, almejando promover uma maior união entre os farmacêuticos de todo o país e contando com o auxilio do conjunto de profissionais, a Associação resolveu organizar o recenseamento farmacêutico em todo o território nacional. Esperava assim obter também o fortalecimento e a respeitabilidade de seus diplomas. (O Pharmacêutico Brasileiro, 1926)


Mais tarde, na tentativa de ampliar o seu quadro de sócios, a diretoria da entidade enviou a todos os farmacêuticos uma carta datada de 20 de fevereiro de 1929, e publicada no mês de abril pelo periódico O Pharmacêutico Brasileiro, na qual eram enfatizadas as conquistas da classe até então alcançadas por seu intermédio. Dentre estas, destacavam -se a participação na elaboração de artigos do regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública que beneficiaram a profissão farmacêutica; a intervenção para a manutenção do quadro de farmacêuticos da Armada Nacional, que estivera ameaçado de extinção pela Missão Norte-Americana; a realização de sessões científicas com exposições de trabalhos que eram publicados em seu Boletim, e, principalmente, a oficialização do primeiro código farmacêutico brasileiro pelo decreto n° 17.509, de 04/11/1926, intitulado "Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil", de autoria do farmacêutico militar Rodolpho Albino Dias da Silva. Além disso, a carta anunciava os serviços oferecidos aos sócios como biblioteca, onde podiam ser encontradas revistas profissionais nacionais e estrangeiras; e também a orientação aos sócios residentes no interior, fornecendo informações sobre fórmulas e demais assuntos científicos ou de interesse profissional. Apresentava as propostas de efetivação do aperfeiçoamento do ensino farmacêutico estabelecido pela reforma Rocha Vaz (aprovada pelo decreto n° 16.782-A , de 13/01/1925); a criação de uma legislação que uniformizasse o exercício farmacêutico e o aprimorasse; e a construção da Casa da Farmácia para sediar a entidade e servir como espaço para a realização de estudos especializados, constando de documentação e laboratório.


As principais realizações da Associação Brasileira de Farmacêuticos foram o patrocínio da primeira edição da "Farmacopéia Brasileira", organizada por Rodolpho Albino Dias da Silva; a realização dos congressos brasileiros de Farmácia, realizados em setembro de 1922, no Rio de Janeiro, e em 1928, em São Paulo; a iniciativa para a criação do Conselho Federal e Regional de Farmácia, a partir de idéia inicial da Ordem dos Farmacêuticos; a colaboração com as autoridades sanitárias para a Primeira Legislação Farmacêutica, em 1931; e a promoção de cursos, conferências e simpósios abertos a todos os farmacêuticos (associados ou não). Durante a gestão de Virgílio Lucas (1937-1938) foi criada a Academia Nacional de Farmácia, idealizada anteriormente por João Vicente de Souza Martins.
PUBLICAÇÕES OFICIAIS


Inicialmente, o órgão da Associação ficou sendo a Revista de Chimica e Physica, que já circulava antes de sua criação, veiculando trabalhos sobre as ciências aplicadas a medicina, engenharia, agronomia, artes e indústria. Desde 1920, a Associação deu início à edição da Revista Brasileira de Farmácia, órgão científico da classe. O Boletim da Associação Brasileira de Farmacêuticos, instituído durante a primeira gestão de Rodolpho Albino Dias da Silva (1920-1921), que foi o seu primeiro redator-chefe, tinha por fim reproduzir os trabalhos apresentados nas sessões quinzenais e publicar os títulos dos assuntos tratados nas revistas recebidas pela biblioteca.
FONTES


- ARAÚJO, Carlos Benjamin da Silva. Orlando Rangel e a Associação Brasileira de Farmacêuticos. In: Fatos e Personagens da História da Medicina e da Farmácia no Brasil. Rio de Janeiro: Revista Continente Editorial Ltda., v.2, 1979, p. 253-259. (BN)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos. Archivos Brasileiros de Medicina, Rio de Janeiro, ano XIX, p.570-571, 1929. (BMANG)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos. O Farmacêutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano VIII, n.31, p.22, set.1933. (BMANG)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos. O Pharmacêutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano I, v. I, n.1, p.14, mai.1926. (BMANG)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos. O Pharmacêutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano II, v. I, n.7, p.33-34, out.1927. (BMANG)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos. O Pharmacêutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano IV, v. II, n.13, p.21-22, abr.1929. (BMANG)
- ASSOCIAÇÃO Brasileira de Farmacêuticos e o seu 40° Aniversário de Fundação (Editorial). Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, ano XXXVII, n.1, jan., p. 9-11, 1956. (BABF)
- BRASIL. Decreto nº 4.704, de 21 de junho de 1923. In: Collecção das Leis da República dos Estados Unidos do Brasil de 1923, v. I. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1924. (BCCBB)
- COSTA, Oswaldo de Almeida. Notas Históricas sobre a ABF. Pharma, Rio de Janeiro, n. 1, p.6-8, jan./fev.1982a. (BABF)
- _____________. Notas Históricas sobre a ABF. Pharma, Rio de Janeiro, n. 2, p. 6-12, mar./abr.1982b. (BABF)
___________________. Notas Históricas sobre a Associação Brasileira de Farmacêuticos (Capítulo I – Fundação). Revista Brasileira de Farmácia. Rio de Janeiro, ano XLVII, n. 1, p. 3-27, jan./fev.1966a. (BABF)
___________________. Notas Históricas sobre a Associação Brasileira de Farmacêuticos (Capítulo II – Diretoria de 1916 a 1917). Revista Brasileira de Farmácia. Rio de Janeiro, ano XLVII, n. 4, p. 3-12, jul./ago.1966b. (BABF)
- DIRETORIAS da Associação Brasileira de Farmacêuticos. De sua fundação a janeiro de 1956. Revista Brasileira de Farmácia. Rio de Janeiro, ano XXXVII, n. 1, p. 37 -41, jan. 1956. (BABF)
- LUCAS, Virgílio. Breve histórico da Associação Brasileira de Farmacêuticos. Revista Brasileira de Farmacêuticos. Rio de Janeiro, ano XXXVII, n.1, p.15-23, jan.1956. (BABF)
- NOTÍCIAS e Comentários: Associação Brasileira de Pharmaceuticos; Appelo a todos os pharmaceuticos do Brasil. O Pharmaceutico Brasileiro. Rio de Janeiro, ano IV, v. II, n.13, p.21-22, abr.1929. (BMANG)
- NOTÍCIAS e Comentários. Associação Brasileira de Farmacêuticos. O Pharmacêutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano VI, n.21, p.31, mar.1931. (BMANG) - CASA da Farmácia do Brasil: Inauguração. Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, ano XXXII, n. 2 e 3, p. 59-71, fev./mar.1951. (BABF)
FICHA TÉCNICA
Pesquisa - Atiele Azevedo de Lima Lopes; João Braga Arêas; Leandro de Aquino Soares.


Redação - Verônica Pimenta Velloso; Leandro de Aquino Soares.


Revisão - Francisco José Chagas Madureira.
Fonte:
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930).
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz. Dados retirados do verbete da Associação Brasileira de Farmacêuticos. Disponível em: http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/ Acesso em: 13/09/2005."


Texto e imagem extraídos de: http://www.abf.org.br/

Santa Gemma Galgani: Padroeira dos farmacêuticos.

"Gema Galgani nació el 12 de marzo de 1878 en Camigliano, una aldea cerca de Lucca, en Italia. Gema es la palabra italiana para “gema”, piedra preciosa. Su padre era un farmacéutico próspero y su madre era también de noble linaje. Los Galgani eran católicos y fueron bendecidos con ocho hijos. Gema, la cuarta hija y la primera niña de la familia, desarrolló una atracción irresistible hacia la oración cuando era aún muy joven. Esto fue resultado de su piadosa madre, quien enseñó a Gema las verdades de la fe católica romana.La madre infundió especialmente en el alma preciosa de su hija el amor a Cristo crucificado.

La joven santa se aplicó con celo a la devoción. Cuanto Gema tenía sólo cinco años, leía los Oficios de Nuestra Señora tan fácil y rápidamente como si fuera una persona mayor.

Cuando la madre de Sta. Gema tenía que realizar sus quehaceres diarios de ama de casa, la pequeña Gema tiraría de la falda de su madre y diría: “Mamá, dime un poco más sobre Jesús”.

Desgraciadamente, la madre de Gema murió pronto. El día en que Gema recibió el sacramento de la confirmación, mientras ardientemente rezaba en la misa para que su madre recobrara la salud (la Sra. Galgani estaba gravemente enferma), escuchó una voz inconfundible dentro de su corazón que decía: “¿Me darás a tu mamá?”. “Sí”, respondió Gema a la voz, “pero con tal de que tú me lleves también”. “No”, replicó la voz, “dame a tu madre sin reservas. Por el momento tú tienes que permanecer con tu padre. Yo te llevaré al cielo más tarde”. Gema simplemente respondió “sí”. Este “sí” iba a ser repetido a través de toda la corta vida de Sta. Gema en respuesta a la invitación de Nuestro Señor a sufrir por Él.
Siguiendo la muerte de su amada madre, Gema fue enviada por su padre a un internado católico en Lucca, regentado por las Hermanas de Sta. Zita.
Reflexionando sobre sus días de escuela más tarde diría: “Comencé a ir a la escuela de las hermanas; estaba en el paraíso”.
Destacó en francés, aritmética y música y, en 1893, ganó el gran Premio de Oro por su conocimiento religioso. Uno de sus maestros en la escuela lo resumió muy bien al decir: “Ella (Gema) era el alma de la escuela”.
Gema había estado preparándose arduamente para su Primera Comunión. Ella acostumbraba a suplicar: “Denme a Jesús... y verán qué buena seré. Tendré un gran cambio. Nunca más cometeré un pecado. Dénmelo. Lo anhelo tanto, no puedo vivir sin Él”.
A Gema se le permitió recibir la Primera Comunión a los nueve años de edad, la cual era una edad más temprana que la usual. Con el permiso de su padre fue a un convento durante diez días para prepararse intensivamente para este solemne evento.

El gran día de Gema finalmente llegó el 20 de junio de 1887, en la fiesta del Sagrado Corazón de Jesús.

En sus propias palabras ella describió su primer encuentro íntimo con Cristo en Sagrado Sacramento de este modo:

“Es imposible explicar lo que entonces pasó entre Jesús y yo. Él se hizo sentir ¡tan fuertemente en mi alma!”

Erico Galgani
El siguiente incidente mayor en la vida de Sta. Gema fue cuando su padre murió en 1897. Como resultado de su gran generosidad, de la falta de escrúpulos de sus contactos en negocios y de sus acredores, sus hijos se quedaron sin nada, y no tenían siquiera los medios para mantenerse. Gema tenía sólo diecinueve años, pero tenía ya una experiencia mayor en cargar la cruz.

Gema pronto comenzó a enfermar. Se le desarrolló una curvatura en la columna vertebral. Le dio también una meningitis dejándola con una pérdida de oído temporal. Largos absesos se le formaron en la cabeza, el pelo se le cayó, y finalmente las extremidades se le paralizaron. Un doctor fue llamado y trató muchos remedios, los cuales fallaron todos. Sólo se puso peor.
Gema comenzó entonces su devoción al Venerable Gabriel Possenti de la Madre de los Afligidos (ahora San Gabriel) . En su lecho de dolor ella leyó la historia de su vida. Más tarde ella escribió acerca del Venerable Gabriel:
“Creció mi admiración de sus virtudes y sus maneras. Mi devoción hacia él se incrementó. En la noche no dormía sin tener su retrato bajo mi almohada, y después comencé a verlo cerca de mí. No sé cómo explicar esto, pero sentía su presencia. Todo el tiempo y en toda acción, el hermano Gabriel venía a mi mente.

Gema, ahora de veinte años, parecía estar en su lecho de muerte. Una novena fue sugerida como la única posibilidad de cura. A la medianoche del 23 de febrero de 1988, escuchó el ruidito de un rosario y comprendió que el venerable Gabriel se estaba apareciendo ante ella. El habló a Gema. “¿Deseas recobrar la salud? Reza con fe cada noche al Sagrado Corazón de Jesús. Yo vendré a ti hasta que la novena se haya terminado, y rezaremos juntos al Sacrantísimo Corazón”.

El primer viernes de marzo la novena terminó. La gracia fue concedida: Gema estaba curada. Al levantarse, aquéllos alrededor de ella lloraron de alegría. Sí, ¡un milagro había sido llevado a cabo!

Gema, ahora en perfecta salud, había deseado siempre ser consagrada monja, pero esto no iba a ser así. Dios tenía otros planes para ella. El 8 de junio de 1988, después de recibir la Comunión, Nuestro Señor dejó a su servidora saber que aquella misma noche le regalaría con una extraordinaria gracia.

Gema fue a casa y rezó. Ella cayó en extasis y sintió un enorme remordimiento por pecar. La bendita Virgen María, a quien Santa Gema era tremendamente devota, se le apareció y le habló: “Mi hijo Jesús te ama más allá de la medida, y desea darte una gracia: yo seré una madre para ti. ¿Serás tú una verdadera hija?”
La bendita Virgen María abrió entonces su manto y cubrió a Gema con él.

Así es como Santa Gema relata cómo recibió los estigmas: “En ese momento Jesús apareció con todas sus heridas abiertas, pero de estas heridas ya no salía sangre, sino flamas. En un instante estas flamas me tocaron las manos, los pies y el corazón. Sentí como si estuviera muriendo, y habría caído al suelo de no haberme sostenido mi madre en alto, mientras todo el tiempo yo permanecía bajo su manto. Tuve que permanecer varias horas en esa posición. Finalmente ella me besó en la frente y desapareció, y yo me encontré arrodillada. Yo aún sentía un gran dolor en las manos, los pies y el corazón. Me levanté para ir a la cama, y me di cuenta de que la sangre estaba brotando de aquellas partes donde yo sentía el dolor. Me las cubrí tan bien como pude, y entonces, ayudada por mi Angel, fui capaz de ir a la cama...” Muchas gentes, incluyendo los respetados eclesiásticos de la Iglesia, fueron testigos de este milagro de los estigmas, los cuales recurrieron durante la mayor parte del resto de su vida. Un testigo declaró: “La sangre salía (de Santa Gema) de sus heridas en gran abundancia. Cuando ella se levantaba, fluía al suelo, y cuando estaba en cama no sólo mojaba las sábanas, sino que saturaba el colchón entero. Yo medí algunos de estos arrollos o estanques de sangre, y eran de entre veinte y veinticinco pulgadas de largo y más o menos dos pulgadas de ancho”.

Como San Francisco de Asís y recientemente el Padre Pío, Gema también puede decir: “Nemo nihi molestus sit. Ego enim stigmanta Dimini Jesu in corpore meo porto”. Ningún hombre me dañe, puesto que llevo las marcas de Nuestro Señor en el cuerpo”.

A los veintiún años de edad, Gema fue acogida por una generosa familia italiana, los Giannini. La familia ya tenía once hijos, pero estaban contentos de darle la bienvenida a esta joven y pía huérfana en su hogar. La madre de la familia, la Señora Cecilia Gianinni diría más tarde de Gema: “Puedo declarar bajo juramento que durante los tres años y ocho meses en que Gema estuvo con nosotros, nunca supe del menor problema en nuestra familia por su causa, y nunca noté en ella el mínimo defecto. Repito: ni el menor problema ni el mínimo defecto”.

Santa Gema diligentemente ayudaba con los quehaceres de la grande familia. Tenía también tiempo para rezar, que era su actividad favorita. A través de la Providencia ella consiguió al bendito Pasionista Padre Germán, C.P., como director espiritual a quien ella era totalmente obediente.

El Padre Germán, un teólogo eminente en cuanto a la oración mística, notó que Gema tenía la más profunda vida de oración y resultante unidad con Dios. El estaba convencido de que su “Gema de Cristo” había pasado por todos los nueve estados clásicos de la vida interior.

Gema iba a misa dos veces al día, recibiendo la comunión en una. Ella rezaba el oración con fe, y por las noches con la Sra. Giannini, iba a las vísperas. En todos sus ejercicios espirituales Neva ni una sola vez descuidó sus quehaceres diarios en la casa de los Giannini.

El ángel guardián de Santa Gema se le aparecía frecuentemente. Los dos conversaban de la misma manera en que se habla entre los mejores amigos. La pureza e inocencia de Gema debe haber atraído a este glorioso ángel desde del cielo hasta su lado. Gema y su ángel con sus alas extendidas o arrodillado a su lado, recitaban juntos jaculatorias o salmos alternadamente. Cuando meditaban sobre la pasión de Nuestro Señor, su ángel la inspiraba con los más sublimes pensamientos de este misterio. Su ángel guardián una vez le dijo sobre la agonía de Cristo: “Mira lo que Jesús ha sufrido por los hombres. Considera sus heridas una por una. Es el amor lo que las abrió todas. Ve lo execrable (horrible) que el pecado es, ya que para expiarlo, tanto dolor y tanto amor han sido necesarios”.

En 1902 Gema, con buena salud desde su cura milagrosa, se ofreció a Dios como víctima por la salvación de las almas. Jesús la aceptó, y ella cayó peligrosamente enferma. No podía pasar ningún alimento. Aunque recobró brevemente la salud a través de la Divina Providencia, rápidamente volvió a caer enferma. El 21 de septiembre de 1902, comenzó a vomitar pura sangre que venía de los espasmos violentos de amor de su corazón. Mientras tanto, pasaba por un martirio espiritual que ella experimentaba como aridez y desconsuelo en sus ejercicios espirituales. Para añadir, el demonio enemigo multiplicaba sus ataques contra la joven “Virgen de Lucca”. Satanás redoblaba la guerra contra Gema porque sabía que su fin se acercaba. El se esforzaba para persuadirla de que había sido enteramente abandonada por Dios, usando sus infernales apariciones e incluso asestando golpes físicos contra su frágil cuerpo. Un testigo que estaba cuidando a Gema dijo: “Aquella bestia abominable será el final de nuestra querida Gema -golpes sordos, formas de animales feroces, etc.- Me alejé de ella con lágrimas porque el demonio la estaba desgastando.”

Gema incesantemente invocaba los nombres sagrados de Jesús y María, aún la batalla se libraba en ella. Su director espiritual, el venerable Fray Germán, en cuanto a la última batalla de Gema, declaró: “La pobre sufriente pasó días, semanas y meses de esta manera, dándonos ejemplo de paciencia heróica y motivos para sentir un benéfico temor a lo que pueda pasarnos, de no tener los méritos de Gema, a la hora de nuestra muerte”.

Aún así, a través de todas estas pruebas, Gema nunca se quejó, solamente oraba. Gema estaba llegando al final. Era prácticamente un esqueleto viviente, pero todavía bello a pesar de los estragos de su enfermedad. Se le administraron los sagrados viáticos. En sus últimas palabras, dijo: “No busco nada más. He hecho a Dios el sacrificio de todo y de todos. Ahora me preparo para morir.” Boqueando, gritó: “Ahora realmente es verdad que nada mío queda, Jesús. ¡Recomiendo mi pobre alma a ti, Jesús!” Gema entonces sonrió y dejando caer la cabeza a un lado, dejó de vivir.

Una de las hermanas presente en su lecho de muerte, vistió el cuerpo de Gema con los hábitos de las Pasionarias, que era la orden a la que Gema siempre había aspirado. Su muerte bendita tuvo lugar el Sábado Santo, 11 de abril de 1903. Gema Galgani tenía veinticinco años.

Las autoridades de la Iglesia comenzaron a estudiar la vida de Gema en 1917, y fue beatificada en 1933. El decreto aprobando los milagros para la canonización fue leido el veintiséis de marzo de 1939, Domingo de Pasión.

Gema Galgani fue canonizada el 2 de mayo de 1940, sólo treinta y siete años después de su muerte.
También le viene bien a esta pequeña gema de Cristo, verdadera Beatriz, en quien el Señor estaba tan complacido que la adornó El mismo"


Cabe destacar que "Gema foi beatificada em 14 de maio de 1933 pelo papa Pio XI, e canonizada pelo papa Pio XII em 2 de maio de 1940".

Imagem e texto extraídos de: 
http://webcatolicodejavier.org/SantaGema.html
http://comunidademissaoatos.com/patronos-da-missao-atos/santa-gema-galgani/

domingo, 16 de janeiro de 2011

Dia do farmacêutico: Porque comemorar?

     Enquanto estive na presidência do sindicato dos farmacêuticos no Estado de São Paulo, quando chegávamos nesta época do ano, próximo a data de comemoração do dia da profissão farmacêutica, preparávamo-nos para responder uma pergunta que a mídia insistia em fazer: Há o que comemorar? (Antes de continuar essa postagem, vale lembrar que nosso dia se deve a fundação da Associação Brasileira de Farmacêuticos, que se deu no dia 20 de janeiro de 1916. Aliás, apesar de ser dia de São Sebastião, consequentemente feriado no Rio de Janeiro, a Santa Padroeira da profissão farmacêutica é Santa Gema Galgani).
     Para responder a pergunta feita pela imprensa, ensaiamos muito diversas respostas que pudessem ser publicadas mas que, principalmente, pudessem gerar orgulho aos profissionais que lessem. Pensando na mesma pergunta feita, penso em algumas questões que fundamentassem a resposta a ser dada. Minha análise se pautaria em pequenas mudanças, sendo que algumas já citei em outras postagens, as quais gostaria de lembrar:
·         Até hoje sinto enorme orgulho quando vejo as propagandas de medicamentos, ao seu final dizendo: “Ao persistirem os sintomas, procurem o médico ou o farmacêutico”. Pode ser pequeno para alguns, mas fico emocionado até hoje.
·         Se ainda não temos o reconhecimento merecido em alguns estabelecimentos farmacêuticos, como farmácias e drogarias, o Projeto de Lei da Senadora Marluce Pinto – que previa não haver necessidade de farmacêuticos em drogarias – já não nos ameaça como antes.
·         A Portaria 316/77 que previa não haver necessidade de farmacêuticos em hospitais com menos de 200 leitos, foi revogada pela Portaria 4283/10, que aprova as diretrizes e estratégias da Farmácia Hospitalar.
·         Temos hoje uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que em seus princípios, diz: “as ações de Assistência Farmacêutica envolvem aquelas referentes à Atenção Farmacêutica, considerada como um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde.”
·         Desde 2003 temos na estrutura do Ministério da Saúde um departamento específico para as ações relacionadas à assistência farmacêutica – DAF/MS.
·         Ampliamos nossa participação no Congresso Nacional, elegendo para o próximo mandato do Senado, uma farmacêutica – Vanessa Grazziotin – do Amazonas.
·         Temos entidades representativas em todos os estados.
·         Passamos recentemente por uma reformulação do currículo profissional, atendendo as demandas da sociedade.
·         Nosso movimento estudantil de farmácia revela, todo dia, estudantes comprometidos com a luta. A atual ENEFAR é motivo de orgulho!

     Enfim, não são poucos os motivos para nos orgulharmos de nossa data. Poderíamos falar de muitos outros, mas também sei que não são poucos os desafios que temos pela frente:

·         Não são poucas as Prefeituras que não possuem farmacêuticos, na quantidade necessária, em seus quadros.
·         O piso salarial farmacêutico, se é verdade que obteve reajustes importantes no último período, ainda está longe do ideal.
·         Precisamos ter o tema “saúde do trabalhador” inserido, de fato, no âmbito das discussões de nossas entidades.
·         Nossa profissão é composta majoritariamente por mulheres, mas não conseguimos incorporar a discussão de gênero em nossa profissão. Tanto que a comemoração é do “Dia do Farmacêutico”. Eu decidi adotar o termo: “Dia da profissão farmacêutica”.
    
     Galgamos um degrau a cada dia. Individualmente ou coletivamente, fazemos nossa parte. Porém, se pudesse responder à imprensa hoje, diria: “Sim. Temos o que comemorar. Assim como ainda não perdemos a capacidade de sonhar”.  Feliz dia da profissão farmacêutica!



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Participe, de fato, de sua profissão!

Se tem algo fácil na vida é ficarmos bradando contra as mazelas do mundo, no conforto de nossa casa e na distância que a internet, por exemplo, nos oferece. Não são poucos os que vejo reclamando por emails e redes sociais, sendo que tenho sérias dúvidas se já participaram da reunião de uma associação, de uma assembléia de sindicato ou qualquer evento do seu Conselho Profissional, que não necessariamente disponibilizasse, ao final,  um certificado de participação. Um sábio me disse :"Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer". Proteger-se por trás do discurso de que  não tem tempo, que trabalha demais ou  que não foi convidado me parece fácil, pois quem quer mudar, busca o caminho da mudança.

Estive na presidência do sindicato dos farmacêuticos do Estado de São Paulo por três gestões. Não foram poucas as assembléias em que contávamos apenas com a participação de membros da diretoria. Foram muitas as negociações salarias em que poucos profissionais se dispuseram a enfrentar o debate, tanto na assembléia, quanto na negociação com o sindicato patronal. Inúmeros profissionais enfrentaram o pagamento das contribuições financeiras ao sindicato, sem ao menos perguntarem sobre a destinação dos recursos arrecadados pela entidade. Bom, perdi a conta do número de colegas que vinham reclamar da anuidade do seu CRF, sendo que nem do processo eleitoral participassem.

Quero um mundo melhor e lutei muito por isso. Desde a época de estudante, participei das minhas entidades representativas: Atlética, Centro Acadêmico, Diretório Acadêmico, entre outras. Quando me formei, procurei a Associação de minha cidade, preenchi minha ficha de filiação ao sindicato e participei dos eventos promovidos pelo CRF-SP. Tive bons professores, tais como: Gilda Almeida de Soua, Eliane Gandolfi, Dirceu Raposo e Dirceu Barbano, entre outros. Pude conviver com Arnaldo Trafani, Pelegrini, Paulo Paes, José Franco de Matos. Agraeço por ter conhecido Maria José Martins (minha amiga Zezé), Maria Eugênia Cury, entre outros. Penso hoje : sou o que sou por tê-los(as) conhecido? Respondo: ajudaram, mas minha vontade de mudar foi determinante.

Esse texto foi escrito num momento em que acompanho debates sobre os rumos da profissão farmacêutica, feita por diversos profissionais a quem declino o devido respeito, mas principalmente por ter recebido a notícia de que o tema do próximo Encontro Nacional dos Estudantes de Farmácia (ENEF) será: "Farmacêutico: a que se destina? Desafios na implementação de um novo currículo".

O grande desafio está em debater, mas juntar. Opinar, mas participar. Não se satisfazer em "trabalhar", mas lutar pelos rumos do trabalho profissional. Tirar conclusões, sem menosprezar as opiniões contrárias. Atuar, atuar e atuar.
Talvez este seja um mero desabafo de um farmacêutico com mais de 20 anos de formado, mas com espirito jovial e devidamente responsável de quem ainda quer atuar! Acertei no que fiz? Não sei. Mas tenho claro que não errei em tentar.
Obrigado pela atenção!!!!!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Diretrizes para farmácia hospitalar...e agora?

No dia 31 de dezembro de 2010, último dia de Governo do Presidente Lula e do Ministro José Gomes Temporão, foi publicada a Portaria 4283/2010, que aprova as diretrizes e estratégias da Farmácia Hospitalar. O Grupo de Trabalho para elaboração das diretrizes , do qual participei pelo Departamento de Assistência Farmacêutica/MS, foi nomeada através da Portaria 2139/2010. Foram 5 meses entre a constituição do GT até a publicação de uma Portaria que conseguiu reverter um erro histórico, pois revogou a “tenebrosa” Portaria  GM/MS Nº 316, de 26 de agosto de 1977, publicada no DOU em 14 de setembro de 1977, Seção I - Parte I, pagina 12236. Porque tenebrosa? Pois ela preconizava não haver necessidade de presença de farmacêuticos em hospitais com menos de 200 leitos.

Não quero entrar no mérito da conjuntura da época em que esta Portaria foi apresentada, mas dizer que não havia necessidade de farmacêuticos em hospitais é tão equivocado quanto dizer que não há a necessidade de médicos, enfermeiros, entre outros profissionais de saúde. Só aceito isso quando também não houver e necessidade da presença de pacientes.

A Portaria publicada no Diário Oficial da União no apagar das luzes de um Governo reconhecido pelo incentivo à Assistência Farmacêutica, como foi o Governo Lula, conseguiu recuperar a dignidade dos profissionais que atuam neste setor. Tenho claro que parte dos baixos salários pago aos(as) farmacêuticos(as) que atuam neste setor, se deve a antiga Portaria, pois não foram poucas as liminares concedidas para que hospitais não tivessem esse profissional presente.

Comemorado o ato legislativo, fica agora a responsabilidade das entidades sindicais e dos conselhos profissionais em transformá-la em realidade. A Portaria é um passo importante e não se finda com sua publicação. Precisamos que todos agora, movimentos sociais e profissionais, façam com que as diretrizes apontadas tornem-se realidade.

Este não é o primeiro ato do antigo governo que buscou moralizar a assistência farmacêutica em nosso País. Sempre pautado pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica (Resolução 338/2004 do Conselho Nacional de Saúde), diversas outras ações buscaram regulamentar o que é direito da sociedade: acesso racional e com qualidade aos medicamentos. Prova disso foi a criação do Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica – HORUS, e da  publicação da Diretrizes para estruturação de farmácias no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Tenho claro que nenhuma legislação, sistema ou diretriz, serão efetivadas se não forem, de fato, instrumentos de ação de todos os interessados na qualificação da assistência farmacêutica. Quero dizer com isso que publicar tudo o que foi dito, deu trabalho, mas não passará de letra escrita se não forem assumidas por todos(as). Um bom começo é conhecê-las. O próximo passo é levar ao conhecimento da sociedade e, mais uma vez, o controle social tem papel fundamental.

Bom, escrito está....agora, vamos trabalhar por elas???
Para ter acesso aos documentos citados:

Portaria 4283/2010 - Aprova as diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais.


Diretrizes para estruturação de farmácias no âmbito do Sistema Único de Saúde.


Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica – HORUS



Boa leitura...